História How to be a B!tch - Bathroom girls

 “Ela usa saltos e sempre cai. Não deixe ela pensar que sabe tudo. Mas qualquer coisa errada que ela faça, parece tão certa...” 

Baby blue eyes - A Rocket To The Moon

“Você está realmente bem?” É a frase do dia, por um milhão de vezes ouvi alguém me perguntar isso.

Não, eu não estou bem, mas estou agindo como se estivesse. Então, por favor, não interrompa a minha performance. Ainda bem que sou educada o suficiente para dizer apenas um “estou, é claro” e ir embora.

Se perguntarem onde eu estou, por favor, diga que passei mal e fui para casa, porque ninguém vai acreditar onde eu estou agora. Como se eu não tivesse nada para fazer, estou sentada na última cadeira, da última fileira do teatro, assistindo o ensaio de uma peça se desenrolar. 

Impressiono-me em como o desempenho dos atores é bem melhor que o meu. A garota, que faz a personagem principal de um livro não muito antigo, Jogos Vorazes ou algo assim, se enrola em algumas falas, mas o garoto que faz o papel de Peeta não parece hesitar em nenhuma, então fico realmente impressionada.

Na verdade, eu não consigo ver muito bem, já que estou escondida, não quero que ele me veja, apesar de ele estar de costas conversando com a garota que faz a Prim. Ela parece um pouco nervosa pelo que parece. Aqui em Konoha High School, eles recebem muito mais aplausos e homenagens pelo seu trabalho do que no meu antigo colégio. Eu me pergunto por que eu não vim para aqui antes.

Levanto vagamente da cadeira correndo para fora do teatro e procurando me esconder novamente. Tenho mais uma aula livre, mas na próxima, vai ser mais difícil me esconder.

Não estou tentando parecer uma fugitiva, ou até mesmo atuar como uma. Eu estou realmente fugindo. Não só de uma, mas de duas pessoas. Afinal, eu sou a pessoa menos procurada, mas a mais sem vergonha desse colégio.  Eu deveria começar a bater minha cabeça na parede, mas isso não vai adiantar muita coisa.

Kiba não pode me encontrar, tenho medo de não conseguir fingir o suficiente e começar a chorar, porque eu não sou uma pessoa boa. Naruto também não pode me encontrar, ou ele dirá alguma coisa sarcástica pelo fato que aconteceu há duas noites.

Você não se lembra? Bem, o fato é que eu beijei Naruto Uzumaki. Sim, eu. Ele me provocou e acabou ganhando um beijo como recompensa — um beijo muito bem dado, vamos dizer, mas que está me gerando sérias consequências.

Eu deveria ter dormido nessas noites, devia ter atendido as ligações de Kiba, devia ter comido para não parecer tão magra, mas é meio difícil com o fato dançando em sua cabeça. 

Hinata, aceite, você não deveria estar assim. Foi só um simples beijo, sem significado algum, você gosta muito do Kiba e ele é que é o seu namorado. Mas sabe, a carne é fraca. E a minha? Mais ainda.

Escutei um assobio, então vejo que o sinal já havia tocado e todos estavam transitando para as outras aulas. Então o assobio se intensificou e lá estava ele: o meu namorado, sorrindo e vindo até mim. Minha face corou rapidamente, não por vergonha, mas por... É, por vergonha mesmo, mas nesse caso, vergonha pelas coisas que eu andava fazendo.

Ele me deu um rápido beijo, pegando os meus livros das minhas mãos e dizendo algo como “deixa que eu levo para você”. Então ele parou em minha frente, olhando para o meu rosto corado e deixando escapar um olhar de dúvida.

— O que foi? — Eu perguntei rapidamente, passando a mão pelo meu cabelo. — Tem alguma coisa no meu cabelo?

Ele negou com a cabeça, então segurou o meu queixo e virou meu rosto para fita-lo.

— Estou procurando um problema, quer me ajudar a achar?

Afastei-me dele pegando os meus livros.

— Estou bem Kiba, só um pouco cansada.

Então me virei de costas e corri para o banheiro, sim, ótima ideia, banheiro feminino. Mas olhem pelo meu lado, todos estão em aula, o que significa que eu esteja faltando, mas mesmo assim, o banheiro é o único lugar onde eu posso enlouquecer em paz.

Eu sabia que também só estava adiando a minha ida, porque eu estava super apertada, mas mesmo assim. Logo depois, eu deitei em um sofazinho rosa que havia no banheiro, deixando os meus cabelos embaraçados se espalharem pelo veludo cor de rosa. 

Meninas, bolhas e rosa. Isso é o banheiro feminino, sem esquecer a fofoca, é claro.

Escutei a porta abrir fortemente, uma garota dar um beijo em um garoto e fechar a porta suspirando e rodopiando, sem notar a minha presença. É então que ela se vira para ir lavar as mãos, joga a bolsa de costas no chão e… Me vê olhando-a curiosa.

É quando eu me lembro de quem estamos falando: é a garota do meu ano que quase nunca aparece nas aulas. Ela não é exatamente forte, mas age como se fosse e tem os cabelos ruivos, lisos e mal cuidados, e está sempre usando calça e moletom, nunca saias. Têm olhos cor de ébano que te fitam fixamente e por vezes, ela age como um garoto. Sim, estamos falando da garota que acabou de beijar Kidomaru Otoga, estamos falando de Tayuya Hanawa, e pelo seu olhar, ela não gostou nem um pouquinho de me ver aqui.

— Se você contar a alguém o que viu...

— Não se preocupe — eu digo rapidamente, ainda sem me levantar. — Se você não contar que estou aqui, não conto o que eu vi.

Pode não parecer nada demais eu ter visto uma garota suspirar e rodopiar de amor, mas se lembre, nós estamos falando de Tayuya Hanawa. Então ela se dá conta de quem eu sou e que estou ali, como uma babaca, deitada no sofazinho cor de rosa, olhando para o nada e faltando aula.

— Por que está aqui? — Ela perguntou. Eu dou de ombros, fechando a minha boca para não falar mais besteira do que o normal. — E não com suas amigas líderes de torcida?

— Você fala como se fossemos odiosas.

Ela levanta uma sobrancelha, então ri com escárnio.

— E não são?

Eu reviro os olhos, então me sento, porque o meu pescoço já começa a doer.

— Você não parece achar a Tenten odiosa, então não diga nada sobre mim.

— A Tenten é a presidente da turma, ela não é líder de torcida e além do mais, é impossível não ser amiga dela.

— Oh, ela é a única que se salva. — Eu digo com ironia, mas ela me olha como se não houvesse ironia nenhuma em minha voz. 

Levo a minha mão até o bolso da minha calça, pegando um pacote de Roll Tootsie que Menma havia me dado escondido de Hanabi. Seria errado, mas o doce é tão bom que é impossível não resistir a engordar uns quilinhos.

— Quer? — Eu pergunto levantando o saquinho e Tayuya me olha espantada, como se eu não pudesse ser simpática com ela. 

Mas claro, eu ainda posso ser a velha Hinata Hyuuga, líder do falido clube de teatro. Para a minha sorte, Tayuya assente, se aproximando de mim e me deixando colocar alguns Roll Tootsie em sua mão.

— Então, o que está fazendo aqui? — Ela pergunta, sentando-se no chão, ainda receosa, como se eu fosse alguma espécie de animal.

— Fugindo — digo sem pensar, então ela levanta uma sobrancelha.

— Você não parece uma líder de torcida.

Bem, eu não sou, ou pelo menos, não era até alguns meses atrás.

— Obrigada se isso foi um elogio.

— Fugindo de quê exatamente?

Bem, se ela contar alguma coisa eu tenho provas contra ela, então, por que não abrimos as cartas agora?

— Kiba, não quero me encontrar com ele.

— Ah, o Inuzuka. — Ela diz como se houvesse algo de grotesco em simplesmente dizer o seu nome. — Não lembrava que você era a namorada do conquistador.

— Você não deve lembrar nem de quem eu sou.

Ela soltou uma gargalhada que se espalha pelo banheiro feminino

— Não saber quem você é? Todos sabem quem você é, você é a garota nova que conquistou todo mundo!

Nossa, eu não sabia que era tão adorada. Será que tenho um fã clube? Eu sempre quis ter um fã clube!

— É difícil me acostumar com isso.

— Você é o que todas queriam ser, é líder de torcida, namorada do que elas chamam de príncipe encantado e ainda é popular.

— Não fale assim, você namora um dos garotos do time, não é tão diferente.

Ela levanta a sobrancelha, como se a diferença fosse óbvia.

— Sabe, você deveria saber o que todos já sabem.

— Sabem do que?

— Do seu namoro com o Kidomaru. A Karin contou para todos e o Kankuro deve ter espalhado também...

Tayuya fecha os punhos, a raiva  evidentemente a invadindo.

— Odeio essa garota, ela e a Haruno são a mesma coisa. Dizem que são amigas, mas vivem brigando por um garoto idiota. O Sasuke nem é tão legal assim...

Pergunto-me se ela realmente conhece o Sasuke.

— Elas são legais.

— Com você, já que é bonitinha, encantadora e fofa. Claro que elas iam gostar de você. — Ela diz, com sarcasmo. Eu levanto as duas sobrancelhas, deixando pequenas ruguinhas aparecerem em meu rosto.

— Por que você odeia tanto elas?

— Odeio líderes de torcida.

— Ou seja, você me odeia.

— Você não parece uma líder de torcida.

— Isso não me impede de ser uma.

Ela assente, então escutamos alguém bater na porta e gritar pelo nome dela, evidentemente era Kidomaru. Tayuya olha para mim, então um meio sorriso aparece em seu rosto. Forçado ou não, era um sorriso.

— Sabe, você é até legal Hinata Hyuuga. — Então ela se vira, pega a mochila e sai pela porta.

Pelo menos eu teria um minuto de privacidade.

Eu parei novamente na frente do espelho, indecisa de quanto tempo eu ficaria ali. Era óbvio que a ideia de matar mais uma aula no banheiro me passou tentadoramente pela cabeça, afinal, sociologia era um grande tédio.

— Você não tem nenhuma criatividade para esconderijos.

Eu dei um pulo de uns três metros de altura, quase batendo minha cabeça no teto. O que aquele idiota estava fazendo ali?

— Você não pode entrar aqui! — exclamei. Será que ele tinha noção disso? — É o banheiro feminino.

— Eu sei. — Naruto disse olhando em volta com avaliação. — Eu sempre quis entrar aqui, pena que ele está vazio — disse ele, parecendo desapontado. Como alguém pode ser tão canalha? — Preciso falar com você! — exclamou, voltando ao semblante sério.

— Porque você não pode agir como uma pessoa normal? Só pra variar de vez em quando.

— E porque você está fugindo de mim? —  Ele rebateu a minha pergunta.

—  EU NÃO ESTOU FUGINDO DE VOCÊ! — gritei.

Será que ele podia parar de agir como se a terra girasse em volta dele?

— O Kankuro viu você entrando aqui, sozinha, depois de ignorar o Kiba. 

Levantei uma sobrancelha para ele.

— Você não tem nada a ver com isso.

— Não, não tenho, mas sei que está assim por causa do nosso bei...

— CALE A BOCA! —  gritei. — Não ouse falar sobre isso, eu proíbo você! Nada aconteceu, nada!

Ele riu com escárnio e se aproximou mais de mim, me prensando contra a parede.  Eu arregalei os olhos rapidamente, desejando que alguém abrisse a porta e eu pudesse me livrar dele, mas Naruto apenas se aproximou mais, dando um longo e quente beijo perto dos meus lábios.

Sim, as malditas borboletas, elas andam aparecendo muito ultimamente. Não poderiam ser unicórnios? 

Eu sempre gostei mais de unicórnios, mas tudo bem, eu mato as borboletas quase que instantaneamente.

— Eu só queria dizer que... — Eu fecho os olhos, esperando pelo beijo. — Quero o meu trabalho de Física na terça.

Mas pela força do destino, beijo nenhum acontece e Naruto apenas sorriu, sarcástico e saiu pela porta, deixando não só uma Hinata enfurecida, mas como uma Hinata muito confusa para trás.