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História Hyukjae Nunca Mais - Epílogo


Escrita por: actually-kim

Notas do Autor


Eu quis saber como era terminar uma EunHae.
2017 tá aí, inclusive, e eu quero saber como é terminar as coisas.

Feliz Ano Novo, pra quem estiver aí do outro lado.

Capítulo 10 - Epílogo


Hyukjae segura a minha mão enquanto dorme no meu peito durante a viagem de volta, o vento do aquecedor move os fios finos de cabelo sobre sua testa, seus lábios se entreabrem como se ele estivesse tentando falar alguma coisa, provavelmente conversando com alguém em seus sonhos. Isso acontecia muito.

Acabamos aquele final de semana com um afável café da manhã com minha mãe e Donghwa, a maior dose de família que eu tive nos últimos quatro anos, e de repente estávamos indo embora. Eu precisava voltar ao trabalho e Hyukjae tinha uma peça e, com seu aniversário chegando, ele queria estar lá para receber os presentes dos amigos da faculdade porque era um maldito carente.

Mokpo foi a coisa mais visceral que Hyukjae e eu já havíamos feito juntos, e senti que jamais poderia me conectar daquele modo com alguém novamente, que jamais poderia ser descoberto por alguém daquele modo novamente. Era como se Hyukjae houvesse colocado uma arma na minha cabeça e estivesse me rendendo com um sorriso no rosto.

Ele me conhecia, agora mais do que os meus detalhes sórdidos tipo a marca do meu cigarro ou quantas vezes eu sou capaz de usar uma cueca, ele conhecia o quarto em que dormi por mais de noventa por cento da minha vida, os cantos em que havia me isolado para descobrir quem eu era, as fotografias feias que mostravam uma versão desmontada do quebra-cabeças do meu rosto, meus pôsteres dos filmes do Tarantino. Eu não me sentia envergonhado por Hyukjae saber de nada daquilo, tampouco infeliz.

Em Mokpo, Hyukjae pareceu, por um ou dois momentos, um ser humano completamente diferente. Não quero parecer pretensioso, estou mais longe do reino dos céus do que qualquer um no mundo, mas acredito que fui capaz de curar uma ferida muito profunda em Hyukjae que vinha machucando-o por anos a fio, e era como se agora ele estivesse finalmente se lembrando de como é não senti-la.

Sinto alívio.

Eu encaro a nossa volta de Mokpo como o momento em que uma grande avalanche acalma no mar, depois de ter destruído tantas vidas e coisas. Nós dois, naquele trem, é o 12 de setembro de 2001 da humanidade, o dia depois da tragédia. Eu redescobri, voltando para casa depois de nunca sequer ter experimentado deixa-la, a sensação de ter um pouco de fé na vida. Só um pouquinho.

Aprendi naquele instante a ter fé em Hyukjae, fé em mim e em nós dois como pessoas que decidiram finalmente não esperar na varanda o momento em que o sol brilharia. A gente levantou e desceu as escadas, porque preferíamos correr atrás do sol a esperar que ele incidisse sobre nós.

Continuaria com o meu negócio de máscaras e ele continuaria sendo um ator de teatro independente que eu aplaudiria incansavelmente em cada buraco escuro que ele resolvesse se apresentar. Eu gostaria de ficar a sós com ele e falar sobre o tempo até que trocássemos de dia e vivêssemos outra e outra vez.

Ele jamais iria embora.

E ainda que um dia ele fosse mesmo, depois de anos e anos me aguentando como o mala que sou, ainda que ele desaparecesse no mundo de um dia para o outro, eu não perderia aquela estúpida fé.

O que Hyukjae deixaria é um pouco maior do que um amor platônico de anos que eventualmente culminou em beijos e transas. O que Hyukjae me deixaria seria como uma parte nova do meu corpo, um novo órgão que funcionaria em algum recôndito minúsculo, me mandando vibrações estranhas de expectativa, de certeza, de esperança e todas essas coisas que perdi enquanto andei o caminho que me levou até ele.

Eu o amava tanto que chegava a doer. Sempre doía. Mas como eu disse a ele, num conselho que eu mesmo jamais havia aprendido: Só é amor quando machuca mesmo quando está tudo bem.

Hyukjae dorme e eu sou atacado por uma nostalgia imensa de tudo e de todos, mas sobrevivo.

Penso no meu pai por um instante. Eu seria feliz no que escolhesse, o velho dizia.

Custei para perceber que meu pai morto não havia levado nada de mim, nem uma só partezinha da minha paz, dos meus sonhos de garoto, da minha vontade de viver. Eu só precisava que alguém segurasse a minha mão e me levasse de volta até onde havia as deixado.

- Donghae? – Hyukjae murmura, manhoso.

- Sim?

- Você não está com sono? Por que está tão sério?

- Estou pensando.

- Você está bravo?

- Não, Hyukjae.

- Ah, tá bem então – ele fecha os olhos e se apoia novamente no meu peito, limpando uma babinha que deixou por lá porque ele baba em tudo enquanto dorme – Eu te amo, tá?

- Eu também te amo, Baby Hyuk.

Não tenho certeza se ele escuta. Mas tenho certeza que ele sabe.

 

04 de Abril.

"Oi, Hyukjae.

Você já tomou café? Eu espero que sim. Acho que peguei essa sua mania de cartas e bilhetes na geladeira.

Saí para caminhar hoje de manhã e vi essa camisa em uma loja da feirinha da rua de baixo. Comprei pra você. São as máscaras do teatro grego: Tragédia e Comédia. Achei que combinaria.

Vou parar de falar dessa camisa, eu juro.

Só que, tipo, hoje é seu aniversário. Eu não sei o que dizer e o bilhete tá ficando meio grande e eu vou fugir para o mercado daqui a pouco para não ter que te assistir lendo isso.

Eu te amo, enlouquecidamente.

Não tenho nada para pedir que você faça por mim ou por nós esse ano. Só seja você, se ocupe única e exclusivamente com isso pro resto dos seus dias. Eu amo quem você é, nunca me escute quando eu disser o contrário, porque não há nada em mim que funcione 100% do jeito certo além de nós dois, disso que nós temos.

Pela primeira vez eu não me sinto culpado por querer as coisas que todo mundo quer. Felicidade, amor e um pra sempre.

Eu comecei a ver o seu sorriso quando fecho os olhos, Hyukjae. O seu toque é aquele tipo de toque que eu sinto por horas depois de acontecer. E o nosso amor não é onda, é o mar.

Feliz Aniversário

Do seu

Donghae."


Notas Finais


EunHae não é onda, é o mar.

Beijo, queridos, até breve (quando o Hyukjae voltar, eu volto).


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