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História I Can Change For You - I Forgot


Escrita por: AnnaWrou

Notas do Autor


💠💠Título do capítulo: Eu esqueci.💠💠

Boa leitura <3

Capítulo 56 - I Forgot


Fanfic / Fanfiction I Can Change For You - I Forgot

 

Olhei em volta

Então olhei de volta para você

Você tentou dizer

Coisas que você não pode esquecer

Se dependesse de mim

Eu nunca esqueceria de você

Mas hoje é o dia

E eu rezo para que possamos superar

Superar a queda

Superar tudo

Eu não quero cair aos pedaços

Eu só quero sentar e te olhar

Eu não quero falar sobre isso

Eu não quero conversar

Eu só quero chorar em sua frente

Eu não quero falar sobre isso

Eu só quero saber quem você é

Quem nós éramos

Quero saber por onde começar

Eu quero saber o que isto significa

Quero saber como sentir

Quero saber o que é real

Eu quero saber tudo

Tudo

Mas eu não quero falar sobre isso

Eu só quero saber quem nós éramos...

Harry

 

 

 

Nossos lábios ainda moviam-se devagar um no outro...

Até que a mão de dele cessou o aperto em minha nuca, e depois de alguns segundos movendo calmamente seus lábios nos meus, ele me empurrou levemente pelos ombros.

- D-Dianna, por que fez isso? Por que me beijou? – Ele perguntou, tocando seus lábios com os dedos e todos começaram a rir em seguida. Todos menos ele e eu. Que franzi o cenho para ele sem entender.

- Como assim, Harry, nós... nós... você e eu... amor... – Eu fiquei completamente perdida. Sem ter o que dizer. Por favor, meu Deus, que isso seja apenas uma brincadeira de muito mau gosto dele... por favor, meu Deus...!

- Dianna, você e eu... – Ele balbuciou e olhou para Anne com uma expressão de puro desespero.

- Talvez ele só esteja um pouco confuso, gente – Disse Niall – Ele acabou de acordar de um coma, galera. – E isso até que fazia sentido. Afinal ele lembrou o meu nome... ele sabia quem eu era... talvez fosse mesmo só uma pequena confusão...

- Vocês estão juntos, filho... – Anne informou calmamente a ele e estendeu a mão para acariciar seu rosto.

Ele arregalou os olhos e ficou estático.

- Juntos?? Como assim juntos? – Se tornou eufórico – Eu tenho namorada! A-a minha namorada é a Alisson!

 

 

 

Dianna

 

Meu coração se estraçalhou com o que eu acabara de ouvir. Solucei baixinho e dei dois passos para trás por profundo desespero. Acabei chocando minhas costas no peito de Liam que apertou meus ombros tentando me passar calma e apoio.

- Como assim, filho? – Anne perguntou ainda o acariciando.

- Eu namoro a Alisson, mãe. Por que a surpresa? – Todos se entreolharam e olharam para mim depois.

Dentro de mim, era como se o meu coração começasse a rasgar pedaço por pedaço. E a cada novo pedaço que rasgava a dor era insuportável.

- Você tem certeza disso, Harry? – Perguntou Niall, cuidadoso com o assunto.

Harry o olhou.

- Não sei... – Eu engolia o meu choro a todo segundo. Eu não queria que ele me visse chorar e que isso o deixasse ainda mais confuso... – Eu lembro pouco... o que aconteceu? Por que eu estou aqui? Por que me beijou, Dianna? – Ele parecia desesperado por respostas.

- Você se lembra de nós, cara? – Niall voltou a perguntar.

- Claro. Eu lembro de todos vocês. Por que não lembraria?

- Meu filho... – Anne começou e ele a olhou calmo – Você estava... você ficou em coma por muitos dias... quase dois meses... deve ser isso. Você está confuso... – Ele negou.

- Não, mãe, eu sei o que estou dizendo! – Ele afirmou.

- Então você não lembra mesmo da Dianna? – Perguntou Liam, chegando perto de Harry e colocando a mão em volta de seu pescoço conforme apontava para mim.

Todos no quarto começaram a nos olhar e se olharem com um espanto tremendo. Mas nenhum espanto era maior do que o que eu estava sentindo.

Harry me olhou.

Eu estava parada, na frente dele. Com minhas mãos na face e com lágrimas a descer. O ar não me vinha, já estava a enxergar tudo turvo e cinza. Não sabia o que estava acontecendo comigo e mais ainda o que estava acontecendo com Harry. E eu que pensei que não poderia ter um sonho pior do que aquele, dele em coma... eu me encontrava em um pesadelo ainda mais destruidor...

Eu sentia medo, muito medo de sua resposta. Apesar daquelas palavras: ‘‘ a minha namorada é a Alisson’’ ainda estarem sangrando dentro de mim, eu queria, precisava escutar que ele se lembrava de mim, que nós éramos namorados e que eu ainda era o amor da sua vida! Eu precisava escutar aquilo para respirar novamente! Eu precisava!

- Claro que lembro! – Disse ele. – Ela é minha meia-irmã! – Ele completou.

Naquele momento a minha respiração não existia mais. Olhava para Harry como um fantasma na minha frente. Toda aquela felicidade em vê-lo bem, ali na minha frente, parecia estar se escondendo detrás de uma agonia e dor. Ver aquele Harry na minha frente não era o mesmo Harry no qual eu me lembrava. Suas palavras me tiraram o ar, e por mais que eu me esforçasse para entender que aquilo poderia ser apenas uma confusão momentânea de sua cabeça, isso não parava de doer. Conter todo aquele desejo em tê-lo era sufocante!

- Mas querido, vocês... – Anne foi querer tentar lhe explicar melhor.

Os meninos, se aproximaram dele para tentar socorrer a situação e tentar explicar também.

- Sua meia-irmã, Harry? Só isso? – Perguntou Liam, novamente.

- Sim, ela é minha meia-irmã, Liam! – Ele olhou para ele – Por que está insistindo nisso? – Ele franziu o cenho.

- Ela é sua namorada, Harry. – Niall o informou.

- Não! – Harry deu um salto sobre a maca. – Ela não é. Eu sei quem a Dianna é, gente! – Disse ele.

- Então diga, Harry! Diga quem eu sou! – Implorava em meio ao choro. Eu precisava escutar que ele se lembrava de mim!

- Você é Dianna Agron – Ele disse – Filha do Ronald, minha meia-irmã – Em sua expressão havia confusão, porém, era mais por nós estarmos perguntando a mesma coisa do que por dizer a sua resposta. Ele parecia estar bem seguro do que dizia, e isso, além de me destruir, me deixava completamente perdida.

- Só isso mesmo...? – Perguntou Liam novamente.

- Por favor, parem... A minha cabeça dói... – Ele pediu e colocou a cabeça entre as mãos, pressionando-a, com uma expressão de dor.

- Parem! – Disse Anne, angustiada.

- Parem, por favor...! – Eu também disse, sem conseguir mais.

Sentia meu coração como uma bola de espinhos maltratando todo o meu ser. Meu rosto já estava ensopado de lágrimas amargas que desciam sem cessar.

- Eu acho melhor chamarmos o médico, galera – Niall disse e todos saíram para buscá-lo. Menos Anne, que segurou em minha mão me sussurrando: ‘‘Força, Di.’’. Como ter força diante daquilo? Como ter força quando o amor da sua vida não lembra que te ama?!

Ouvi Harry respirar fundo algumas vezes enquanto ele ainda mexia os dedos em sua nuca.

Um silêncio incômodo nos rondava, eu não sabia o que falar...

Não sabia...

Ergui a mão para tirar uma mecha de cabelo que caía sobre o meu rosto. Anne me olhou e olhou para Harry outra vez, como se me induzisse a alguma coisa.

Ele estava de cabeça baixa... provavelmente ignorando a nossa presença.

- Co-como você está...? – Perguntei calmamente me aproximado da cama e quando tentei abraçá-lo, ele me afastou.

Suas mãos estavam firmes em meus ombros como eu nunca tinha sentido.

Olhei rapidamente para suas mãos me segurando, me chocando por completo com a sua atitude. Novamente olhei para ele e seus olhos me reprovavam por completo ao mesmo tempo que me olhavam assustados. Naquele momento... naquele momento... eu que não reconheci mais Harry.

E não só ele a mim.

- Por que fez isso? – Perguntei com um suspiro, baixando meu rosto.

Ele ficou em silêncio por um tempo.

- Dianna. Me deixa sozinho com a minha mãe. – Me pediu. Direto e duro.

Apenas concordei com a cabeça, evitando de novo chorar perante ele.

Olhei para Anne, com lágrimas nos olhos, e pedi ‘‘com licença’’ a ela. Em seus olhos haviam lágrimas também, porém segurei o choro na garganta e sorri para que ela ficasse tranquila. Não queria preocupá-la.

Caminhei até a porta, fechei os olhos e suspirei fundo. Dei uma última olhada em Harry antes de sair do quarto, que permanecia com sua cabeça abaixada.

Respirei fundo e passei a mão pelo cabelo abrindo a porta.

Não consegui mais segurar o choro.

Me agachei encostada na porta, com as mãos cobrindo o rosto e a testa apoiada nos joelhos. 

O choro estava fazendo a minha garganta arder e o ar me faltar. O aperto que me doía era imenso... Nada podia ser comparado. Nada.

Senti um impacto em minhas costas. Foi a porta.

Anne se agachou ao meu lado, abraçando-me. Fiz o mesmo.

- Eu sinto tanto, meu amor... – Sua voz estava embargada – Me desculpe por Harry tê-la tratado assim... você não merece, meu amor, não merece... – Disse me apertando contra ela e beijando o topo de minha cabeça.

- Nós dois não merecemos, Anne... – Choraminguei desnorteada.

- Você não merecia estar passando por isso – Meu choro intensificou.  

- Anne, você pode me trazer água, por favor? – Pedi, soluçando um pouco, mas parando de chorar.

- Claro, claro que sim – Ela se levantou e dirigiu-se até a sala de espera.

Enquanto isso eu só fiquei lá. Agachada no chão e encostada na porta... chorando baixinho, perdida, com uma parte de mim totalmente destruída...

 

 

 

 

Um tempo depois...

 

 

 

 

Harry

 

As coisas estavam tão, tão bagunçadas em minha cabeça. Olhava para a janela e via o céu azul, mas não tinha certeza se esse era o nome certo para a cor. Afinal eu via todo o resto cinza. Será que eu via azul ou essa cor simplesmente vinha porque era projetada em minha mente?

Algumas lembranças, de como cheguei até ali ou sobre outros fatos, não eram acessíveis em minha cabeça. O que me deixava bastante angustiado. E quando vinham, não eram claras e eu não sabia de onde estavam vindo. Como se isso não fosse o suficiente, ainda tinha o fato de mal conseguir mover meus membros com objetividade.

Uma batida na porta me fez saltar, olhando em direção a porta.

- Harry, tem uma pessoa querendo lhe ver. Posso deixar entrar? – A voz de doutor Phillips invadiu os meus ouvidos.

- Pode. – Respondi e logo em seguida ouvi um rangido de porta abrindo.

- Filho. – Olhei em descrença na direção da porta. Perae, é o meu pai?!

MEU PAI??

- Pai...? – Meus olhos se arregalaram – O que está fazendo aqui...? – Perguntei com os olhos ainda arregalados.

- Eu vim te ver – Respondeu e por um momento eu quis rir.

- Eu devo estar morrendo, não estou? – Soltei uma risada, mas não nervosa, e sim sarcástica. – Quer dizer. Para você ter vindo me ver, só pode está acontecendo algo muito sério comigo. – Ele suspirou, sacudindo a cabeça.

- Claro que não, Harry...

- Então por que veio? – Perguntei novamente. Com uma voz mais seca e encarei o teto.

- Porque você é meu filho e eu me preocupo com você. – Tirei os olhos do teto e o olhei estático, que me olhava do mesmo jeito.

- Isso é alguma brincadeira? – Questionei-o, inexpressivo.

- Harry, eu vim para tentar mudar tudo entre nós dois. Sei que não vai ser fácil conseguir a sua confiança, mas eu vou tentar. Mas por agora eu não vou nem posso forçar nada. – Ele disse e ouvi um barulho na maçaneta da porta. Processei em minha mente, por rápidos segundos, tudo que ele havia dito.

- Espera! – O impedi que saísse.

- Fale.

Ergui a cabeça o olhando.

- Obrigado por ter vindo.

- Não me agradeça, filho... – Olhei em seus olhos novamente e haviam lágrimas – Só estou tentando fazer o papel de pai pelo menos uma vez na vida.

Ele saiu e me deixou com um sorriso sem graça no rosto. E um choro emocionado na garganta.

 

Isso está mesmo acontecendo ou é algum tipo de brincadeira?

 

Eu nunca imaginei que algum dia o meu pai começaria a se importar comigo. Sério. Nunca. Talvez esse incidente comigo tenha servido para ele refletir, não sei.

Uma lágrima escorreu por meu rosto e eu ergui a mão para limpá-la. Eu amava o meu pai. Eu sempre quis que ele fosse presente. Não tenho palavras para dizer o que significou para mim vê-lo fazer isso mesmo que por alguns minutos... dois minutos... mas ele veio, ele estava aqui... ele se importou!

- Harry Styles? – Uma mulher adentrou do quarto, me assustando.

Sua voz me trouxe de onde eu estava. Perdido em meus pensamentos, nem notei que aquela não era a primeira vez que ela me chamava.

- Oi! – Respondi quase saltando da cama. Foi como cair do alto e me chocar contra aquela cama. Olhei rapidamente para ela que tinha um sorriso simpático ao achar engraçado a minha reação.

- Eu sou Amanda e serei a sua fisioterapeuta. – Ela disse e aquilo me assustou. Fisioterapeuta?! – Hoje será a nossa primeira consulta – Ela disse ao se aproximar de mim.

Ela aparentava ter seus quarenta e poucos anos. Tinha olhos bastante azuis e um cabelo chanel muito escuro. Ela sorria muito, o que eu não estava acostumado a ver desde que acordei. As pessoas só choravam e se desesperavam perto de mim – apesar de estarem alegres por eu ter acordado.

Até eu mesmo estava feliz por ter acordado, claro. Mas algo parecia assombrar a minha volta... era quase como não ter voltado.

- Não se preocupe. Eu cuidarei bem de você – Ela disse ao possivelmente notar minha expressão nervosa.

- Oh, muito obrigado – Respondi tentando me aprumar na cama, sem muito êxito.

- Cuidado! – Ela disse me segurando e me ajudando – Não gaste toda a sua energia aqui, iremos ter muitas coisas a fazer. – Disse sorrindo.

- Por que eu estou assim? – Resolvi perguntar.

- Você ficou muito tempo em coma, Harry. Seus nervos, músculos e até seu sistema motor passaram muito tempo inativos. Mas não se preocupe, logo, logo seus movimentos estarão de volta. É só uma questão de tempo. Basta você fazer os exercícios corretamente e se dedicar, que logo, logo, estará novinho em folha – Ela me explicou.

- E quanto a minha suposta amnésia? – Voltei a perguntar.

- Ah, sinto não poder ajudar nisso. Sobre isso você terá que falar com o seu neurologista – Ela falou de uma forma amena e com um sorriso.

Assenti e então resolvi me calar. Ela logo se aproximou mais de mim, me chamando. Coloquei o braço em volta de seu pescoço para me levantar e tentar dar alguns passos até uma cadeira de rodas que estava ali próximo. Meus pés estavam enfraquecidos, era como aquela sensação estranha quando você acorda e não consegue fechar o pulso por mais que coloque força. Na realidade, a sensação era não ter força alguma. Porém eu senti o gelado do chão, pela primeira vez. E aquilo me fez sorrir. Era quase como estar redescobrindo algumas sensações. Diante de coisas que eu não conseguia nem me lembrar, ou até mesmo valorizar...

Ali... sentir o chão gelado... me emocionou muito... foi muito especial.

Sentei-me na cadeira de rodas e então olhei para a fisioterapeuta levantando o rosto. Ela me devolveu o olhar com um sorriso e saímos do quarto. Começamos a passar pelos corredores e a cada corredor, sala, quarto, que eu passava, uma nova sensação estranha me abatia. Eu estava passeando por um lugar que não me lembrava nem como tinha ido parar ali. Não reconhecia nada, nem as cores. Eu nem vi o tempo passar, tentando prestar atenção nas coisas e notar se havia algo que pudesse me lembrar, mas não consegui. Quando dei por mim, já estávamos em uma sala enorme onde havia uma piscina não muito grande.

- Pronto, Harry, será aqui que iniciaremos os seus primeiros exercícios – Ela me disse apontando para a piscina.

- Eu vou ter que nadar?! – Perguntei assustado. Não conseguia nem ficar em pé sozinho, como iria nadar?

- Não, não, seu bobinho – Ela riu – Vamos começar a fazer alguns movimentos aleatórios dentro d’água. E você verá como será bem mais fácil ficar em pé lá dentro, com a ajuda dos suportes, do que ficar em pé fora dela – Ela me informou e só assim consegui ficar um pouco mais calmo.

 - Alex vai lhe ajudar a trocar de roupa para podermos iniciar.

 

Não, Alex! Não o machuque!

 

PAREM COM ISSO!! 

 

Calma, amor, por favor! Vamos sair daqui! Vamos só sair daqui! 

 

Cenas aleatórias de um quarto escuro começaram a vir em minha mente com violência. Movimentos rápidos iam de um lado para o outro quase como vultos. Eu não conseguia distinguir o que era ou, muito menos, quem era. Havia sangue, muito sangue. E dor. Alex era o nome que era repetido, mas não conseguia achá-lo e nem saber quem gritava. Só sabia que a voz não era minha.

Quando dei por mim, estava quase caindo da cadeira de rodas e bastante ofegante.

- Calma, Harry! Calma! – Dizia Amanda me segurando pelo tórax e tentando me manter em cima da cadeira de rodas – O que está acontecendo?! – Ela me perguntou assustada. Olhei bem em seus olhos azuis e foi assim que saí daquele quarto escuro e assustador.

- Eu não sei... – Respondia tentando tomar ar – Não sei – Repeti com as mãos sobre a cabeça.

- Você teve alguma lembrança? – Ela perguntou fazendo um sinal com a cabeça para o tal rapaz que estava perto de nós.

- Não sei... – Fui sincero. Não sabia se aquilo era uma lembrança ou só um pesadelo inventado pela minha mente.

- O que sente agora?

- Nada, eu estou bem... – Respondi.

- Está bem mesmo? – Ela insistiu me olhando com as sobrancelhas saltadas.

- Sim, estou – E estava mesmo. O ar já tinha voltado a circular por meus pulmões e eu nem me lembrava mais do que tinha acabado de pensar. Pelo menos, essa confusão toda na cabeça tinha o seu lado bom... Eu poderia até ter alguns flashes de lembranças... mas eu também os esquecia.

- Então nós podemos começar os exercícios? – Ela se ajoelhou e me perguntou olhando debaixo para cima para mim, para que não me esforçasse levantando a cabeça.

- Sim, sim. Claro! – Respondi tentando me empolgar. Apesar de estar com um pouco de receio, queria meus movimentos normais o mais rápido, o mais rápido possível!

 

 

 

 

Dianna

 

- Está assistindo o garotão se exercitar? – Eu estava concentrada, detrás de um vidro, vendo Harry começar seus primeiros exercícios na fisioterapia quando o doutor Phillips me surpreendeu.

- Sim – Assenti calma – Estou... – Abri um sorriso amarelo tentando ser simpática, mas não estava nada feliz.

Quer dizer, é claro que eu estava feliz em ver Harry bem, acordado e conseguindo começar seus exercícios. Sabia que agora seria uma questão de tempo até que ele voltasse a mover-se normalmente, como sempre foi. No entanto, a minha maior angustia era que se ele fosse, um dia, lembrar de nós como sempre fomos.

- Amanda é uma excelente fisioterapeuta. Logo, logo ele estará com seus movimentos normais novamente – Ele colocou a mão em meu ombro como se estivesse me dando força.

- Isso é muito bom – Respondi, olhando para Harry.

- E então...? – Seu tom era de pergunta.

O olhei.

- O que? – Confusa, perguntei a ele.

- Vi você várias horas a fio cuidando desse garoto. Rezando para que ele acordasse. Agora que ele acordou você me parece bastante abatida. Triste. – Comentou ele.

- Ele não lembra de mim... – Falei tentando segurar o máximo possível as lágrimas que já formigavam em meu rosto.

- Doutor! – Anne chegou e lhe deu um abraço e logo em seguida veio me dá um também – Vejo que Harry já iniciou sua fisioterapia! Não podia perder isso – Ela estava tão empolgada e feliz.

- Um dia ele vai se lembrar de mim? – A intenção era apenas de fazer aquela pergunta retórica, apenas dentro de mim. Mas acabei por pensar alto demais e chamei a atenção dos dois.

- Oh, querida... – Anne me abraçou e então não consegui mais conter as minhas lágrimas – Claro que ele lembrará de você! Não é, doutor? – Ela virou-se para ele, que, de cara, não fez uma expressão muito positiva para mim.

- Vou ser sincero com vocês – Ele tomou ar, olhou para Harry e depois voltou a olhar para nós duas – Esse tipo de amnésia seletiva que Harry está, geralmente é algo bastante complicado. – Respirei fundo, passando a mão sobre os olhos – Não é certo que ele tenha essas lembranças de volta e mesmo que as tenha, precisará de boa terapia para consertá-las e entendê-las. Pois estarão todas bagunçadas. E infelizmente, pode ser que leve muito tempo... – A vontade que tive foi de sair correndo, atravessar aquela piscina e balançar Harry a força até que ele se lembrasse totalmente de mim. Até que ele se lembrasse de nós...

- Oh, Deus... – Disse Anne, com pesar em seu rosto.

- E não há nada que possamos fazer para facilitar isso, doutor? – Perguntei calmamente. Eu não queria desistir, tinha que haver algo que pudesse fazer.

- Podem ir tentando algumas coisas, como objetos, momentos, lugares. Mas recomendo que não exagerem ou forcem ele demais. Isso pode dificultar o processo e até desencadear outros mais complexos – Ele tinha razão. Estava tão instigada a tentar de tudo para que Harry voltasse a lembrar de tudo, que não me toquei no tanto de esforço que ele iria ter que fazer para isso.

Novamente as lágrimas começaram a descer por meu rosto. Estava com medo de nunca mais o ter. A primeira coisa que veio em minha mente foi beijá-lo de novo. Quem sabe, sentindo meus lábios, os lábios que ele disse inúmeras vezes que amava, ele pudesse de novo me sentir e se lembrar. No entanto, tinha certeza que ele não me beijaria.

Ele nem me queria perto...

Precisaria, praticamente, que reconquistar ele. Mas isso, apesar de temer ser uma tarefa difícil, eu estava disposta a fazer. Não ia desistir de Harry... mesmo que ele não soubesse quem somos, eu sei!

O nós ainda existia dentro de mim... por mais que nele não.

- O que será que pode ter criado isso? – Anne perguntou – Por que só Dianna?

Doutor Phillips a olhou.

- Eu não saberei dizer com certeza, senhora. Mas suponho que a mente de Harry tenha tido os últimos momentos e lembranças atrelados a Dianna como traumáticas e tenha preferido tirá-las de sua consciência. No caso, esquecê-las. Ele fez isso inconscientemente, claro. É muito complicado rever essas questões. Por isso, precisarão de muita paciência e de outro profissional adequado para trabalhar essas questões.

- Meu amor... – Disse ao tocar o vidro quase como se pudesse tocar seu rosto, ao longe.

- Bom, agora vou ter que ir ver outros pacientes. Com licença – Disse o doutor ao passar sua mão por nossos ombros e sair.

Não tive forças para virar-me e conversar com Anne sobre isso. E creio que Anne também notara isso e preferiu ficar em silêncio junto comigo. O único som que havia ali era o de meus soluços baixinhos ao chorar. Ela colocou uma de suas mãos a massagear meu ombro, logo detrás de mim, ao olhar, também, para Harry fazendo os seus primeiros movimentos dentro d’água.

Eu o olhava, rezando, morrendo de medo de que ele nunca fosse lembrar de mim. O que seria de mim? O que seria de nós se ele nunca mais lembrasse? O que eu faria para trazê-lo de volta? Todas essas questões eram como fantasmas que sugavam as minhas forças sempre mais e mais.

E foi então que eu me perdi.

Aquele vidro dava a impressão de que eu estava o assistindo por uma televisão... um vidro que embaçava a realidade. A realidade que eu não queria ter.

 

 

~Flashback ON~

 

 

  - Você não me pega, Styles! – Harry estava correndo atrás de mim dentro de um belo e encantador bosque. Eu esforçava-me para correr dele. Não para correr mais do que ele, mas sim para correr o mais longe.

- Vamos ver se não, Agron! – A todo momento que olhava para trás, ele estava com um sorriso aberto de orelha a orelha. E só esse simples fato já era suficiente para alegrar todo o meu coração.

Nós corríamos e desviávamos das árvores. Algumas vezes eu ficava de um lado da árvore e ele do outro. Um tentando enganar o outro para pegar. É claro que se ele quisesse me pegar, já teria pego.

Corri novamente até meus pulmões começarem a arder. Foi então que caí, cansada, sobre a grama verde.

- Tá bom, eu me rendo! – Disse ao cair deitada de costas para a grama.

- Eu também me rendo! – Ele disse ao se jogar sobre mim e ficar de rosto colado comigo.

Sorrimos um para o outro.

- Olha, amor! – Apontei para o céu.

Ele girou o corpo para olhar e eu rapidamente fiquei sobre ele levando minhas mãos até a sua barriga começando a lhe fazer cócegas.

- P-a..ra com i-sso! So-socorro! A..mor

Sorri ao colocar minha língua entre os dentes negando com a cabeça.

Ele debatia os pés contra a grama sem forças para tentar me afastar. Seu rosto já estava vermelho e aquela risada moleca de bebê tomava conta de todo o bosque.

 Metade de mim me dizia para parar e deixá-lo ao menos respirar um pouco... porém, a outra parte, me dizia para continuar... Que eu só queria continuar a fazê-lo rir.

A fazê-lo sorrir.

Então, enquanto ele ainda ria se debatendo, choramingando para eu parar, eu sorri doce e acenei positivamente com a cabeça.

Assim que parei ele buscou ar algumas vezes, suspirando cansado depois. Seus cabelos estavam ainda mais bagunçados por causa da brincadeira, que ergui minha mão para ajeitá-los.

Ele puxou meu corpo de cima do seu rapidamente, me deixando deitada de barriga para cima ao lado dele, na grama.

- O quanto estou encrencada...? – Balbuciei baixinho, temendo algum esporro seu.

- Ainda não sei... – Sua voz soou falhada – Você é muito, você é extremamente travessa, Dianna. – Disse, entre uma respiração levemente agitada.

- Não sou não... – Neguei cínica – Eu só amo te ouvir rindo. Eu só amo a sua risada – Defendi-me de forma meiga.

- Cínica.

Ri baixinho.

- Amor. – Ele virou o corpo e ficou sobre mim de novo – Você me ama? – Não sei o que me deu de perguntar isso. Só sei que, naquele momento, em meio a toda aquela grama, recente brincadeira, a brisa quente do lugar e o perfeito aconchego de sua presença... as palavras simplesmente me fugiram da boca.

- Se eu amo você? – Ele voltou a pergunta saindo de cima de mim e deitando-se do meu lado de novo, de frente para o céu azul, onde havia poucas nuvens.

- Ah, esquece, né. – Não sabia nem porque tinha feito aquela pergunta. E ainda mais com ele me devolvendo a pergunta, uma aflição me abateu e me arrependi instantemente de ter perguntado.

- O que você vê naquela nuvem? – Ele apontou para uma determinada nuvem no céu.

- Nada... – Respondi meio emburrada.

- Como nada? Olha direito! – Ele passou seu braço por debaixo do meu pescoço e me acomodou em seu peito.

Então eu decidi olhar de novo.

- Parece uma tartaruga... – Foi o que eu tinha visto. Ele começou a rir.

- Pode até ser uma tartaruga, mas ela lembra você – Ele me surpreendeu. – O que você vê ali? – Agora, ele tinha apontado para uma árvore enorme e florida.

- Uma árvore, ué! – Respondi de forma rápida, afinal, não tinha o que decifrar, era uma simples árvore.

- Eu vejo você – Ele disse. – O que você vê ali? – Ele apontou para uma linda borboleta.

- Uma borboleta... – Respondi já confusa, sem saber o que entender.

- Eu vejo você. – Ele respondeu.

- Mas eu não estou entendendo nada, amor – Disse ao sair de seus braços e me sentei na grama.

- Tudo que é bonito nesse mundo me lembra você – Ele levantou-se também, sentando, e colocou meu cabelo detrás da minha orelha – Para qualquer canto que eu olhe, seja uma nuvem de tartaruga, uma árvore ou uma bela borboleta, eu lembro de você. – Sorri – Já faz algum tempo que eu estou procurando lógica nisso. Então eu pensava: será que ela está em tudo? Mas não. Você não estava em tudo, porém ocupava todo o meu coração e meus olhos. Então foi aí que eu notei que nada mais era do que os meus olhos querendo te ver para todo o sempre. – O meu corpo tremeu e um sorriso emocionado nasceu em meus lábios. – E se eu não achar palavras para te responder de forma apropriada que te amo, deixa que os meus olhos te mostrem. Pois eles não só te amam em tua presença, mas te buscam até na sua ausência... – Ele conseguiu tirar todas as minhas forças com aquelas palavras.

Eu que só esperava um “é claro que te amo” ouvi palavras que, diferente dessas, explicaram com maior sentido o quanto ele me ama. Dentro de mim, eu me batia como uma ave que tenta escapar da casca do ovo. Me batia para dizer que o amava, que ele era, é, e sempre será o amor da minha vida. Mas não conseguia. Meus olhos, já o vendo embaçado, pareciam tremer e entregar a minha emoção. O rosto formigando e vermelho entregava a minha vergonha, e meus lábios trêmulos deixavam notório a ausência das palavras.

- E-u amo você... – Consegui dizer, depois de muito esforço. Não por não amar; mas exatamente o contrário: por amar demais! Era quase como ter que rodar um disco de ouro em uma vitrola de alumínio. Por mais que tentasse, ela jamais expressaria, com perfeição, o que estava guardado, o que eu sentia, o que era de ouro...

Seus olhos brilharam apaixonadamente e um sorriso se formou em seus lábios antes dele dizer:

- Então, Harry, você aceita essa linda loira, para amar e respeitar, na saúde e na doença, na salada e na gordice, quando nem a morte os separe? – Ele se perguntou imitando uma voz mais velha. – É claro que aceito.

Ele respondeu e pegou um capim, envolveu e deu um nó sobre o meu dedo anelar esquerdo. Eu estava a simplesmente me derreter em lágrimas, sem acreditar no que ele estava fazendo. Meus sorrisos se disfarçavam entre as lágrimas.

- E você, Dianna, aceita esse boboca de olhos verdes, para amar e respeitar, na saúde e na doença, na dieta e na gordice, quando nem a morte os separe? – Ele voltou seus olhos para mim. Aqueles olhos verdes, tão brilhosos e meigos naquela manhã. Que formavam a maior beleza desse mundo.

 Harry, mesmo brincando, esbanjava emoção em seu toque quente em minhas mãos e em seus olhos já molhados, ao me olhar.

Aqueles segundos foram passando lentamente. Eu podia notar minhas pálpebras fechando-se bem devagar. Podia escutar o barulho do vento ao meu ouvido e cada movimento lento do cabelo dele ao voar. Vi seus lábios sendo pressionados e um sorriso apreensivo se abrindo. O sorriso mais lindo do mundo.

- Sim, sim, sim mil vezes sim! – Respondi ao pular em cima dele.

Ele riu baixinho retribuindo o meu abraço.

- Vocês já são felizes para sempre, então, pode beijar a noiva! – Ele disse ao me jogar contra aquela grama. Daquele bosque que foi o nosso ninho, lar, cantinho, e existência. Só o que existia era aquele lugar, e ele era o canto mais bonito desse mundo só por ter recebido aquele beijo dele...

 

Aquelas lembranças, jamais sairiam de nossas vidas.

 

 

~Flashback OFF~

 

 

Por mais que você não lembre delas...

 

Refleti. Ele pode não saber agora, mas aquele momento no bosque... foi o nosso para sempre. Para sempre ficaria em nossas mentes. Para sempre ficaríamos juntos. Mas na mente de Harry não... não mais! Ele tinha esquecido. E isso me doía. Doía tanto!

Não era possível que só o meu para sempre ainda existisse! Eu não podia jamais permitir isso... Eu tinha que fazer alguma coisa, não podia perdê-lo. Não podia perder todas as lembranças que nós tivemos juntos! Não podemos perder as lembranças que ainda vamos ter!

 

 

 

 

Harry

 

Algumas horas tinham se passado desde que tinha saído da fisioterapia. Minha mãe já tinha vindo no quarto me visitar e já havia ido para casa. Prometeu me trazer um bolo. O meu favorito. Isso foi muito bom de se ouvir, seria gostoso provar outra coisa que não fosse aquela comida sem graça do hospital.

O engraçado era que já estava começando a sentir um pouco de melhora, mesmo tendo sido, apenas, a minha primeira sessão de fisioterapia.

Foi então que três batidas foram dadas na porta.

- Entra. – Mandei que entrasse.

- Oi... – Era Dianna.

- Oi... – Fiquei altamente desconfortável com a presença dela.

Em minha mente, eu sabia que ela era minha meia-irmã, que nós tínhamos algumas brigas – talvez muitas – mas que no fundo nos amávamos. Éramos quase irmãos, poxa. Mas também sentia que não era apenas isso. Ela liberava umas sensações em mim, umas emoções que eu não conseguia descrever. Na verdade, eu não sabia nem sentir. Era como se, literalmente, meu corpo entrasse em curto.

Olhei novamente para ela e fui atingindo por uma lembrança de quando pedi para que ela se retirasse do quarto mais cedo...

 

 

~Flashback ON~

 

 

- Por que tratou a Dianna assim, Harry? – A voz da minha mãe era dura, porém, mesmo assim, contida. Como se não quisesse brigar.

- A presença dela me faz mal, mãe – Confessei – Dói...

- Não diga isso. – Ela me cortou mais firme ainda – Dianna foi a pessoa que mais ficou com você nesse hospital! Que mais cuidou de você, lutou por você, até mais do que eu, Harry. Que infelizmente tinha uma casa e um marido para também cuidar! – Baixei a cabeça – Dianna aguentou tudo por e com você. Eu não te ensinei ingratidão, filho.

Fiquei apenas calado. O que eu poderia dizer depois de tudo isso?

- Eu sei que não... – Eu disse tentando reconfortá-la. – Mas eu não consigo impedi o que sinto.

- E o que você sente?

- Dor. Quando ela fica perto de mim, eu sinto dor, mãe – Suspirei em dificuldade – Dor em minha cabeça, em meu peito, dor até em minha alma...

- Dianna não merece isso... – Ela disse e eu a olhei.

Baixei um pouco a cabeça de novo, pensativo.

- Mãe...

- Diga, amor.

- Você pode me deixar sozinho um pouco? – Pedi manso, não queria também magoá-la.

- Claro, filho. – Ela se inclinou dando um beijo em minha testa e caminhou até a porta.

E assim que ela saiu do quarto, eu levei as mãos ao rosto e comecei a chorar...

 

 

~Flashback OFF~

 

 

- Como você está...? – Dianna perguntou, apreensiva, entrando no quarto com as mãos uma na outra, entrelaçadas a sua frente.

- E-eu estou bem – Respondi tentando dar-lhe um sorriso para mostrar como estava feliz, mas não consegui. Minha boca apenas tremeu.

- Que bom... – Parecia que estávamos presos dentro de uma bolha desconfortável. A sensação que dava era que a qualquer momento fôssemos perder todo o ar.

- Que bom... – Foi a única coisa que respondi. Estava envergonhado, era difícil até olhar para ela.

- Você... – Ela começou – Você conseguiu lembrar de algo...? – Perguntou com receio.

- Não... eu acho – Fiz um esforço para ver se me lembrei de algo durante o dia. Bem irônico eu tentar lembrar se tinha lembrado; lembrar de lembrar. Justamente o que eu não estava conseguindo.

- Ah, eu entendo. Tudo bem... – Ela disse ao começar a sair do quarto.

- ESPERE! – Gritei. Nem eu mesmo soube o por quê. Olhei para baixo tentando me observar. Era quase como uma tentativa falha de sair de mim para me observar.

Eu apenas tinha sentido uma grande agonia ao vê-la sair e um desespero tamanho que nem pude controlar as palavras saírem com tanto fervor de minha boca.

- O que houve?! – Ela veio a passos rápidos em minha direção. Foi quase como se ela esperasse algo de mim... algo que eu não sabia se poderia dar a ela.

- Não sei... – A confusão em minha cabeça me tomou as palavras depois – Eu só queria que não fosse embora... – Disse a ela, lhe olhando. Meu cenho estava franzido, não estava entendendo nada, mas era isso que eu sentia. E achava justo falar para ela. Sentia que devia.

- Pois então eu não vou... – Ela abriu um sorriso e limpou duas lágrimas que desciam em seu rosto – Eu fico... – Ela sentou-se na beirada da cama.

- Você é bem mais bonita do que em minhas lembranças... – Novamente, as palavras saltaram de minha boca.

Parecia que era outra pessoa dentro de mim. E esse outro alguém era mais forte do que eu. Era como ser atropelado por um trem. No entanto, estava meio desconfortável por não saber como lidar com aquilo tudo.

- Oh, obrigada... – Ela respondeu se tornando vermelha. Senti vontade de abraçá-la ou até de mordê-la. – Já você continua do mesmo jeito que em minhas lembranças... – Ela disse.

- E como eu sou em suas lembranças? – Perguntei, curioso.

- Perfeito... – Ela respondeu e eu acabei corando.

- Ninguém é perfeito – Disse ao sorrir.

- Todo mundo diz isso... – Ela também sorriu – Até conhecer você. – Aquilo foi no âmago do meu coração.

Tive a sensação de sentir um gélido assopro em meu peito. Algo que me atravessou e me tirou o fôlego.

Eu até amoleci sobre a cama.

- Sua boba... – Disse corado, ao dar-lhe um empurrão devagar. Claro, ainda mal movia meus braços.

Ficamos em silêncio por alguns instantes e a olhando contidamente, olhei para o anel em seu dedo e não pude deixar de olhar para um anel idêntico que havia em meu dedo.

Meus olhos se arregalaram.

Eu sabia exatamente o que aquilo significava.

Meus olhos se focaram nos dela.

E em suas feições.

Ela realmente estava ainda mais linda do que eu me lembrava...

Meu pulso acelerou e minha mente girou enquanto eu continuava a encará-la.

Eu nem consegui perguntar nada. Eu não consegui.

Não haveria nenhuma maneira fácil para que eu fizesse isso... então eu não fiz.

Ela ainda tinha seus olhos nos meus... parecia estar no mesmo pensamento que eu...

Ela então soltou um sorriso e abaixou o olhar.

- Você pode não lembrar, Harry... – Novamente me olhou – Mas eu amo você... – Ela me surpreendeu com aquilo.

- Eu também amo você, Dianna... – Falei.

- Ama? – Seus olhos quase saltaram da face.

- Sim. Esqueceu que você é minha irmãzinha mais nova? – Brinquei.

- Não, eu não amo você apenas como meu irmão! – Ela começou a se exaltar – Eu amo você como homem, como a minha metade!

Abri a boca para dizer que apenas a amava como irmão. Era isso que eu estava preparado a dizer e era isso que as minhas lembranças diziam. Minha namorada era a Alisson. No entanto, não consegui dizer isso.

Era como se... por um momento, como se não fosse verdade o que eu ia lhe dizer... que eu não a amava apenas como irmã.

- Eu... eu... – Foi apenas isso que saiu da minha boca.

- Diga alguma coisa...! – Ela pegou em minha mão e olhou bem dentro de meus olhos – Por favor. Me salve desse buraco que sua amnésia cavou...! – Eu pude ver seus olhos jorrarem lágrimas e depois encarei sua mão na minha.

O meu corpo tremeu com o seu toque.

- E-e... eu não sei o que dizer... – Minha cabeça já estava começando a doer. Uma tontura começou a me abater e eu estava começando a ver o quarto girar.

- Por favor, Harry. Eu não aguento mais estar onde eu estou... presa em um passado onde você não me ama...!

- MAS EU NÃO CONSIGO! – Gritei.

Foi então que notei uma lágrima descer por meu rosto. Era uma sensação nova... eu sentia o calor dela deslizar por meu rosto e meu coração parecia querer rasgar a qualquer momento.

O quarto girava e minha cabeça já estava a dar pontadas fortes.

Então eu a vi mudar de expressão.

Agora ela se mostrava preocupada.

Seus olhos saltados viraram-se para mim e ela começou a me olhar do pé a cabeça.

- O que foi, Harry...?! Você está bem?! – Foi o que ela disse ao começar a me tocar.

- ...eu acho que sim... – Disse ao levar minhas mãos até a cabeça.

- Me desculpe, por favor! Me desculpe! – Ela disse ao me abraçar.

Naquele momento, uma mágica aconteceu. Meus olhos fecharam-se instantaneamente quando me senti entre seus braços.

A única coisa que eu conseguia escutar era o tumtum de seu coração... 

E aquele simples som exorcizou toda aquela confusão que havia em minha cabeça por alguns minutos. Era tranquilo. Gostoso. Nunca, desde que acordei, tinha sentido tanta paz...

- Me desculpe... Eu preciso ir... – Ela se afastou de mim – Você precisa descansar, está bem...? – Ela falou ao limpar suas lágrimas. E mesmo em meio a toda aquela confusão, eu sabia que ela estava saindo por estar prestes a desabar em choro.

- Tudo bem... – Dessa vez pareceu que eu ia conseguir deixá-la ir, realmente.

- Até mais, Harry... – Ela disse, indo em direção a porta, de frente para mim ainda. Seus passos eram indecisos, demonstravam o quanto ela não queria ir.

- Até mais, Dianna – Lhe respondi achando aquela cena estranha.

- Amo você – Foi o que eu consegui ler em seus lábios silenciados.

Ou foi o que eu imaginei ver.

- Dianna... – A chamei antes que ela saísse pela porta por completo.

- Oi! – Ela disse ao voltar.

- Tenho algo a dizer... – Falei.

- O que quiser! – Ela disse ao se mostrar empolgada.

- Na verdade, é um pedido – Me mostrei um pouco envergonhado.

- Pode pedir, pode pedir, Harry! – Ela disse.

- Posso te pedir qualquer coisa? – Perguntei cautelosamente.

- Pode, pode sim. – Garantiu, forçando um meio sorriso.

- Que bom – Fiquei aliviado, por ela se mostrar aberta a qualquer pedido – Você pode entrar em contato com a Alisson e avisar que eu necessito muito vê-la, por favor...? Eu já acordei e ainda não a vi. Eu preciso vê-la. Eu quero muito vê-la! – Foi um pedido de irmão. Precisava ver a minha namorada, eu devia estar com saudades dela.

Dianna não disse nada, sequer olhou para mim. Vi seu rosto virar rapidamente e ela correr em direção a porta, batendo a mesma com violência. Com tanta violência, que o quarto pareceu tremer. Foi então que abaixei a cabeça e fiquei pensativo, aprisionado com aquela questão.

Sem conseguir entender a sua atitude...

Mas ao refletir um pouco mais sobre os possíveis motivos... senti o meu coração doer por entender os seus motivos.

 


Notas Finais


Puta que pariu, Harry!
Vamos, coloquem para fora tudo o que vocês estão sentindo em relação ao Styles...!
Me digam o que acharam e até o próximo capítulo ❤️


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