História I am in love with my brother - Capítulo único

Dia 7 de outubro de 2018

Minha pele arde quanto mais eu sinto o álcool em contato com os meus machucados.
Eu mordia o lábio inferior para abafar os gritos.
Não queria que o meu irmão escutasse e descobrisse o que Ambre faz comigo.
Eu estaria mais encrencada ainda.
Respirei profundamente e fechei os meus olhos, encostando a cabeça no travesseiro.

(...)

É a décima vez que sonho com esta mulher.
As risadas cínicas e sorrisos falsos.
O jeito que ela olhava para mim, as frases dela...
Tudo era extremamente aterrorizante. 
"—Amelie... —Ela acariciava o meu rosto, até que parou, quando ouviu o barulho da porta batendo, sorrindo cínica logo em seguida— Sabe que lhe odeio, não?"
Tremi ao lembrar-me desta frase.
Esta não era eu, não me chamo Amelie.
O meu nome é Kimiko, apenas Kimiko...

(...)

Meus irmãos devem estar lá embaixo, já que nossos pais viajaram por alguns dias, mas eu realmente não quero ver Ambre.
Desci as escadas rapidamente, não posso me atrasar para o café.
—Bom dia. —Disse assim que encontrei com Nathaniel e Ambre.—
—Bom dia! —Disse Nathaniel, concentrado em arrumar a mesa corretamente.—
Ambre não se pronunciou, só continuou a digitar em seu smartfone até, enquanto nos arrumávamos para a aula.
—Ambre, por favor guarde este celular. —Ele disse, já sem paciência.—
Ela hesitou por alguns minutos, mas logo guardou-o, não queria perder o seu amado telefone.
Eu permaneci quieta até Nathaniel me chamar para irmos.
—Kimi, vamos? —Disse com a voz mais dócil que já ouvi.—
—Sim.
Eu permaneci parada, vendo o seu sorriso encantador.
De repente, voltei a realidade quando ele segurou a minha mão e me puxou para fora de casa, quando se tocou que não havia prestado atenção nas palavras que ele dissera.

(...)

Dia 16 de novembro de 2018.
Não, não e NÃO!
Eu não posso estar apaixonada pelo meu irmão!
Isso não pode ser possível!
Tranquei a porta do quarto rapidamente e me joguei na cama.
Ouvi batidas na porta, mas ignorei-as e continuei refletindo.
—KIMIKO?! —Ele berrava, assustado. Eu havia corrido para o quarto após uma conversa que tivemos.—
Permaneci calada até perceber que ele havia desistido.
Sai rapidamente do quarto, havia chaves extras e eu precisava escondê-las.
Encontrei-as na estante do quarto de Ambre, que estava na casa de Li.
Voltei para o quarto sorrateiramente e tranquei novamente a porta.
Fiquei pensando em um lugar para escondê-las, logo me veio a ideia de guardá-las em cima do guarda-roupa.
Coloquei-as no lugar desejado e me deitei na cama, dormindo logo em seguida.
"Ela dava passos lentos e torturantes até o orfanato, com um sorriso de orelha a orelha.
Quando chegamos, abriu a porta com gosto, e ficou parada comigo em seus braços esperando um funcionário.
—Bom dia, senhora Annabeth. Só precisa assinar este formulário. —Ele disse, entregando-a um monte de folhas grampeadas.—
Ela assentiu e me colocou nos braços do menino.
Um tempo depois, ela voltou com grande sorriso.
—Finalmente me livrarei deste traste."
Acordei com os olhos cheios d'água, assustada.
Foi apenas um pesadelo.
Apenas um pesadelo.
Eu não sairei deste quarto.
Nem que eu tenha que passar meses aqui.
Fui ao banheiro e lavei meu rosto.
Precisava acordar.
Prendi o meu cabelo em um coque e comecei a ler um pouco.
Eu tinha que arrumar algo para fazer neste longo tempo que permanecerei aqui.

(...)

Não consegui me concentrar na leitura, esses pesadelos estão me tirando do sério.
Apoiei minha cabeça em minhas mãos e comecei a pensar qual seria o motivo de eu ter estes pesadelos.
Ouvi novamente batidas nas portas, ele não desistiu.
Mas também, já eram 21:50, e eu não havia comido.
Eu estava com fome, mas teria que aguentar, não quero olhar para ele.
—Kimiko... —falou sério— saia daí, por favor.
Eu ignorei-o, mesmo querendo sair e pular no pescoço dele.
Ele novamente desistira.
Eu não quero dormir.
Acabarei sonhando novamente com aquela mulher terrível.

(...)

Dia 23 de novembro de 2018
Faz uma semana que não saio do quarto.
Eu estou mais branca que a neve.
Me sinto muito fraca.
Está na hora de enfrentar os meus sentimentos e sair daqui.
Girei a pequena chave lentamente, não tinha nem forças para isso.
Como esperado, Nathaniel estava em frente a porta.
Eu nem consegui falar nada, apenas caí em seus braços e não vi mais nada.

(...)

Nem sei que dia é hoje.
Eu apenas sei que estou em um hospital.
Só isso.
Não lembro de quase nada, todas as minhas lembranças de uma semana atrás viraram fumaça.
Uma mulher de branco se aproximou da minha cama em passos lentos.
—Senhorita... Kimiko, certo?
—Sim.
—Está melhor? 
—Realmente eu não sei como responder esta pergunta.
—Pelo o que o seu irmão mais velho disse, a senhorita ficou uma semana trancada no seu quarto, sem se alimentar nem se hidratar.
Tudo faz sentido agora.
—Ah...
Eu estava prestes a desmaiar novamente.
—Aqui tem alguns exames que... A senhorita necessita ver.
Ela me entregou alguns papéis e saiu da sala, sem dizer uma palavra só.
"Nome real: desconhecido
Nome adotado: Kimiko
Pais biológicos: desconhecidos.
Pais adotivos: Francis e Adélaide.
Tipo sanguíneo: O-"
Havia milhares de outras coisas escritas, que não consegui prestar atenção.
Eu...
Sou adotada?
Sempre pensei nesta possibilidade por conta dos pesadelos, mas nunca achei que seria possível.
Esperei dar meia-noite em ponto.
Eu não suporto hospitais, me trazem más lembranças.
Preciso sair daqui.

(...)

As luzes estão sendo desligadas pouco a pouco, preciso sair sorrateiramente.
Abri a porta devagar e a fechei sem fazer barulho algum.
Não havia ninguém nos corredores.
Uma chance de fugir!
Corri até a porta, que ainda não havia sido trancada.
Saí.
Liberdade.
Ar fresco...
Sorri de lado e fui caminhando normalmente.
Até que vi um par de brilhantes olhos dourados me encarando.
—Kimi! Vo-você fugiu?
—O meu nome não é Kimi, nem Kimiko! Eu nem sei quem eu sou! —Berrei, cansada de tantas mentiras.—
Corri em direção a um banco qualquer, eu precisava relaxar.
—Espera! —Ele foi correndo atrás de mim, como se sua vida dependesse disto.—
—Por favor, Nathaniel. —Disse me sentando, enquanto observava ele se aproximar.—
Ele sentou do meu lado e começou a falar.
—O que quer que seja, eu estarei aqui com você, pode desabafar.
—É por isso que eu te amo... —murmurei, esperando que ele não ouvisse.—
Olhei para o mesmo, que estava corado.
Ele ouviu...
Sou idiota, devia ter guardado esse pensamento para mim.
Deve ter percebido que não é um amor apenas de irmãos.
É algo muito mais profundo.
Virei para o lado, tentando esconder o meu rosto vermelho.
Sua mão pousou em meu queixo, logo virando minha cabeça e me fazendo encará-lo, algo que particularmente eu não gosto, pois fico hipnotizada com o seu olhar e esqueço de tudo.
Ele se aproximava devagar, tentando dar o maior conforto para mim.
Não satisfeita, puxei-o contra mim e o beijei, intensamente.
Agora posso dizer que realmente...
Estou apaixonada pelo meu irmão.