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História House Of Wolves - O Discurso do Rei


Escrita por: WantedKilljoy21

Notas do Autor


OIEEEEEEEEEEEEE!!!!! TUDO BEM, MEUS AMORES???

Eu tô com a corda toda! Tem mais um capítulo novinho pra vocês. Espero que gostem!!!

BOA LEITURA!!!!

Capítulo 33 - O Discurso do Rei


Fanfic / Fanfiction House Of Wolves - O Discurso do Rei

Os dias que se seguiram foram de total stress para Frank. Além da data do lançamento da campanha de Gerard se aproximando, ele ainda tinha a situação com Brad para lidar. Falando em Brad, o advogado fez questão de se fazer presente na vida do RP. Seja através de telefonemas, mensagens ou visitas, Brad não passou um só dia sem marcar presença, o que, obviamente, levou Gerard ao limite.

Com isso, Frank raramente teve uma hora de paz na última semana, o que, claro, acabou se refletindo em sua saúde. Pressão mais alta do que o seu "normal", dificuldade para respirar, cólicas e insônia fizeram parte da rotina do rapaz. Mas com o nível de trabalho triplicado, e Gerard com os nervos à flor da pele, Frank guardou seu desconforto para si e tentou seguir com sua vida.

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Com o lançamento da campanha de Gerard marcado para sexta feira, toda a equipe do senador começa a semana com a agenda repleta de compromissos. Enquanto Adam participa de uma reunião no Capitólio para os assessores de imprensa, Gerard e Frank comparecem à formatura do segundo grau no colégio Woodrow Wilson, onde Gerard discursa como patrono da turma.

Atrás do palco, durante a entrega dos diplomas, Frank observa Gerard felicitar aluno por aluno com um sorriso no rosto e uma frase de encorajamento. Apesar de bonita, o RP mal prestou atenção na cerimônia ou no discurso do senador graças a uma dor incômoda na barriga. De tempos em tempos, o rapaz sente uma cólica forte começar em sua pelve e se espalhar por todo o abdômen. De maneira discreta, para não chamar a atenção de ninguém, muito menos de Gerard, Frank esfrega a barriga e respira ritmadamente, tentando aliviar a dor, mas a tática parece não funcionar muito.

Pelos 50 minutos seguintes, Frank se concentra tanto em sua respiração que nem percebe a aproximação de Gerard.

- Estamos liberados. - diz o senador, e só então nota o RP de olhos fechados. - Frank?

- Oi. - pego de surpresa, Frank abre os olhos e força um sorriso.

- Você está bem? - pergunta Gerard, preocupado.

- Estou sim, ela só está chutando mais forte que o normal.

- Tem certeza? - ele pergunta, lutando contra o impulso de colocar a mão sobre a barriga do rapaz e sentir sua filha se mexer.

- Tenho, não se preocupe. Mas o que foi que você disse?

- Que nós já estamos liberados.

- Ah, muito bem. Voltamos pro Capitólio, então?

- Não quer parar pra comer antes? Você quase não comeu nada no almoço.

- Eu estou sem fome.

- Sério? Isso é novidade. - Gerard brinca, mas seu peito se aperta em preocupação.

- Pois é. Eu tento comer alguma coisa mais tarde.

- Eu não gosto disso, você não pode ficar sem comer.

- Ela está mexendo muito e comprimindo o meu estômago, eu estou um pouco enjoado. Se eu comer agora, vou acabar passando mal.

- Não seria melhor ligar pro Jason?

- Não, estou bem, de verdade. Ela só está um pouco mais agitada hoje, só isso.

- Frank...

- É sério, Gerard. De verdade. Nós podemos ir? - Frank pede com um tom de suplica na voz. Apesar da preocupação, Gerard acha melhor não pressionar e apenas acatar o pedido do rapaz.

- Podemos sim, o Robert está nos esperando na entrada da escola. Vamos. - colocando uma mão na lombar de Frank, Gerard o conduz para a saída da escola.

Os dois ainda fazem algumas paradas pelo caminho, já que Gerard é bastante solicitado para tirar selfies e conhecer alguns pais de alunos. Quando, finalmente, chegam ao carro, Frank sente que suas dores aumentaram e estão cada vez mais difíceis de serem mantidas em segredo.

Com o carro seguindo em direção ao Capitólio, Frank tenta focar sua atenção no trabalho.

- Eu já comecei o esboço do seu discurso, quer dar uma olhada? - ele diz, abrindo sua pasta e retirando um bloco de papel.

- Claro. - diz Gerard, fazendo uma leitura cuidadosa no texto, enquanto Frank se remexe no banco, tentando encontrar uma posição confortável. - Está ótimo, Frank.

- Eu ainda vou acrescentar os dados do... - ele faz uma pausa para respirar fundo. Gerard fica em alerta.

- O que foi?

- Nada, eu tô bem. - ele desconversa. - Eu vou acrescentar os dados de todos os seus projetos de lei aprovados nos últimos quatro anos, assim como os resultados de cada um. A June já providenciou esse balanço pra mim. - ele diz, e novamente fecha os olhos, respirando profunda e lentamente, mas dessa vez fazendo um careta de dor.

- Frank, o que tá acontecendo? O que você tá sentindo?

  - Eu não sei... é uma dor muito forte. Argh! - ele se inclina pra frente, levando as duas mãos à barriga.

- Dor? Onde, na barriga? - agora Gerard se desespera.

- Sim, está vindo em... ah, merda! - Frank se agarra ao braço do senador ao sentir uma nova onda de dor, dessa vez mais forte. De repente uma realização o atinge. - Oh, Deus!

- O que? O que foi?

- Eu acho que estou tendo contrações.

- O quê?! - o coração de Gerard dispara. Ele coloca a mão sobre a barriga do rapaz e, mesmo sob o tecido da camisa, o senador consegue sentir a contração muscular. - Robert, qual o hospital mais próximo daqui?

- É a emergência do Prince George. Fica há uns 15 minutos daqui.

- Vamos pra lá! Rápido, por favor! - ele pede, em pânico. - Está tudo bem, meu amor. Vai ficar tudo bem! Respira fundo.

- É cedo demais, Gerard! Ela não pode nascer agora. É cedo demais! Ela não vai...

- Shhhh, não fala assim. Não pensa nisso. Ela vai ficar bem, vocês dois vão ficar bem. - Gerard toma uma das mãos do rapaz e beija, enquanto Frank mantém a outra pressionada na barriga.

- Está doendo demais, Gerard. E se eles não conseguirem parar as contrações? Ela vai nascer prematura. O berço não está montado, não tem nada pronto pra ela. Nós nem decidimos um nome. Nossa filha não tem nome, Gerard! - Frank já não consegue segurar as lágrimas.

- Ei, ei, olha pra mim. Frank, olha pra mim! - ele pede, segurando o rosto do rapaz entre as mãos. - Eles vão conseguir parar as contrações, eles fazem isso o tempo todo. É só um alarme falso. Vai ver nem é trabalho de parto, podem ser só aquelas contrações de treinamento. Por favor, fica calmo, vai dar tudo certo. Respira junto comigo. Inspira pelo nariz, solta pela boca. Mais uma vez. Inspira pelo nariz, solta pela boca. Isso, meu amor, muito bem. Continua respirando pra mim.

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O trajeto até o hospital é repleto de medo, nervosismo e angústia. Contorcendo-se de dor, Frank chora com medo de sua filha nascer prematura, enquanto Gerard faz o possível para acalmá-lo, ao mesmo tempo em que tenta controlar seu próprio pânico. Apesar da taxa de sobrevivência ser bastante alta, as chances de um bebê nascido com 32 semanas ter sequelas permanentes também são igualmente grandes.

Soltando tanto o seu cinto de segurança, quando o de Frank, Gerard o traz para perto de si, passando um braço ao redor de seu corpo, enquanto massageia a barriga do rapaz com a mão livre, tentando aplacar a força das contrações. Seu coração se comprime ao sentir os músculos abdominais de Frank se contraírem numa intensidade brutal.

O senador está tão concentrado em amparar Frank que nem percebe o momento em que o carro para na frente do hospital. Ele só se dá conta de que chegaram ao destino, quando a porta ao seu lado é aberta e Robert o puxa para fora do carro.

- Senhor, eles precisam de espaço. - diz o motorista, tirando Gerard do caminho de duas enfermeiras e um médico que estão aguardando ao lado do veículo.

- Gerard... - Frank se apavora ao sentir o amado se afastar dele.

- Você vai ficar bem, Frank. Eu prometo que vocês dois vão ficar bem. - ele diz, tentando segurar suas próprias lágrimas.

Com Gerard fora do caminho, o médico toma seu lugar, enquanto uma das enfermeiras circula o carro e abre a porta ao lado de Frank. A segunda enfermeira aguarda do lado de fora, com uma cadeira de rodas a postos.

- Ele e a bebê vão ficar bem? - pergunta Gerard, desesperado.

- Nós faremos o possível para ajudá-lo.

- Ele só está com 32 semanas, é muito cedo pra a neném nascer. Eu tentei acalmá-lo, dizer que ia ficar tudo bem, mas eu estou realmente assustado. Ele está com muita dor. - ele diz, e assiste, aflito, o médico e a enfermeira ajudarem Frank a descer do carro e sentar na cadeira de rodas. O rapaz ainda está com os olhos marejados e a expressão de dor no rosto, mas o choro compulsivo de minutos atrás parece ter cessado.

O médico e as duas enfermeiras seguem com Frank para dentro do hospital e direto para o setor de emergência, e Gerard segue apressado atrás, mas logo é impedido de entrar na sala de atendimento. Tomado por um nervosismo sem precedentes, Gerard anda de um lado ao outro da recepção do hospital. Pior do que a perspectiva de um parto prematuro, é a ideia de Frank dar à luz sozinho, na emergência de um hospital desconhecido, sem seu médico de confiança, sem seus pais, sem JJ, e pior, sem Gerard ao seu lado.

O pensamento de Gerard é interrompido quando uma mão toca seu ombro. Virando-se, assustado, ele se depara com um médico de meia idade. O homem sorri pra ele.

- Senador Gerard Way?

- Sim... sim, sou eu.

- Que prazer conhecê-lo. Eu sou seu eleitor e grande admirador. - diz o homem, entusiasmado. Gerard precisa de um esforço sobre humano para ser simpático em um momento tão delicado.

- Obrigado, eu agradeço.

- O que o senhor faz aqui?

- Meu... - ele pigarreia. - Meu Relações Públicas está grávido e passou mal. Nós o trouxemos pra cá, ele está sendo atendido.

- Oh, eu sinto muito. - diz o homem, e quase como uma deixa, um jovem médico de cabelos cacheados se aproxima. Gerard o reconhece como sendo o médico que acudiu Frank ainda dentro do carro.

- Com licença, Senhor... - o jovem começa, mas o médico mais velho o interrompe.

- Eric, esse é o Senador Gerard Way. Nosso futuro presidente em alguns anos! - a empolgação do homem não parece contagiar o jovem médico.

- Muito prazer, Senador Way, eu sou o Dr. Eric Foster e sou o médico que está atendendo o seu assessor. - ele diz, impassível. O médico de meia idade está prestes a falar, quando seu celular apita.

- Estão precisando de mim. Senador, foi um prazer enorme conhecê-lo! Bom sorte para o seu assessor. - ele diz e desaparece pelos corredores do hospital, deixando Gerard sozinho com o jovem médico.

- Dr. Foster, o que está acontecendo?

- O Senhor Iero está no primeiro estágio do trabalho de parto prematuro, nós estamos fazendo o possível para parar as contrações, mas não sei se teremos sucesso.

- Oh, meu Deus! E a bebê, como está?

- Senador, é imprescindível entrar em contato com o obstetra do Sr. Iero, pois devido aos problemas de saúde que ele me relatou brevemente, a presença dele aqui é fundamental. O senhor sabe como podemos entrar em contato com ele?

- Claro, eu posso passar o contato dele.

- Maravilha, pedirei que uma das enfermeiras venha falar com o senhor.

- Mas como está a bebê? E o Frank? Eles estão bem? Eu posso vê-lo?

- Me desculpe, mas eu não posso dar maiores informações e nem permitir a sua entrada. Se o senhor puder entrar em contato com algum familiar ou o pai da criança, seria melhor.

- Mas eu preciso saber como eles estão!

- Eu sinto muito, senador, é a política do hospital. Eu preciso voltar para o atendimento. - diz o médico, sumindo de vista, antes mesmo que Gerard possa contestar.

Apavorado com a situação, Gerard saca o celular e, com dedos trêmulos, liga para Jason. A ligação chama algumas vezes, até que o obstetra atende.

- Alô!

- Jason, graças a Deus!

- Gerard, o que houve?

- É o Frank! Ele começou a sentir dores dentro do carro, nós viemos correndo para o hospital, o médico disse que ele está em trabalho de parto prematuro. Por favor, Jason, você precisa ajudá-lo. A bebê não pode nascer agora, é cedo demais. Por favor!

- Gerard, se acalma. Em que hospital vocês estão? - pergunta o médico, ofegante, o que leva Gerard a acreditar que ele está correndo.

- Na emergência do Prince George.

- Certo, eu estou indo pra aí agora mesmo. Você sabe o nome do médico que está cuidando do Frank?

- Foster. Dr. Eric Foster.

- Okay! Eu vou ligar para o hospital e passar algumas orientação. Não se preocupa, eu estou a caminho. - e com isso Jason encerra a ligação.

Uma enfermeira passa por ele, saindo da área onde Frank está sendo atendido. Imediatamente, Gerard intercepta a mulher.

- Com licença! Por favor, eu trouxe meu Relações Públicas pra cá, ele está grávido e em trabalho de parto prematuro. Eu preciso saber como ele está!

- Me desculpe, mas nós só podemos passar informações de pacientes para a família. Tem alguém que o senhor possa ligar?

- A irmã dele. Mas ela vai demorar a chegar. Por favor, eu só precisa saber se ele e a bebê estão bem.

- Nós estamos fazendo o possível para ajudá-los. - diz a mulher, com certa empatia. - Por que o senhor não liga para a irmã dele? Quanto antes ela chegar, mais rápido o senhor terá informações.

- E o médico dele?

- Ele já está com contato com o Dr. Foster. Não se preocupe. - ela diz, com um sorriso leve, e segue seu caminho. Deixando Gerard pra trás, sem nenhuma resposta concreta, e ainda mais angustiado.

Ainda com o celular nas mãos, ele rapidamente disca o número de JJ.

- Atende, atende, atende, atende. - ele sussurra, enquanto anda de um lado para outro. Ele respira fundo ao ouvir a voz de JJ do outro lado da linha.

- Oi, Gerard!

- JJ, o Frank está em trabalho de parto! - ele despeja, sem nem medir suas palavras.

- O quê?! - a jovem grita do outro lado da linha. - Gerard, como isso aconteceu?

- Eu não sei! Nós estávamos no carro e ele começou a sentir dores muito fortes. Nós corremos para o hospital. O médico que está atendendo ele disse que ele está em trabalho de parto.

- Oh, meu Deus! E o Jason? Ele está aí? Onde vocês estão, afinal?

- Nós estamos no Prince George. Acabei de falar com o Jason, ele está vindo pra cá! JJ, você precisa vir pra cá. Ninguém me dá informações, ninguém me diz como ele está!

- Merda, eu estou no Instituto de Arte, vou demorar mais de uma hora pra chegar. Gerard, você precisa conseguir informações. A gente precisa saber se ele e a bebê estão bem?

- Eu estou tentando, mas... Por favor, JJ, só venha pra cá o mais rápido possível.

- Tô entrando no carro agora mesmo! Fica calmo, Gerard. Fica calmo e tente conseguir informações. Me mantenha informada, por favor!

- Okay. - ele diz, encerrando a ligação.

Ele corre até o posto de enfermagem e tenta conseguir mais informações, mas a resposta é sempre a mesma "Informações sobre pacientes somente para familiares". Gerard insiste que a irmã de Frank está a caminho, e que ele gostaria de saber, ao menos, se o rapaz deu à luz ou se conseguiram parar as contrações. Mas a os funcionários do hospital são irredutíveis.

Gerard continua a andar de um lado a outro da recepção, sentindo que seu coração irá explodir a qualquer momento. Seu desespero atinge o limite ao ver uma enfermeira correr em sua direção.

- Algum familiar do Sr. Iero já chegou?

- Ainda não, por quê? O que está acontecendo?

- O Sr. Iero está sofrendo algumas complicações e o Dr. Foster precisa da autorização de algum parente para realizar alguns procedimentos. - Gerard sente o chão ser arrancado de debaixo de seus pés.

- Complicações? Que tipo de complicações? Que procedimentos?

- Me desculpe, eu não estou autorizada a falar. Mas, por favor, nós precisamos de algum parente dele aqui. Com urgência! - ela diz, correndo de volta para o atendimento.

- Espera! Por favor, espera! - Gerard tenta entrar na ala de atendimento, mas é contido por um segurança.

Correndo os dedos pelos cabelos, Gerard sente o sangue pulsar em seus ouvidos. O medo e a ansiedade são como duas paredes de concreto se fechando ao seu redor. Ele não consegue pensar, não consegue respirar direito, lágrimas de desespero queimam seus olhos. Isso não pode estar acontecendo! Ele não pode perdê-los.

Sem que se dê conta, Gerard começa a caminhar em direção à saída do hospital. Ele aperta o passo gradativamente, até ganhar velocidade e partir em disparada pelo estacionamento do hospital.

Robert se assusta ao ver o senador correr em sua direção.

- Senador, o que aconteceu? Como está o Sr. Iero?

- Onde está? - ele diz, abrindo a porta traseira do carro.

- Onde está o quê?

- O celular. O celular dele! Onde está? - ele pergunta, vasculhando o banco do carro.

- Ah, está aqui. - Robert abre o porta-luvas e retira o celular. - Estava no chão do carro. Ele deve ter deixado cair quando estavam atendendo ele aqui.

- Obrigado. - diz Gerard, pegando o aparelho.

Seu coração martela, mas ele não hesita, buscando, freneticamente, um contato dentre a vasta agenda de Frank. Achando o número, Gerard aperta o botão verde e leva o telefone ao ouvido.

Após três toques, a voz de Brad surge do outro lado da linha.

- Oi, Frankie! Eu estava pensando em você. - diz o homem. Gerard sente o estômago dar um nó. - Frankie?

- Não é o Frank, sou eu, Gerard. - a voz de Gerard sai surpreendentemente firme.

- O que você quer, Way? E o que você está fazendo com o celular do Frank?

- Frank está no hospital. Ele entrou em trabalho de parto prematuro. E... - ele respira fundo, sentindo o peito doer literalmente. - Eu preciso que você venha pra cá.

- Qual o hospital? - a voz de Brad é seca, mas Gerard consegue sentir a tensão do homem do outro lado da linha.

- Prince George. Emergência.

- Eu chego aí em 20 minutos. - ele diz, encerrando a ligação.

Gerard já não consegue mais segurar as lágrimas.

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Exatamente 14 minutos depois, Brad entra correndo pelas portas da emergência do Hospital Prince George. De pé, ao lado do posto de enfermagem, Gerard vê o advogado correr em sua direção.

- Cadê o Frank?

- Ele ainda está sendo atendido.

- Como ele está? O que aconteceu?

- Ele começou a sentir contrações e o médico disse que ele estava em trabalho de parto. Ele está sendo atendido. Ninguém me diz nada porque eu não sou... - a aproximação do Dr. Foster interrompe Gerard.

- Com licença, Senador Way.

- Dr. Foster! - um certo alívio toma conta de Gerard, ao ver o jovem médico. - Como está o Frank? - ele pergunta, aflito. Vendo a hesitação do médico, ele se rende à presença de Brad. - Esse é Brad Redford, ele é... - ele começa, mas Brad o interrompe, tomando a dianteira.

- Eu sou o noivo do Frank, pai da bebê. Como está o meu noivo? - as palavras do advogado são como um soco na boca do estômago do senador.

- Sr. Redford, o Sr. Iero apresenta contrações uterinas regulares, com intervalos de sete minutos, e dilatação de cerca de um centímetro. Nós estamos administrando sulfato de magnésio, para tentar controlar as contrações, e corticoides,  para ajudar a amadurecer os pulmões do bebê, em caso da necessidade de realizarmos o parto.

- A enfermeira disse que ele teve algumas complicações, o que está acontecendo? - Gerard pergunta, mas o médico responde se dirigindo a Brad

- Devido ao estresse da situação, a pressão arterial do Sr. Iero teve um aumento significativo e ele está apresentando alguns sintomas de uma crise hipertensiva.

- Que sintomas? - pergunta Brad.

- No momento, ele apresenta muita dificuldade em respirar, dores no peito e cefaleia. Estamos tentando controlar os sintomas, mas minha maior preocupação é que o último exame de urina apresentou um nível muito alto de proteína, o que significa que os rins dele estão começando a sofrer.

- Oh, Deus! - Gerard leva as mãos à cabeça.

- O que o senhor sugere que seja feito? - pergunta Brad.

- Eu conversei com o Sr. Iero sobre a possibilidade de realizarmos o parto, mas ele se negou. Ele quer aguardar a opinião do médico dele.

- É claro! Ele só está com 32 semanas. A bebê ainda não pode nascer. O médico dele já está chegando, ele pode resolver isso. - declara Gerard.

- Mas nós estamos chegando em um ponto que esperar pode não ser mais uma opção. - diz o médico.

- Faça o que for preciso, Dr. Foster. - diz Brad, para total desespero de Gerard.

- O quê?! Não! De jeito nenhum!

- Essa escolha não é sua, Way. - diz Brad, despertando a fúria de Gerard.

Mas antes que o senador possa dizer mais alguma coisa, passos apressados chamam sua atenção, e para seu absoluto alívio, Gerard vê Jason correndo em sua direção.

- Gerard, onde está o Frank? - ele pergunta, se aproximando do grupo.

- Dr. Martin? - pergunta o jovem médico.

- Sim! Onde está o meu paciente?

- Na sala de atendimento. Eu estava discutindo com o Sr. Redford uma alternativa de tratamento, já que o Sr. Iero está apresentando um quadro de hipertensão.

- Dr. Foster, a única pessoa capacitada para decidir o melhor tratamento para o meu paciente sou eu. Então, por favor, se o senhor puder me levar até ele, eu agradeço. - diz Jason, de forma firme, fazendo a postura do Dr. Foster murchar.

- Por aqui, Dr. Martin. - ele diz, mostrando o caminho.

- Jason, por favor! Ela não pode nascer agora, é cedo demais. Mas o Frank... por favor, cuide do Frank. Cuide dos dois!

- Não se preocupe. - diz o médico, com uma mão no ombro de Gerard. Os dois trocam um aceno de cabeça, e o obstetra segue para o atendimento.

Assim que se veem sozinho, Gerard parte pra cima de Brad, segurando-o pelo colarinho e jogando-o contra a parede.

- Seu desgraçado!

- Sai de cima de mim! - Brad empurra Gerard, mas o senador o empurra de volta.

- Você nunca vai ser pai porque você não sabe como o que isso significa! Um pai de verdade nunca descartaria a vida de um filho assim.

- Você tá fazendo drama. Crianças prematuras nascem todos os dias no mundo inteiro.

- Sim, crianças que têm 87% de chances de sofrer com dificuldade de respiração, apnéia, hemorragia intraventricular e retinopatia. Alguns desses problemas de saúde acompanham a criança pelo resto da vida.

- E o que você acha que eu deveria fazer? Deixar o Frank sofrendo? Esperar que a pressão dele subisse até fritar o cérebro dele? Deixar ele morrer? Eu fiz o que achei que fosse ser o melhor pra ele.

- Não, você fez o que achou que fosse melhor pra você! Se você estivesse pensando no Frank, acataria o desejo dele de esperar o Jason chegar e decidir o que fazer. Mas a sua obsessão pelo Frank é tão grande que te cega. Você acha mesmo que ele te perdoaria se acontecesse alguma coisa com a neném? - acusa Gerard, mexendo com o advogado. Mas Brad logo recupera a compostura.

- Não me interessa o que você pensa, Way! Quer você queira, ou não, Frank e eu vamos nos casar e eu serei oficialmente o pai dessa criança. Eu tomarei as decisões! Eu decidirei o que é melhor para o meu marido e para a minha filha!

- Continue repetindo isso quantas vezes você quiser, até conseguir se convencer. Uma assinatura num pedaço de papel não cria uma família. O amor cria uma família. E isso, você nunca terá. Nem do Frank e nem da minha filha! - diz Gerard, olhando fundo nos olhos do advogado.

Brad se livra do cerco de Gerard, mas não responde. Em silêncio, os dois se sentam na sala de espera e aguardam.

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Pouco mais de duas horas depois de sua chegada, Jason, finalmente, caminha em direção à sala de espera do Hospital Prince George. Suado e fisicamente cansado, o obstetra é recepcionado pro três rostos extremamente ansiosos.

- Como ele está? Ele está bem? E a bebê? - JJ toma a dianteira e enche o namorado de perguntas.

- Primeiramente, vamos nos acalmar. - ele diz, já sentindo a tensão entre Gerard e Brad. - Sim, ele está bem. Ele e a bebê estão bem.

- Ele não... - Gerard começa, mas teme concluir a pergunta. Jason sorri.

- Não, ele não deu à luz. A bebê continua onde precisa estar. Foi bem complicado, eu precisei recorrer à medicação pesada e algumas cartas na manga, mas consegui interromper o trabalho de parto.

- Oh, graças a Deus! - Gerard sente o peso do mundo sair de suas costas. Ele abraça o obstetra. - Obrigado, Jason. Muito obrigado!

- E o Frank? Como está a pressão dele? - pergunta Brad, chamando a atenção dos três.

- Ainda está um pouco alta, mas nada que possa causar problemas agora.

- Você disse que usou medicação pesada. Isso não pode prejudicar a bebê, não é? - pergunta JJ.

- De jeito nenhum! Eu precisei usar medicação pesada, pois o sulfato de magnésio não estava funcionando. Então eu trabalhei com Terbutalina e Isoxsuprina por uma hora, para tentar relaxar as contrações uterinas. Elas diminuíram a frequência, mas não a intensidade, então eu administrei uma combinação de Indometacina e Progesterona, e cerca de trinta minutos depois, as contrações diminuíram bastante. Ele ainda está sentindo algumas cólicas, mas elas vão parar de vez dentro de três a quatro horas. Ele está no soro e com acesso intravenoso para a medicação, e ainda ficará no oxigênio por algumas horas.

- Ele não está respirando direito? - pergunta Gerard, assustado.

- Ele está bem. Mas como a saturação dele caiu um pouco durante a crise hipertensiva, eu achei melhor mantê-lo no oxigênio um pouco mais.

- Então ele está bem? Tipo, bem mesmo? - pergunta JJ.

- Sim, ele está bem!

- E quando podemos tirá-lo daqui? - pergunta Gerard.

- Eu vou mantê-lo aqui por essa noite, só para termos certeza de que está tudo controlado. Mas ele já foi transferido pro quarto, e eu vou levá-los para vê-lo. Nós precisamos discutir o que será feito daqui em diante.

- Claro! Eu quero vê-lo, imediatamente. - diz Gerard, seguindo pelo corredor do hospital, sem nem ao menos esperar por Jason.

No entanto, quando Brad tenta segui-lo, o médico o impede.

- Me desculpe, mas esse é um assunto particular, que só diz respeito aos pais do bebê.

- Você tá brincando, não é?

- Eu pareço estar brincando?

- Eu sou o noivo do Frank, nós vamos nos casar. Eu vou ser o pai dessa criança!

- Meus parabéns, mas por enquanto, isso não significa nada pra mim. O Frank pediu a presença do Gerard. Se ele quiser, ele conversará com você depois.

- Isso é ridículo. Eu vou ver o Frank! - ele diz, tentando forçar a passagem, mas Jason cruza os braços e se coloca na frente, impedindo sua passagem. Antes que Brad faça uma cena e acabe levando a pior em relação a Jason, JJ intervém.

- Brad, é melhor você ir embora. - ela diz, num tom sereno. - O Frank já teve um dia difícil. Não piore as coisas pra ele. Como você acha que ele vai se sentir se souber que você arrumou uma confusão aqui no hospital? Por favor, pensa nele.

Mesmo muito a contra gosto, o advogado cede. Ele vira as costas e segue, bufando, em direção à saída. JJ respira aliviada.

- De onde veio esse equilíbrio emocional? Que eu saiba, você nunca hesitou em virar a mão nesse cara.

- Pois é, mas você estava muito perto de dar uma de Mike Tyson pra cima dele, então um de nós precisava manter a calma.

- Eu não gosto dele.

- Bem vindo ao clube. Mas vamos precisar nos acostumar com esse buraco de árvore. - ela diz, e Jason suspira. Ele passa um braço ao redor da moça e a puxa pra perto, plantando um beijo no topo de sua cabeça.

- Vamos ver o Frank?

- Por favor!

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Frank acaricia a barriga, perdido em seus pensamentos. As contrações excruciantes de mais cedo, agora se resumem apenas à cólicas incômodas, para seu total alívio. Um sorriso surge em seu rosto ao sentir a filha chutar, certo de que ela está tão feliz quanto ele de que tudo não passou de um susto.

Ele suspira e sente os olhos se encherem de lágrimas, quando a porta do quarto se abre, revelando um Gerard ansioso e aflito.

- Oh, meu Deus, Frank! Ah, meu amor! - a passos largos, Gerard avança sobre o rapaz, segurando seu rosto entre as mãos e beijando de forma urgente, mas tomando cuidando para não mexer com a cânula de oxigênio que atravessa o rosto do rapaz. - Como você está se sentindo? Você está bem? Nossa filhinha está bem?

- Eu tô bem. Nós dois estamos bem.

- Graças a Deus, meu amor! Graças a Deus! Eu quase morri sem notícias suas. Eu tive tanto medo da nossa princesa nascer antes do tempo e de você estar sozinho, sem ninguém pra te amparar, pra segurar a sua mão.

- Eu só pensava nisso, Gerard. Em como nossa filha podia nascer prematura e você não estaria ao meu lado pra vê-la nascer. Foi horrível!

- Eu sei, eu sei. Mas já passou! Você está bem, nossa princesa continua protegida dentro da sua barriga. E eu nunca mais vou parar de agradecer a Deus. - ele diz, se inclinando e dando um beijo na barriga do rapaz. Os dois trocam mais alguns beijos e só então notam a presença de Jason e JJ.

Assim que vê a amiga, Frank abre os braços e a moça corre ao seu encontro.

- Não me assusta assim de novo! Nenhum dos dois, estão me ouvindo?

- Vamos tentar nos comportar, não é, filha? - ele diz, acariciando a barriga e recebendo o carinho da amiga.

- Eles estão bem mesmo, não é, Jason? - pergunta Gerard.

- Sim, felizmente, os dois estão fora de perigo. Mas nós precisamos conversar sobre o que vai acontecer. - diz o médico, atraindo a atenção dos três. - Pra começar, o Frank precisa sair de licença paternidade imediatamente. Nós não podemos arriscar nem com meio expediente, ele precisa de repouso.

- Mas o lançamento da campanha é sexta feira. Eu não posso trabalhar de casa?

- Frank, se você precisa de repouso, isso inclui não trabalhar de casa. Certo, Jason?

- Certo! Inclusive, eu vou te colocar de repouso absoluto por três dias. Ou seja, quando você for pra casa amanhã, quero o senhor na cama por mais dois dias. Nós não podemos arriscar outro trabalho de parto. Se acontecer de novo, nós não seremos capazes de interromper dessa vez, e precisamos manter essa menina aí o máximo de tempo possível.

- Okay, okay! Sem problema nenhum. Tudo pela segurança da minha filha.

- Bem, esse é outro ponto. Infelizmente as chances de você conseguir manter a gestação até à 40ª semana são muito baixas. Seu colo do útero já está 5% apagado. Geralmente isso acontece por volta da 37ª semana, você completa 33 semanas amanhã. Então é bem provável que não chegue em 40.

- E agora, o que nós fazemos? Quais os riscos pra nossa filha? - pergunta Gerard.

- Quanto mais tempo na barriga, mais chances ela tem de não ter nenhum problema de saúde relacionado à prematuridade. Então, nós vamos trabalhar com a meta de 38 semanas.

- 38 semanas é uma boa marca? - pergunta Frank.

- Não é o ideal, mas com 38 semanas os pulmões de um bebê já são considerados maduros, então é uma meta segura.

- Certo, então precisamos manter a bonequinha aí por mais cinco semanas. - diz JJ.

- Exato!  E Frank, eu realmente gostaria que você considerasse uma cesariana. - ele diz, o rapaz se assusta.

- O que? Por quê?

- Durante as contrações, você teve alterações cardíacas e arteriais muito significativas, então eu acho que o mais seguro pra você seria uma cesariana.

- Mas eu não quero ser operado.

- Eu sei, e nós vamos ficar de olho para tentar evitar isso, mas é algo que você realmente precisa começar a considerar.  Eu não quero te assustar, mas também não quero te pegar desprevenido.

- Não se preocupe com isso agora, meu amor. - diz Gerard, dando um beijo na testa do rapaz. - Foque apenas em manter a nossa princesa aí dentro, segura em bem cuidada. O resto a gente resolve depois, tá bom?

- Tá bom. - ele responde, mas não há mais como não pensar nisso. A possibilidade de fazer uma cesariana vai assombrar o rapaz até o dia em que sua filha nascer.

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No começo da tarde de terça-feira, Frank recebe alta do hospital. O rapaz precisou de uma boa hora de conversa com Brad pelo telefone, para convencê-lo a não vir buscá-lo e nem o esperar em casa. Mesmo com o advogado insistindo e irritando Frank com sua intrusão, o rapaz conseguiu adiar a visita e a conversa para o dia seguinte. Então, ao lado de Jason e JJ, Frank, enfim seguiu para casa. A estada no hospital foi curta, mas muito estressante, e tudo que o rapaz quer nesse momento é o conforto e a segurança de sua casa.

Sim, sua casa, pois estranhamente Gerard não insistiu que o rapaz fosse direto para o Refúgio. Mais estranho ainda foi a ausência do senador durante todo o dia e no momento de sua saída do hospital. Incomodado, Frank pensa em ligar para Gerard, mas ao invés disso, ele acaba apenas mandando uma mensagem.

*Acabei de receber alta. JJ vai me levar direto pra casa.*

Ele envia a mensagem e deixa o celular no colo, assim que se acomoda no banco de trás do carro de Jason.

- Tudo bem aí, Frankie? - pergunta JJ, de seu lugar no bando do motorista, enquanto coloca o cinto de segurança.

- Tudo. - ele força um sorriso. - Só mandei uma mensagem pro Gerard, avisando que já estou indo pra casa. - ele diz, no momento em que a resposta do senador chega.

*Maravilha! Estou resolvendo uns assuntos. Estarei com você assim que possível.*

Sem "como você está"? Sem "nossa filha está bem"? Sem "eu te amo"? A resposta impessoal e genérica de Gerard faz o coração de Frank apertar e ele engole um nós que se forma em sua garganta.

- Ele respondeu? - pergunta a moça.

- Sim, ele está resolvendo alguns assuntos. Vai me ligar assim que puder.

- Okay. Quer passar em algum lugar primeiro ou quer ir direto pra casa?

- Direto pra casa, por favor. Tudo que eu mais quero é a minha cama.

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Assim que Jason estaciona o carro na porta de sua casa, Frank se adianta, desce do veículo e segue para a porta de entrada.

- Ei, Usain Bolt, onde você vai com tanta pressa? - diz JJ, apressando o passo e alcançando o rapaz.

- Pra casa, ué?

- Espera a gente.

- Não é possível que eu, desse tamanho, seja mais rápido que vocês. - ele diz, rindo pela primeira vez no dia.

- Você tem uma barriga de vantagem na linha de chagada. - brinca JJ. Ela passa o rapaz e abre a porta de casa.

Assim que chega à sala de estar, Frank sente os olhos se encherem de lágrimas. Aguardando por ele, com grandes sorrisos no rosto, estão Gerard, Christine e Harry. A emoção de Frank só não é maior que a da mãe.

- Oh, meu bebê! Meu amor! - diz a mulher, avançando e tomando o filho nos braços.

- Mãe? Pai? Oh, meu Deus! O que...? Como...? - sem palavras, só resta a Frank receber o carinho dos pais.

- Mamãe tá aqui, meu amorzinho! Mamãe tá aqui com você, meu bebê!

- Como você está, meu filho? Como está a nossa princesa? - pergunta Harry, conseguindo um espacinho para dar um beijo no topo da cabeça do filho.

- Agora está tudo bem, pai. Nós dois estamos bem. Agora eu só preciso descansar pra mantê-la aqui dentro o máximo de tempo possível.

- E ela vai permanecer aí, quietinha, até chegar a hora de nascer. Vamos nos certificar disso. Estamos aqui pra cuidar de você, meu bebê!

- Mas como? Como vocês estão aqui?

- Gerard nos ligou ontem a noite. Ele contou o que tinha acontecido, disse que vocês já estavam bem, mas que você entraria de licença. Então ele providenciou a nossa vinda pra cá. Saímos de Jersey hoje bem cedo. - diz Harry.

- Vocês estão aqui desde de manhã?

- Sim! O Gerard mandou o avião dele nos buscar e ficou nos esperando no aeroporto. Ele nos acompanhou até o mercado e algumas outras lojas que precisávamos ir. E até me ajudou a arrumar a casa pra quando você chegasse. - diz Christine, e todo o peso que a ausência de Gerard causou ao longo do dia desapareceu do peito de Frank.

- Gee... eu não acredito. - ele diz, abrindo os braços e sendo envolvido pelo abraço reconfortante de Gerard. - Eu achei... você sumiu o dia todo.

- Você realmente achou que eu tinha algo mais importante pra fazer do que me dedicar a você?

- Eu te amo. Eu te amo demais.

- Eu também te amo, meu amor. Mais do que tudo nesse mundo.

- Obrigado. Eu realmente precisava dos meus pais aqui.

- Eu sei. E eu estou aqui pra te dar tudo que você precisa. - diz Gerard, dando um beijo na ponta do nariz do rapaz. Frank se aconchega no abraço de Gerard.

- Filhote, eu reestoquei a sua despensa e a sua geladeira, já preparei algumas refeições. Seu pai comprou uns livros, filmes e discos pra você.

- Ou seja, não vou morrer nem de fome e nem de tédio durante o repouso. - Frank brinca.

- Deus me livre, garoto! Bate nessa boca. - diz Christine, abraçada a JJ. - Bem, que tal eu preparar um lanche pra gente? Jason, você pode ficar mais um pouquinho, não é?

- Claro, Sra. Iero! Minha agenda está liberada hoje.

- Maravilha! Então acomodem-se, fiquem a vontade, eu já volto. - diz Christine, segundo para cozinha.

- Jason, você já assistiu O Conde de Monte Cristo?

- Sim, acho que vi no cinema.

- Ah, eu não estou falando dessa porcaria que saiu em 2002. Estou falando do clássico de 1934, com Robert Donat e Sidney Blackmer.

- Ah, o Papa detesta reboots.

- Clássico é clássico!

- Agora fiquei curioso. Quando podemos assistir?

- Agora mesmo! Frankie, esse seu DVD funciona, não é?

- Claro, pai. JJ, mostra pra ele.

- É fácil, Papa. Dá uma olhada.

Enquanto JJ, Jason e Harry e entretém com o home theater, e Christine se ocupa na cozinha, Gerard guia Frank até o sofá e o acomoda em seu peito. Aconchegado e se sentindo seguro, Frank fecha os olhos e respira fundo, sentindo que o pior já passou.

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No dia seguinte Frank não escapou de ter uma conversa séria com os pais sobre sua atual situação com Brad. Harry e Christine se mostraram bastante preocupados, mas não criticaram, muito menos culpabilizaram, Gerard. Frank sentiu um alívio enorme com o apoio incondicional dos pais.

Após o dia inteiro mandando mensagens e, enfim, conseguindo permissão para fazer uma visita, Brad chegou, pontualmente, às 19h na casa de Frank. Ele sorriu ao encontrar a ex sogra.

- Christine! Que saudade. - ele diz, dando um abraço na mulher.

- Oi, querido, como vai?

- Estou ótimo! E feliz por te ver. Que bom que vieram.

- Não podíamos ficar longo do Frank nesse período, não é mesmo?

- De jeito nenhum! Precisamos nos unir pra cuidar do Frank da melhor maneira possível. Falando nisso, onde ele está?

- Lá na sala. Vem, vamos entrar. - ela diz, seguindo com o rapaz até o cômodo. De seu lugar no sofá, aconchegado ao lado do pai, Frank vê Brad se aproximar.

- Aí está ele! - diz Brad, empolgado. Ele se senta ao lado do rapaz. - Como está se sentindo?

- Muito melhor, graças a Deus! Mas tentando me adaptar a esse repouso.

- Que bom. E a neném? - ele pergunta, colocando a mão sobre a barriga do rapaz, deixando Frank ligeiramente incomodado. Ele ajeita sua postura no sofá e acaba saindo do toque do advogado.

- Ela está ótima, obrigado.

- Que bom! - diz Brad, virando sua atenção para Harry, que observa a cena. - Como vai, Harry?

- Muito bem, rapaz. E você? - apesar de desconfortável com a intimidade forçada de Brad em relação a Frank, Harry mantém a simpatia.

- Também estou muito bem. A vida, enfim, voltou ao normal. - ele diz, olhando para Frank. - Baby, você me disse no telefone que precisava conversar sobre o que seu médico te disse no hospital.

- Sim, era isso que eu estava conversando agora com os meus pais. Como eu te falei ontem, eu já entrei em licença paternidade.

- Então você não volta mais pro Capitólio?

- Não. Só depois que a bebê nascer.

- Graças a Deus! - diz Brad, recebendo um olhar de Christine. - Aquele ambiente é estressante demais pra você. - ele disfarça, mas fica claro que a ex sogra não caiu.

- Fora isso, o Jason me passou Dactil-OB quatro vezes por dia, durante cinco dias.

- Pra que serve isso? - pergunta Harry.

- Pra prevenir novas contrações.

- Ah, então vou colocar um lembrete no meu celular, pra eu não esquecer de te lembrar de tomar o remédio. - diz Christine, fazendo Frank sorrir.

- Obrigado, mãe.

- Imagina, docinho. Mamãe está aqui pra cuidar de você e da minha netinha. - ela diz, sorrindo pro filho. - Mas você disse que estava preocupado com uma coisa, o que é?

- Pois então, o Jason está muito preocupado, achando que eu não vou conseguir completar as 40 semanas de gestação. Ele disse que a meta, agora, são 38 semanas.

- Filho, isso não é ruim. - diz Harry.

- Eu sei, pai. Ela vai ficar bem com 38 semanas. O problema é que ele quer que eu faça uma cesariana. Ele disse que minha frequência cardíaca e a minha pressão oscilaram demais durante as contrações.

- Ah, meu bem, mas será que isso não aconteceu porque você estava nervoso? - pergunta Christine.

- Ele disse que essa é uma possibilidade e que vai me monitorar mais de perto, pra ter certeza. Mas ele acha que o mais seguro seria a cesariana.

- Mas filho, se é mais seguro pra você, qual o problema?

- Ah, pai, eu não quero fazer uma cirurgia. Parece que é mais uma coisa que está saindo do meu controle, sabe? É claro que eu não quero me colocar em risco, e nem colocar a neném em risco, mas já está tudo saindo tão diferente do que eu planejei. Eu queria que ela decidisse a hora de nascer. Eu queria ser forte o suficiente pra fornecer tudo que a minha filha precisa pra crescer forte e saudável, mas nem gestá-la direito eu consigo.

- Oh, meu filho, não fala isso! - diz Christine. Harry chega um pouco para o lado, para dar espaço para a esposa se sentar do lado do filho. - Tudo o que você fez até agora foi cuidar e proteger a sua filha da melhor maneira possível. Você já é um pai maravilhoso, meu amor.

- Mas eu tinha esse sonho de poder trazer a minha filha ao mundo da mesma maneira que você, mãe. Eu queria poder dizer pra minha filha que eu dei à luz à ela da mesma maneira que você deu à luz a mim. - ele diz, com os olhos marejados.

- Você vai poder dizer pra sua filha que você a ama igual eu amo você, que vou carregou ela na barriga e cuidou dela igual eu fiz com você. Que você deu de mamar pra ela, igual eu dei a você. E um mundo mais de coisas, meu amor. - ela diz, limpando as lágrimas do filho, e dando um beijo em sua bochecha.

- Você conversou com o Gerard sobre isso? - pergunta Harry, fazendo Brad se remexer um pouco.

- Conversei. Ele disse pra eu não me precipitar e sofrer por antecedência. Quanto mais calmo e relaxado eu tiver, mais chances de eu não ter mais oscilações e conseguir ter meu parto normal.

- Ele está certo, meu amor. Tenta se tranquilizar.

- Frank, uma cesariana também não é o fim do mundo. - diz Brad. - Muito pelo contrário. A maioria das pessoas preferem uma cesariana hoje. É mais prático por você poder escolher o dia que a neném vai nascer, e o melhor, você não vai sentir dor. A medicina evoluiu justamente pra facilitar a vida dos pais e mães. O que é uma hora de cirurgia comparado há 8, 12 ou até 24 horas de um trabalho de parto? Pra quê se apegar à uma prática tão arcaica e brutal, se você pode se beneficiar de todo conforto que um parto programado pode te dar? Eu tenho certeza que devem haver estudos que comprovam que a cesariana traz tanto quanto, ou mais, benefícios que um parto normal. Eu posso pesquisar e te mostrar.

- Não é necessário, querido. - diz Christine. - Pra dizer a verdade, o nosso papel no momento é ouvir e dar apoio, porque no final das contas, a decisão do que é melhor pra bebê cabe apenas aos pais. - diz a mulher, com a voz serena.

Mas as palavras de Christine atingem Brad como uma tijolada, pois elas trouxeram a realização de que o ele não conta com o apoio incondicional dos ex sogros. Durante seu namoro com Frank, Brad sempre teve um ótimo relacionamento com os pais de Frank, mas agora, parece que até o afeto dos Iero, Gerard roubou dele.

Respirando fundo, ele força um sorriso e finge prestar atenção no que Christine está dizendo.

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Com a chegada de JJ, o grupo engata um bate papo sobre arte, já que a moça está preparando mais uma palestra sobre história da arte. No meio da conversa, Frank avisa que chegou a hora de seu remédio. Christine faz menção de levantar para buscar uma bebida para o filho, mas Brad toma a dianteira e se oferece para ir à cozinha.

Abrindo um dos armários, ele pega um copo e o preenche de suco de laranja. Ele devolve a jarra para a geladeira, mas quando se vira, na intenção de voltar para a sala, dá de cara com Christine, olhando pra ele.

- Você quer alguma coisa? Pode ter me falado, eu pegava pra você.

- Eu quero saber como você está.

- Eu? Eu estou ótimo.

- Sério? Porque se eu estivesse na sua situação, eu não estaria ótima. Se eu estivesse prestes a me casar com um homem que eu amo com todo o meu coração, mas que não retribui o meu amor, eu estaria péssima. Se esse homem amasse outro homem, eu estaria péssima. E se, ainda por cima, esse homem estivesse grávido desse outro homem, depois de nós termos sido desenganados sobre a possibilidade de termos filhos nossos, eu estaria péssima. - ela diz, quebrando a postura do advogado. Ele abaixa a cabeça e sente os olhos marejarem.

- Não é justo, sabe? Nós tínhamos a vida toda pela frente. Ele deveria estar se casando comigo porque me ama. Aquela deveria ser a minha filha. Essa deveria ser a nossa vida. Não é justo o Way chegar e roubar tudo de mim.

- Oh, querido, pode não parecer agora, mas você vai se apaixonar novamente. Sua vida está te esperando lá fora. Tem alguém especial no seu futuro, eu tenho certeza. - ela diz, abraçando o rapaz.

- O amor verdadeiro só aparece uma vez na vida. - ele diz, retribuindo o abraço. - E eu já encontrei o meu.

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Felizmente a quinta feira foi de tranquilidade na casa. Às voltas com o lançamento da campanha, Gerard só pode falar com Frank por telefone e mensagens. Frank até tentou se interar dos preparativos para o evento do dia seguinte, mas Gerard foi enfático: nada de trabalho! O senador se limitou a dizer que Adam pegou os dados dos projetos e acrescentou ao discurso pré-escrito de Frank, mas encerrou por aí a conversa. Os dois seguiram falando sobre o restante do enxoval da filha, arrumação dos quartos e algumas sugestões de nomes. Os dois encerraram a ligação trocando juras de amor.

No início da noite, como de praxe, Brad apareceu para uma visita trazendo mais um presente para a bebê, dessa vez uma linda casa de bonecas de madeira. Mesmo sabendo que a filha demorará, mais ou menos, uns três anos para brincar com o presente, Frank ficou encantado com o trabalho delicado e prometeu encontrar um local especial no quartinho da neném para dispor o objeto.

O dia se encerrou com um belo jantar preparado por Christine e uma seção de filmes antigos.

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A sexta-feira, enfim, chegou, e com ela o fim do período de repouso absoluto de Frank. Livre para ir aonde quiser, o rapaz tirou a manhã para fazer algumas compras pra filha junto com os pais. A família aproveitou a visita ao shopping para visitar algumas livrarias e lojas de suplementos de arte. Christine teve uma ideia para o quarto da neta. Por mais que Frank insistisse, a futura avó se negou a revelar a surpresa. Após um almoço agradável, os três voltaram pra casa.

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Gerard olha no relógio. São 15:45 da tarde. Faltam, exatamente, uma hora e quinze minutos para o seu discurso de lançamento da campanha. Seu peito está apertado, ele sua frio, seu estômago embrulha dolorosamente. Ele respira fundo, enquanto termina de dar o nó em sua gravata. Hoje é o dia D. Seu primeiro passo de um longo caminho em direção à Casa Branca.

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Frank coloca mais uma leva de roupas de bebê na máquina de lavar, enquanto Christine passa as peças que acabaram de sair da secadora.

- A gente precisa passar as roupas de 6 a 9 meses também, ou só as de recém nascida? Melhor, a gente devia ter comprado roupas desses números? Ela ainda nem nasceu e já tem roupa até dois anos. - ele pergunta para a mãe.

- As de 6 a 9 meses, não. Mas é bom lavar todas até seis meses. Meu filho, bebê perde roupa muito rápido. Você vai ficar impressionado com a velocidade em que ela vai perder a maioria das roupas e sapatos. E dependendo do tamanho que ela nascer, pode ser que nem as roupas de recém nascido caibam nela.

- Ah, mãe, não é possível.

- Sua prima Mia nasceu com quase 4kg. Ela nunca usou as roupinhas de recém nascida. Sua tia já pulou pra roupas a partir de três meses. Seu tio não queria ter comprado roupas pro longo do ano, mas sua Tia Angie bateu o pé. Sorte da Mia! Senão a menina teria ficado pelada. - ela diz, e Frank ri. De repente ele para e leva a mão à barriga. Christine se preocupa. - O que foi, meu filho?

- Me dá sua mão. - ele pede, e coloca a mão da mãe sobre a barriga. Christine abre um imenso sorriso.

- Oi, minha princesinha! - ela diz, e a bebê chuta novamente.

- Fala com ela de novo, mãe.

- Você já conhece a voz da vovó, não é, meu amor? Claro que conhece! Você sabe que a vovó te ama demais, não é?

- Ela adora que conversem com ela. Tem que ver quando o Gerard começa a falar. Ela pira!

- Ela já sabe que somos apaixonados por ela. - diz Christine, dando um beijo na barriga do filho. - Falando em Gerard, o lançamento da campanha é hoje, né? Você já falou com ele?

- É hoje sim! Ainda não. Eu não quis atrapalhar os últimos preparativos. Mas vou manda uma mensagem pra ele daqui a pouco.

- Ele deve estar super ansioso.

- Ele deve estar uma pilha de nervos, sem dúvida.

- Mas vai dar tudo certo, eu tenho certeza. - ela diz, e Frank sorri de leve. Seu coração lhe diz que algo muito grande está para acontecer.

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Faltando meia hora para o discurso, Bethany, Thomas e Courtney chegam ao gabinete de Gerard. Bethany o cumprimenta com um sorriso falto e um beijo forçado nos lábios, Thomas se limita a um tapa no ombro e umas palavras vazias, que mais servem como auto promoção do que como incentivo para o filho. Já Courtney abraça o enteado e lhe planta um beijo doce nos lábios.

- Como você está, meu bem?

- Sentindo que estou prestes a ter um infarto a qualquer minuto.

- Respira fundo, querido. Vai dar tudo certo.

- Eu só queria que o Frank estivesse aqui. - ele diz, num sussurro.

- Eu tenho certeza de que ele também gostaria de estar aqui. E tenho mais certeza ainda de que ele está pensando em você nesse momento. Então pense nele também. Nele e na sua filha.

- É só nisso que eu penso.

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- Brad? O que você está fazendo aqui a essa hora? Você deveria estar trabalhando. - diz Frank, surpreso ao ver o advogado do outro lado da porta.

- Hoje é um dia importante e eu imaginei que você estaria ansioso. Afinal de contas também é o seu trabalho em jogo. Então eu trouxe um pote de Ben & Jerry's de Cherry Garcia, que eu sei que você adora, e vim te fazer companhia.

- Obrigado, Brad. É muito gentil da sua parte. Vem, entra, o pessoal tá lá na sala, esperando o discurso começar.

Assim que guarda o sorvete no freezer, Frank acompanha Brad até a ala, onde Christine, Harry, JJ e Jason já estão reunidos, aguardando o começo do discurso. Frank toma seu lugar entre JJ e Christine, enquanto Brad senta na ponta do sofá, um pouco distante do grupo.

Todos fazem silêncio quando o porta voz do Congresso surge na tela.

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*Estaremos te assistindo pela TV. Te amamos e estamos morrendo de orgulho.

Frank e Bebê.*

Gerard sorri e guarda o celular no bolso. Ele esfrega as mão na calça do terno. Seu coração martela em seu peito. Faltam poucos segundos.

- Senhoras e senhores, o Senador Gerard Way! - anuncia o porta voz. Chegou a hora!

Gerard sente a mão de Bethany envolver a sua. Ela sorri e dá um passo adiante, forçando o homem a se mexer. Seguidos de perto por Thomas e Courtney, Gerard entra na sala de imprensa do Congresso. O ambiente está lotado de repórteres, fotógrafos e alguns aliados políticos.

Gerard repassa o protocolo na cabeça: caminhar até o centro do tablado, acenar para as fotos, voltar ao fundo do tablado, abraçar Courtney, apertar a mão de Thomas, beijar Bethany, caminhar até o púlpito, começar a falar.

- Boa tarde, senhoras e senhores. Muito obrigada pela presença de todos nesse dia tão especial para mim. Antes de tudo, eu gostaria de agradecer ao povo da Califórnia, que confiou em mim há quatro anos, quando me elegeu seu senador. Obrigado pela confiança! - ele diz e é retribuído por uma salva de palmas.

- Mas o nosso trabalho está longe de terminar. E não só para o estado da Califórnia, mas para os Estados Unidos. Enquanto houver um único americano sem seguro saúde, haverá trabalho a fazer. Enquanto houver uma única criança fora da escola, haverá trabalho a fazer. Enquanto não houver controle de armas, haverá trabalho a fazer. Enquanto houver uma mulher cerceada do direito de exercer o controle sob o próprio corpo, haverá trabalho a fazer. Enquanto houver um refugiado necessitando de uma nação que o acolha, haverá trabalho a fazer. Enquanto houver crimes de ódio, haverá trabalho a fazer. Enquanto houver intolerância religiosa, haverá trabalho a fazer. Enquanto houver um cidadão afro-americano acreditando que sua vida não tem valor, haverá trabalho a fazer. Enquanto houver um transexual ou homossexual que tenha seus direitos civis negados... - Gerard pigarreia. - Haverá trabalho a fazer.

Mais uma salva de palmas. As mãos de Gerard gelam e gotículas de suor começam a brotar em sua testa.

- Nos últimos quatro anos, nossos projetos de lei garantiram a inclusão de mais de 120 mil famílias em programas de governo com acesso à educação, saúde e... - Gerard sente seu coração acelerado. - E qualidade de vida. Mais de 7 mil crianças com necessidades especiais foram retiradas de situações de risco e realocadas com famílias que participam do programa "Coração de Mãe", impedindo, assim, que elas caíssem e fossem esquecidas no nosso, ainda bastante falho, sistema de adoção. E nós trabalhamos arduamente em todas as políticas publicas que garantissem os... - Gerard sente a boca seca. Seus pulmões se comprimem, dificultando sua respiração. - Os direitos civis de gays e transexuais. E ficamos ao lado do Presidente Obama durante todo o processo de legalização do casamento homoafetivo em todo o território americano, em 2015. Amor é amor. Não é um privilégio de poucos, é uma dádiva para todos.

Uma nova salva de palmas. Gerard ajeita o nó da gravata.

- Nós... - Gerard respira fundo. - Nós exercemos um papel importante na... - mais uma pausa, mais um suspiro profundo. - Na luta a favor do... - Gerard segura o púlpito com as duas mãos. Alguns dos presentes notam o desconforto do senador. Gerard fecha os olhos.

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- Será que ele tá passando mal? - pergunta JJ.

- Ele está pálido. Com certeza não está se sentindo bem. - completa Harry.

- Deve ter algum apoio médico lá. Tem posto médico lá dentro, filho? - Christine pergunta, mas Frank é incapaz de responder.

Ele sentiu seu corpo entrar em dormência no momento em que Gerard começou a vacilar nas palavras.

"Oh, não! O que está acontecendo?" É só o que se passa na cabeça do rapaz.

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O silêncio que a pausa de Gerard deixou dá lugar a um burburinho. De olhos fechados, o senador consegue ouvir as pessoas comentando, especulando se ele está prestes a ter algum tipo de acesso nervoso. Ele sente uma mão em suas costas. Ao olhar pra trás, ele vê Bethany com um semblante genuinamente preocupado.

- Você está bem? - ela pergunta.

- Estou. - ele se limita a dizer.

- As pessoas estão esperando, Gerard. Anda. - ela sussurra e retorna a seu lugar, dois passos pra trás.

Gerard olha de volta para o público.

- Me desculpem. Acho que eu me... eu me perdi um pouco nos pensamentos. Mas vamos continuar. Onde eu estava? - ele diz, sacudindo um pouco a cabeça e procurando o trecho em que parou em seu discurso impresso. - Certo! Em quatro anos de Senado, nós exercemos um papel importante na luta por... - Gerard faz outra pausa. Mas dessa vez, ele sorri.

Ele sorri e sente seu coração desacelerar. Os calafrios somem. Os tremores nas mãos desaparecem. Ele pode respirar novamente. Melhor, ele pode respirar melhor do que nunca. Olhando para o público, Gerard vê faces preocupadas, tensas, ansiosas. Mas ele nunca esteve tão calmo em toda sua vida.

- Me desculpem. - ele pede, e seu sorriso aumenta ainda mais. - Me desculpem, mas eu não posso mais ser seu senador.

Faces confusas o encaram, e agora os burburinhos se localizam atrás dele.

- Eu não posso vir aqui e pedir que vocês confiem em mim, se eu não estou sendo sincero com vocês. Para dizer a verdade, eu não estou sendo sincero comigo mesmo. Eu venho mentido pra mim e pra vocês pelos últimos 34 anos e eu não posso mais continuar a fazer isso. Eu preciso dizer a verdade.

Uma grande comoção se instala na sala de imprensa. Bethany se aproxima e segura o braço do marido.

- Gerard, o que diabos você está fazendo?

- Acabou, Bethany. - ele diz, com serenidade.

- Você não pode fazer isso. - ela diz, mas Gerard não dá atenção. Ele se vira de volta para o público.

- Senhoras e senhores, meu nome é Gerard Way, eu sou gay, estou apaixonado pelo homem mais incrível que já existiu e nós vamos ter uma filha juntos.


Notas Finais


BOOOOOOOOOOOOMMMMMM!!!!!

Como eu estava esperando por esse momento \o/

Até o próximo!


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