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História Hurts Like Hell - Confiança


Escrita por: beabea e Gessikk

Notas do Autor


Olá, lindos! Capítulo novo para vocês!
Hoje não estou muito criativa para as notas iniciais, mas realmente espero que gostem do capítulo. Eu e a Bea estamos bem animadas, planejando tudo que vai acontecer na fic e ficamos muito felizes com cada comentário e com cada leitor que vem falar sobre Hurts (e cobrar capítulos) com a gente!
Então... boa leitura.

Capítulo 24 - Confiança


Terceira pessoa

Allison não sabia ao certo o que tinha ido fazer na academia de luta. Ela estava parada em frente à porta de vidro do lugar durante uns dez minutos. Tentava decidir se entrava ou dava meia volta e ia finalmente para a escola.

— Eu nunca falto aula à toa! O que estou fazendo aqui? — Perguntou para si mesma, chegando à conclusão de que era tarde demais para ir à escola. Chegaria muito atrasada e quase não assistiria nenhuma aula.

Bufando, ela decidiu que como já estava ali, era melhor entrar logo. Empurrou a porta de vidro e não se deu ao trabalho de falar com a recepcionista. Simplesmente entrou no lugar conhecido e procurou com os olhos a pessoa que ela procurava.

Não demorou muito para achar Derek. O homem estava sem camisa, usando luvas de boxe. Atingia um saco de pancadas com socos firmes e certeiros. Pulava no lugar ao fazer os movimentos de luta e controlava a respiração de modo que fosse curta e continua.

Por apenas alguns segundos, ela se permitiu analisar o corpo dele. Afinal, não era todos os dias que tinha a oportunidade de ver Derek Hale sem camisa, usando apenas uma bermuda folgada.

Observou os músculos bem distribuídos e o abdômen definido. A pele bronzeada e a ponta da cueca preta escapando da bermuda. Não tinha como negar que era uma bela visão.

Só de olhar para ele daquela forma, Allison sentiu o rosto esquentar de vergonha. Com muita relutância, ela desviou o olhar e negou com a cabeça um par de vezes. Respirou fundo e mesmo sabendo o quanto devia estar corada, andou em direção ao homem.

Chegou perto o suficiente de Derek para ver as gotículas de suor escorrendo pelo corpo exposto. Era uma visão muito, muito sexy. Isso a deixou desconcertada. As palavras que queria dizer morreram em sua garganta.

— Argent? — Derek parou de socar o saco de pancadas e virou, surpreso, na direção da garota.

— Oi. — A voz saiu mais sufocada do que ela gostaria.

— Scott não está aqui.

— Eu sei. Não vim falar com ele. — Allison encolheu os ombros e voltou a encarar o chão.

Derek abriu um sorriso admirado ao ver o constrangimento dela. Saiu do ringue onde estava e ficou bem ao lado da Argent. Pegou uma garrafa de água e jogou por cima do peitoral suado, tentando se refrescar.

— Você veio me ver? — O sorriso aumentou ao perguntar. Ele ergueu as sobrancelhas de um jeito malicioso.

— Não me olha desse jeito. Eu só vim conversar!

Decidido a provocar a garota, Derek segurou de leve no braço dela. A puxou com extrema delicadeza para saírem do meio dos alunos que treinavam. Foi até perto do vestiário e fez com que Allison ficasse contra a parede.

Com uma expressão travessa, apoiou a mão ao lado da cabeça de Allison. Viu com prazer, os olhos chocolates da menina analisarem seu corpo com muito interesse. De alguma forma, o sorriso enorme já estampado em sua boca foi capaz de se expandir ainda mais.

 

— Sobre o que você quer conversar, Argent? — Sua voz soou arrastada ao pronunciar o sobrenome dela.

Percebeu como Allison estava com dificuldade para se concentrar. Os olhos não paravam de subir e descer por seu tronco nu. Satisfeito, ele se permitiu olhar também para o corpo a sua frente.

O legging justo marcava as pernas torneadas, a blusa curta e larga deixava um pequeno pedaço da barriga muito branca aparecer. Automaticamente, ele mordeu o lábio inferior e essa simples atitude fez com que os olhos de Allison se voltassem para sua boca.

— Avise quando você conseguir parar de me devorar com os olhos. — Allison tremeu com aquela frase. Os olhos se arregalaram e finalmente se fixaram no rosto do homem. — Se quiser ver o que eu escondo debaixo da bermuda, é só falar que eu mostro para você lá dentro. — Com um sorriso sem vergonha, Derek apontou na direção do banheiro masculino.

— E-eu... — Ela gaguejou e se xingou pela falta de coragem. Encarou o chão e respirou fundo. — Você consegue ficar algumas horas fora daqui?

O rosto de Derek estava deixando Allison tonta. Parecia que todos seus planos do que queria falar se derreteram no momento que se deparou com o homem. Aquela barba cerrada, os olhos verdes maldosos, os dentes afiados exibidos em um sorriso safado e a boca grossa, a deixava desnorteada.

— O que você quer fazer comigo? — A pergunta maliciosa fez Allison revirar os olhos. Ela mal conseguia respirar por causa da proximidade com o corpo exposto, porém lutava bravamente para disfarçar o que sentia. — Eu vou dar aula para o Stiles e Lydia pouco depois deles saírem da escola. — Respondeu sério dessa vez, conferindo a hora no relógio que tinha no pulso. — Mas Stiles andou faltando tanto... eu posso ligar para o pirralho e cancelar, se você quiser.

— Só quero ir para algum lugar com você. — Ela confessou encolhendo os ombros.

— Você matou aula só para ficar um tempo comigo? Sem nenhum rumo?

Desconfortável, Allison concordou com a cabeça. Ela foi surpreendida por um novo sorriso de Derek. Aquele sorriso não tinha nenhum resquício de malícia. Era um sorriso feliz, genuinamente satisfeito.

— Espera só um pouco, ok? — Ele se apressou em falar ao ver que Allison ficava cada vez mais sem jeito. — Vou jogar uma água no corpo e cancelar com o Stiles e a Lydia!

— Se você não puder, está tudo bem... — A voz dela falhou no final.

— Ninguém vai notar se eu fugir por algumas horas, Argent. E eu não desperdiçaria um tempo com você por nada nesse mundo! — Com a fala sincera e uma piscadela provocativa, Derek correu até o vestiário.

Allison só voltou a respirar quando o Derek sumiu de vista. Passou a mão pela testa suada e sentiu o coração acelerado. Era impressionante como a cada dia que passava, em que ela corria com o Hale e conversava com ele, o seu corpo reagia de formas mais intensas na presença dele.

Parecia que quanto mais ela ficava perto de Derek, quanto mais conversava com ele, o conhecia, mais ela perdia a capacidade de respirar e o coração se tornava mais acelerado.

Já tinha se tornado impossível ignorar esses sinais. Ela nunca, nem de perto, se sentiu assim com Scott. Derek causava reações, sensações, que ela ainda não conhecia. Aos poucos, seu corpo se tornava viciado no que ele provocava.

Sem jeito. Essa é a única forma para descrever como Allison ficou quando saiu, com Derek, da academia de luta. O homem colocou uma calça jeans, o cabelo estava molhado pela chuveirada que tirou o suor e a blusa que usava grudava no corpo úmido.

Ela andava com os braços cruzados na frente do peito e chutava uma pequena pedrinha no chão. Não sabia o motivo de ter feito aquilo, de ter feito Derek sair do trabalho somente para ficar com ela.

— Aconteceu alguma coisa? — Derek interrompeu o silêncio que se tornava constrangedor. — Você está bem? — A preocupação na voz do Hale fez o estomago dela se revirar.

Allison tinha a necessidade de se sentir cuidada, acolhida. E de alguma forma, Derek parecia preencher com a sua presença, lacunas do interior dela. O cuidado que ele tinha com ela, as provocações continuas e os elogios a faziam se sentir bem cuidada, desejada e .… linda. Os olhos claros de Derek a devoraram com tanta admiração, que sua autoestima subia toda vez em que estavam juntos.

— Estou! — Ela respondeu rápido. Rápido demais para Derek acreditar.

— Allison, pode falar comigo...

— É o Scott. — Se corrigiu antes que Derek pudesse terminar a frase.

A postura do Hale mudou ao ouvir aquele nome. O rosto ficou tenso, o modo de andar mudou. Seu rosto se tornou protetor. Ele mais uma vez, analisou Allison da cabeça aos pés, como se tentasse descobrir se Scott tinha a magoado de alguma forma.

— O que ele fez? — Ele não tentou esconder a ameaça implícita em sua voz.

Se soubesse que Scott continuava a traindo ou que tinha feito Allison se magoar, Derek estava disposto a cumprir sua promessa. Faria o McCall pagar por seus erros.

— Nada. Ele não fez nada. É só que...

Derek parou de andar. Pela segunda vez naquele dia, segurou o braço de Allison e a arrastou. Apoiou as costas em uma árvore e deslizou as mãos até alcançar os dedos finos da Argent.

Sem nem perceber o que fazia, entrelaçou as mãos com as dela e inclinou a coluna na direção de Allison. Incrivelmente, seu rosto não tinha nenhum sinal de humor ou provocação.

— Fale o que está incomodando você, Argent.

Allison suspirou. Com as bochechas rosadas, ficou encarando as mãos entrelaçadas. O toque de Derek era quente, muito quente. Ela sentia vontade afundar naquela pele morena.

— Eu nunca gostei mesmo do Scott.

Derek esperava ouvir qualquer coisa, menos aquilo. Ele abriu a boca, no entanto, não sabia o que dizer. Era tão raro ele ficar sem palavras daquela forma, que se sentiu repentinamente desconfortável diante da menina tímida.

— E-eu achava que gostava dele, achava que era apaixonada, mas... — A voz dela morreu. Uma de suas mãos se desprendeu da de Derek. Colocou uma mexa do cabelo atrás da orelha, voltou a agarrar os dedos compridos. — Nunca gostei mesmo dele. Demorei tempo demais para perceber isso. Deus! Eu cheguei a dizer que o amava e agora está tão claro na minha cabeça que foi só carência minha!

Ele engoliu em seco, remexeu os pés. Derek sabia lidar com sexo, com provocação e até mesmo, proteção. Sempre cuidava das pessoas que amava e não tinha dificuldades para demonstrar afeição para os amigos. Mas aquele tipo de sentimento, aquele tipo de assunto que Allison dizia... com isso, Derek não sabia lidar.

— No final das contas eu só vejo Scott como amigo. — Ela continuou desabafando com um novo suspiro. O rosto estava muito vermelho, mas Derek admirava a coragem dela ao expressar tantos sentimentos. — Ele me ajudou com alguns problemas pessoais e eu simplesmente joguei minha insegurança em cima dele! Eu sei muito bem que as vezes eu o sufoco e o quanto o incomoda o fato de eu não gostar da Cora e do Stiles, mas a verdade é que.... Eu não gosto dele e só o usei em uma tentativa de afogar minhas frustrações.

— Você...

— Eu vou terminar com o Scott! — Ela interrompeu a tentativa de fala de Derek com aquela última afirmação.

Só depois disso, Allison ergueu os olhos. Olhou fixamente para o Hale. Céus! Derek agradeceu internamente por estar apoiado contra a árvore. Naquele momento ele teve a certeza que se não fosse pelo apoio, desabaria no chão. Aqueles olhos escuros, envergonhados e decididos, eram tão intensos!

— Por que você está me falando isso? — O homem franzia o cenho. Não sabia como lidar com o frio na espinha que subia até sua nuca.

— Porque eu...

Allison parou de falar e suspirou. O rosto já vermelho, se tornou quase vinho. Soltou as mãos das de Derek e o encarou com muita insegurança. Transbordando de timidez, ela se deixou levar por um desejo antigo.

Ficou na ponta dos pés e antes que perdesse a coragem, fez com os lábios encontrassem com os de Derek. Aquele foi o selinho mais rápido, infantil e desajeitado que o Hale recebeu na vida.

Seus olhos verdes se arregalaram com aquela atitude. O coração acelerou e mais do que tudo, desejou iniciar um verdadeiro beijo com Allison. Ela se afastou alguns passos, a mão sobre a boca e os olhos cravados no chão.

— Volte aqui, Argent! Você não pode simplesmente me dá um selinho e andar para trás! — A voz irritada de Derek fez com que ela abrisse um pequeno sorriso embaraçado. — Agora você tem que no mínimo, me dá um beijo decente.

Ela negou com a cabeça, ainda sem o olhá-lo. Derek enlouqueceu com a vergonha infantil de Allison. Ele era dez anos mais velho e estar perto de uma garota com atitudes tão típicas da adolescência, só o deixava com mais desejo de agarrá-la por se tornar tão explicito a diferença de idade.

— Depois que eu terminar, a gente... — Ela não completou a frase.

A vergonha, a timidez, a dominou por completo. Sem saber o que fazer, Allison deu uma pequena corrida para longe de Derek, o deixando sozinho. Os olhos verdes ficaram tão entretidos observando o quadril dela se mover, que ele foi incapaz de ir atrás dela.

Ficou imóvel, ainda apoiado na árvore. Abriu um sorriso genuíno.

**

Stiles estava onde Cora previu. Escondido debaixo da arquibancada da quadra. Quando Lydia chegou afobada, ele se retesou, mas não fez menção de fugir. A Martin não sabia o que fazer, porém acabou tomando a melhor atitude.

Ela só sentou ao lado de Stiles e ficou calada. Ele chorava, tímido, o rosto vermelho e a expressão dolorida. Se sentiu bem por Lydia não tentar falar nada e a presença dela ao seu lado, lhe deu a segurança de que apesar da atitude que ele teve, ela não estava chateada.

Em algum momento, Lydia arriscou tentar manter contato com Stiles. Ergueu a mão até a dele e com muita delicadeza, fez carinho na palma dele com seu polegar. Ele tremeu enquanto chorava, olhou para suas mãos juntas e não fez nada para impedir o toque.

Stiles finalmente, estava cedendo a Lydia. Estava permitindo que ela o visse fraco, frágil e sem perceber, deixava que seus muros internos fossem derrubados por ela. Ele fazia tudo para se esconder de todos, porém Lydia invadia, vagarosamente, seu coração.

— Eu vou provar para você. — Lydia só falou após horas inteiras de silêncio. Eles tinham perdido todas as aulas do dia, porém nenhum dos dois se importava. — Vou provar que gosto mesmo de você.

Os olhos dos adolescentes se conectaram. Era indescritível como aquele momento em silêncio que passaram foi íntimo e importante. Stiles não estava acostumado a confiar tão rápido em uma pessoa ao ponto de chorar daquela forma em sua presença.

No entanto, ali, com Lydia acariciando sua mão, ele jorrou toda a angústia que sentia até finalmente se sentir melhor, aliviado. E enquanto se olhavam daquela forma intensa, Stiles desejou ter coragem o suficiente para abraçá-la. Mas ele não tinha, ainda não.

— Obrigado por ficar comigo.

Lydia sorriu e como sempre, o sorriso dela era o suficiente para ele sorrir também. Eles ainda ficaram daquela maneira por alguns minutos. Se olhando em uma admiração muda.

— Então...eu ainda vou para sua casa? — Vendo que Stiles estava mais calmo e decida a fazê-lo esquecer o mal-estar, Lydia perguntou.

— O quê?

— Ontem você me convidou para ir na sua casa!

— Ah! Claro, conhecer a Rata. — Ele concordou rápido com a cabeça, se odiando por ter esquecido completamente daquele convite.

— Eu vou obrigar a você mudar o nome da gatinha.

— Você deu a gata para mim! Ela é minha e eu gosto do nome.

Lydia riu. Riu ao perceber que mesmo tentando não demonstrar, Stiles falou com carinho a respeito da Rata. O garoto tentava se fazer de durão, mas Lydia sabia que em pouco tempo ele se apegaria a gata.

Eles foram andando para a casa de Stiles. Passos lentos, seus dedos mindinhos entrelaçados. Falaram pouco, mas o clima era amigável. Os dois sentiam uma vontade desesperada de se beijar, porém Stiles tinha vergonha e Lydia não sabia se ele ia aceitar logo depois de ter chorado tanto.

Stiles abriu a porta da sala com timidez. O número de visitas que entravam na sua casa era muito reduzido. Só entravam pessoas muito próximas e amigas dele.

Após os abusos que Stiles sofreu, John não podia trazer para casa nenhuma pessoa que o filho não conhecesse o suficiente. O xerife só cometeu esse erro uma vez, levando um colega para casa após o trabalho. Stiles na época, tinha treze anos e ficou apavorado. Se trancou no quarto e teve uma crise de choro, implorando para que o homem desconhecido fosse embora.

Entrou na casa e observou com atenção as reações de Lydia ao chegar na sala. Os olhos verdes analisaram minunciosamente cada centímetro do lugar e Stiles se constrangeu ao ver que seu tênis ainda estava jogado em cima do tapete.

— Desculpa pela bagunça.

— Está tudo bem, Stiles. — Ela abriu um sorriso gentil e então, toda sua atenção foi em direção ao chão quando um miado fino se fez presente.

A gatinha malhada correu na direção de Stiles e Lydia. Ela era muito, muito pequena e com pelos curtos. Tinha o rabo comprido e miava sem parar. Stiles teve dificuldades para dormir porque a Rata tentava brincar com ele durante toda a noite.

— Lindinha! — Lydia exclamou alto e ficou de joelhos no chão.

Stiles observou ela pegar a gatinha e beijar o pelo curto diversas vezes. A visão era adorável, não tinha como negar. Lydia sorria muito e a filhote tentava comer o cabelo ruivo.

— Como você tem coragem de chamá-la de Rata?

O garoto só balançou os ombros, porém sentou no chão ao lado de Lydia. Ela ficou por intermináveis minutos brincando com a gatinha. Stiles percebeu que nunca tinha visto a Rata tão animada.

A filhote pulava, se esfregava nas pernas de Lydia e miava de felicidade. Stiles, sem perceber, começou a rir da cena, vendo Lydia se jogando no chão para pegar a gatinha e fazer carinho na barriga dela.

Quando a gata se esfregou no braço de Stiles, pedindo carinho, foi automático para o garoto ceder. Ele passou a mão no pelo macio e acariciou a Rata, ouvindo em troca a bichinha ronronar de satisfação.

Era uma visão linda e rara ver Stiles com um sorriso tão grande no rosto. Os olhos dele brilhavam de satisfação enquanto via a Rata segurar sua mão e dar pequenas mordidinhas, brincando com ele.  

Lydia admirou a beleza fora do comum e acima de tudo, admirou a coragem de Stiles. Não conseguia imaginar a força que ele tinha para conseguir agir normalmente perto de si. Cada vez, ela entendia as travas e os medos de Stiles, mas ainda assim, ele estava firme ao lado dela mesmo após ela tendo o visto chorar tanto.

— Por que você está me olhando assim? — Ele largou a Rata, que saiu correndo para debaixo do sofá e encarou Lydia com certo desconforto. Não gostava de ser tão observado.

— Porque você é lindo.

Ele se constrangeu, porém manteve o olhar fixo no rosto de Lydia. Quando percebeu, já não conseguia desviar a atenção dos lábios carnudos, convidativos.

Foi Lydia que iniciou o beijo. Ainda ajoelhada, virou o corpo em direção a Stiles e inclinou o rosto até permitir que seus lábios se reencontrassem. Suas bocas se abraçaram, se reconheceram.

O beijo começou calmo, sem língua. Foi somente um mover seco de bocas ansiosas e apaixonadas. A sensação era boa, quase como um carinho sutil e delicioso.

Sem pensar, Lydia levou as mãos a nuca de Stiles. Queria agarrar o cabelo liso entre seus dedos, porém no instante que sentiu a pele quente, Stiles se retraiu e segurou suas mãos em movimento rápido.

O beijo não parou e para a surpresa de Lydia, Stiles não tentou prender seus pulsos. Ele levou as mãos de Lydia para o chão e entrelaçou as duas com seus dedos longos. Assim, manteve um mínimo contato que ele podia suportar e que a deixava reconfortada.

A língua dele foi a primeira a tomar alguma atitude. Entrou na boca de Lydia sem nenhuma cerimônia, iniciando assim, algo mais profundo e agressivo como ele gostava. Suas salivas tiveram o prazer de se misturar, se tornando uma, suas línguas tiveram a liberdade de se mover com intimidade.

Se beijaram. Se beijaram. Se beijaram.

O tempo não tinha mais sentido. Respirar se tornou um trabalho árduo e seus corações não paravam de disparar e falhar repitas vezes. Suas mãos suavam, porém não se desgrudaram por nenhum momento. Os dedos se apertavam com força e aquele contato era o suficiente para seus corpos explodirem de emoção.

Eles eram apaixonados pela sensação de se beijarem. Era algo único, devastador e tinha um valor imensurável para Stiles. Beijar daquela forma, com aquela intimidade, aquele desejo, era pequena vitória na luta diária que ele sofria para ser.… normal.

Perto de Lydia, a beijando daquela forma, era como se ele voltasse a ser completo. Mesmo que momentaneamente, seus pedaços quebrados se uniam e ele se tornava um pouco mais corajoso, um pouco mais feliz, um pouco mais liberto. Liberto de toda dor, de todo o medo que o impedia de viver.

Estavam imersos naqueles sentimentos, naquelas sensações, quando a porta da sala foi aberta. Eles nem perceberam. Seus olhos estavam muito bem fechados e as bocas ocupadas, proporcionando prazer um para o outro.

O xerife chegou cansado do trabalho, pronto para desabar na cama e se deparou com aquela cena. Os adolescentes ajoelhados no chão, no meio da sala, com as mãos entrelaçadas e totalmente entregues a um beijo.

Ele ficou parado no lugar, com a porta ainda aberta. Piscou os olhos por diversas vezes, se perguntando se estava cansado o suficiente para ver uma miragem tão real.

Por fim, quando chegou a assustadora conclusão de aquilo era real, abriu um sorriso imenso. Não conseguia acreditar no que estava vendo. Seu peito foi preenchido por um orgulho e uma felicidade que não podia ser descrito através de palavras.

Foi Lydia que percebeu a presença do pai de Stiles. Ela abriu os olhos enquanto Stiles mordia seu lábio inferior e viu o homem parado na frente da porta. Assustada, arregalou os olhos e interrompeu o beijo.

— P-pai? — Stiles ficou pálido e largou as mãos de Lydia.

— Eu não quero atrapalhar vocês! — O homem disse afobado e sem conseguir esconder o sorriso bobo na boca. — Podem continua a se beijar! E-eu só...

Lydia acabou rindo. Estava vermelha por ter sido flagrada, mas reação dos Stilinski foi engraçada. O xerife não conseguia disfarçar o quanto estava feliz e Stiles parecia querer cavar um buraco para se esconder.

— Ela só veio ver a Rata! — Sim, Stiles ainda tentou se justificar. Coçava a nuca e encarava o chão.

— Claro, eu vi como vocês estavam interessados na Rata!

O deboche do pai, fez Lydia gargalhar mais alto. Ela escondeu o rosto com as mãos e deixou que o som agudo escapasse de si. Stiles estava muito, muito envergonhado, porém acabou rindo da risada fina da garota. Era contagiante.

— Eu... — Stiles desistiu de falar, deixando ser levado pela risada e isso fez o xerife rir também.

— Vou deixar vocês à vontade! — Por fim, John se despediu com um breve aceno e foi para o segundo andar ainda rindo.

— Ele achava que eu nunca ia conseguir beijar alguém... — Stiles confessou baixo depois de poucos minutos. — Aposto que vai ficar todo orgulhoso de mim e que assim que você sair daqui, vai implicar comigo durante meses!

— Você também devia ficar orgulhoso, porque beija muito, muito bem! — Ela elogiou com facilidade, um sorriso sincero no rosto. Stiles podia não querer demonstrar, mas ela via no rosto dele a importância que dava para os elogios que recebia. — Eu juro que nunca tive um beijo tão bom antes!

Ele não queria, mas sorriu. Um pequeno sorriso que demonstrou uma satisfação imensa. Aos poucos, Stiles começava a acreditar naquilo que Lydia lhe falava.

— Você não é virgem, né? — A pergunta impensada saiu por impulso e curiosidade.

— O quê?!

— D-desculpa, eu só...

— Tecnicamente, não. Não sou virgem.

Stiles olhou confuso para Lydia. Ela não sorria mais e os olhos verdes encaravam o chão. Stiles estava muito curioso, porém não tinha coragem de perguntar mais nada.

— Eu era louca por um garoto da minha antiga escola, Jackson. — Ela explicou rápido, sem olhar para Stiles. — Ele não dava bola para mim até ficar bêbado numa festa. — O garoto viu, desconfortável, Lydia fazer uma pequena careta e encolher os ombros. — Era tão desesperada para ficar com ele, que aceitei os beijos e não pensei muito, só deixei que ele me arrastasse para um quarto.

— Ele foi bruto com você? — Foi difícil para Stiles manter a respiração calma.

— Nem se preocupou em tocar no meu corpo. Só arrancou minha calcinha e.... — Ela suspirou e revirou os olhos. Não gostava de pensar naquilo, mas jamais esconderia de Stiles. — Eu pedi para ele parar, tentei sair da cama, tentei fugir. Mas ele arrancou minha virgindade fazendo eu sentir a pior dor da minha vida. Foi horrível.

— E-eu ...

— O irônico disso, é que você foi o primeiro garoto que colocou a mão no meu bumbum e nos meus seios! — A nova afirmação de Lydia pegou Stiles completamente desprevenido.

— S-sério? — Ele sentia um misto de insegurança, orgulho e surpresa. Ela confirmou com a cabeça.

— Então, pode parecer besteira, mas eu ainda considero que vou ter minha primeira vez de verdade.

Stiles entendia aquilo. Entendia perfeitamente. Afinal, mesmo já tendo sido sujeito a tantas formas de abuso, ele não considerava que tinha alguma experiência sexual. Violência não podia ser confundido com sexo. Ou pelo menos, ele lutava para pensar assim.

Stiles e Lydia passaram o dia todo juntos. Brincaram mais com a Rata, viram programas idiotas na televisão, conversaram, comeram todo o estoque de biscoitos que tinha na casa e se beijaram, beijaram muito.

Como prometido, o xerife não atrapalhou em nenhum momento. Deu liberdade para os adolescentes, sabendo que deixaria Stiles constrangido demais se o flagrasse novamente, beijando Lydia.

No final da tarde, eles estavam no quarto de Stiles. Ele sentado no chão, a cabeça apoiada na parede e Lydia deitada em sua cama, completamente à vontade. Ele olhava sem muita discrição para as pernas dela e a Martin, não dizia nada por se sentir bem com aquele olhar desejoso e admirado.

Foi naquela posição que eles acabaram pensando no sono. Suas mãos, mais uma vez, estavam entrelaçadas. Eles adormeceram no meio de uma conversa sobre um assunto qualquer, sem nem perceberem a chegada da inconsciência.

Os dois tiveram sonos muito profundos, porém completamente diferentes. Lydia sonhou com formas e cores inexistentes, em um sonho calmo e irreal, já Stiles, teve um sonho real. Real demais.

Como acontecia constantemente, olhos castanhos perigosos o amedrontaram durante o sono. Seu inconsciente o lembrou de diferentes dias de abuso, lembrou da sensação de apanhar da fivela do cinto e de ser obrigado a ver vídeos pornográficos que o deixavam pouco à vontade.

Stiles lembrou de muito mais do que podia suportar e isso fez com que gritasse durante os pesadelos agoniantes. As lágrimas jorraram de seus olhos bem fechados e a pouca quantidade de urina presa em sua bexiga, se soltou na calça jeans.

O menino acordou com as mãos pesadas do pai sobre seus ombros. Ele dizia algo como “foi só um pesadelo”, porém Stiles não conseguia entender. Tudo que ele entendia, era o olhar de Lydia sobre si.

Ela tinha o visto! Ela o viu gritando, chorando durante um pesadelo. Stiles só precisou de alguns segundos para concluir que também, mais uma vez, tinha se urinado. Então, as próximas lágrimas que escaparam não foram pelos pesadelos, mas sim pela vergonha.

— Lydia... — O nome dela surgiu com uma agonia palpável. O olhar torturado de Stiles se direcionou para ela.

Ela encontrou no rosto de Stiles, o medo que Cora tinha descrito. O medo de ser abandonado, o medo de ser magoado. Ele estava apavorado com a ideia de ela sentir nojo dele, dela se afastar ao vê-lo em seu pior estado.

Então, Lydia se ajoelhou no chão ao lado do xerife e fez o impensado. Ela sorriu, um pequeno sorriso que transmitiu segurança para Stiles. Nos olhos verdes não tinham nenhum sinal de nojo.

— Eu não vou abandonar você.

Stiles não conseguia respirar, nem conter as lágrimas. No entanto, naquele momento de fraqueza e exposição, ele acreditou em Lydia. Acreditou que ela não o deixaria por causa de seus infinitos problemas.

E confiar em Lydia foi o suficiente para um pequeno pedaço se consertar dentro de Stiles. 


Notas Finais


DALLISON E STYDIA!!
O que acharam?? Eu estava ansiosa para ter oportunidade de escrever algum momento Dallison, então fiquei bem feliz escrevendo esse selinho e mostrando os pensamentos da Allison a respeito do Scott. Acho que deu para vocês perceberem que a Allison não vai sofrer como vocês achavam por causa das traições, não é mesmo?
Eee Stydia continua nesse processo lindo de evolução, que está sendo maravilhoso de planejar e colocar em prática! O que acharam da experiencia ruim da primeira vez da Lydia? Já imaginavam isso?
Aos poucos vocês vão conhecer mais a Martin enquanto ela se aproxima cada vez mais do Stiles. O relacionamento deles é algo muito novo e importante para os dois e creio que vocês vão amar ler todo desenvolvimento deles como amigos e casal.
Dona Bea ainda está escrevendo o capítulo, então se demorar para atualizar, a culpa não é minha hehehehe (desculpe te delatar dessa forma, Bea). Os próximos dois capítulos são dela!
Beijinhos


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