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História How we Collide - Do I wanna know?


Escrita por: rexlapis

Notas do Autor


Atualizando na correria e morrendo de amor ao mesmo tempo mood

Espero que gostem, e boa leitura!

Capítulo 3 - Do I wanna know?


Nós dois não sabemos

que as noites foram feitas principalmente

para dizer coisas que não podemos dizer amanhã?

(Arctic Monkeys)


 

Depois do que Baekhyun me pediu para fazer, eu voltei para casa, ensopado, cansado e com vontade de vomitar. Eu teria aula de manhã, uma quarta-feira deprimente, e não podia nem mesmo pensar em faltar. Ficar em casa era correr o risco de perder alguma coisa importante para as provas, e eu não podia me dar a esse luxo.

O estresse vinha me consumindo há dias. Eu estava na Yonsei porque era um bom aluno, porque me matava estudando e porque, até então, me formar e ter uma carreira de sucesso eram meus únicos objetivos de vida. Mas mesmo quando pedi transferência da minha universidade nos Estados Unidos, eu ainda tive de fazer uma série de provas que eram quase um segundo vestibular, para garantir que eu estivesse apto a cursar qualquer coisa dentro da tríade da SKY.

Mesmo que meus pais pagassem uma boa parte da mensalidade, eu ainda estava ali por mérito, uma das poucas coisas das quais eu me orgulhava, e só de pensar que isso poderia ser massacrado pela chegada de uma criança, eu já entrava em colapso.

Porque, bem, eu não era idiota. Tinha uma irmã mais nova e acompanhei a gestação da minha mãe. Eu sabia – mais ou menos – quanto tempo era necessário para uma criança ser capaz de se adaptar, sabia que tinha que ter paciência e uma atenção focada só na criação dela, e essas coisas batiam de frente com meus estudos, com meu trabalho de meio período na lojinha de conveniência do dormitório e com o pouco descanso que eu tinha nos fins de semana.

Só que minha mãe teve apoio do meu padrasto e do meu irmão mais velho o tempo todo enquanto passava por aquelas coisas. E Baekhyun, indiretamente, me dissera que eu não teria o apoio dele. Por mais que ele não tivesse falado com todas as letras, era óbvio que estava buscando justificativas para não fazer parte daquilo.

E isso era uma merda, porque eu teria que falar com meus pais antes da hora, teria que aguentar uma briga que provavelmente me daria bastante dor de cabeça, e, de quebra, ainda faria a amizade do meu irmão com Baekhyun entrar em decadência.

Ainda assim, a coisa que mais martelava na minha cabeça era a esterilidade dele. Mentir sobre ser estéril era ir longe demais, ele havia me engravidado! Aquilo não podia ser uma desculpa, e esse era o motivo de eu estar me perguntando por que diabos ele me disse que era estéril. Porra, eu estava com a merda do teste! Ele era estéril como?

Aquilo não fazia sentido nenhum, e eu esperava muito que Baekhyun percebesse isso logo e voltasse atrás em sua decisão de me deixar sozinho, porque eu realmente não queria recorrer a um teste de paternidade para afirmar para ele que ele tinha, por menor que fosse, algo a ver com tudo o que vinha acontecendo comigo. Seria vergonhoso chegar a esse ponto, principalmente quando eu tinha certeza de que ele sabia que eu só me relacionava sexualmente com ele.

Baekhyun não foi meu primeiro namorado (para ser sincero, acho que não dava para chamar o que tínhamos de namoro), mas foi minha primeira vez. E eu acho que ter sido minha primeira transa tornava ele um pouco mais memorável do que os outros caras com que eu já fiquei na vida.

Talvez porque Baekhyun foi o primeiro deles a não sair da minha cabeça um segundo sequer.

Ou talvez porque ele fizesse um rastro de destruição por onde passava e, naquele momento, eu fosse parte das coisas quebradas deixadas para trás.


 

+


 

Eu conheci Baekhyun no fim do recesso de Inverno.

Havia acabado de chegar em Seul e estava levando minhas caixas cheias de coisas para dentro de um dos quartos na casa do meu irmão mais velho, Chanyeol, que tinha dinheiro suficiente na poupança para pagar o aluguel de um lugar quase grudado ao campus.

Baekhyun chegou de carro um tempo depois, acompanhado de um garoto com sorriso de gatinho que não parava de tagarelar um segundo que fosse sobre a banda da qual ele fazia parte.

Eu sei que muitas pessoas se apaixonam à primeira vista, mas vou ser honesto e afirmar que acho isso bem ridículo. Quer dizer, para mim sempre soou muito fantasioso me apaixonar por alguém só de olhar, e ser Byun Baekhyun não fez diferença. Pelo menos, não nesse quesito.

No início, ele não chamou minha atenção. Baekhyun era quietinho e se destacava por isso, porque meu irmão era a representação da euforia, e o cara do sorriso de gatinho era o próprio caos. Os dois juntos faziam uma cacofonia que me dava dor de cabeça, e no meio disso havia Baekhyun, uma garrafa de cerveja e um silêncio anormal.

Eu não percebi isso de cara porque eu era o garoto novo e eles eram discretos em sua relação. Baekhyun sorria muito quando estava com eles, principalmente para as piadas sem graça do garoto da banda, e por isso eu pensava que ele fosse como eles.

Pouco a pouco, comecei a reparar que a presença dele era constante na minha nova casa, normalmente à noite, quando Chanyeol chegava do trabalho e a gente se reunia na sala para olhar filmes que me faziam dormir na metade e ouvir meu irmão tagarelar sobre o dia entediante dele. Na maioria das vezes, era só Baekhyun, mas quando o cara do gatinho ia pra lá também, o silêncio – quase – mórbido era transformado em bagunça.

Eles se davam bem, e, com o tempo, passei a me dar bem com eles também, a fazer parte daquilo.

E quando reparei, eu estava prestando mais atenção do que deveria em Baekhyun, no sorriso aberto dele e na forma mansa de falar com a gente.

Acho que ele reparou em mim também, por mais que eu seja péssimo em autodefinições e ache bem difícil encontrar algo na minha fisionomia para chamar atenção. A única coisa que eu sei com certeza é que, em uma dessas noites de filme, Chanyeol subiu para tomar banho e eu fui para a cozinha pegar o telefone para pedir pizza. Baekhyun apareceu, nós trocamos meia-dúzia de palavras e então ele estava me beijando, depois que eu disse que ele até que era bonitinho para um punk.

Uma das poucas coisas das quais eu me orgulhava era minha capacidade de flertar com alguém mesmo nervoso, e eu estava nervoso quando disse aquilo para ele, porque porra, Baekhyun não era só bonitinho. Eu admito que vinha me sentindo cada vez mais atraído pelo conjunto todo, e isso era complicado, porque ele era o melhor amigo do Chanyeol, e, bem, eu não queria tirar dele a pessoa com quem tinha mais intimidade ali.

Só que Baekhyun provavelmente não ligou muito para isso; talvez nem tenha passado pela cabeça dele.

Mas eu lembro que na semana seguinte ao primeiro beijo ele apareceu na nossa porta, duas horas antes do Chanyeol chegar, e a gente ficou se agarrando no sofá até eu abaixar as calças e me lembrar que 1) eu era um cara, e caras precisam estar “limpos” para transar com outros caras e 2) não tinha lubrificante (pelo menos, não que eu soubesse).

Então eu vesti minha calça de novo e a gente voltou a se agarrar, porque ele tinha sido bem legal e entendido a situação, sem perder a chance de tirar uma com a minha cara, porque era óbvio para caralho que eu era virgem. Palavras dele.

Quando Chanyeol chegou, Baekhyun já tinha ido embora e eu estava na sala ainda, deitado no chão, pensando que porra, eu ia dar pela primeira vez, e somado a isso ainda vinha o fato de que Baekhyun estivera ali por mim. Ele queria me ver, só eu.

Meu irmão jogou uma almofada na minha cara por estar sorrindo igual um idiota, e eu só consegui rir.

Porque se eu estava migrando para aquele processo de me apaixonar por Baekhyun…

Significava que ele estava se apaixonando por mim também.


 

+


 

A manhã foi um inferno, exatamente como previsto.

Baekhyun e eu não cursávamos a mesma coisa, então nossas aulas eram em prédios diferentes, o que, por um lado, era até que bom. Mas a gente ainda se esbarrava nos corredores, principalmente quando ele ia para o prédio da administração, o que acontecia com frequência.

Daquela vez não foi diferente.

Ele passou por mim quando eu estava a caminho do laboratório de fotografia, minha matéria secundária, e ele correndo para a administração com um monte de papéis nas mãos. Pensei que fosse ignorar completamente a minha existência, até porque ele estava na correria, e acompanhado de alguns colegas, ainda por cima, mas… ele não fez isso.

Na verdade, Baekhyun parou no meio do corredor, me observando por uns segundos que pareceram infinitos, antes de se virar e voltar para suas próprias preocupações.

O problema é que… nesse curto espaço de tempo, a gente ficou perto um do outro, e o cheiro dele era forte o suficiente pra impregnar no ar, uma mistura de álcool e perfume amadeirado que chegou para mim como um soco.

Quando Baekhyun se virou para seguir seu caminho, eu me virei também, mas na direção do banheiro, sentindo minha boca salivar em excesso e a minha língua parecendo pesar. Junmyeon estava comigo durante o intervalo entre as aulas, então ele me seguiu na velocidade da luz, entrando e fechando a porta da cabine onde eu havia me enfiado, para largar as minhas coisas no chão e me ajudar a vomitar todo o meu café da manhã.

Depois de pôr as tripas para fora e limpar a boca no casaco que eu tinha na mochila, me sentei ao lado dele no chão. Minha cabeça doía pelo estresse e pela noite mal dormida, e meu estômago parecia querer expulsar toda e qualquer coisa que ainda houvesse em seu interior, se contraindo dolorosamente e me fazendo cogitar se eu deveria enfiar os dedos na goela e vomitar mais para aquilo passar.

“Quando você descobriu?” A voz de Junmyeon era muito baixa, um sussurro calmo que eu demorei para assimilar.

Não vi muita surpresa nos olhos dele, e pensei que refletiam os meus. Devia estar óbvio na minha cara que eu sabia o que aquilo era, então nem tinha motivos para negar, ainda mais para ele.

Junmyeon havia se tornado meu amigo muito rápido. Ele fazia aula de Administração e a gente se conheceu no laboratório de Fotografia, porque ele também escolheu essa como sua matéria secundária. Ele era descendente de irlandeses ou escoceses, algo do tipo, e misturava muito os sotaques, o que eu achava engraçado. A gente se aproximou porque eu estraguei a foto dele abrindo a porta do quarto antes da hora, e acho que nunca mais vou vê-lo tão puto como ficou naquele dia, me olhando silenciosamente, como se quisesse jogar todas aquelas coisas na minha cabeça.

Chanyeol tinha amigos incríveis, mas eram os amigos dele, e eu me sentia um intruso enfiado no meio, porque eles tinham piadas internas, gírias próprias e histórias que só eles conheciam. Tudo era motivo de risada e zoação, e eu não poderia fazer parte disso porque não estive com eles quando aquelas memórias foram formadas. Então, por mais que todos os três fossem legais até demais comigo, eu também precisava de um bando próprio.

Acabei me enturmando mais com Joy, a estudante maluca e natureba de Biotecnologia, e Junmyeon, que seria sempre lembrado por mim como o carinha da raiva silenciosa. Apesar de eu ser mais próximo do Kim, Joy não ficava de fora quando saíamos para tomar café e coisas do tipo. Ela gostava da gente, nós gostávamos dela e isso era suficiente, mesmo que eu sempre notasse um clima esquisito entre eles dois.

Só que, apesar de eu confiar nela… Junmyeon seria sempre a primeira pessoa para quem eu recorreria.

“Há uns dias.” Respondi depois de um tempo infinito de silêncio mórbido. “Eu fui na farmácia pra comprar remédio pra enjoo e voltei pra casa com um teste de gravidez.”

Junmyeon olhou para mim de uma forma compassiva que eu não estava esperando. Era quase como se ele entendesse, e eu fiquei um pouco chocado com aquilo. Esperava julgamentos, qualquer coisa, menos compreensão. Ele era meu amigo, mas me diria se eu fizesse merda e… bem. Eu meio que havia feito.

“Era o Han que estava lá?” Jun quis saber.

Encolhi as pernas, aproximando os joelhos do peito e encostando a cabeça na parede gelada. Minha bunda estava congelando no frio do piso, mas eu não me importava, porque precisava urgentemente relaxar, só um pouquinho, daquela tensão toda me consumindo.

“Sim.” Afirmei, lembrando do rapaz. Ele era estrangeiro e trabalhava na farmácia há uns dois anos. Quando fui comprar o remédio pra enjoo, pensando que fosse um problema relacionado ao meu nervosismo, ele me perguntou sobre sintomas, e então sumiu entre as prateleiras para voltar com uma caixinha azul-clara e bonitinha. Eu não saberia descrever o tamanho do meu desespero quando vi aquilo. “Ele inclusive foi bem legal em me explicar como funcionava direitinho, porque eu acho que devia ser muito óbvio que eu estava entrando em colapso.”

Junmyeon ficou em silêncio, e eu meio que agradeci por aquilo, porque não estava muito a fim de conversar com ninguém. Naquele momento, eu quis voltar para casa, mas ainda tinha mais dois tempos de aula, um antes e outro depois do almoço. E, mesmo quando eu voltasse, não ia ficar parado muito tempo, porque de noite eu ainda precisaria cumprir minha carga de seis horas no trabalho.

Quando eu pensava sobre isso, não entrava na minha cabeça uma maneira em que um filho pudesse ficar entre os dois, minhas principais obrigações. Eu teria de trancar minha cadeira para cuidar do bebê, e provavelmente abrir mão do trabalho também, porque era de noite e eu não teria como deixar a criança sozinha, mesmo depois que ela crescesse um pouco. Talvez eu estivesse me precipitando, mas era difícil tirar aquilo da cabeça quando a cada minuto que passava eu via mais e mais coisas que seriam deixadas para trás em pouquíssimo tempo.

Eu sabia que não seria opcional, eu teria que abandonar algumas coisas do meu cotidiano.

“Eu não sei o que eu vou fazer.” Murmurei.

“Você já conversou com ele?” Junmyeon se inclinou para frente, abraçando os joelhos e me olhando de soslaio.

Suspirei. Não havíamos falado muito sobre aquilo pelo curto espaço de tempo, mas…

“Já. Ele, praticamente, disse pra eu me virar.”

As sobrancelhas do meu amigo franziram, e a expressão dele foi de compassiva pra interrogativa em um milésimo de segundo.

“Isso é algum tipo de piada?”

Fiquei em silêncio. Na minha cabeça, as cenas da minha conversa com Baekhyun se repetiam, continuamente, como um flashback em loop. Senti vontade de vomitar de novo, mas não queria me mover e ficar de joelhos para expelir todo e qualquer líquido dentro do meu estômago mais uma vez, então me contive, respirando fundo para que a vontade passasse.

“Como eu queria que fosse.”


 

+


 

No fim das contas, eu perdi o último tempo de aula. Era Fotografia e tínhamos prática, o que significava ir para a sala de revelação, cheia de produtos químicos com cheiro forte e coisas do tipo.

Antes de começar a passar mal, peguei minhas coisas e fui para casa, a pé e sozinho, pensando em mil e uma coisas e em nada ao mesmo tempo. Eu tinha meu dormitório na universidade, mas quem ficava nele era um garoto do primeiro ano, enquanto eu dividia a casa com meu irmão. Apesar disso, meu nome ainda constava na lista, e era por isso que eu trabalhava na loja de conveniência do prédio.

Cheguei em casa me sentindo esgotado. Tirei os tênis na entrada, deixei a mochila no chão e fui para o sofá descansar um pouco, pelo menos até o relógio marcar seis horas e eu precisar sair outra vez. Pensei em mandar mensagem para Jaemin, pedir que ele me substituísse só naquele dia, mas eu mal abri o chat dele e já estava dormindo.

Uma vez, li em algum lugar que os sonhos são reproduções do nosso subconsciente, coisas que já vimos e que acabamos associando com outras e outras, e aí, quando estamos inconscientes, elas se mesclam e constroem cenas que se parecem com memórias, mas fantasiosas.

Por conta disso, não posso dizer que fiquei muito surpreso de sonhar com Baekhyun. Não foi nada excessivamente romântico ou bobo, estávamos na universidade, nos degraus perto da área externa que levava para a cantina. Ele estava sorrindo, estendeu a mão e pegou a minha. E então eu acordei, sentindo um aperto no peito por não conseguir me lembrar de uma única vez em que ele segurou minha mão daquele jeito.

Me movi devagar, sentindo dor nas costas e percebendo que era porque havia dormido de mal jeito, mesmo que estivesse na minha cama, no andar de cima. Estranhei o escuro, ainda mais com a janela meio aberta, e me desesperei um pouco ao olhar para o relógio digital e ver que já passava das oito.

Escorreguei pra fora da cama, procurando pelo meu celular. Não estava na base de carregamento, onde eu costumava deixá-lo, e nem no meio dos lençóis. Olhei debaixo da cama, tateando no escuro, porque as vezes eu deixava ele cair enquanto dormia.

Nada.

Eu provavelmente teria voltado a dormir, mas não me lembrava de ter falado que faltaria o trabalho hoje, e isso significava que ninguém estava lá pra assumir minha parte. Só haviam mais duas horas de expediente, e se eu não fosse demitido, por alguma sorte inimaginável, aquelas duas horas de atraso seriam descontadas do meu salário, que já não era aquelas coisas.

Tropeçando para fora do quarto, desci as escadas devagar, pensando em procurar meu telefone na sala, que era o último lugar onde eu havia estado. Meu irmão costumava me colocar na cama se eu dormisse na sala, principalmente quando era quarta-feira e noite de filmes, e eu não podia ficar jogado no sofá.

Quando cheguei ao último degrau, acabei parando. A escada ficava entre duas paredes, tapando a visibilidade tanto da sala quanto da cozinha para quem estivesse descendo ou subindo os degraus. Do lado direito, ficava a sala, e era dali que as vozes vinham.

As luzes estavam apagadas, mas havia um brilho azulado, que eu concluí ser da televisão ligada.

“Que merda é essa?” Era a voz do Baekhyun, soando divertida como o habitual.

A falta de barulho indicava que Jongdae não estava ali.

“É Pulp Fiction.” Chanyeol respondeu, e a luz azulada se transformou em outras cores, mais escuras. “E não é uma merda, cara, qual o seu problema?”

Revirei os olhos.

“Ah, é um daqueles filmes do Chanyeol. Saquei.” Baekhyun brincou, e eu conseguia vê-lo sorrindo ao provocar meu irmão.

Chanyeol riu. “O que você quer dizer com isso?”

“Nada.” Estranhei a atitude dele, que não costumava terminar assuntos na metade. “Quero assistir Blade Runner, então… por favor.”

Revirei os olhos de novo. Era o filme preferido dele. Eu gostava mais de Matrix, Blade Runner era quase entediante para mim, talvez porque sempre assistíamos esse filme quando éramos só nós três na noite dos garotos. Se Jongdae estivesse ali, ele teria sugerido algum jogo ou aposta para decidir o filme. Normalmente ele ganhava, e nós acabávamos assistindo alguma ficção científica sem sentido ou alguma ação farofa, como Transformers.

“A gente sempre assiste Blade Runner, Baekhyun.” Chanyeol resmungou, mas não era sincero. Eles se provocavam o tempo inteiro, mas no final faziam o que o outro queria. Era uma espécie de acordo de melhores amigos que eles tinham.

No começo eu não entendia aquilo, mas depois que conheci Junmyeon e Joy, passou a fazer sentido.

“Será que é por que é o melhor filme do planeta?” A voz de Baek pingava sarcasmo, o que significava que ele estava se divertindo. Baekhyun tinha uma forma peculiar de se distrair e se fazer rir. Ele normalmente irritava as outras pessoas. “Anda, coloca logo.”

Consegui visualizar Chanyeol suspirando, pelo curto espaço de tempo em que ele ficou quieto.

“Eu desisto de você.” Meu irmão disse.

“Obrigado. Demorou muito, até.”

Então eles voltaram a ficar em silêncio. Concluí que Chanyeol devia estar colocando o filme no DVD. A gente tinha TV a cabo, mas não era a mesma coisa que rodar um disco, palavras deles.

“Cadê o seu irmão?” Baekhyun perguntou depois de uns minutos. Eu fiquei quieto, sem me mover um centímetro porque achava que estava em Inception e acordaria daquele sonho sem saber como termina. “Ele não vai assistir?”

“Sehun tá dormindo, eu não quis acordar porque ele parecia bem mal quando eu cheguei, dormiu no sofá.” Chanyeol soou preocupado, o que não me surpreendia nem um pouco. Desde que eu havia começado a morar ali, era mais como se estivesse vivendo com um tutor legal do que um irmão seis anos mais velho. “Cê não falou com ele hoje?”

Cruzei os braços, esperando a resposta de Baekhyun.

Ele hesitou, por bem mais que uns segundos.

“Não muito.”

“Ah.” Chanyeol ficou quieto de novo, por pouco tempo. “Você pode conversar com ele amanhã? Acho que ele se sente mais confortável com você e eu não quero pressioná-lo, mas acho que ele tá incomodado com alguma coisa, sabe? Instinto fraternal e essas merdas.”

Mais silêncio desconfortável, e então:

“Tá. Eu falo com ele, sim.”


Notas Finais


só queria dizer que eu amo Blade Runner


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