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História How To Live Forever - 43 - Family Support


Escrita por: MaBelleLuna

Notas do Autor


OLÁ OLÁ COOKIES!

COMO VOCÊS TÃO, NENÉNS? SENTIRAM MINHA FALTA?

Eu seeeei, isso lá são horas de atualizar né? Mas, vejam só, eu terminei o capítulo agora e já que tô aqui né... Vamos lá!

Avisando oh na na que tô postando sem revisar oh na na e vai ficar assim porque tô cansada oh na na...

Eeeeenfim... BOA LEITURA PORQUE O CAPÍTULO TÁ MUITO FAMÍLIA PAZ E AMOR TODO MUNDO ^^

Capítulo 43 - 43 - Family Support


Fanfic / Fanfiction How To Live Forever - 43 - Family Support

“Um coração bom é capaz de perdoar. Um coração justo é capaz de seguir em frente deixando o passado para trás”.

 

Upper West Sider, NY – September 27, 6:30 AM.

 

Parecia uma visão de um anjo adormecido.

Definitivamente, uma das visões preferidas para ela.

A jovem mulher dormia tranquila, de bruços e com lençol branco cobrindo apenas o seu quadril, as costas livres de qualquer vestimenta. Seus cabelos estavam jogados para o lado, uma mão descansava no outro travesseiro, onde supostamente ela deveria estar agora, enquanto a outra estava em seu próprio travesseiro. A tatuagem em suas costas, asas azuis com traços cinza e detalhes em branco e preto, ganhava um nítido destaque na pele bronzeada de Camila. Lauren poderia ficar horas apenas observando-a, apenas velando seu sono tranquilo e deixando-a descansar.

Ela suspirou, colocando a bandeja que trazia na mesinha próxima a cama, tomando cuidado para não fazer barulho e acordá-la. Então, engatinhou na cama ficando ao lado da latina, traçando apenas com a ponta dos dedos o contorno da tatuagem em suas costas. Sem resistir, curvou-se sobre Camila e iniciou uma sequência de beijos nas costas desnudas da namorada, tentando despertá-la com delicadeza. Seus lábios tocavam a pele delicada da latina vagarosamente, e ela sorriu quando notou Camila arrepiar-se.

Aos poucos, seus beijos foram subindo até seus dentes arranharem levemente o pescoço da menor, parando apenas no lóbulo de sua orelha. Tornou a descer com os beijos, parando novamente no pescoço de Camila, que novamente arrepiou-se com o contato dos lábios de Lauren contra a sua pele. A latina sorriu, suspirando ainda de olhos fechados.

─ Bom dia. – Lauren sussurrou em seu ouvido, a voz rouca e falha típica da manhã fazendo-a ficar com um ar mais sexy. Beijou o ombro de Camila, mordiscando levemente o lugar.

─ Bom dia. – Camila virou-se de frente, envolvendo os braços ao redor do pescoço da morena. Lauren usava apenas um hobby de seda e só, e Camila aproveitou para colocar a mão dentro do roupão da namorada segurando possessivamente sua bunda. Lauren riu.

─ Vejo que já está bem desperta.

─ Não tem como não estar tendo você assim.

─ Como se você não estivesse pior que eu.

Camila olhou para si mesma e sorriu de canto, notando que apenas o lençol a impedia de estar completamente nua. Lauren estava deitada apenas com metade do corpo por cima dela, cobrindo parte de seu quadril, e já o resto estava apenas com parte do lençol deixando suas pernas livres. A latina mordeu os lábios, fitando a namorada com o olhar divertido.

─ Você não estava reclamando disso durante a madrugada. – rebateu.

─ E não estou reclamando agora.

A latina arqueou uma sobrancelha sugestivamente.

─ Quais são suas intenções, Lauren Jauregui?

─ Com você? – Lauren tocou o queixo, fingindo pensar. Sorriu, beijando o queixo de Camila, para então inclinar-se sobre a orelha dela e sussurrar. – As piores.

Lauren fez menção de beijá-la, mas Camila a impediu cobrindo a boca com a mão. A morena fez um bico com os lábios, fingindo estar zangada.

─ Camila...

Noup, eu não escovei os dentes ainda.

─ Eu não ligo.

─ Mas eu sim. – bateu levemente no ombro da maior, para que saísse de cima dela. Lauren rolou os olhos e suspirou dramaticamente, rolando para o lado da cama. – Poucos minutos, Laur. Não saia daqui.

─ Eu deveria...

─ Mas não vai. – Camila piscou para ela, deixando um beijo em sua bochecha. Lauren continuou de braços cruzados e com a expressão emburrada, e a latina rolou os olhos para isso. – Você é pior do que as crianças, às vezes.

Lauren virou o rosto para o lado e Camila sorriu divertida diante a continua birra da namorada, levantando para ir ao banheiro. Só foi preciso Lauren sentir o movimento da latina levantando, para que virasse o rosto de volta e observá-la andar completamente nua pelo quarto delas. E Camila sabia que ela a observava, porque fez questão de caminhar graciosamente mexendo seus quadris de forma que Lauren acompanhava os movimentos com os olhos. Ela até podia adivinhar que a latina estava sorrindo agora, divertindo-se com a tentação que provocava na namorada.

A morena mordeu o lábio, tentada. Talvez, pensou, seus planos para a cama pudessem ser transferidos para o chuveiro.

Sorrindo de lado, a morena levantou e caminhou apressada até o banheiro, sorrindo mais ainda ao notar que Camila deixou a porta aberta propositalmente. Camila estava escovando os dentes, inclinada sobre a pia com sua bunda empinada tentadoramente na direção de Lauren. Lauren apenas esperou até que a latina terminasse e, no minuto seguinte, envolveu os braços ao redor da cintura da mesma virando-a de frente para ela.

─ Olha quem está com pressa. – Camila provocou-a, e Lauren arqueou uma sobrancelha fitando-a com desdém.

─ Você sabia que eu a seguiria.

─ Claro que sim. – riu. – Você é fácil de se render, Jauregui.

Dessa vez, Lauren arqueou ambas as sobrancelhas.

─ Não sou nada.

─ É sim. – a latina riu baixinho, seus braços envolvendo o pescoço da morena. Aproximou a boca da orelha de Lauren, mordendo o lóbulo e o puxando devagar, para então sussurrar. – E eu posso provar isso.

Ela continuou sorrindo, provocando-a, até finalmente conectar seus lábios em um beijo lento e sensual. Lauren apertou mais as mãos no quadril da namorada, aprofundando o beijo ainda mais. Camila, no entanto, tinha outros planos. Ela puxou o lábio inferior de Lauren com os dentes, descendo os beijos por seu pescoço, e Lauren jogou a cabeça para trás para receber ainda mais os beijos da latina. Camila desceu as mãos até a bunda da namorada e a apertou, voltando a subir com os beijos e novamente atacando a boca de Lauren, que gemeu baixinho.

Camila sorriu, sua boca contra a da morena.

Tão fácil. – sussurrou, e Lauren apenas riu negando com a cabeça.

─ Provocadora.

─ E você ama isso.

─ Não posso negar.

─ Viu como você é fácil?

─ Cale a boca.

─ Eu vou calar. – Camila virou Lauren contra a pia, invertendo suas posições. Livrou os ombros de Lauren do hobby preto, beijando sua clavícula e sugando o local o suficiente para deixar uma pequena marca ali. Voltou a ficar com os lábios a centímetros da boca de Lauren. – Mas vou calar de uma forma bem mais prazerosa.

E outro beijo iniciou-se, dessa vez mais urgente e necessitado. Camila prensou Lauren contra a pia, suas mãos arranhando levemente as costas da morena enquanto sua boca estava focada em beijá-la. Não demorou para livrar-se da única peça que cobria o corpo da namorada, distribuindo beijos pelos ombros, clavícula, até chegar ao vale entre os seios da morena, sugando e marcando a pele o suficiente para deixar um tom avermelhado, mas nada que não saísse logo.

Lauren tinha as mãos apoiadas na pia e a olhos fechados, a expectativa do que estava por vir a deixando mais excitada. Quando Camila focou a atenção em seus seios, Lauren teve de morder os lábios para comprimir um gemido. E Camila percebeu isso, aumentando a sucção entre um seio e outro até deixar Lauren com a respiração ainda mais descompassada. A latina trilhou beijos agora pelo pescoço da morena, parando novamente e sua boca.

─ Temos pouco tempo. – murmurou entre um beijo e outro, e Lauren assentiu vagamente.

─ Seja rápida, então.

A nova-iorquina sorriu de canto, seu típico sorriso cheio de segundas intenções.

─ Como quiser, querida. – rebateu. – Senta na pia.

─ O quê? – também sorriu. – Vai ser aqui mesmo?

─ Você quer rapidez, meu amor. – piscou para ela, suas mãos possessivamente na cintura da morena, apertando-a. Então, beijou-a antes de sussurrar. – Podemos repetir no chuveiro, o que acha?

Como resposta, Lauren impulsionou-se o suficiente para ficar sentada na pia. Camila mordeu o lábio em expectativa, um sorriso vitorioso pincelando em seus lábios levemente inchados agora. Ela posicionou-se entre as pernas da namorada, voltando a descer com os beijos e chupões parando apenas no estômago da morena. Lauren estava terrivelmente úmida, para a diversão de Camila, que, ao invés de descer até o centro da morena e acabar com sua tortura, voltou a subir até sua boca e beijá-la novamente.

─ Camila... – Lauren reclamou, ganhando um baixo riso sonoro da latina. – Não me torture mais.

─ E qual é a graça em não torturá-la? – beijou-a novamente. Lauren suspirou. – Eu disse que você era fácil, meu amor.

─ Que se foda, só... – gemeu quando Camila tocou sem centro com a ponta dos dedos, brincando com sua entrada. – Droga, Camila! Só... Faça logo isso!

─ Com todo prazer.

Os dedos de Camila deslizaram para dentro de Lauren, que gemeu baixinho diante a investida da namorada. Vendo o estado da mesma e não querendo torturá-la mais, a latina deslizava seus dedos contra o centro úmido da morena com rapidez, enquanto a beijava lentamente. Chupava os lábios da namorada, queixo e pescoço, ouvindo a respiração cada vez mais irregular da morena e deliciando-se com isso.

Arrastou os beijos para o centro do peito de Lauren, traçando seu contorno com a língua, seus movimentos dentro da morena intercalando entre lentos e rápidos. Quando Lauren voltou a gemer, Camila trilhou os beijos novamente até seu estômago, a ansiedade fazendo Lauren contorcer-se em seu lugar. Finalmente, a boca da latina encontrou-se com o a umidade da morena, e quando sua língua a tocou Lauren jogou a cabeça para trás mordendo o lábio com força diante o prazer que sentia.

─ Merda. – xingou com a voz rouca, sentindo os dedos e boca de Camila torturá-la em uma dança lenta e terrivelmente quente. – Merda, merda... Porra!

Lauren arqueava o quadril conforme os movimentos de Camila aumentavam, a mão livre da latina traçando movimentos circulares na coxa da morena instigando-a ainda mais. A boca e os dedos de Camila trabalhavam habilmente no centro da namorada, que latejava a cada movimento investido, fazendo com que Lauren agarrasse a borda da pia cada vez mais forte.

Olhos fechados, pele coberta com uma leve camada de suor, gemidos e respiração entrecortada. Era assim que Lauren se encontrava agora, tão perto de seu ápice. Tão tentadoramente perto.

Porra... – murmurou, sua voz rouca e falha incentivando Camila a aumentar os movimentos ainda mais. Ela estava tão perto de vir...

Camila sentia que o ápice de Lauren estava aproximando-se, a morena estava vergonhosamente molhada e ela mesma não se encontrava em uma situação muito favorável entre suas pernas. Estava focada em dar prazer para a sua namorada, era o que importava agora e era exatamente o que estava fazendo. O movimento de sucção junto aos de seus dedos nunca paravam, ela ouvia Lauren xingar baixinho com a respiração falha e logo sentiu o corpo da morena tremer e sua respiração ficar mais entrecortada. Camila tornou a refazer sua trilha de beijos até parar entre os seios da namorada, notando a camada de suor que deixava a pele de Lauren quase brilhosa. Seus beijos subiram até os ombros da morena, que ainda subiam e desciam conforme sua respiração ainda estava alterada.

Beijou novamente o pescoço da morena, mais delicada dessa vez e esperou até que Lauren se recuperasse e sua respiração voltasse ao normal, seus braços agora segurando sua cintura.

─ Satisfeita, querida? – sussurrou contra seu ouvido, e Lauren arrepiou-se ao sentir a respiração da latina contra a sua pele. – Acho que sim, hum?

─ Na verdade.... – Lauren envolveu a cintura e mordeu o lábio, e, dessa vez, era ela quem beijava o pescoço e ombro da latina. Apontou com a cabeça em direção ao box do banheiro. – Acho que podemos continuar isso ali, o que acha?

─ Bem... – sorriu, sentindo os lábios de Lauren contra sua pele e fechando os olhos, respirando fundo. – Eu acho que é uma boa ideia.

Lauren sorriu, escorregando da pia e levando Camila até o chuveiro, onde poderia retribui-la corretamente. Prazerosamente também, claro.

 

x-x-x

 

A menina espiou ambos os lados do corredor, notando que não havia ninguém. Ela tinha acabado de acordar, nem precisou que sua mommy viesse acordá-la dessa vez, porque estava ansiosa com seu primeiro dia de aula. Caminhou na ponta dos pés até a porta do quarto de suas mães e bateu levemente, mas não obteve resposta. Franziu, tentando abri-la e percebendo que a porta estava trancada.

A porta do quarto delas nunca estava trancada, mas se estava agora significava que Alicia não poderia entrar, então era melhor não as incomodar. Decidiu ir até Noah, esperando que seu irmãozinho estivesse acordado para que pudesse desejar bom dia para ele antes de ir para a escola.

Alicia sorriu quando entrou no quarto do irmão e notou o movimento no berço. Noah estava agitando os bracinhos e pernas, balbuciando em sua linguagem de bebê encantado com o enfeite que ficava em seu berço. Alicia ficou parada apenas o observando em silêncio, esperando até que o bebê notasse sua presença, tentando não rir das tentativas do pequeno em pegar o brinquedinho. Em uma das tentativas, Noah acabou acertando a mão no rosto e Alicia não se conteve acabando por rir baixinho, o suficiente para chamar a atenção do pequeno de agora cinco meses.

Os olhos azuis acinzentados procuraram a origem do som, virando a cabeça ainda quase careta para os lados e, quando viu Alicia sorrindo para ele, Noah abriu o mais fofo sorriso banguela que você poderia imaginar.

─ Hey, Nou. – Alicia estava de pé no pequeno banquinho que era deixado no quarto, exatamente para que a menina pudesse subir no berço e ver o irmão. Ela segurou a mãozinha do pequeno, que logo a agarrou e tentou levar sua mão até a boca. – Bom dia, irmãozinho! Você tá acordado faz tempo? Eu acordei agora, porque estou ansiosa com meu primeiro dia de aula. Você vai ficar bem sem mim? Eu posso levar você comigo se quiser!

Noah apenas a fitava curioso, o bebê adorava ouvir a irmã falar e sempre focava seus grandes olhos claros em Alicia quando ela estava com ele. Alicia era uma boa irmã mais velha, mesmo com as limitações que tinha devido ao processo de recuperação pós-cirúrgico. Pelo menos agora a menina podia andar sem a cadeira de rodas, e se alimentava melhor também. E, principalmente, ela não tinha mais dores fortes. Não mais.

O pequeno Cabello-Jauregui fez um bico com os lábios, suas tentativas de levantar eram falhas devido a sua locomoção limitada e ele já começava a ficar frustrado. Começou a choramingar, e Alicia arregalou os olhos ao notar que o bebê logo choraria.

─ Não, Nou! – murmurou, olhando para a porta do quarto. – Você não pode chorar, bobinho. Fica calminho, ok?

A menina tocou o queixo, pensando em o que poderia fazer. Ela não podia segurar Noah no colo, sua mãe iria brigar com ela se o fizesse já que a área da sua barriguinha ainda era sensível e ela não podia pegar peso. Noah ainda não conseguia ficar sentadinho, ele caia para os lados quando fazia isso. Sua tia Chee disse uma vez que era por causa do peso da cabeça dele, mas sua mommy jogou um sapato nela quando ela disse isso.

Bem, que seja.

Ela não podia pegá-lo no colo, mas podia ficar no berço com ele.

Sim, ela podia sim. E era isso que iria fazer!

─ Espera aí, Nou!

A pequena de sete anos desceu do banquinho e foi até o gradeado lateral do berço, sabendo que ali tinha um negócio que fazia a grade descer. E tinha, de fato. Quando liberou ambos os lados, impulsionou a grade para baixo e sorriu vitoriosa ao ver que havia conseguido o que queria. Voltou a subir no banquinho, Noah a observava agora sem choramingar e sim apenas curioso.

─ Afasta um pouquinho, Nou. – pediu, empurrando com cuidado o irmão para o lado. – Eu preciso subir.

Noah quis chorar por estar sendo tirado de seu conforto, mas Alicia beijou seu rostinho gorducho e o bebê sorriu.

─ Acho que agora dá!

Alicia fez cosquinhas no irmãozinho apenas para fazê-lo sorrir novamente, e então subiu no berço para deitar ao lado do menor. Cuidadosa, tanto para não machucar o irmão quanto a si mesma, ela deitou-se de lado ficou cara a cara com Noah. Sorriu.

─ Prontinho, Nou! Agora você está protegido comigo, porque eu sou sua super-irmã! – beijou a pontinha do nariz do bebê, que riu e segurou seus cabelos, puxando-os. – Ouch, bobinho! – riu. – Você é fortinho, mas não pode puxar meus cabelos. – bocejou. – Eu estou com sono, acha que posso dormir um pouco com você?

Noah deu um gritinho animado, o que fez Alicia rir gostosamente.

─ Você não tá com sono, né? Eu não posso dormir mesmo, eu tenho aula hoje. Sabia que eu vou para a primeira série? Eu deveria estar na segunda, mas eu perdi um ano quando fiquei doentinha... – suspirou. – Eu até acharia ruim, mas ficar doentinha me trouxe você e eu amo você demais, então eu não vou mais reclamar por estar um ano atrasada e não poder estudar com a Julie.

O bebê de cinco meses apenas observava a irmã tagarelar sem entender nada, estava focado em tentar puxar o cabelo de Alicia e levá-lo até a boca.

─... E tem Louise e Katie, as duas estão estudando na parte de meninas grandes da escola. Elas começaram as aulas faz algumas semanas, mas eu não pude ir porque ainda estava debi... – franziu. – Deliba... Delibatada. – deu de ombros. – Pelo menos foi o que a tia Anne disse, mas a mommy também achou melhor eu esperar e...

Um pigarrear não muito longe de onde os dois estavam foi o suficiente para Alicia arregalar os olhos e cobrir a sua boca e a boca do irmão com as mãos. Eles haviam sido pegos!

─ Alicia Marie, o que faz no berço do seu irmão? – era a sua mommy, o que significava que Alicia estava em apuros. A menina engoliu em seco, ouvindo os saltos de sua mãe ecoarem no quarto indicando que ela se aproximava. – Alicia, eu sei que está acordada e eu sei que está me ouvindo. O que faz aí dentro, danadinha?

A menina virou-se de lado no mesmo momento em que sua mãe parou ao lado do berço. Sorrindo amarelo, mostrando o pequeno espaço que faltava de seus dentes inferiores da frente, a pequena arteira abraçou o irmão e fez um bico com os lábios.

─ Nou estava chorando, mommy! – tentou defender-se. – Eu não podia deixar ele chorando, tadinho!

─ E por que não foi nos chamar, hum? – Lauren colocou as mãos na cintura, tentando parecer séria quando na verdade ela queria rir de toda a situação. Mas não podia, Alicia não deveria ficar no berço do irmão sem supervisão, poderia machucá-lo e mal acostumá-lo também. – Você poderia muito bem ter chamado me chamado, ou Camila...

Fez sinal para que Alicia levantasse, e a menina bufou erguendo o tronco do corpo, cruzando os braços ao sentar-se.

─ Eu fui lá, mommy! Quando eu acordei eu fui lá! – a pequena Jauregui bufou mais uma vez, olhando indignada para a sua mãe. – Mas, mas a porta tava trancada! – voltou a fazer o bico. – Não é minha culpa se vocês estavam ocupadas! Eu não insisti mais porque a tia madrinha Chee disse que, quando as portas dos quartos dos adultos tão trancadas, é porque eles estão brincando de brincadeiras de adultos e criança não pode interromper. Eu não queria interromper a brincadeira de vocês, então eu...

Alicia foi impedida de continuar, já que Lauren cobriu rapidamente sua boca para que ela parasse de falar antes que a morena ficasse mais envergonhada. O que diabos Dinah vinha ensinando para a sua filha? Lauren não poderia esquecer de arrancar algumas boas mechas loiras da melhor amiga de sua namorada na próxima vez que a visse, não mesmo.

─ Sua tia Dinah fala demais. – tentou contornar a situação, retirando a mão da boca de Alicia e curvando-se para ficar cara a cara com a filha. – Não dê ouvidos ao que ela fala, Dinah é meio extrovertida às vezes.

─ O que é extrovertida?

─ Extrovertida é alguém... Comunicável demais, animada demais, entende? – ajudou a menina a descer, colocando-a no chão e beijando o topo de sua cabeça. – Que nem sua tia Dinah. – sorriu para a pequena. – Bom dia, meu amor.

─ Bom dia, mommy. Eu sou comunicável e animada, sabia? Isso quer dizer que sou extrovertida?

─ Definitivamente. – foi Camila quem respondeu, e Alicia sorriu largamente virando-se na direção da porta.

─ Mamá! – gritou, caminhando apressada até Camila.

A latina agachou-se para recebe-la em seus braços, sorrindo ao ouvir a pequena chamá-la assim. Mesmo passando praticamente dois meses desde o dia em que Alicia pediu para que Camila fosse sua mãe também, ela nunca se acostumaria com a maravilhosa sensação que era ouvir a menina verbalizar isso. Podia recordar-se da primeira vez em que Alicia a chamou assim, poucos dias após o tão feliz pedido...

 

*Flashback On*

 

Estavam todos reunidos na cobertura dos Cabello’s no Upper East Sider para um jantar em família. Era a primeira vez que Alicia se juntaria a mesa com eles desde um longo tempo, e estavam todos animados para isso.

Camila estava na sala com suas irmãs, enquanto Lauren estava ajudando Sinu na cozinha. A mãe da latina havia dispensado mais uma vez a cozinheira, dizendo que ela mesma queria cozinhar naquela noite, e ninguém poderia discutir com Sinu Cabello. Noah estava em algum lugar com alguma das amigas de Camila, já que elas praticamente arrancaram o filho da latina de seus braços no segundo em que ela colocou os pés no apartamento. Alicia estava brincando com Katie, Julie e Louise no meio da sala, o quarteto tentava montar um quebra-cabeças que o pai de Camila havia encontrado mais cedo e o próprio Alejandro tentava montar com as meninas.

Praticamente todos os amigos de Camila e Lauren estavam ali, já que elas os consideravam família também. Resumindo, o apartamento estava cheio.

─ Mas vocês acham que ele vai aceitar ajuda dessa vez? – Lucy perguntou. A meia-irmã de Lauren falava sobre a conversa que teve poucos dias atrás com morena, sobre ajudarem o irmão mais velho delas a sair daquele estado lamentável de depressão. Seria um trabalho complicado, mas elas não iriam desistir dele agora. – As primeiras tentativas não foram lá muito animadoras. – suspirou.

Veronica, que estava sentada ao lado de Lucy, colocou o braço nos ombros da irmã de Lauren e a puxou para mais perto de si. Lucy descansou a cabeça em seu ombro, suspirando novamente. E Camila e Sofia? Essas apenas observavam esses pequenos gestos com olhares curiosos e confusos. Quando a relação de Veronica e Lucy havia evoluído a isso? Aliás, elas tinham uma “relação” para começo de conversa? Sofia e Camila trocaram olhares, indicando uma para outra que teriam de conversar com Veronica mais tarde.

─ Eu acho que talvez ele aceite dessa vez. – Normani, que estava sentada no chão com Val, Halsey e Samantha, afirmou. – Mas eu não o conheço, então...

─ Onde está o Noah? – Hailee perguntou, curiosa. Ela estava sentada na poltrona do outro lado da sala com Troye sentado em seu colo. Sim, intimidade é uma merda que deixa os amigos mais folgados com o passar do tempo. – Eu ainda não o vi.

Camila recostou-se contra o corpo de Sofia, que estava ao seu lado a abraçando e olhou para a amiga.

─ Com Dinah ou Alessia, ou com um dos rapazes... – deu de ombros. – Eu não sei, o roubaram dos meus braços no segundo em que coloquei os pés aqui e...

─ Mamá, olha o que eu fiz!

Todos congelaram no mesmo segundo em que aquelas palavras saíram da boca de Alicia, Camila também congelou. Alicia estava olhando para ela, Lauren não estava na sala o que significava que a menina falava com Camila. Era a primeira vez que Alicia a chamava assim, desde dias atrás quando a menina a pediu para que fosse sua mãe também. E, pela expressão de choque e surpresa da latina, seus amigos concluíram que aquilo era novidade até mesmo para ela.

Camila se sentia... Se sentia maravilhada, por assim dizer. Ela olhou para a menina, que esperava sua reação diante o que estava mostrando para ela, e sorriu largamente. Sorriu, mas seus olhos estavam com lágrimas diante o seu estado de extrema felicidade.

─ É... – pigarreou, tentando não passar a voz trêmula para a menina. – Está... Lindo, querida.

─ Eu fiz sozinha, mamá! – Alicia apontou para a parte do quebra-cabeças que ela havia montado. – É difícil, mas eu consegui porque eu prestei bastante atenção nos detalhes. Eu gosto de quebra-cabeças, você acha que podemos comprar um para mim, mamá? Eu adoraria ter alguns em casa, se possível.

Camila sorriu mais ainda, cada vez que um “mamá” saia da boca de Alicia seu coração enchia-se de felicidade. A propósito, apenas as duas falavam na sala. Todos continuavam em estado de choque diante aquela novidade, apenas observando a interação de Camila e Alicia com sorrisos surpresos.

─ Eu acho que, hum... Podemos comprar uns amanhã. O que acha?

Alicia sorriu, levantando e indo até Camila. Então, a menina a abraçou.

─ Eu vou adorar! – riu, animada. – Obrigada, mamá! – então, segurou o rosto de Camila com as duas mãos e beijou a ponta do nariz da latina. Camila sabia apenas sorrir para a menina, sabia que se falasse mais iria chorar ali mesmo e assustaria Alicia, o que não queria que acontecesse. – Nós podemos montar com a mommy, né?

─ Cla-claro. – pigarreou mais uma vez, já sentindo as lágrimas quase caírem. – Amanhã, ok? Agora... – apontou para o quebra-cabeças. – Termine com aquele, para... Mostrar a sua mãe, ok?

─ Sim, senhora.

E assim, a menina voltou para as suas amiguinhas no mesmo segundo que a primeira lágrima desceu pela face de Camila. A sala continuava em silêncio, todos os amigos e família de Camila agora olhavam para ela com sorrisos felizes em seus lábios. Sofia a abraçou mais forte, e Vero logo foi sentar-se ao lado das irmãs para abraçá-la também. Todos sabiam da importância para Camila, sabiam o quanto ela amava aquela menininha e o quão significativo aquele momento era para a latina.

Camila trocou olhares com o pai, que sorriu e apontou com a cabeça para Alicia murmurando “abuelo” apenas para que Camila visse, e a latina riu perante as lágrimas, assentindo piamente.

A latina olhou para os seus amigos e deu de ombros, ainda sorrindo. Aos poucos, todos voltaram as suas conversas como se nada tivesse acontecido, mas apenas porque Alicia estava na sala. Camila sabia que enfrentaria um pequeno questionário mais tarde, e ficaria feliz em responder todas as perguntas.

Quando seu olhar caiu no outro extremo da sala, viu Lauren escorada na coluna com Noah em seus braços. A morena sorriu, piscando para ela, mas logo foi interrompida por Dinah, que apareceu querendo pegar Noah dos braços dela – de novo.

Camila apenas baixou a cabeça ainda sorrindo para si, e então olhou para Alicia novamente. Ela estava feliz.

Definitivamente, ela estava feliz.

 

*Flashback Off*

 

Mesmo passado quase dois meses, a sensação de ter Alicia a chamando de mãe ainda era tão incrível quanto da primeira vez. Porque, de certa forma, Camila já se sentia assim há tempos. Já amava aquela menininha como sua filha, mesmo antes de sequer cogitar tê-la como uma.

─ Bom dia, mi amor. – pegou-a no colo, aconchegando-a em seu quadril e beijando suas bochechas coradas. – Acordou sozinha hoje, que milagre...

─ Eu vou para a aula hoje, mamá! – Alicia sorriu mostrando os dentes, ou a falta de alguns na frente, e Camila sorriu de volta. – Estou animada!

─ Não deixe essa espertinha enrolar você, Camz. – Lauren parou em frente as duas já com Noah nos braços, fitando Alicia com os olhos semicerrados. – Ela estava dentro do berço de Noah, mesmo sabendo que é perigoso e que é proibida de estar...

Alicia cobriu o rosto com as mãos, o escondendo no pescoço de Camila.

─ Você estava no berço do seu irmão, monstrinha? – a latina cutucou a menina, que riu e contorceu-se em seu colo. – Já conversamos sobre isso, hum? Sabe que não pode subir ali, e menos ainda abrir o gradeado. É perigoso.

A menina de sete anos tirou as mãos do rosto e descansou a cabeça no ombro de Camila, olhando para Lauren nitidamente arrependida.

─ Desculpe, mommy. Eu não vou fazer de novo.

─ E da próxima vez que Noah estiver acordado nos chame, ok? – Lauren beijou a bochecha da filha, para então deixar um selinho nos lábios de Camila. – Troca?

Camila assentiu, entregando Alicia para Lauren e pegando Noah dos braços da morena.

─ Eu amamento ele e você prepara o café da manhã. – olhou para o filho em seu colo, que riu e agarrou a boca dela, puxando os lábios de Camila com toda a sua força de bebê. – E Aicia vai toma ãnho.

─ Você ouviu sua mãe. – Lauren pegou Alicia no colo e a menina riu. – Banho, porquinha.

As duas saíram do quarto de Noah e Lauren levou Alicia até o quarto da menina, deixando-a na porta.

─ Porque é meu primeiro dia de aula hoje!

─ E você não quer se atrasar.

─ Não mesmo! – Alicia olhou para o seu quarto e arregalou os olhos, recordando-se de algo. – Ah, mommy! A tia Amy saiu beeeem cedo e disse que tinha um compromisso, mas que voltava logo para acertarem tudo. – franziu. – Acerta o quê, mommy? Vocês vão brincar de adivinhar? – arregalou novamente os olhos. – Ou você vai brincar de coisas de adulto que nem tava brincando com a mamá mais cedo?

Dessa vez foi Lauren quem arregalou os olhos, seu rosto corando violentamente.

─ Eu não vou brincar de coisas de adulto com... – balançou a cabeça. – Esqueça, não é o tipo de conversa que eu quero ter com minha filha de sete anos. – apontou para o quarto da menina. – Banho, Alicia. E iremos conversar na mesa do café sobre isso, mocinha. Não quero você falando essas coisas.

─ Mas eu...

─ Banho, Alicia Marie.

─ Mas mommy...

Lauren apontou novamente para dentro do quarto, dessa vez mais séria. Alicia suspirou teatralmente e encolheu os ombros.

─ Sim, senhora. Banho. – e, assim, a menina entrou no quarto indo direto para o banheiro.

Lauren escorou-se na parede e cobriu o rosto com as mãos, respirando fundo. Ela, com toda certeza, mataria Dinah em algum momento por andar ensinando essas coisas para Alicia. Apesar de que duvidava que fosse adiantar alguma coisa, ninguém nunca falava um não para Dinah Jane Hansen. E ela nunca escutava ninguém.

A morena suspirou e passou a mão pelos cabelos, virando-se para sair, porém deparou-se com Camila parada na porta do quarto de Noah com o filho delas no colo e a fitando com um olhar divertido.

─ Você sabia sobre essa coisa de adulto, não é?

Camila riu com a língua entre os dentes e deu de ombros, nitidamente divertindo-se com isso.

─ Foi você quem escolheu a madrinha dela, não eu.

─ Mas ela é sua melhor amiga. – Lauren rebateu. Camila riu olhando para Noah e fazendo caretas para o bebê.

─ Exatamente. – então, a nova-iorquina olhou para a namorada e piscou para ela, sorrindo de canto. – Mas Alicia estava certa, de qualquer forma. – mordeu o lábio, tentando não rir quando Lauren corou mais uma vez. Aproximou-se da morena, inclinando-se sobre seu ouvido. – Eu adorei brincar de coisas de adulto com você, meu amor. – sussurrou, afastando-se logo em seguida e entrando no quarto do filho, deixando Lauren sozinha no corredor.

A morena apenas riu baixinho e negou com a cabeça, não podendo negar que também adorou a “brincadeira” delas daquela manhã... E da madrugada também.

Balançou a cabeça, tentando espairecer seus pensamentos. Ainda tinha um café da manhã para preparar, a filha para deixar na escola, seu trabalho e também uma enfermeira para dispensar. E essa última missão não seria nada fácil.

Não mesmo.

 

x-x-x

 

Camila e Lauren estavam paradas do lado de fora da sala de aula de Alicia, instruindo a professora sobre os cuidados que deveriam ter com a menina. Faziam apenas três meses desde que Alicia passou pelo transplante de estômago e a menina ainda estava em processo de recuperação, processo esse que ainda seria longo. Mas, agora que já havia começado a introdução alimentar em uma dieta saudável, e que estava mais forte e disposta, a menina não precisava mais de acompanhamento direto e poderia voltar a escola.

Naquele mesmo dia, Lauren dispensaria os cuidados de Amy. Ela e Camila, claro, já que ainda precisariam conversar com a enfermeira sobre um assunto muito sério. Lauren ainda teria de lidar com o irmão, que recentemente havia aceitado – finalmente e depois de meses – ir em busca de ajuda especializada. Lucy havia informado a irmã mais velha delas, Taylor, e também a esposa de Chris sobre e, aparentemente, elas estavam planejando vir até Nova York para fazer parte do processo. Ainda não tinham data certa para, mas seria ainda naquele ano.

Lauren não sabia se estava animada ou aterrorizada com a ideia de ver sua irmã e cunhada. Seria mais uma das mudanças em sua vida que ela não saberia como encarar, até realmente estar diante delas.

Voltando a escola, Alicia estava atrás de Lauren, escondendo-se com receio de sair e enfrentar aquela nova turma. Não eram seus amiguinhos ali, todos estavam na segunda série e ela estava na primeira, então não conhecia ninguém. A menina puxou a blusa da mãe, que parou de falar com a professora dela e olhou para baixo.

─ Qual o problema, pequena? – Alicia fez sinal para que ela baixasse, e Lauren sorriu sem jeito para a professora da menina ante de ficar na altura da filha e colocar as mãos em sua cintura. – O que foi, meu anjo?

─ Eu, hum... – Alicia olhou para os próprios pés e mordeu o lábio, segurando sua mochila com força. – Mommy, e se... Bem, sabe, eu me sentir mal ou algo assim? Eu não vou ter a Julie para me ajudar, sabe? Ela grita quando eu com dor e chama a professora.

─ Se você sentir dor, terá outros coleguinhas ao seu lado para chamar sua professora. – afastou a franja da menina, beijando seu rosto. – Mas não precisa se preocupar, booboo. Você está medicada, sua professora está autorizada a dar seus remédios quando for a hora certa e Anne nos garantiu que você está bem o suficiente para isso.

Alicia suspirou e olhou para Camila, que tinha um Noah adormecido em seu colo agora e a lançou um sorriso de incentivo.

─ Mamá? – a menina chamou-a, o tom receoso ainda presente. Ela queria ter a garantia de que tudo ficaria mesmo bem.

─ Ficará tudo bem, Licie. Não se preocupe, ok? Sua mãe e eu estaremos o dia todo a disposição da escola caso algo aconteça, mas eu sei que nada irá acontecer e sabe por que? – Alicia negou com a cabeça, e Camila tomando cuidado para não atrapalhar o sono de Noah, agachou-se para ficar na altura da menina também. Segurou sua mão, depositando um beijo ali. – Porque você é a garotinha mais forte que eu conheço, Alicia Marie, e eu sei que você vai arrasar no seu primeiro dia de aula.

─ Mas, mas é que... – outro suspiro. A menina olhou para dentro da sala onde algumas crianças observavam curiosas o que acontecia fora de sala. Uma menininha ruiva até sorriu e acenou para Alicia, que respondeu apenas com um aceno fraco e tímido. – Todo mundo já se conhece e eu não conheço ninguém.

─ Então, você fará novos amigos hoje. – Camila segurou o queixo da menina e beijou seu rosto. – Você vai ficar bem, bolinha. Todo mundo tem medo do primeiro dia de aula, você só precisa ser mais forte que esse medo ou irá perder a chance de conhecer pessoas novas e fazer novas amizades.

A menina de sete anos olhou para as mães, que tinham sorrisos em seus lábios e apontaram ao mesmo tempo para a sala de aula incentivando a menina a entrar. Por fim, Alicia olhou para a professora, que também sorria para ela oferecendo a mão para que entrassem juntas, e então suspirou segurando a mão da mulher mais velha. Lauren e Camila trocaram olhares orgulhosos e levantaram.

─ Muito bem, meu amor. – Lauren beijou o topo da cabeça da menina e piscou para ela. – Camila irá passar as duas para pegar você com Noah, ok? A mamãe tem alguns assuntos para resolver sobre seu tio Chris, mas prometo que chego a tempo de jantar com vocês.

─ De dedinho?

Lauren sorriu, entrelaçando seus dedos mindinhos e deixando um beijo ali para selar o acordo.

─ De dedinho, querida. Agora... – apontou para a sala. – Hora de aprender. Soube que esse ano tem italiano como matéria extra, você sempre quis aprender mais italiano.

─ Tia Dinah disse que era quente.

Camila engasgou, e Lauren arregalou os olhos olhando envergonhada para a professora de Alicia e então voltando-se para a filha novamente. Podia sentir seu rosto quente agora.

─ É, hum... – pigarreou. – Entra... Entra na sala, Alicia. Tenha uma boa aula, ok? Vejo você mais tarde.

Alicia franziu, não entendendo a reação da mãe, mas assentindo mesmo assim.

─ Ok, então. – a menina sorriu. – Até mais tarde, amo vocês!

Elas não tiveram tempo para retribuir, já que Alicia praticamente arrastou a professora para dentro da sala. A mulher sorriu sem jeito para as duas e despediu-se com um aceno, deixando o casal sozinhas no corredor.

Lauren fechou a porta da sala e segurou o braço de Camila, a arrastando para longe dali o mais rápido possível. Camila apenas ria baixinho, achando toda a situação cômica.

─ Eu vou matar a Dinah. – a morena murmurou, pegando Noah dos braços de Camila sem parar de andar. Aconchegou o pequeno em seu colo, beijando sua cabecinha careca. – Sério, Camz... Olha as coisas que ela tá ensinando para Alicia! Meu Deus! – negou com a cabeça. – Sua melhor amiga é doida.

─ Ela também é sua melhor amiga, e madrinha de Alicia. – rolou os olhos. – Não reclame, Jauregui.

─ Que seja, eu ainda vou matar ela quando a ver. – apontou para a saída. – Vai me deixar no trabalho?

Yeap, dispensei o motorista por toda a semana. Depois vou até a Today’s falar com a minha mãe e então vou almoçar com a minha irmã.

─ Sofia?

─ Veronica. – as duas agora já estavam caminhando até o carro, que estava estacionado do outro lado da rua. – Preciso saber o que raios está acontecendo entre sua irmã e a minha irmã, porque já não aguento mais ver Vero triste pelos cantos sem saber o que está havendo para ajudá-la.

As duas entraram no carro, Lauren colocando Noah na cadeirinha e sentando no lado do carona. Esperou até que Camila desse a partida no veículo para então continuar.

─ Praticamente seis meses nessa enrolação.

─ Não somos as melhores pessoas para julgar, Lo... – Camila olhou-a de canto, e Lauren encolheu-se em seu lugar. – Hey, não falei para que se sentisse mal. Sinto muito, ok? – segurou sua mão, e a morena suspirou. – Cada segundo de espera para finalmente ter você foi importante, só me fez amá-la mais e ter mais certeza de que você era a escolhida para mim.

Lauren levou a mão de Camila até seus lábios e a beijou com carinho, sorrindo levemente para ela.

─ Eu não me vejo mais sem estar com você. – comentou, apoiando a cabeça no encosto do banco para fitá-la. Pode notar o leve rubor presente nas bochechas de Camila, deixando-a mais apaixonante ainda, e tentou não sorrir feito uma idiota apenas por estar observando-a. – Eu te amo, você sabe.

Oooh, eu sei. – riu, agora sendo sua vez de beijar a mão de Lauren antes de voltar a sua atenção novamente para o trânsito. Elas pararam no sinal e a latina aproveitou para encará-la. – Mas eu também amo você, Lauren Jauregui. E amo nossa pequena família.

Por instinto, Camila conferiu rapidamente Noah no banco de trás certificando-se de que ele continuava dormindo, e Lauren fez o mesmo. O bebê de cinco meses continuava em seu sono imperturbável, mas Camila sabia que em breve ele acordaria exigindo ser alimentado. Noah era uma pequena bolinha esfomeada, mas era um bebê quieto na maior parte do tempo. Sorte delas, pensou Camila.

─ Falando em família... – Lauren tirou a latina de seus devaneios no mesmo momento em que o sinal abriu, e Camila voltou a focar sua atenção na estrada. – Acha que Alicia ficará bem?

─ Eu tenho certeza que sim, Lo. Alicia está indo muito bem na recuperação e adaptação, está se alimentando corretamente... Não tivemos nenhuma crise durante o mês inteiro, nenhuma dor muito forte e a área da cirurgia está cicatrizando bem.

─ Não é isso, eu sei que ela está fisicamente bem agora... – respirou fundo, passando a mão pelos cabelos e massageando a têmpora. – É que ela parecia tão assustada com o primeiro dia de aula, com medo de não fazer novos amigos e eu...

─ Lauren. – interrompeu-a. – Meu anjo, Alicia é a criança mais comunicativa que eu conheço. Sério, querida... – apertou a mão da morena. – Estamos falando da menina que foi capaz de mudar Louise Steinfeld, a menininha mais marrenta e irritante que eu conheci. Não que eu ache a mudança grande, afinal ela continua sendo chata na maior parte do tempo e... – Camila parou de falar no momento em que ouviu o riso de Lauren, lançando-a um olhar confuso. – O que foi?

Lauren negou com a cabeça, inclinando-se para deixar um beijo na bochecha da namorada. Camila continuava sem entender o que estava acontecendo.

─ O que eu disse?

─ Camila, amor... – apertou o rosto de Camila, fazendo-a formar um bico com os lábios. O que era engraçado, já que Camila estava com o olhar direcionado a sua frente. – Um dia você vai parar de ter ciúmes de Louise? Sério, bebê. Ela tem onze anos, você tem ciúmes de uma menina de onze anos.

─ Eu não estou com ciúmes! – exclamou. – Eu, eu não... Que absurdo! Eu não tenho ciúmes, eu só não gosto dela e pronto! – estacionou o carro em frente ao prédio da Cabello’s, virando-se rapidamente para Lauren e a fitando com o olhar sério. – Eu não tenho ciúmes de Alicia com Louise, Lauren.

A morena deu de ombros, retirando o cinto de segurança e pegando sua bolsa. Beijou rapidamente Camila nos lábios, limpando os vestígios de batom do canto da boca da namorada e afastando-se piscando um olho para ela.

─ Se você diz, babe.

─ Você não acredita em mim.

Lauren riu, abrindo a porta do carro.

─ Não mesmo. – piscou novamente para Camila, que semicerrou os olhos para ela. – Dê um beijo no pontinho por mim, ok? Não quero interromper o sono dele.

─ Tá.

─ Eu vejo você mais tarde, para falarmos com Amy.

─ Hurrum.

Camila continuava com a expressão emburrada, e Lauren rolou os olhos voltando para dentro do carro puxando-a pela blusa e colando seus lábios novamente em um beijo mais necessitado. Sugou o lábio inferior de Camila e o puxou, e quando a latina tentou prolongar ainda mais o beijo, a morena afastou-se com um sorriso nos lábios.

─ Até mais tarde, meu amor. – falou, sorrindo cinicamente e saindo do carro tomando cuidado para não bater a porta e acordar o filho delas.

Camila piscou algumas vezes tentando voltar a realidade, e acabou sorrindo para si negando com a cabeça. Respirou fundo, conferindo Noah novamente e então dando partida no carro sorrindo feito a boba apaixonada que era.

Lauren ainda iria acabar com ela um dia.

Com certeza, ela iria.

 

x-x-x

 

As irmãs Cabello se encontravam no Cecilia of la Patrona, um restaurante cinco estrelas de comida mexicana localizado em uma cobertura no centro de Nova York. Estavam na parte interna do restaurante, já que Noah estava com elas, e aproveitavam o horário de almoço para conversar sobre alguns assuntos pendentes.

Noah estava acordado ocupado com um mordedor em seu bebê-conforto ao lado de Camila, que de vez em quando o conferia apenas para ter certeza de que ele estava bem. O pequeno já dava sinais de que logo nasceria os dentes, e por isso estava sempre mordendo alguma coisa e babando – muito.

─ Você vai querer sobremesa? – Vero perguntou, e Camila apenas negou com a cabeça, focada em terminar o seu prato. Vero a observou por alguns instantes, ela já havia notado que Camila permaneceu boa parte do almoço em um silêncio estranho demais para alguém que era tagarela como ela era. O que significava que aquela cabecinha estava aprontando alguma coisa. – Ok, pode falar. – largou os talheres no prato, bebericando de seu vinho. Camila parou de comer no mesmo instante, fitando-a com o cenho franzido.

─ Falar o quê?

─ O que você vem tentando conversar comigo o almoço todo, Kaki. – rolou os olhos, apontando a taça com o vinho na direção da irmã mais nova. – Eu conheço você a minha vida toda, Karla. Sei quando essa sua cabecinha vem planejando uma conversa séria. – sorriu de canto. – Fique à vontade para falar o que quiser, apesar de que já tenho uma ideia sobre o que iremos conversar.

Camila limpou o canto da boca com o guardanapo de seda e apoio ambos os cotovelos na mesa, descansando seu queixo nas mãos e olhando para Vero.

─ Pois bem. – falou. – Quando eu vou ganhar uma cunhada? – franziu. – Ou uma cunhada que já é minha cunhada. Eu não sei, isso é confuso. – riu. – Quem mandou você gostar da irmã da minha namorada.

Vero bebeu mais um pouco do vinho e olhou para Noah, brincando com o sobrinho que sorriu para ela com o dedo na boca. Era tão simples a vida de um bebê, pensou. Não tinha dores de cabeça com os problemas adultos, como se apaixonar.

─ Eu não sei. – suspirou. – Eu juro que prometi a Lucy que esperaria, Kaki, mas está sendo difícil porque...

─ Porque...

A morena suspirou novamente, olhando para as janelas e observando os prédios vizinhos. Sentiu Camila segurar sua mão e, então, voltou-se para ela novamente encontrando-a sorrindo singelamente.

─ Você pode falar em voz alta, V. Acredite quando eu digo que é libertador expor seus sentimentos assim para alguém de confiança, e que pior é guardar para si algo tão forte e... Puro.

─ E estúpido. – Vero concluiu, passando a mão pelos cabelos e grunhindo de forma frustrada. – Por que eu fui me apaixonar? Sério, Camila... – massageou a têmpora, fechando os olhos e respirando fundo. – Por que eu fui amar alguém tão complicada quanto Lucy é?

─ Aí está ela. Sua confissão não tão surpresa. – Camila sorriu graciosamente, e Veronica gemeu envergonhada cobrindo o rosto com as mãos.

─ Não comece, ok? Não é porque admiti, que irei correr para Lucy expondo meus sentimentos para ela.

─ E por que não faz isso? Não é como se Lucy também não desconfiasse do que você sente por ela, Vero.

─ Oh, ela não desconfia. – voltou a beber de seu vinho, olhando amargurada para seu prato e mexendo despreocupadamente na comida. – Ela tem certeza. E tudo porque eu sou uma tola que não consegue ficar mais que cinco minutos no mesmo ambiente que ela, sem ficar olhando para ela feito uma idiota o tempo todo.

─ Por que não experimenta conversar com ela de novo? O pior que pode acontecer é você ser rejeitada.

Veronica semicerrou os olhos para a irmã, que apenas deu de ombros.

─ Você fala isso porque teve sorte com Lauren. – apontou. – Teve sorte de ter seu amor retribuído na sua primeira confissão. – então, um sorriso estranho surgiu nos lábios de Veronica e Camila arqueou uma sobrancelha, não entendendo o motivo do mesmo. – Ou melhor, na sua segunda confissão.

─ Vero...

─ Vero nada, Karla. – Vero recostou-se despreocupada na cadeira e continuou sorrindo para a irmã. – Ou você esqueceu do que aconteceu quatro anos atrás?

Camila mexeu nervosa nos cabelos, jogando a franja para o lado. Olhou para o filho e o ajeitou em seu lugar, mesmo que Noah estivesse da mesma forma que cinco minutos antes.

─ Eu não sei do que você está falando. – murmurou, recolocando a touca na cabeça do filho.

─ Uma ova que não sabe! – a morena inclinou-se sobre a mesa, puxando o braço de Camila e mostrando a pequena flor azul tatuada ao lado do pulso da latina. Camila encolheu-se em seu lugar, corando fortemente. – Véspera do aniversário de três anos de Alicia, estúdio de tatuagens da Halsey e da Sam...

─ Veronica... – grunhiu, puxando o braço de volta e o colocando em seu colo, tentando cobrir a tatuagem. – Não comece, por favor...

─ Sabe... – sorriu de canto, terminando seu vinho e colocando a taça na mesa. – Eu acho que lembro do que aconteceu, afinal você me contou tudo poucos dias depois quando se deu conta que estava realmente morando no mesmo teto que Lauren...

─ Não precisa falar. – Camila suspirou e olhou para o filho, segurando sua mãozinha gorducha e sorrindo para ele. Naquela época, ela nunca imaginaria que estaria aqui, agora, namorando Lauren e sendo mãe daquelas duas crianças incríveis. De fato, ela nunca imaginaria que teria seu amor correspondido em algum momento. – Eu lembro muito bem do que aconteceu naquele dia. – murmurou, olhando finalmente para a tatuagem em seu pulso e mergulhando em suas memórias.

 

*Flashback On*

 

Era tarde quando a dupla de amigas atravessou a cidade apenas com um objetivo: chegar ao estúdio de tatuagens de suas amigas.

Sim, elas estavam bêbadas. E sim, estavam agindo sem pensar. Mas, naquele momento, elas não se importavam. Apenas queria chegar logo a porcaria do estúdio e escolher as tatuagens que iriam fazer. Estavam em um Uber agora, já que Veronica ficou com o motorista para levá-la para casa.

─ Milaaa... – Lauren cantarolou o nome da latina, que estava sentada no banco ao seu lado. Na verdade, Lauren tinha as pernas jogadas sobre as de Camila e a cabeça descansando em seu ombro. – Nós vamos fazer tatuaaagens...

─ Eu sei, idiota. – Camila riu, e Lauren fez um bico com os lábios.

─ Não sou idiota. – franziu. – Ou talvez eu... Seja, né? Tô aqui com você pra fazer uma tatuagem no meio da madrugada.

─ Nós somos legais. – sorriu. – Pessoas legais tem tatuagens.

─ Yeah!

As duas riram, mesmo que não tivessem motivo algum naquele momento para isso. Talvez fosse o álcool em seus sangues fazendo-as agir feito duas retardadas, mas elas não ligavam naquele momento.

O carro estacionou no endereço indicado e Camila talvez tenha demorado um pouco para sair do veículo, e talvez Lauren tenha escorregado na calçada, mas elas não recordariam disso no dia seguinte então não se importaram.

─ Hoje é dia de comemorar! – Camila gritou, abrindo os braços e rodopiando na calçada. Lauren apenas riu.

─ Você vai cair.

─ E daí? Hey! – parou de frente para a morena e sorriu de canto, apontando para a porta do estúdio fechado. – O que acha de darmos um susto nelas?

─ Eu quero minha tatuagem. – fez uma careta fofa. – Quero minha tatuaaagem, Cameeeela!

Camila sentiu uma estranha vontade de beijá-la naquele momento. Mas balançou a cabeça para espantar isso, que por sinal vinha acontecendo bastante nos últimos meses e ela sabia muito bem o motivo para.

─ Hey! – Lauren estalou os dedos na frente da latina para chamar sua atenção. – Acooorda, latina! – riu quando Camila piscou rapidamente, acordando de seu repentino devaneio. – Onde você estava?

─ Aqui. – Camila riu para disfarçar, segurando Lauren pelos ombros e a empurrando até a porta do estúdio. – No três, nós duas batemos com toda a força. – sorriu de canto. – Halsey vai nos matar.

─ Vai ser divertido. Vamos nessa!

Lauren, sem esperar por Camila, começou a bater na porta com força e logo Camila se juntou a ela. As duas tentavam não rir para não denunciá-las, sequer se importavam em estar em uma vizinhança um tanto quanto perigosa tão tarde da madrugada.

─ Ela tá vindo? – Camila tentou espiar pelas brechas da porta. – Será se ela não....

─ Cala a boca! – Lauren sussurrou, cobrindo a boca da latina com a mão e a puxando para um canto escuro. – Ela tá vindo! Acho que é Samantha. – franziu. – Ou Halsey. – riu. – Será se elas estavam transando? Não quero ser empata foda de ninguém.

─ É meio da madrugada, talvez...

─ Shiu! – a morena voltou a cobrir a boca de Camila para que não as escutassem, já que ouviu movimento vindo de dentro do estúdio.

Ficaram as duas escondidas em um canto escuro entre uma loja e outra, apenas esperando o momento em que suas amigas apareceriam para que pudessem surpreendê-las. Estavam com os corpos colados e sorrisos travessos, observando em silêncio o movimento mais à frente. Camila aproveitou aquele momento, aproveitou aquele contato com sua amiga para pensar em como seus sentimentos vinham agindo estranho recentemente. Principalmente com Lauren. Talvez fosse o fato de que estavam trabalhando juntas agora e conviviam mais tempo uma com a outra, quem sabe. Mais cedo quando estavam no zoológico, ela também percebeu isso na forma como estava agindo na presença da morena. Agindo feito uma perfeita idiota, deve-se ressaltar.

O fato é que ela vinha criando a cada dia um tipo diferente de sentimento pela mulher que, até então, a considerava como melhor amiga.

E isso era errado.

Ela não queria se machucar, não queria machucar Lauren. Mas, o que ela sabia? Ela estava bêbada, pelo amor de Deus! Sequer saberia soletrar seu sobrenome no momento. Como era mesmo? Estrabo... Estrabao... Es-tra-baaao. Era legal como soava em seu pensamento, Estrabaaao. E Cabello? Soava como Cabeyo. Cabello, Cabeyo, Karla... Camila!

─ Você tá rindo sozinha por que? – Lauren murmurou, e Camila riu dando de ombros a puxando para sair do escuro onde estavam e gritando no mesmo momento em que Halsey saiu segurando um taco de baseball.

No momento em que elas gritaram, Halsey virou de uma vez quase as acertando com o taco de madeira. Lauren gritou novamente e Camila correu para trás da morena, escondendo-se ali.

─ PUTA QUE PARIU, ELA VAI MATAR A GENTE! – gritou.

─ MAS QUE PORRA É ESSA? – Halsey gritou, assustada.

─ ABAIXA ESSA COISA! – Camila apontou para o taco, mas não saindo de trás da amiga.

─ O que vocês tão fazendo aqui, merda? – a tatuadora abaixou o taco de baseball e respirou fundo para tentar controlar seus batimentos, tudo culpa do susto que aquelas loucas deram nela. Intercalou o olhar entre ambas, notando seus estados e finalmente compreendendo o que estava acontecendo ali. – Eu não acredito que vocês estão bêbadas e vieram perturbar a minha paz em plena madrugada!

Ambas sorriram sem um pingo de vergonha, e Camila aproveitou para sair de trás de Lauren entrando no estúdio sem falar nada. Halsey olhou na direção da latina e então olhou para Lauren, que retirava os saltos pretos e, então, os entregou para ela.

─ Eu quero uma tatuagem! – anunciou, sorridente e também entrando no estúdio para se juntar a Camila.

─ Eu também quero! – Camila gritou lá de dentro.

─ Eu não vou fazer tatuagem em ninguém bêbado. – a tatuadora afirmou, colocando o taco de baseball no ombro.

─ Eu não tô bêbada! – Lauren sorriu genuinamente, andando na ponta dos pés de um lado para o outro. – Eu tenho que chegar em casa cedo por causa da minha filha, então eu não tô bêbada.

Halsey olhou para dentro de seu estúdio, ainda confusa com tudo aquilo, mas acabando por desistir e entrar também trancando novamente as portas.

─ Cedo só se for da manhã. – murmurou, seus olhos arregalando-se quando viu Camila mexer nas suas agulhas. – Camila, coloca isso aí!

─ Olha, Lo! – Camila riu apontando a agulha para Lauren. – Eu vou tatuar você!

Lauren rolou os olhos, mas riu. Ela voltou-se novamente para a parede de desenhos de Halsey e colocou as mãos para trás, observando minuciosamente os desenhos para escolher o que faria.

─ Você não vai tatuar ninguém. – Halsey tomou o aparelho de Camila e o colocou de volta em seu lugar, ganhando da latina uma expressão de falso choro. – Eu não vou tatuar ninguém, eu já disse. – reafirmou, olhando para a porta que levava ao segundo andar e rezando para que sua namorada aparecesse e a ajudasse a lidar com aquelas duas.

─ Eu vou pagar você, então você vai fazer sim.

─ Eu não vou fazer nada, Camila... LAUREN, DESSE DESSA MESA!

Correu até o outro lado do estúdio, onde Lauren estava em cima da mesa para tentar alcançar os desenhos mais altos. Ouviu o riso de Camila logo atrás, e choramingou. O que ela fez para merecer aquelas duas, senhor?!

─ Hals? – a voz de Samantha ecoou da escada, e Halsey quase gritou aliviada ao ouvir a namorada.

─ Aqui!

─ O que está acontecendo? – Samantha apareceu na porta, mas parou no mesmo instante ao notar a cena à sua frente. – Uou! Eu perdi alguma coisa?

─ Tira ela daqui de cima, por favor! – Halsey pediu, e Samantha apenas sorriu negando com a cabeça.

─ Suas amigas são estranhas, amor. – provocou-a, ganhando um semicerrar de olhos da namorada. Aproximou-se de onde ela estava, tentando tirar Lauren de cima da mesa, e tomou o seu lugar. – Camila está com seu livro de tatuagens. – informou, e Halsey grunhiu virando-se e batendo o pé indo até a latina.

Samantha olhou para Lauren, que sequer prestava atenção no que acontecia a sua volta e estava mais focada em tentar contornar com a ponta dos dedos os desenhos da parede. Era a primeira vez desde que a conheceu, que Samantha viu Lauren assim, bêbada. Na verdade, chegou até a pensar que a morena não bebia. Ou se divertia, já que o foco de Lauren sempre foi a filha e ela sempre deixou a si mesma como último plano. Naqueles dois anos de amizade, Sam só viu Lauren com alguém apenas uma vez e não foi nada que pudesse ser considerado algo.

Se bem que Sam tinha suas desconfianças sobre algo, algo que estava do outro lado de seu estúdio dando trabalho a sua namorada. Mas, claro, eram apenas desconfianças. Talvez fosse apenas sua imaginação, ou talvez fossem seus instintos a alertando sobre.

A mesma viria a falar sobre isso com Camila tempos depois disso.

─ Laur, não acha melhor descer antes que caia? – chamou a atenção, que baixou o olhar e sorriu ao vê-la.

─ Saaaaam! – prolongou o nome da amiga e riu, sentando-se na mesa e puxando Samantha para um abraço. – Eu vou fazer uma tatuagem!

─ Nesse estado? – Sam arqueou uma sobrancelha sugestivamente.

─ Eu tô... Legal! – segurou o rosto da amiga, fazendo um bico com os lábios da tatuadora e balançando a cabeça da mulher de um lado para o outro. – Sabia que Alicia faz três anos amanhã? Eu vou fazer uma tatuagem pra ela!

─ Voxé já tem... – tirou a mão da morena de seu rosto. – Você já tem uma para ela. Os pássaros, lembra?

─ ACHEI! – Camila gritou do outro lado do estúdio, fazendo ambas olharem ao mesmo tempo para a latina.

Camila andava de um lado para o outro tentando fugir de Halsey, que tentava pegar o seu álbum de tatuagens da mão da nova-iorquina antes que ela o rasgasse ou algo parecido.

─ Me dá isso, Mila! – Halsey tentou puxar o livro, mas Camila subiu na cadeira onde fazia as tatuagens a impedindo de pegar mais uma vez.

─ Olha isso, Lo! – Camila apontou o livro para Lauren, que bateu palmas e levantou deixando Samantha falando sozinha e indo até a latina. – Não são lindas? Duas rosas!

─ Deixa eu ver! – Lauren pegou o livro e começou a analisar os traços das tatuagens, e Camila a observava em expectativa.

Sam foi até a namorada e a abraçou por trás, e Halsey suspirou de forma frustrada.

─ Eu não vou fazer tatuagem, Mila. Vocês estão bêbadas e...

─ Eu quero essas. – Lauren anunciou sorridente, devolvendo o livro para Halsey e mostrando as tatuagens em questão. – São lindas, você vê? Eu quero essas!

─ A Lo quer elas e eu também. – Camila bateu palmas e sorriu, feliz por Lauren ter aprovado suas escolhas. – Rosas vermelhas significam amor, carinho e respeito. Perfeita para a Lo!

Halsey colocou o livro na mesa e olhou para Camila.

─ Rosas azuis significam...

─ Eu sei. – Camila a interrompeu, e foi a primeira vez desde que pusera os pés ali naquela madrugada que Halsey viu um vislumbre tristeza passar pelos olhos da latina. – Mas ninguém precisa saber.

─ Camila...

─ Tatuagem! – Lauren as interrompeu, abraçando Camila por trás. Foi preciso apenas isso para a latina sorrir novamente. – Agora!

─ Você ouviu a Lo, Halsinha. – sorriu satisfeita, apontando para o livro. – Tatuagens.

Halsey negou com a cabeça, olhando para a namorada procurando por apoio. Sam ergueu as mãos indicando que não poderia fazer nada.

─ Vocês tão bêbadas, cara...

─ Eu quero minha tatuagem e você vai fazer, ou vou usar os saltos de mamá para obrigar você a fazer essa porcaria, Ashley Nicolette!

─ Eu não...

─ Você sim! – fez um bico fofo com os lábios e Lauren a imitou, unindo as mãos para implorar. – Por favor, Halsinha?

A tatuadora intercalou o olhar entre uma e outra, ambas não pareciam que iriam desistir daquela ideia tão cedo. Por fim, ela acabou cedendo e, horas mais tarde Camila e Lauren estava a caminho de casa, ambas com pequenos curativos em seus pulsos e novas tatuagens para marcar suas peles para sempre.

E foi quando estavam no carro parado em frente ao prédio de Barbs no Harlem, com Lauren dormindo em seu ombro, que Camila se pegou mais uma observando a morena em seus braços. Ela gostava disso, de observá-la dormir, de ouvir o silvo baixo de sua respiração calma, de senti-la perto. Por que ela estava se sentindo assim? Por que Lauren? Seria o álcool em seu sangue fazendo-a sentir-se assim, daquela forma intensa e... Talvez não tão boa? Lauren era a sua melhor amiga, elas se conheciam há três anos e Camila nunca sequer cogitou a hipótese de gostar dela daquela maneira e...

E ela ficava tão linda dormindo. Tão calma e tão serena...

Suspirou, afastando uma mecha de cabelo do rosto da morena.

─ Eu acho que... – sussurrou roucamente, sua voz era apenas um murmuro quase inaudível. – Eu acho que eu estou... Estou começando a... Talvez eu... Ame... Você.

Lauren remexeu-se em seu sono e Camila prendeu a respiração, temendo que ela tivesse a escutado. Felizmente, a morena continuou dormindo, para o seu alívio, e Camila permitiu-se respirar novamente. Ela estava bêbada e isso a fazia pensar besteiras, é isso. Ela não amava Lauren, não podia amá-la.

Afinal, Lauren era o seu inalcançável.

Como dizia a rosa azul tatuada em seu pulso.

 

*Flashback Off*

 

─ Você nunca contou para ela sobre isso. – a voz de Veronica despertou-a de suas lembranças, e Camila piscou algumas vezes para se dar conta de onde estava.

Olhou em volta, notando o movimento do restaurante, parando apenas quando seu olhar encontrou o filho quase adormecido no bebê-conforto ao seu lado. Finalmente, olhou para a irmã.

─ O quê?

─ Você nunca contou para Lauren sobre esse dia, quando fizeram essas tatuagens. – Vero apontou, e Camila suspirou mexendo em sua comida. – Por quê?

─ Eu prefiro que ela pense que eu reconheci que a amava no dia do incêndio.

─ Horas depois das tatuagens. – bufou. – Grandes merda.

─ Você não entende, não é? – ergueu o olhar novamente, descansando nos castanhos escuros de sua irmã mais velha. – O dia em que eu fiz essa tatuagem, no dia em que Lauren e eu estávamos bêbadas demais para perceber o que estávamos fazendo... Ela não lembra disso, Vero. Ela sequer lembra de dormir em meus braços o caminho todo até o Harlem, ou de pedir para que eu subisse e dormisse com ela, porque ela estava com medo de dormir sozinha já que não sabia se Normani estava em casa ou não.

Vero arqueou uma sobrancelha.

─ E ela não merece saber disso?

─ Esse é o ponto, eu prefiro que ela continue sem lembrar. – sorriu fraco dando de ombros. – Foi em um momento frágil meu, e é uma lembrança apenas minha. É especial, entende? É algo para eu sempre lembrar que não foi o medo de perdê-la naquele incêndio, que me fez ter certeza de que a amava. Não foi em um momento de desespero, foi... Foi muito antes disso.

─ E você prefere guardar isso para si mesma, certo? Porque é algo importante para o seu consciente.

─ É bobo, eu sei. – suspirou apaixonadamente, pensando em sua namorada. – Mas eu prefiro manter assim.

─ Exatamente como eu em relação aos meus sentimentos por Lucy.

Camila voltou a fitá-la, dessa vez mais séria.

─ Não compare uma situação com outra, Veronica. Eu era uma boba apaixonada e acabei perdendo três anos, três anos sem confessar meus sentimentos e sofrendo por isso.

─ E não deu certo no final das contas?

─ Depois de sofrer vendo Lauren com outras pessoas, de temer ser rejeitada, de temer vê-la indo embora. – segurou a mão da irmã, acariciando as costas da mão dela com o polegar. – Você não precisa passar pelo mesmo que passei, V. Seja mais forte do que eu e vá até Lucy, confesse seus sentimentos para ela.

─ E se ela me rejeitar?

─ Então, siga em frente. Tente ser feliz.

─ Eu não sei se posso ser feliz sem ela, Kaki. – suspirou com pesar, olhando com tristeza para a irmã. – Eu não posso.

─ Amar implica em muitas coisas, Veronica. Uma delas é aprender a ser feliz mesmo que não esteja ao lado da pessoa que ama. – sorriu. – Você vai aprender a ser feliz e vai aprender a gostar de saber que ela está feliz, e saber por quê? Porque a sua felicidade será a dela.

─ Eu não sei se consigo isso. – respirou profundamente, tentando recompor-se. Desviou o olhar da irmã, fitando novamente as janelas da cobertura do restaurante. – Mas eu vou tentar. Não agora, mas eu vou.

No pior das hipóteses, pensou, seria Lucy chutar sua bunda e ela acabar sozinha novamente. Mas existia a possibilidade de isso não acontecer, então sim, Camila estava certa.

Valia a pena arriscar.

 

x-x-x

 

Lauren estacionou o carro em frente ao prédio de Vero em que Lucy e Chris moravam temporariamente. Era o carro reserva de Camila que ficava na empresa, e que Lauren usava quando estava no trabalho já que o outro ficava a disposição da latina em casa.

O carro ficou em silêncio por algum tempo, nenhum dos três falava nada e a tensão era nítida. Lucy e ela levaram Chris a psicóloga que atendeu Lauren durante o ano em que Alicia ficou doente. Faziam poucas semanas desde que Chris finalmente aceitou ajuda e se deixou ser levado até as consultas médicas, para tratar de sua depressão. Sabiam se tratar de um processo longo e complexo, mas nem Lauren ou Lucy iriam desistir dele agora. Chris estava longe dos filhos e esposa por muito tempo, estava longe de sua cidade natal, de sua rotina, e elas sabiam que ele sentia falta de tudo aquilo.

Chris não foi feito para a cidade grande, elas percebiam isso todas as vezes que saiam para as sessões de terapia e o irmão delas parecia odiar cada som emitido pela cidade à sua volta. Toda aquela poluição visual, toda aquela confusão de pessoas e vindo o tempo todo... Isso não era para ele.

─ Eu vou subir. – Chris anunciou de repente, abrindo a porta do carro e saindo sem esperar por respostas das irmãs.

Lucy o observou entrar no prédio e sumir de vista, então virou-se para Lauren que também fazia o mesmo. Lauren a ofereceu um sorriso fraco, segurando a mão da irmã.

─ Pelo menos ele falou alguma coisa dessa vez.

─ Três semanas de terapia e agora que ele fala com a gente. – bufou. – Grande evolução.

─ O que está acontecendo, Lu? Você ficou de mau humor durante todo o dia. – acariciou o queixo da irmã, que agora tinha um olhar mais tristonho. – É por causa da Vero, não é?

Lucy suspirou, olhando para a rua a sua frente. Ela vinha evitando falar sobre isso há tempos, mas sentia que estava sufocando e não suportaria mais guardar aquilo por mais tempo. Precisava falar com alguém, e não via melhor pessoa do que a sua irmã.

─ Eu gosto dela. – admitiu em voz alta, e pode ver o vislumbre de um sorriso pincelar nos lábios de Lauren. – Mas eu não me sinto pronta para falar isso a ela ainda. Não agora com tudo o que está acontecendo com Chris, e também com tudo o que estou passando... – suspirou novamente, olhando com pesar para a irmã. – Eu ainda estou presa ao meu passado, Lo. Cada vez que vejo Chris assim eu lembro da nossa mãe, lembro de tudo o que passei no Kansas, lembro... Lembro dele.

─ Não pode deixar Michael afetar ainda mais a sua vida, Lucy. Ele é passado, você deve seguir em frente e tentar ser feliz deixando o passado para trás.

─ Eu passei minha vida toda sendo julgada por quem eu era, Laur. Não é tão fácil assim seguir em frente.

─ Eu sei que não é. – segurou as mãos da irmã, fazendo-a encará-la. – Eu sei que não é fácil se aceitar, sei que não é fácil perdoar. Mas você não deve se prender ao passado e, consequentemente, afetar seu futuro. Eu sei porque passei por isso, Lucy. E garanto que não tem melhor sensação do que seguir em frente e buscar a sua felicidade.

─ Eu sei, mas... Eu ainda não estou pronta para perdoar. Nem a tudo o que passei ou... Ou eu mesma.

Lauren deixou um beijo em seu rosto, oferecendo-a um sorriso compreensivo.

─ Só não demore demais, ok? O tempo maltrata, não esqueça disso.

─ Eu não vou esquecer.

Não quando Veronica importava tanto para ela.

Não quando ela sentia que sua felicidade estava naquela idiota da Iglesias.

Não quando finalmente via esperanças para ser feliz.

Só precisava de mais um tempo, e logo resolveria isso. Mas, primeiro, precisava se entender consigo mesma.

 

x-x-x

 

Camila fez uma careta ao ver a foto de Noah postada por Dinah, em dúvidas se derretia-se pelo sorriso banguela de seu filho ou se desceria até o apartamento da loira para jogar uma almofada nela por causa da legenda da foto. Apesar de que sabia que Dinah fazia isso apenas para irritar Lauren, as duas estavam em uma competição de “eu irrito você, você tenta me matar e eu acho graça das suas tentativas falhas”. No caso, Dinah era quem estava irritando a namorada de Camila.

Mas, de qualquer maneira, Noah estava fofo na foto e isso era o que importava.

─ Camz? – Lauren chamou-a, e Camila esguiou-se no sofá para poder ter uma visão da cozinha onde a namorada estava. – Ela já chegou?

─ Ainda não.

─ E Ally ligou?

─ Ela mandou mensagem agora, Lo. Alicia está bem e se divertindo com Julie, não se preocupe.

─ E Dinah?

Lauren apareceu trazendo uma bandeja com o chá delas, colocando-a na mesinha de centro.

─ O que tem ela?

─ Quero saber se já posso descer e salvar meu bebê daquela louca. – falou, entregando uma xícara para Camila e sentando ao lado da latina, que aproveitou para jogar as pernas por cima das pernas dela.

─ Noah está bem, Lo. Pare de implicar com Dinah, vocês duas até parecem crianças. – rolou os olhos. – Até parece que uma não morreria pela outra se fosse o caso.

─ Eu mataria por ela, Camila, mas esse não é o ponto aqui. O ponto é que...

A campainha tocou e Lauren parou de falar, olhando na direção da porta.

─ O porteiro não anunciou, deve ser ela. – comentou a meia voz, colocando sua xícara de volta na mesa e levantando. Virou-se para Camila, oferecendo-a a mão para ela levantar. – Está pronta para isso?

─ Estou há semanas, querida. – Camila fez o mesmo que Lauren e levantou, segurando a mão da morena. – Mas vamos ser rápidas, ok? Logo Noah deve chorar com fome e não a quero por perto quando Alicia voltar.

─ Nem eu. Está com os papéis?

Camila apontou para a mesa, onde um envelope pardo estava.

─ Ali.

─ Então... Vamos nessa. – pegou o envelope. – Sra. Morgan?

Não demorou para a empregada aparecer na escada.

─ Sim, Sra. Jauregui?

─ A enfermeira Amy está na porta, a deixe entrar e a mande até a sala de visitas. Estaremos a aguardando lá.

─ Sim, senhora.

Mais cedo, após deixar Alicia na escola, Lauren ligou para a enfermeira da menina e pediu para que viesse apenas no final da tarde para que pudessem acertar as contas e Lauren pudesse dispensá-la. Alicia estava com Ally e Noah estava com Dinah, apenas Camila e ela estavam em casa e prontas para dar adeus a enfermeira que tanto as ajudou.

Porém....

─ Eu espero nunca mais vê-la na minha frente. – Camila comentou amargamente. Ela tentava não se exaltar antes do tempo, teria de manter a calma durante toda aquela maldita conversa. Infelizmente, porque se pudesse arrastaria a cara daquela mulher no asfalto. Ou a jogaria dali de cima mesmo. – E quero ressaltar que ainda quero colocá-la na cadeia.

─ Eu sei, babe. – Lauren a abraçou pela cintura, colando suas testas. – Mas não podemos arriscar, não sabemos o quanto ela sabe.

─ E é isso que me dá mais raiva, eu...

─ Com licença.

As duas olharam ao mesmo tempo para a porta da sala de visitas, onde a enfermeira estava parada esperando o consentimento para que entrasse. Lauren sentiu Camila ficar tensa.

Fique calma. – sussurrou em seu ouvido, beijando seu rosto e virando-se para a enfermeira. – Pode entrar, Amy. Não precisa sentar, será uma conversa breve.

─ Claro.

Lauren observou a enfermeira entrar um tanto receosa e parar não muito distante das duas. Camila ainda estava alterada, mesmo que Amy não notasse isso já que a mesma forçava um sorriso na direção da mulher de branco.

─ Eu tive que auxiliar um paciente mais cedo, sinto muito pela demora. – a enfermeira tentou desculpar-se, e Lauren assentiu apenas.

─ Sim, sim. – balançou a mão com desdém. – Eu tenho uma reunião ainda hoje, então vamos acabar logo com isso.

Amy franziu, não entendendo o tom sarcástico usado por Lauren. Observou-a pegar um envelope na mesa e, então, o entregou para ela.

─ Aqui tem tudo o que você precisa para ser dispensada. Seus serviços aqui acabaram.

─ É... Ok. – Amy, ainda estranhando a atitude seca da morena, abriu o envelope para conferir se estava tudo ok.

O casal aguardou a enfermeira ler o conteúdo dos papéis, notando a mudança de expressão dela ao perceber o que tinha escrito neles. Quando ela ergueu o olhar, visivelmente nervosa e surpresa, encontrou um par de olhares gélidos e sérios.

─ Eu... Eu não entendo, eu... Eu não fiz nada, senhoras...

─ Temos filmagens e gravações via áudio que comprovam sua participação direta no vazamento de informações pessoais nossas para a imprensa. – Camila tomou a frente, olhando para a mulher com desprezo. – Você está sendo acusada perante a justiça por violação de privacidade. Há também uma ordem judicial que exige que você fique o mais longe possível de qualquer membro desta família, e também... – apontou para as últimas folhas. – Tem uma carta dos meus advogados explicando tudo detalhadamente.

Amy olhou alarmada para as duas.

─ Eu juro que não fiz nada disso! Eu sou inocente!

─ Tente provar a sua inocência no tribunal, o que acho difícil de acontecer já que temos provas o suficiente para incriminá-la. – Camila deu de ombros, apoiando o corpo contra o de Lauren, que envolveu a sua cintura a abraçando por trás. – Se quer um conselho, não marque encontros nos arredores do prédio onde está obtendo informações. É mais fácil de incriminá-la assim.

─ Eu... Por favor, eu não...

─ Pare de tentar se defender de algo que sabe ser verdade! – Lauren cuspiu, finalmente expondo sua revolta. – Durante toda a doença de Alicia eu confiei a vida de minha filha a você, confiei meus filhos, minha privacidade para você acabar vendendo-a ao primeiro site de fofocas apenas por alguns trocados medíocres! Eu não quero saber seus motivos, não quero saber o que sua mente suja pensou estar fazendo no momento, para acabar agindo assim... – apontou para a porta. – Eu só quero que você saia daqui e suma da cidade, do estado e da minha vida e da vida da minha família.

Amy fechou a cara e segurou o envelope com força, reprimindo sua raiva. Sem dizer mais nada, ela apenas as encarou por mais alguns instantes antes de virar para sair da sala.

─ Ah, só mais uma coisa. – Camila comentou, fazendo-a parar e virar para elas novamente. – Nem tente levar isso a público. Meus advogados já estão agindo para garantir que você nunca mais exerça sua profissão, ou profissão alguma por um longo tempo. – sorriu presunçosamente. – Não se mexe com um Cabello e passa impune, querida. Não esqueça disso.

Camila tinha certeza de que Amy queria estrangulá-la naquele momento, e foi exatamente por isso que seu sorriso cresceu ainda mais e ela acenou em despedida apontando para a porta. Amy tinha a ira em seus olhos, mas também o medo e foi por isso que ela saiu sem dizer mais nada as deixando finalmente sozinhas.

Desde que as notas sobre a vida de Lauren, ou até mesmo de Camila e das crianças começaram a sair na imprensa, os advogados de Camila vinham a todo custo tentando descobrir o responsável por vazar tais informações pessoais delas. No começo, desconfiavam que poderia ser alguém da Cabello’s, já que eram informações que a maioria dos funcionários sabiam. No entanto, quando as notícias começaram a passar para coisas mais íntimas, como o tratamento de Chris e até mesmo sobre Lucy, elas começaram a desconfiar de que talvez fosse alguém de dentro de casa.

Felizmente, a Sra. Morgan saiu da lista de suspeitos logo no início. Já Amy... Algumas semanas juntando provas e desculpas para manter ela o mais distante possível de Alicia e de casa e pronto, suspeitas confirmadas.

─ Eu só espero nunca mais vê-la na minha frente. – Lauren falou, sentando-se no sofá e suspirando. Camila sentou-se ao seu lado, abraçando-a. – Eu odeio estar certa com minhas desconfianças. Decepcionar-se nunca é bom.

─ Principalmente nesse caso.

─ O que vamos dizer para Alicia?

─ Nada. Licie não precisa saber que a enfermeira que a ajudou por tanto tempo, só estava aqui para vender informações sobre a vida dela.

Lauren assentiu vagamente, descansando o queixo contra a cabeça da latina. Camila mexia distraidamente nas mãos da morena, acariciando as costas de sua mão.

─ Não vamos falar sobre isso hoje, ok? Se as garotas perguntarem ou suas irmãs, apenas diga que ocorreu tudo bem e que tudo está se resolvendo.

─ Como quiser, querida.

─ Eu só quero esquecer isso de uma vez por todas.

Camila ergueu o olhar, fitando-a com carinho. Deixou um rápido beijo em seus lábios e acariciou seu rosto.

─ Eu também. – confessou, voltando a descansar a cabeça contra o peito da morena e fechando os olhos aproveitando os cafunés que recebia em seus cabelos. – Eu também.

 

x-x-x

 

Era noite, o casal estava em seu quarto se preparando para dormir... Ou não. Uma duplinha estava muito bem acordada brincando na cama de suas mães, sem dar um pingo de sinal de que dormiriam em breve.

Era final de semana, na manhã seguinte seria domingo e apenas por causa disso que Lauren permitiu que Alicia estivesse acordada até aquele horário, já que na semana a menina tinha aula. Agora, Alicia brincava de fazer cócegas e Noah, que gargalhava tentando agarrar o cabelo da irmã.

Camila estava com os dois na cama, enquanto Lauren estava trocando de roupa para ir dormir.

─ Olha, mamá! – Alicia riu mostrando a Camila como Noah sorria cada vez que ela fazia uma careta. – Ele gosta!

─ Ele ama você, bolinha. Vai rir até se você olhar séria para ele.

─ Ah, é? Deixa eu ver então!

A menina rapidamente ficou séria olhando para o irmãozinho, e como esperado Noah sorriu achando a coisa mais interessante do mundo apenas por ter a atenção da irmã para ele. Alicia riu, beijando o rosto do pequeno.

─ Você é bobinho, Nou. – deitou na cama, e Noah inclinou-se sobre ela tentando morder sua bochecha, mas falhando e caindo no colchão já que ainda não tinha coordenação motora o suficiente para se aguentar sentado por muito tempo. Alicia riu e ele também. – Bobinho que eu amo!

─ Camz, você viu meu blusão cinza? – Lauren perguntou da porta do closet, usando apenas calcinha com os seios protegidos por uma toalha. – Eu não estou encontrando em lugar nenhum.

─ Eu o coloquei na sua gaveta de roupas para dormir, tem certeza e que não está lá?

Lauren negou com a cabeça.

─ Já olhei em tudo e não achei.

─ Espera. – virou-se para ajeitar Noah, o deixando no meio da cama com Alicia de um lado e travesseiros do outro. – Pode olhar seu irmão um pouco, Licie? Eu já volto.

─ Sim, senhora. – a menina sorriu, abraçando Noah como se fosse seu ursinho.

Camila beijou o rosto dos dois, colocando a chupeta na boca de Noah e os cobrindo com o lençol.

─ Obrigada, querida.

─ De nada, mamá.

Alicia beijou a ponta do nariz do irmão, que agora estava focado em sugar sua chupeta e segurar o pijama da irmã mais velha. Noah tinha adquirido essa mania recentemente, dormir agarrado com Alicia e segurando a roupa da menina como se garantisse de que ela não sairia de seu lado.

Não demorou muito para Camila e uma Lauren – já usando o blusão cinza que, adivinhem, estava no closet e do lado de suas roupas – voltarem para o quarto. Porém, elas pararam na porta do closet e ficaram observando os filhos agora adormecidos na cama delas. Lauren abraçou Camila por trás e descansou o queixo em seu ombro, e Camila jogou a cabeça para trás apoiando contra o corpo da morena. Ambas observavam os pequenos dormirem em paz, finalmente em paz, algo que não tinham em tempos.

Finalmente, tudo estava se encaminhando.

─ Eles vão dormir aqui a noite toda de novo, não é? – Camila sussurrou, temendo acordá-los.

─ Provavelmente.

Ambas sorriram e, então, foram para a cama deitarem-se com seus filhos. Seria apenas mais uma noite normal na pequena família que elas vinham construindo aos poucos. Pequena, mas finalmente feliz família.

 

 


Notas Finais


Que capítulo mais nhow né? Tem que diversificar nos tombos porque né...

O QUE ACHARAM DO CAPÍTULO, EM? E DAS FOTOS QUE EU ADICIONO AQUI? Porque as montagens dão trabalhou viu '-.- espero estar sendo valorizadas!

E sobre o smut, eu não sou muito fã em escrever cenas assim então se não ficou bom foda-se vai ficar desse jeito.

AAAANYWAY... HTLF 52K E 500 FAVS \O/ PA POW PUFF PA PA POW (meus fogos lindos) EU AMO VOCÊS OBRIGADA OBRIGADA OBRIGADA POR ESTAREM DEDICANDO SUAS LEITURAS A MINHA HISTÓRIA, SÉRIO! Obrigada a quem vem me apoiando desde sempre, vocês são incríveis!

Enfim, obrigada a cada leitor! De coração, muito obrigada por tudo mesmo!

Vejo vocês na próxima atualização, cookies!

AAAAH MAS ANTES TENHO DUAS COISINHAS PRA DIZER AQUI: FINAL DE ANO. CROSSOVER.

e.e

Fiquem em paz, até mais ver!

Byyyye!


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