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História Hotline Bling (Jungkook - Hot) - Tell me


Escrita por: Victra

Notas do Autor


QUEM É VIVO SEMPRE APARECE NÉ NAO

Boa leitura (♡)

Capítulo 2 - Tell me


Frio.

O dia está frio. Meu corpo está frio. Ela parece fria.

— Ânimo, Jeon! Hoje você precisa encher a cara pra ver se para de alucinar! — Namjoon-hyung grita.

— Não eram alucinações, hyung — devolvo no mesmo tom, visando ser ouvido perante a música alta. — Eu sei o que escutei. — bufo, cruzando os braços.

Namjoon está em minha frente, mas não consigo olhá-lo nem que eu ponha todo o meu esforço nisso. Não consigo. Não consigo pois ela está ali, a dez metros de mim, sentada no sofá com um sorriso no rosto e um copo em mãos.

Jung Hana está tão magnífica quanto em todos os outros dias de sua existência. Mas há algo diferente em seu semblante: o sorriso não está promovendo as ruguinhas características nos cantos de seus olhos e ela tampouco está inclinando o rosto levemente para o lado, como sempre faz. Esse é um sorriso falso e eu não preciso de muito mais para ter certeza, seus ombros rígidos e as pernas balançando em um ritmo incessante e alheio à música confirmam minha tese.

— O que você tanto olha? — meu hyung estica o pescoço, olhando por cima dos ombros para poder encontrar a figura feminina que prende minha atenção. — Ah, não. — ele volta a me fitar, mas eu ainda estou focado nela — Jeon, não! Essa garota te enlouqueceu, meu irmão. Você deu poder a ela e isso acabou contigo — segura em meu queixo, obrigando-me a prestar atenção em suas palavras — Você sabe o que as mulheres são, Jungkook-sshi? — nego com um menear de cabeça — Elas são armadilhas. Malditas ratoeiras, Jeon. É isso o que elas são. E nós somos reles ratos presos à elas. E o pior? Nós as adoramos! Adoramos morrer esmagados pelos braços frios dessas armadilhas mortais que mais parecem deusas. E é isso que está acontecendo com você!

— Cala a boca, hyung — reviro os olhos, afastando as mãos do loiro com certa brutalidade.

— É verdade! — praticamente grita; os olhos e a boca escancarados em sinais de exaltação — Você foi fisgado e perfurado pela ratoeira dela, cara! Ela está te matando devagar e você já está delirando depois de perder tanto sangue!

— Eu já disse que foi real. Eu ouvi aquilo! — bato a palma esquerda contra o balcão do bar improvisado. — Ela desligou logo depois, mas deu pra ouvir. Eu sei o que ouvi. — bagunço os cabelos em uma tentativa não muito eficaz de canalizar a frustração.

Eu olho para a bebida disposta ao meu lado apenas para manter um ponto fixo e seguro enquanto meus pensamentos vagam para duas semanas atrás, quando a seguinte frase ecoou pelo outro lado do telefone:

“Hana, o que está fazendo?”

Na desligou a chamada logo em seguida. E eu não tive coragem de entrar em contato desde então.

Existem muitas Hanas em Seul, certo? Milhares. Então, por que eu só consigo pensar em uma?

Aquela voz. Aquela odiosa e amável voz. É a voz dela, parece com a voz dela. Não… é idêntica. É o mesmo timbre que me tira o sono e me dá sonhos — todos tipos deles.

— Para de ser otário. Por que a preciosa Hana faria algo assim? Não tem sentido. Não tem o mínimo sentido. — ele diz, tomando um gole de sua bebida em seguida.

Eu não me movo. Meus lábios continuam fixos um ao outro porque simplesmente não tenho como argumentar. Por que a preciosa Hana faria algo assim? Por quê? Essa questão continua a martelar em minha mente e a única resposta plausível que sou capaz de formular é: ela não faria. A Hana que conheço jamais faria algo assim.

Todavia… eu realmente a conheço?

Meus olhos voltam a mirar a morena no outro lado da sala cheia por jovens acadêmicos irresponsáveis. Ela está a rir de alguma coisa que a garota ao seu lado disse; um riso doce e… forçado.

A ideia de que ela está desconfortável não me abandona. Hana não age dessa forma. Quando algo a incomoda, ela o conserta imediatamente; quando alguém a incomoda, ela o afasta imediatamente; quando alguma frase está espreitando por sua garganta, ela a diz no momento que julga ideal, mas não tarda em fazê-lo. Jung Hana é completamente adepta ao ditado “sinta-se à vontade”. E eu não consigo entender por que ela não está o exercendo agora.

Eu olho e olho e olho. Namjoon continua a falar e eu balanço a cabeça como se estivesse absorvendo tudo, mas não estou. Tudo o que absorvo é Hana e sua inquietude e, quando ela descansa o copo no chão e espalma as mãos na saia de seu uniforme de torcida, mirando o recinto com o lábio inferior entre os dentes, tudo o que eu quero fazer é tirá-la dali e cuidar dela.

A garota respira fundo algumas vezes antes de olhar em volta novamente, parando a atenção em mim.

Espera… o quê?

Eu arregalo os olhos ao ter os dela fixos aos meus. Ela me fita como se estivesse cansada; ponderando algo que a suga as energias. E, antes de erguer o peso do corpo sobre os pés, ela parece ter tomado uma decisão.

— Você entende, Jeon? É isso o que eu estou tentando dizer e… — Namjoon interrompe seu discurso quando eu o miro com desespero no semblante; minhas mãos tremem e minha boca abre e fecha sem que uma única palavra saia por ela. — O que foi, cara? Parece que viu um fantasma. — faz careta para o meu comportamento.

Não sou capaz de juntar forças para dizer que não, não vi fantasma algum. A não ser que ele queira colocá-la como o fantasma de minha sanidade, que morreu assim que eu a vi há meses.

Jung Hana está vindo em minha direção. Ela está olhando para mim. E eu sinto como se fosse ter um ataque cardíaco a qualquer momento.

— Que diabos…? — ele franze o cenho, então acompanha meu olhar até se deparar com a Jung às três horas. — Ela está vindo aqui! — exclama, tão atônito quanto eu.

— Eu sei. — mordo a lateral de minha canhota. Meus olhos correm até avistar o copo cheio no ábaco, que é virado por mim em questões de segundos e desespero.

Minhas pálpebras se comprimem e eu mal sou capaz de lidar com a sensação rasgante que o líquido causa na minha garganta antes de ouvir a voz que tanto cobiço:

— Com licença — ela pede.

Eu abro um olho, podendo vê-la se inclinar para dizer algo no ouvido de Namjoon, e só então abro o outro, a tempo de capturar o sorriso acintoso dele em minha direção, precedendo sua saída.

Sigo o homem de sobrenome Kim até que ele suma de minha vista. Então conto até três e engulo a seco, preparando-me mentalmente para contemplar a deusa parada a minha frente.

— Jeon Jungkook, certo? — ela questiona. Sinto meu corpo inteiro tremer a medida em que me volto a ela e assinto — Posso falar com você? — inclina-se no balcão, apoiando o peso do corpo na estrutura.

Eu abro e fecho a boca algumas vezes antes de responder. Uma pontada forte acerta minha cabeça e eu tenho a sensação de que o efeito do álcool ingerido abruptamente e em larga quantidade  chegou mais cedo — Claro, sunbaenim.

A Jung me olha por mais alguns segundos, então foca nos próprios dedos e sorri para si mesma.

Nervosa. Ela com certeza está nervosa. E eu nem sei o porquê, mas isso me faz ficar quinze vezes mais aturdido do que ela.

— É… — respira fundo. Seus dedos batem as unhas no mármore e sua boca está aberta, mas muda.

Eu olho por cima dos seus ombros e avisto suas amigas confusas com a situação. Menos uma. Essa sorri para a cena como se entendesse tudo e estivesse ansiosa pelo que ainda está por vir. Sinto-me um animalzinho numa gaiola.

— Jeon, eu… — Hana começa, voltando a atrair minha atenção.

— Você sabe meu nome — solto, confuso. Ela ri.

— Eu sei o seu nome. — reafirma, rindo fraco. Mas seus lábios pesam e os olhos caem em sequência, trazendo a preocupação de volta à sua expressão. Ela olha em volta; não há muitas pessoas por perto, mesmo o barman parece alheio à situação, servindo alguns garotos de Engenharia. Ainda assim, ela não se sente confortável para prosseguir — Jeon, você mora aqui, não é? — aproxima-se de mim para indagar, resultando em arrepios por toda a minha espinha.

Demoro a recuperar-me do efeito Hana e consentir. Ela parece achar graça de minha reação — Sim. Meu dormitório é neste prédio. — esforço-me para dizer.

— Podemos ir até lá, por favor? Preciso falar com você a sós — explica, resultando em outra quase parada cardíaca de minha parte.

Eu não sei o que dizer. Apenas aceno com a cabeça e me levanto, grogue demais para sequer pensar. Sei que ela me segue e assim que o Kim parado próximo à porta também constata isso, ele surta. Não ouço sua voz, mas compreendo quando ele levanta as mãos e grita, acertando algumas pessoas a sua volta. Do outro lado da sala de jogos transformada em salão de festas, as amigas de Hana não têm reações muito diferentes. Eu grito por dentro como todos eles.

Não consigo olhar para trás. Na verdade, mal consigo olhar para qualquer coisa; meus olhos estão fixos no chão e eu sinto meu corpo suar em nervosismo.

Assim que saímos do lugar e adentramos o enorme corredor do prédio, meu instinto é buscar o apoio da parede atrás de mim. A cheerleader para em minha frente, sinuosa.

— O que foi, Jeon? — ela pergunta, arqueando  as sobrancelhas.

A porta está fechada, limitando o volume da música às paredes do local. O corredor é mais silencioso e, por isso, eu posso ouví-la  sem mais  dificuldades. Também sou capaz de mirar seu rosto angelical sem o incômodo das luzes coloridas. Ela está aqui, na minha frente. E ela está tão linda.

— Jeon, você está bem? — volta a se pronunciar, preocupada. Eu tardo a discernir suas palavras. Sua voz me desconcerta e seu olhar me desarma. Eu sou um completo idiota por Jung Hana.

— Estou. — a palavra se arrasta por minha língua com certa dificuldade, fazendo com que soe mais grave do que deveria. Eu coço a garganta e arrumo a postura, tentando parecer menos com o merda que sou. — Desculpa… eu só — pendo o rosto levemente para o lado, olhando-a por debaixo dos cílios — Por quê? O que quer comigo? Como sabe meu nome? Eu não… — bufo antes de levar a destra à minha franja outra vez, desorganizando ainda mais os fios que já estavam bagunçados. — Eu não entendo. — concluo.

Ela nada diz a princípio. Seus olhos minuciosos me analisam com um quê de ironia.

— Não precisa continuar fingindo. Eu sei que já sabe e não aguento mais os seus olhares ofensivos sobre mim. Sei que é difícil mas eu posso explicar. — dita, deixando-me ainda mais desordenado para com meus pensamentos.

— Do que está falando, sunbae?! — disponho as mãos ao lado do tronco, frustrado.

— Você sabe o que estou querendo dizer, JK — sopra, cruzando os braços sob os seios. Meus olhos se arregalam e eu não sou capaz de digerir a informação porque a porta é aberta e um casal aos beijos sai por ela, interrompendo-nos. —. Onde diabos é o seu quarto? — ela questiona, alguns decibéis mais alto devido à música que agora ecoa livremente e fazendo careta para os pombinhos alheios à nossa presença.

Outra vez, minha única reação é caminhar para longe sem dizer coisa alguma. Minha cabeça está uma bagunça de frases soltas e informações entrelaçadas e não pondero a força com a qual empurro os degraus da escada enquanto me forço a subí-la.

Só uma pessoa me chama de JK: Na. Hana é Na. As malditas vozes são idênticas porque são uma só. Eu venho tendo sessões de sexo por telefone com a maldita garota pelo qual sou apaixonado. Eu não tenho mais ideia do que está acontecendo na minha maldita vida.

Destranco e abro a porta sem muita atenção, entrando no quarto e dando de cara com meu reflexo no vidro da janela. Busco o espelho ao lado da cama e não tenho reação perante a minha imagem exasperada; as madeixas desgrenhadas e a camiseta branca úmida devido ao famigerado suor de desespero.

Meus ouvidos captam o som da porta se fechando e eu volvo o corpo para trás, observando a Jung parada em frente ao objeto, medindo cada metro quadrado do quarto até fixar os olhos em mim. Ela acende a luz e suspira, mas nada diz.

— Explique. — eu peço; a confusão refletindo em meus olhos e a irritação ressoando em minha voz.

Hana respira fundo, assentindo com meneares longos e dramáticos. A zoada oriunda da festa se tornou um som longínquo, fazendo com que ambas nossas respirações pesadas possam ser ouvidas por entre a calada da noite.

Eu assisto quieto e atônito à cena que se segue: Hana se abaixa, caindo sobre os joelhos — Me desculpe, hubae. — Então encosta o tronco e a cabeça no chão em uma reverência exagerada, fazendo-me pular para trás em surpresa — Me desculpe, me desculpe, me desculpe. Por favor, aceite o meu arrependimento e deixe-me explicar…

O quê?

— Sunbaenim, pelo amor de Deus, levante-se! — digo, exasperado, cobrindo os olhos com as mãos.

— Você me perdoa? — ela insiste, agoniando-me  ainda mais.

— Eu perdoo. — cedo de imediato, disposto a fazer qualquer coisa para vê-la de volta ao seu estado normal. — Só levanta, por favor. — imploro, forçando-me a fitá-la.

A Jung suspira antes de levantar. Está corada, mas parece menos agitada.

— Obrigada, Jeon — ergue-se, mantendo o contato visual. Eu não respondo; não sei o que dizer. — Peço desculpas por ter o perturbado e criado problemas para você. Não era para você saber… — solta outro suspiro.

— Como assim? — dou mais alguns passos para trás até cair sentado na cadeira giratória da escrivaninha, então enterro o rosto nas mãos, curvando o tronco e apoiando os cotovelos nos joelhos.

— Eu sou bolsista. — dita.

— Eu sei — digo contra minhas mãos, fazendo com que o som saia abafado.

— Minha bolsa é semi-total. Eles pagam meus livros, meu quarto, meu curso e qualquer outra coisa que eu precise para treinar ou estudar. Em troca eu tenho que me dedicar completamente à universidade e às competições em que participo por ela. Eu treino até meu corpo todo doer todos os dias e as consequências disso são problema meu — ri sem humor — E, veja só: eles não me deixam tempo algum para trabalhar fora a arcar com minhas despesas médicas… nem para me divertir e não surtar com todas as responsabilidades que carrego.

Abaixo as mãos e ergo levemente o pescoço em direção a ela, esperando que continue. — Estou ouvindo.

— Não acontece só comigo. As outras garotas também passam por coisas parecidas… então nós tivemos uma ideia que pareceu brilhante: vender sexo por telefone. Não precisaríamos tocar em ninguém e nem sair do prédio. Não precisaríamos nem nos tocar de fato, já que ninguém veria. E o melhor de tudo: homens fariam filas por isso. Era dinheiro fácil e aos montes. — abaixa o olhar, envergonhada.

Minha cabeça entra em um ritmo lento e o meu coração, em um frenético. Não sei o que pensar, tampouco o que dizer.

— Então vocês… criaram a “Na”? — engulo a seco, evitando mirá-la.

— É... — equilibra o peso do corpo em uma perna. — Não vou te dar mais nomes além do meu. Esta questão é entre nós dois porque… — olha-me com intensidade, como se suplicasse algo — Nós temos horários diferentes. Cada uma tinha a sua vez de ser Na e seus próprios clientes e… droga, eu não deveria ter dito isso — espalma a destra em sua testa, então suspira e coloca-se a continuar. — E eu tinha você, JK. — conclui, rindo sem humor.

Cerro os punhos e entorto mais o pescoço, focando na cama de Hoseok somente para mantê-la longe de minha vista. — Você sabia que era eu. — digo; as palavras parecem facas, cerrando minhas cordas vocais com lentidão e impiedade.

Não estou bravo, estou envergonhado; estou surpreso.

— Eu sabia que era você — reafirma. — Depois de alguns caras com fantasias nojentas, eu estava descrente de que poderia realmente querer fazer… ah, você sabe. — fez uma pausa — Mas aí me passaram seu número e horário e quando eu ouvi sua voz e as coisas que ela me dizia eu… — suspira — Me desculpa.

Espremo os olhos quando sinto o rubor tomar conta de minhas bochechas.

— E… quando você descobriu que era eu? — é difícil indagar.

— Eu o conhecia de vista; você sempre vai aos campeonatos e jogos. Mas eu nunca imaginei que poderia ser você até ouvir sua voz. — ergui o olhar, mirando-a com o cenho franzido — Você estava falando no telefone nos fundos da quadra. Eu fui beber água e ouvi. Os seus risos e os arfares e o maldito timbre. Eu os conhecia bem e tive certeza de que era você.

— Quando foi isso? — insisti, cerrando os olhos.

— Na… primeira semana. Dois dias depois da primeira ligação. — admite, acanhada.

Não há reação. O que eu posso dizer? Ela sabia, sabia o tempo todo. Tudo o que eu quero é que um buraco rasgue o chão e me sugue para as profundezas da Terra.

— Por que você nunca disse? Você nunca nem falou comigo fora das… ligações. Por que não parou quando descobriu?

— Porque você parecia interessante. Eu sempre o via nas arquibancadas e no refeitório. Não tem como não te notar, Jeon. Você é bonito. Sempre achei que você fosse uma pessoa doce, legal e inteligente. Eu não queria ser vista de outra forma. Não queria que tivesse nojo ou mágoas de mim… — desce a mão por seu rosto, parando-a no pescoço conforme seu olhar vaga. — E teria continuado assim se uma das garotas não tivesse esquecido dos malditos horários aquele dia.

Cheque-mate. Não estou louco. Nunca estive. Mas algo ainda me intriga…

— Nojo e mágoas? — cicio, buscando o seu olhar.

— É… — retribui o contato, ainda que transpareça certo desequilíbrio — Você continua me olhando desse jeito. Desde o dia em que aquele, huh, incidente aconteceu.

A princípio, apenas a olho sem demonstrar qualquer reação, então quero rir, quero rir até meus pulmões arderem porque não é possível que não se trate de uma piada.

— O que foi? — parece se frustrar com minha reação; suas costas vão de encontro à porta e arrastam-se por ela até que suas pernas encontrem o chão.

Eu não me seguro mais: gargalho. Gargalho porque não tenho a mínima ideia do que está acontecendo. Gargalho porque sou um fodido e não tenho coragem para encará-la.

— Jeon! — ela me assiste deslizar pela superfície da cadeira até dar de encontro com o chão. A Jung se aproxima, engatinhando em minha direção até estar com o rosto confuso sobre o meu e a cabeleira castanha incomodando meus olhos. — Você está bêbado.

Um pouco. Eu bebi um shot inteiro de tequila de uma vez quando a vi vindo em minha direção, pensei.

— Não. — digo entre um riso e outro. — Como isso tudo aconteceu? — pergunto.

Hana me fita impassível até o momento em que encosta-se em minha cama e permite-se rir também.

— O que eu fiz com a minha vida? — ela faz uma pergunta claramente retórica. E eu fico feliz que seja o caso porque não saberia responder.

Eu entendo a Teoria da Relatividade, os filmes do Tarantino e como funcionam as programações em Java. Entendo o sistema de proxys e como se usa o Dreamwaver. Entendo a nítida diferença entre hardware e software. Eu entendo muitas coisas e também entendo que sou só mais um nerd fodido e apaixonado pela capitã das líderes de torcida — nada de novo sob o Sol —. Mas, porra, eu não entendo como essa mesma garota pelo qual sou apaixonada é parte de uma espécie de programa de prostituição, nem como eu fui um de seus clientes e tampouco por que ela sabia disso e parecia se importar com o que eu pensaria sobre.

— Eu sou um fodido. — lanço, tentando normalizar minha respiração. A fala atrai a atenção da garota, então eu continuo — Você faz sexo por telefone porque precisa de dinheiro e eu compro sexo por telefone porque sou um fodido — e completamente obcecado por você —. E você ainda acha que eu a julgaria? Na, eu a olho desse jeito porque sou intrigado por você. Eu não tinha certeza do que fazia até você me explicar minutos atrás. Não guardo mágoas nem repulsa nem nada. Eu nunca sentiria algo assim por você. — sou sincero ao dizer, ainda que omita muita coisa e uma risada ladina espreite por meus lábios o tempo todo.

Ela me olha atônita. E eu não entendo o porquê até me dar conta de que a chamei de Na.

— Perdão, sunbaenim. — Peço, já erguendo o corpo sobre os cotovelos e a lançando um olhar preocupado e sem quaisquer resquícios de divertimento. — Eu não queria…

— Eu gosto da sua voz, JK. — corta-me; seus olhos me miram com um quê quase intimidador o qual não sou capaz de reconhecer.

Estou boquiaberto. A confusão dos acontecimentos passados me fizeram esquecer deste fato: Jung Hana está em meu quarto. E com todas as revelações, finalmente matuto a constatação de que se ela é Na, nós já…

Oh, não. Parece que todas as minhas fantasias viraram realidade.

— Oh… — eu murmuro, desviando o olhar ao sentir minhas bochechas esquentarem. — Obrigado.

Vamos lá, cara, diga alguma coisa!

Eu também gosto da sua voz. Aliás, batia punheta com os seus gemidos arrastados toda semana.

É, não me parece muito galanteador.

Diga algo decente. Os dois já estão fodidos, de qualquer forma.

— Então… — espalma as mãos nas coxas, mirando a janela. Ela vai embora. O que mais há para ser dito?

É a mulher mais incrível que eu já tive o prazer de ver na minha frente. E eu pagava para ouví-la  gemer o meu nome. Não há nada a ser dito. É melhor que esqueçamos esse episódio e sigamos em frente.

Mas como? Caralho, eu sou apaixonado por essa garota. E ela não vai estar aqui por muito mais tempo.

Está ficando tarde e eu não tenho mais nada a perder — qualquer imagem decente que ela poderia ter de mim foi apagada há muito tempo.

— Sunbae — obrigo-me a falar — Eu posso, é… — coço a garganta e bagunço o cabelo — Eu posso ter seu número? — encolho o corpo a medida em que as palavras saem.

— Você já tem o meu número. — ri, sarcástica.

— Não. O seu número. Não o da Na, o da Hana. — explico, colocando muito esforço para não desviar o olhar.

Eu espero por uma resposta, quase não acreditando quando ela dita:

— Você quer me conhecer? — arqueia as sobrancelhas. Assinto. — Jeon, garotas como eu só querem sexo.

Minha garganta seca. Eu quero gritar o tamanho da inverdade que acabei de ouvir. Ela é uma garota incrível. Sei que é. O julgamento alheio para com seus atos a fez acreditar que é uma vadia.

Mas eu não grito. Tudo o que sai por minha garganta é:

— Garotos como eu também. 


Notas Finais


COMASSIM, LIS????
calma, eu sei que demorei muito tempo mas eu decidi dividir esse capítulo em dois e transformar a fic em uma threeshot ou ele ficaria enormeeeee pq o hot dele é bem... interessante rsrs

bom, pelo menos matei quem matava vcs (meh) e, se ainda estiverem interessadas em que essa historia vai dar e desejam a continuação, me deixem saber, por favor kejsjw

eu acho esse plot muito engraçado kkjkkj mas gosto muito

perdoem qualquer errinho. pas.

xx, Lis-ah ♡


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