História Humandog - Wolfstar - Único; Meu cãozinho

Remus Lupin encontrava-se deitado em sua cama, de bruços com seu rosto escondido em seus braços. Novamente ele chorava, chorava até não aguentar mais e seus olhos incharem ao ponto de ficarem vermelhos.

O seu pesadelo novamente se tornara realidade, o seu maior temor. Seu cachorro, seu amado Pastor Alemão havia morrido por conta de uma epidemia que se alastrava pelos cachorros de Godric's Hollow e região, e o pior de tudo é que essa não era a primeira vez que Remus tinha perdido seu cachorro.

"N-não acred-di-to que isso aconteceu de-denovo…" - pensou, estava tão abalado que até mesmo em seus pensamentos ele gaguejava.

Um soluço alto ecoou pelo quarto ao mesmo tempo em que a porta de seu quarto era aberta.

— Moony… - a voz de seu melhor amigo o chamou em tom de consolo - Está tudo bem… Ele está em um lugar melhor agora… - enquanto falava Remus pôde ouvir os passos dele se aproximando da sua cama.

— O-o Aaron, J-James… - falou entre soluços enquanto o mais novo¹ se sentava na beira da sua cama - A-acon-teceu denovo…

James respira fundo. O mesmo sabia o quanto aquilo era difícil para o amigo, era difícil para si também pois o mesmo era muito apegado ao, agora morto, Pastor Alemão Aaron.

— Eu sei que é difícil, Remus, é para mim também. Eu adorava brincar com ele, lembra? - ele diz passando as mãos nervosamente em seus cabelos negros, os bagunçando ainda mais, se é que era possível - Mas agora ele está em lugar melhor, e está brincando junto com a Nevasca, a Choco e o Márlow.

Assim que terminou de falar, James imediatamente se arrependeu das suas palavras ao ver que o amigo apenas começara a chorar mais à menção dos seus falecidos cachorros. Soltou um longo suspiro e colocou-se a pensar.

Conhecia Remus desde que eram bebês, as famílias eram amigas e moravam em ruas praticamente vizinhas. James lembrava-se de quando eram menores e Remus sempre ficava comentando, e monologando, sobre o quão legal seria ter um lobo, o mesmo sempre achou que eles eram criaturas belas e incríveis, mas como não podia ter um ele vivia falando que queria e iria ter um Pastor Alemão ou um Husky Siberiano, que são as raças com mais semelhança a um lobo por conta do formato do seu corpo.

Também lembrava-se de quando o apelidou de Moony, pois o mesmo sempre gostou de admirar a lua e ficava sempre encantado quando a mesma estava cheia, coisa que fez com que James cogitasse que Remus poderia ser um lobisomem, mas logo dispensou a ideia ao constatar que não havia nenhuma chance de isso ser verdade.

— E-eu nunca m-mais vou ter um cachorro…! - Remus disse, tentando se acalmar, enquanto virava-se de barriga para cima na cama e colocava as mãos no rosto.

Não, ele não poderia desistir assim. Foram tantos anos até ele finalmente conseguir convencer os pais a deixá-lo ter um cachorro, quatro anos para ser mais exato, já que Monny começara com a falação sobre lobos e cachorros aos seus 6 anos e agora ambos os dois tinham 10 anos.

— Moony, ter um cachorro sempre foi o seu sonho. Não desista dele assim. - James diz em tom consolador enquanto observava o mais velho - Um dia essa epidemia vai acabar ou vão achar a cura, já que é uma doença nova entre os cães e é a mais avassaladora, e então você vai poder ter um cachorro e cuidar dele durante os 15 anos de vida dele.

— Não, não e não. - Remus diz, já mais calmo - Eu nunca mais vou ter um cachorro. Nunca mais quero ter essa sensação horrorosa de perda novamente.

Era sempre assim, Rems, outro apelido de Remus, sempre dizia que nunca mais iria ter um cachorro após a morte do último. Novamente James suspira.

— Você sempre diz isso…

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Dois anos haviam se passado, agora tanto James quanto Remus estavam com seus 12 anos.

No momento Remus voltava de sua escola, onde cursava o sétimo ano do ensino fundamental. Era sexta-feira e Moony havia dado uma passadinha em um mercado no caminho de sua casa para comprar uma barra de chocolate, na qual o mesmo estava com muita vontade de comer.

Enquanto andava comia o seu chocolate quadradinho por quadradinho, uma mania sua. Como de costume ele passa por dentro de uma praça, pouco conhecida da região, para cortar caminho até a sua casa.

Remus sempre achara o local muito bonito, é uma pena que poucas pessoas conheçam aquela praça, mas também é uma sorte pois ele gostava de ir até ali para ler, e não gostava de estar cercado de barulho enquanto lê, o local sempre foi muito silencioso.

— Moony! - escutou a voz do seu melhor amigo atrás de si e logo virou-se para o mesmo, logo percebendo que o mesmo carregava em seus braços uma bolinha de pelos negra e toda embolada.

— Oi, James. - sorri amigavelmente para o amigo - Eu tinha te esperado para irmos pra casa juntos, mas você estava demorando muito.

— Ah, foi mal, - o mesmo sorri amarelo - eu estava de detenção. Coloquei bicarbonato de sódio nas garrafas de vinagre da cozinha da escola e me descobriram.

Remus balança a cabeça negativamente, mas acaba por soltar uma baixa risada.

— Só você mesmo, Prongs.

Prongs, ou Pontas, era o apelido que o primo de James, Peter Pettigrew, havia o dado por conta da quantidade de vezes que o mesmo fora pego de surpresa encontrando taxinhas e agulhas em sua cama ou cadeira². Peter também era amigo de Remus, embora o mesmo não o achasse muito confiável.

— Enfim, depois você me dá uma lição de moral igual você sempre faz quando eu apronto alguma coisa, porque agora olha o que eu encontrei escondido na cozinha da escola enquanto estava lá. - Prongs diz sorrindo abertamente para Remus enquanto estica a bolinha de pelos em direção ao mesmo.

Rems olhou para o peludo, e não demorou muito a perceber que era um cachorro, não era filhote mas também não era adulto. Realmente era uma verdadeira bola de pelos, cujo os mesmos estavam todos embolados e cheios de nós, e a única coisa que se podia ver ao meio dos pelos negros era um par de olhos grandes e cinzentos.

— Acho que ele estava tentando pegar alguma comida, deve estar faminto. - disse Prongs e Remus apenas permaneceu em silêncio encarando o peludinho, que também o encarava de volta — Ele é pequeno ainda, mas acho que não é um filhote… Você poderia cuidar dele, Rems!

E então, após vários segundos encarando o cãozinho, Remus voltou seus olhos para James.

— O que? Prongs, não… - sua voz falhou um pouco - Eu não posso…

— Claro que pode! - James parecia muito animado, Remus apenas o olhava receoso - Vamos, Mommy, tente pelo menos, nem que seja pela última vez.

Inicialmente Remus o olhou irritado por ter sido chamado de "Mommy", um trocadilho que Prongs achou engraçado assim que o descobriu e fazia questão de usá-lo com Moony, e logo em seguida seu olhar voltou a ser receoso, o que fez James suspirar.

— Você sabe que a cura para aquela epidemia entre os cães já foi encontrada, Moony. Se algo acontecer é só levá-lo ao veterinário. - diz James, insistindo.

— Mas…

— Mas nada. Tente pelo menos. - insistiu novamente e esticou mais seus braços com o cãozinho em direção a Remus.

O mesmo olhou novamente o peludo e pôde ouvir o mesmo chorando baixinho enquanto o olhava com aquele clássico olhar pidão.

Respirou fundo e, por fim, …

— Está bem… Eu vou tentar… - … cedeu. Pegou o cãozinho das mãos do amigo e o observou - Você precisa de um banho, amiguinho.

James sorriu com a cena.

— Precisa escolher um nome pra ele, é macho. - disse ele e Remus assentiu, pensativo - Acha que precisa de ajuda pra dar banho nele?

— Acho que sim… Tenho a sensação de que ele vai dar trabalho.

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— Paddy! Volte aqui! - Remus gritava enquanto corria pela casa tentando pegar a bola de pelos, no qual ele nomeou de Padfoot, ou Almofadinhas, por causa do seu pelo, mas ele também é chamado de Pads ou Paddy.

O cãozinho havia pegado um dos livros preferidos do seu dono e agora corria pela casa com o mesmo na boca, e Remus corria atrás dele tentando recuperar seu livro.

— Padfoot, devolva meu livro agora mesmo! - mas nada adiantava, o cachorrinho corria cada vez mais e, estranhamente, parecia rir da preocupação de Remus com seu livro.

Moony estava completamente certo quando disse que tinha a sensação de que aquele cãozinho daria trabalho. 

James sempre ia para a casa de Remus para ver como estava o progresso do mesmo com seu novo cãozinho, era assim há cinco meses desde que Moony o adotou. Agora, James se encontrava na casa dos Lupin e estava rindo do desespero do seu amigo quanto ao seu livro.

Remus, já cansado de tanto correr e para em frente ao seu amigo, e se inclina para frente apoiando suas mãos nos seus joelhos e com sua respiração ofegante.

— Ai, Moony… Parece que ele gosta de te irritar. - diz James, rindo. Remus o olha irritado.

— É, igual a alguém que eu conheço. - um Remus irritado fala em tom acusatório, o que só faz com que James ria mais.

De repente os dois escutam um latido e olham para a porta da cozinha, onde encontram um Padfoot com um pacote de balas de caramelo na boca.

— Como você pegou isso?! Os doces ficam em um armário no alto! - grita Remus - Me dê isso, Pads! - ao falar isso, Padfoot deita seu corpo no chão, ficando com a anca levantada e balançando o rabo, ainda com o pacote de balas na boca - Agora!

E, novamente, Remus começa a correr atrás de um Pads que parecia estar se divertindo enquanto Prongs ria.

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Quatro anos se passam rapidamente, e Remus não pode negar que esses foram os melhores últimos quatro anos da sua vida, tudo graças ao cachorro Padfoot. 

James e Remus, inclusive Peter que visitava Moony às vezes, achavam que Padfoot estava ficando cada vez mais estranho. Ele não agia como um cachorro e muitas vezes aparecia com coisas na boca que era, simplesmente, impossível de ele conseguir alcançar.

Havia alguma coisa de estranha naquele cachorro, e a maior delas, ou uma das, é que mesmo ele tendo 4 anos ou mais de vida, ele ainda não havia chegado no tamanho adulto. Remus, mesmo com as "esquisitices" de Paddy, adora aquele cachorro e, de alguma forma, sente que o ama, não da maneira que um dono ama seu bichinho de estimação mas sim como um homem ama sua mulher, ou vice e versa. Seria, algum dia, esse sentimento estranho, essas proezas e esquisitices do cão explicadas?

Bom, de qualquer forma, nesse exato momento Remus estava discutindo com Peter pois ele afirmava que Padfoot havia tentado matar seu rato de estimação, de nome Wormtail ou Rabicho, e em seguida havia tentado bater no cão com seu tênis e Remus viu, o que fez com que o mesmo ficasse furioso, afinal, ninguém batia no seu cachorro e nem levantava a mão para ele com más intenções.

— Ele tentou matar o meu rato! - brandava Peter.

— Ele é um cão, Peter, um cão! É o instinto canino dele, ele não tem culpa! - retrucava Remus.

— Claro que tem! Esse cachorro sempre foi estranho, desde que você o adotou, ele fez de propósito! Esse cachorro é anormal! - após essa fala de Pettigrew os olhos de Remus se encheram de fúria.

Ninguém falava mal do seu cachorro. Padfoot era especial para Remus, ele fora o único cão que Moony teve e que não morreu.

— Moony, calma… - pediu James que também estava presente no local e tentava acalmar o primo e o melhor amigo. Mas já era tarde demais.

— Como você se atreve? - pergunta Remus, já não tentando mais manter sua calma - COMO VOCÊ SE ATREVE A FALAR ASSIM DO MEU CACHORRO?! QUEM VOCÊ PENSA QUE É?! VOCÊ ESTÁ NA MINHA CASA, VOCÊ NÃO TEM ESSE DIREITO! POR ACASO JÁ TE FALARAM QUE VIOLÊNCIA CONTRA ANIMAIS É UM CRIME?! - enquanto falava Remus ia se aproximando de Peter de forma ameaçadora, já o mesmo ia recuando em direção a parede há alguns metros atrás de si.

James se assustou com a atitude do amigo. Nunca vira Remus com tanta raiva assim, nem mesmo quando caçoavam de Prongs na escola e Moony o defendia, ele devia mesmo amar muito esse cachorro para estar gritando e perdendo a postura assim.

— VOCÊ TEM SORTE, PETER, MUITA SORTE! EU TENHO MUITA VONTADE DE DAR NA SUA CARA, SEMPRE TIVE ESSA VONTADE! - agora Peter se encostava na parede, segurando firmemente o bolso do seu moletom onde Wormtail estava - SEU CARA DE PAU! SEU… SEU…

— Moony…? - chamou James. Se Remus fosse mesmo dizer o que Prongs pensava… Padfoot latiu do canto da sala, onde estava sentado em sua caminha, observando tudo.

— FILHO DA PUTA! - Remus gritou tão alto que James pôde ter certeza que a rua inteira escutou - VOCÊ NÃO PASSA DE UM TRAIDORZINHO! SEU… - Remus então respirou fundo, percebendo que havia perdido a compostura, mas ainda sim olhava para Peter ameaçadoramente.

James olhava tudo perplexo. Remus havia xingado seu primo, e palavrões não eram comuns vindos do seu melhor amigo. Já Remus pensava o mesmo, não acreditava que havia se deixado levar pela raiva.

Os dois foram retirados dos seus pensamentos por Peter.

— EU?! TRAIDORZINHO?! JAMES, POR ACASO VOCÊ SABE QUEM FOI QUE FICOU COM AQUELA SUA EX NAMORADA, A SABINE?! FOI O REMUS!

— EU?! - indignou-se Remus ao mesmo tempo que James o olhava de forma surpresa.

— Remus… Você…? - antes que James terminasse de falar Remus o corta.

— Não, James! Não fui eu! Foi ele! - falou em um tom acusatório apontando para Peter - Eu vi ele e ela se beijando e até tirei foto! Agora ele está tentando persuadir a Lily pra ficar com ela!

James não sabia em quem acreditar, seu primo ou seu melhor amigo? Padfoot sai correndo da sala e sobe as escadas.

— Ah é? - duvidou Pettigrew - E onde está essa foto, hein?

— No meu quar… - Remus foi interrompido por um latido e olhou para os seus pés, onde se encontrava Padfoot segurando duas fotos na boca. Remus logo pegou ambas e mostrou a James e a Peter - Aqui!

Em uma das fotos estava Peter, quando tinha 8 anos, e uma garota loira que aparentava ter a mesma idade, os dois estavam se beijando enquanto estavam sentados em um banco da escola em que os três estudavam. Já na outra também estava Peter, mas dessa vez estava com Lily, a atual namorada de James, uma garota ruiva de olhos verdes, Peter a prensava na parede e estava com um sorriso malicioso no rosto enquanto Lily estava com o rosto virado e estava claramente tentando sair dali. Ambas as fotos foram tiradas de longe.

— Peter… - sussurrou James, algumas lágrimas brotavam no canto dos seus olhos.

— Me desculpe, Prongs… Eu queria ter te contado antes, mas… Não queria te ver chateado… - desculpou-se Remus.

— Como você pôde?! - perguntou James, elevando um pouco sua voz, e olhou para Peter - Eu confiava em você, seu traidor!

Peter o olhou, não com um olhar de culpa nem com um olhar irritado mas sim com um olhar debochado.

— O que foi, primo? Chateado só porque eu peguei sua ex e agora estou tentando pegar a sua atual namorada? - ele ri - Você é um idiota por não ter percebido. E você, Lupin, é um completo babaca! Não sei nem porque eu te dou moral pra falar comigo. - de repente ele adquire uma pose pensativa - Você gritou comigo, não é? E ainda por cima me xingou. Acho que você se esqueceu completamente, Remus, de quando eu te disse que eu não aceito ser humilhado ou rebaixado. - ele diz e então ergue a mão, claramente preparando a mesma para desferir um tapa forte no rosto de Remus, cujo mesmo se assustou.

— Você não tem o direito de agredir ele, Peter. - falou James, já não estava mais lacrimejando e adquirira uma pose de raiva.

— Cale a boca, James! - ordena Peter, com ar de quem manda, e então lança sua mão para frente, aproximando a mesma do rosto de Moony.

O mesmo fechara seus olhos, esperando o tapa, ou melhor, o soco, pois vira Pettigrew fechando seu punho antes de fechar os olhos. Poderia tentar evitar, desviar, mas nunca fora bom nisso então apenas aceitou e esperou a dor atingi-lo. Mas nada veio…

— M-Moony… - gaguejou James, parecia surpreso.

Remus abriu os olhos e logo em seguida tomou um susto, um garoto que aparentava ter a sua idade estava parado à sua frente, segurando o pulso de Peter que o olhava com os olhos arregalados.

Deu alguns passos pra trás e, pela surpresa e por não estar conseguindo raciocinar direito, acabou tropeçando no tapete da sala e caiu sentado no chão.

— Você não vai tocar nele na minha frente, e nem vai se atrever a agredí-lo enquanto eu estiver presente. - o garoto misterioso falou. Sua voz era rouca e um tanto grave.

— Q-quem é você? - os três perguntaram ao mesmo tempo e viram o garoto dar um sorriso maroto.

— Podem me chamar de Sirius, ou Padfoot.