História Hybrid: Um demônio em Beacon Hills - Prólogo

 Quando aquela faca penetrou a minha pele, firme e impetuosa, senti que o fim estava próximo. Senti uma fraqueza invadir meu corpo de tal forma que nunca havia sentido antes e em uma questão de segundos estava no chão. Meus olhos se fecharam e tudo o que restava agora era a escuridão.

– Emily, abra os olhos! – dois braços fortes envolviam meu corpo, eu os conhecia bem. – Por favor, não me abandona, Emily!

– De-rek... – foi a única coisa que eu consegui dizer naquele momento. Abri meus olhos devagar e vi o semblante preocupado de Derek Hale.

– Oh, bitch! – ouvi meu tio Dean dizer. Ele era tão engraçado. – Emily!

– Emily! – gritou meu pai vindo ao meu encontro.

– Pai, tio Dean... – sussurrei olhando para os dois. – Eu vou morrer, não vou?

– Querida, você vai ficar bem! Vamos levá-la ao hospital e...

– Sam... – disse meu tio com uma expressão triste. – Você sabe que um golpe dessa faca...

– O que vocês querem dizer com isso!? – perguntou Derek com os olhos lacrimejando.

– Que eu vou morrer. – respondi no momento em que a primeira lágrima rolou por meu rosto.

 A dor daquele corte era para ser insuportável, mas por alguma razão eu não sentia nada. Será que essa era a sensação que se tinha antes de morrer? Por ser meio demônio, acredito que meu lugar no Inferno esteja reservado, bem ao lado de minha mãe, Ruby, que não cheguei a conhecer.

 Das histórias que escutava Ruby não era flor que se cheire. Tio Dean me contou que ela enganou meu pai fingindo-se de boa moça apaixonada e os dois acabaram libertando Lúcifer e começando o Apocalipse. E foi nesse meio tempo que ela engravidou e eu nasci como essa aberração que sou hoje.

 Nem humano, nem demônio. Uma híbrida. Um monstro de duas faces. Para completar nasci em uma família de caçadores, que nunca para em um lugar só. Sempre que começava a fazer uma amizade com alguém era obrigada a mudar de cidade junto com meu pai e tio.

 Eu me sentia um lixo, um nada. Nem pessoa, nem demônio, somente um ser sem identidade. Foi então que conheci Derek Hale, um lobisomem que também já viveu coisas imagináveis. E foi ele quem me tirou do fundo do poço mostrando que se eu só seria um monstro se quisesse.

 Ergui a mão até a face preocupada do Hale e a acariciei levemente, com um leve sorriso nos lábios. Ele não entendeu nada, apenas ficou parado sem reação sentindo minha mão em seu rosto coberto pela barba escura.

– Obrigada.

 Aquela foi a última palavra que consegui dizer. Era chegada a hora. Repousei mão próxima ao ferimento em minha barriga e meus olhos foram se fechando devagar, para nunca mais se abrir.