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História I Can Change For You - My Heart is With You


Escrita por: AnnaWrou

Notas do Autor


💠💠Título do capítulo: Meu coração está com você.💠💠

Boa leitura <3

Capítulo 74 - My Heart is With You


Fanfic / Fanfiction I Can Change For You - My Heart is With You

 

Queria decifrar o teu silêncio

Quando olha pra mim

Queria desvendar os teus mistérios

Quando fica assim

Como se existissem mil perguntas

Querendo falar com o teu olhar

Um olhar profundo

Tão encantador

Despindo minh'alma

Tão cheio de amor

Será que quer dizer que me ama?

Será que está querendo me beijar?

Será que não consegue mais viver sem mim?

Ou será? Será?

Será?

Dianna

 



 

Ouvi-o fungando baixinho em meu pescoço.

- Bebê...? – Me afastei para olhá-lo.

Ele fungou um pouco, abrindo um sorriso logo depois.

- ...eu fiquei emocionado, me desculpa... – Choramingou limpando os olhos com as pontas dos dedos.

Sorri acariciando seu rosto, de leve. Beijei sua clavícula, e cheirei seu pescoço... ele suspirou manhoso...

Ergui um pouco a cabeça... ficamos longos segundos nos olhando... eu apenas acariciando o seu rosto e ele a minha cintura...

- ...eu sei que tudo isso já foi perfeito e muito mais do que eu merecia, mas... – Enrolei uma mecha de seu cabelo ao redor do meu dedo indicador – Eu posso te pedir uma coisa de aniversário...? – Questionei-o, ainda o fitando com amor...

- ...pode... – Ele me olhava da mesma forma.

- ...me beija...?

As bochechas dele se avermelharam na mesma hora.

 

 

 

Harry

 

Deixei um sorriso apaixonado escapar.

Bobo...

Eu estava sorrindo tanto que minha mandíbula até doía...

Mordi o lábio inferior e ela fez o mesmo, encarando minha boca.

Segurei seu rosto entre as mãos, acariciando suas bochechas, encarando sua boca maravilhosa...

Meus olhos encontraram os seus... doces... como sempre estiveram... notei o quanto ela estava corada, nervosa, com a respiração a mil... reparei em todos os seus delicados traços, a medida que aproximava meu rosto do seu... ela sorriu de lado... também segurando meu rosto entre seus dedos... seu toque arrepiou todos os meus pelos... suspirei fechando os olhos ao puxar seu rosto com cuidado de encontro ao meu...

- SURPREEESA!! – Fomos surpreendidos pelo grito do Niall!

Suspiramos incomodados, nos afastando ao mesmo tempo.

- Horan você não disse que ia ligar?!? – Eu estava quase voando em cima dele, quase!

- Eu liguei. – Ele disse – Seis vezes, Styles.

Peguei meu celular na cama e realmente havia seis ligações dele.

- Co-como entraram aqui, gente? – Di perguntou ao ser quase esmagada por um abraço do Niall.

- Foi tudo combinado, princesa. O Harry deixou a porta aberta para que pudéssemos entrar. E a Ash e o Zayn estão vindo aí também, é porque como sempre, ele atrasou

- Dormindo – Murmurou Liam ao também abraçar Di, parabenizando-a.

Passei a mão pelos cabelos, caminhando até a janela do quarto. Eu tinha que pegar um ar. Respirar. Não estava acreditando que aquele beijo tinha sido interrompido...

- Vocês já comeram alguma coisa? – Ouvi Niall perguntando, já de boca cheia.

- Trouxemos o bolo, como você pediu, Styles – Disse Louis.

Me virei de lado na janela para olhá-los.

- Tá, valeu, pode colocar aí na mesa

- Certo.

Olhei para Di. Ela negou com a cabeça soltando um sorriso. Ela também não estava acreditando...

Sorri para ela, com pesar.

- E ae, princesa, ganhou presente hoje? – Perguntou Niall.

- Sim. Eu ganhei o melhor presente do mundo – Ela disse desviando o olhar para mim, senti meu rosto esquentar.

- E que presente foi esse?

- Horan, chega de papo! Vai comer logo! – Proferi incomodado.

- Magoei – Ele resmungou ofendido, rolando os olhos – Vocês não veem? Ou eu vou ter que comer tudo sozinho? – Ele disse e todos nos aproximamos da mesa antes que ele não deixasse nada mesmo.

Eu estava sem um pingo de fome e só comi o que a Di me dava. Ainda estava chateado.

Quando que iríamos ter outra oportunidade daquelas?

- Hey. O que acham de assistirmos algum filme na sala? Faz tempo que não nos reunimos – Sugeriu Niall, quando todos terminaram de comer – A princesa escolhe – Todos olharam para ela.

Ela sorriu de canto, deslizando a mão direita pelo cabelo, o jogando para o lado.

- Não iremos nem esperar o Zayn e a Ash chegar? – Perguntou-nos.

- A gente espera lá embaixo – Niall disse e todos concordaram. Menos eu... que estava calado.

- Tudo bem – Ela disse e me olhou.

Concordei com a cabeça, um pouco desanimado.

- Vamos então – Niall disse e saímos do meu quarto.

- Hey... o que aconteceu? – Ela perguntou-me baixinho, ao se aproximar.

- Nada. Tá tudo bem – A abracei pela cintura, depositando um beijinho em sua bochecha.

Descemos a escada e todos já foram se espalhando pelos sofás. A Dianna sentou primeiro, sentei ao seu lado, deitando em seu colo.

Fiquei recebendo um cafuné gostoso enquanto esperávamos Zayn e Ash chegar. Minha cabeça não saía do quase beijo que tivemos. Talvez o meu maior desejo, desde que a conheci, fosse beijá-la...

- Olá a todos! – Disse Ash ao cruzar a porta e correr para abraçar a Dianna.

Demorou, mas eles finalmente chegaram.

O Zayn ainda estava com uma cara de ontem horrível e os cabelos molhados.

- Ei... – Ouvi a voz da Di dizer – Tudo bem para você assistirmos esse filme? – Filme? Que filme? Eu nem prestei atenção...

- Tudo bem sim – Esfreguei os olhos com uma das mãos, eu acabei dormindo com os carinhos dela.

- O que tem, bebê...? – Perguntou, com seus dedos ainda acariciando minhas mechas de cabelo.

- Só estou chateado... – Confessei me encolhendo mais em seu colo.

- Por causa do beijo?

- Quase beijo. – Corrigi-a ácido.

Ela riu um pouco, dando um leve aperto em meu ombro.

- Nós teremos tempo para isso... – Disse em meu ouvido, em seguida afastando seu rosto.

- Você quer dizer ‘‘mais tarde’’? – Me sentei para olhá-la.

- Quem sabe...

Sorrimos um para o outro, mantendo o olhar por algum tempo. Pisquei um dos olhos para ela, vendo-a negar com a cabeça ao sorrir corada.

- Vem cá... deita comigo... – Disse ao passar um braço ao redor dos seus ombros, a puxando para mim.

- Por que não fez isso antes, Styles? – Ela brincou e eu ri baixinho, sendo acompanhado por ela.

- ...você está tão quentinha... – Comentei colocando uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.

- Estou? – Ela começou a distribuir beijos no meu pescoço.

Assenti sorrindo e arrepiado.

- Eu te adoro... – Sussurrei de olhos fechados, curtindo cada beijinho seu  – Não me deixe nunca, por favor...

- Nunca... – Ela beijou a pontinha do meu nariz, fazendo um suspiro calmo me escapar.

Encostei minha cabeça na dela, e começamos a nos concentrar no filme. Ela ergueu a mão para acariciar minha bochecha, o sorriso não saía do meu rosto, muito menos o calor do seu corpo no meu. Comecei a acariciar seu braço em troca, lhe causando alguns arrepios.

Eu já estava quase cochilando devido as suas carícias quando ouvi a campainha tocar. 

Despertei meio atordoado e quando vi já estava sentado no sofá.

- Harry, é pra você  – Disse Zayn, em pé, e com pesar ao voltar da porta.

- Quem é? – Mal pude fechar a boca.

- Boa noite. – Meus olhos se arregalaram.

- Puta que pariu, agora acabou a nossa festinha – Ainda ouvi Niall murmurar baixo.

- O que está fazendo aqui, Alisson? – Perguntei me levantando do sofá.

- Ué, eu vim te ver, amor – Ela me deu um selinho.

Afastei-a pelos ombros.

- Sem avisar? – Questionei a encarando.

- Você não atende o celular

Suspirei fundo.

- Não é uma boa hora, Alisson...

- Por que? Por que não?

- Estamos em uma comemoração.

- Sobre o que?

- É o aniversário da Dianna. – Por falar nela, eu sequer tive coragem de olhá-la depois que a Alisson chegou. Eu nem conseguiria imaginar o que ela estava sentindo...

- Ah é? – Disse Alisson, se virando – Parabéns, Dianna.

- Obrigada. – Ela foi seca em sua resposta.

Por fim a olhei.

Engoli a saliva que se formou em minha boca. Ela suspirou, um suspiro cheio de lamento.

- Amanhã marcamos alguma coisa, ok? – Disse voltando meu olhar para Alisson.

- Por que não marcamos hoje? Harry, eu não te vejo faz três dias

- Alisson, por favor. – Já estava me irritando.

- É a ocasião perfeita, amor. Por que não vamos todos para alguma festa? Para comemorar o aniversário dela?

Todos nos entreolhamos e surpreendentemente, os maníacos por festas estavam com expressões negativas a essa ideia.

- Alisson, não. – Proferi firme e ela sorriu sem humor.

- Por que não aceita, Dianna? – Di a encarou séria  – Eu só estou tentando ser legal com você. Tentando me redimir por tudo de ruim que causei a você... por que não aceita ir?

- Não, obrigada, eu não quero estragar o resto do meu aniversário. – Segurei a risada, assim como os garotos.

Alisson pareceu ofendida e me olhou séria.

- Vem aqui um minuto – A peguei pela mão, nos afastando de todos  – Que ideia maluca foi essa?

- Eu só estava tentando ser legal. Mas essa menina é muito difícil

- Vocês não se gostam, Alisson, ela nunca aceitaria isso...

- Custa tentar?

- Não – Beijei sua testa a abraçando pelo pescoço – Eu gostei muito da sua atitude... – Ela ergueu o rosto me olhando – Mostrou que não ficou mágoas da sua parte.

Ela sorriu.

- Mas vamos fazer assim. Amanhã a gente marca alguma coisa.

- Festa?

- Mas que insistência nisso...

- É a melhor oportunidade de me aproximar dela. O ambiente é totalmente descontraído

- Tudo bem. Eu vou falar com ela.

Ela se aproximou e quando seus lábios buscaram os meus, lhe dei um beijo rápido. Não quis aprofundar ainda mais aquele gesto.

- Então até amanhã, amor... – Ela disse.

- Até amanhã.

Ela me deu mais um beijo rápido e um abraço apertado. Não posso mentir, ela estava tão cheirosa...

Voltei para a sala assim que ela foi embora. Todos estavam em silêncio, sentados, me olhando.

O rosto da Dianna estava sério e ao mesmo tempo entristecido.

- Galera. Já está quase na hora de Ronald e a minha mãe chegarem – Comentei em tom de despedida.

- É. A gente entende – Disse Niall, ao entender o clima.

Eu só queria ficar sozinho com a Dianna. Tentar consertar o seu dia, e se não desse para consertá-lo, tentar curtir o resto do que ainda tinha...

Todos começaram a se despedir dela, e foram embora. Nem cortamos o bolo, muito menos cantamos parabéns...

Olhei no relógio e já eram 22:50. Ela continuava sentada no sofá, de cabeça baixa.

- Me desculpa pelo que aconteceu... – Pedi me sentando ao seu lado no sofá.

Ela sorriu de canto, erguendo a mão para acariciar a minha bochecha.

- Eu sei que essa garota é um porre. Não se preocupe – Abaixei a cabeça sorrindo.

- Então vamos subir...? – Sussurrei pegando uma de suas mãos – Para o nosso ninho de amor...? – Ela coçou a nuca e suas bochechas coraram. Meu coração se aqueceu na mesma hora.

- Seu bobo – Acariciei seu rosto, suspirando – Vamos... – Ela concordou, me deixando automaticamente aliviado.

Levantamos do sofá e subimos para o meu quarto.

- Deus, que maravilhoso... – Ela sorriu olhando novamente todo o quarto. Parecia deslumbrada. E eu me sentia tão satisfeito. Tão bem. Vê-la feliz me fazia feliz...

- O que acha de esperarmos minha mãe e Ronald chegarem para cantarmos os parabéns e cortar o bolo?

- Eu acho perfeito – Ela tocou minha bochecha, beijando o local, me deixando derretido.

- Não me provoca, loirinha... – Ela sorriu divertida.

- Vamos sentar... – Ela me puxou para as almofadas.

Quando ela se sentou, puxei-a para os meus braços, a abraçando com força e carinho.

- Por que você tinha que ser tão macia...? – Perguntei o mais baixo que pude. Mais para mim mesmo que para ela...

- O que disse? – A ouvi perguntar.

- Nada. Eu só disse ‘‘por que essa noite tinha que ser tão fria’’

- Está com frio? – Perguntou atenciosa, esfregando suas mãos em meus braços.

- Você já está me esquentando ao me abraçar... – Disse a abraçando com mais força para senti-la mais colada em meu corpo.

- Seu bobo... – Com calma ela pôs sua mão em minha nuca, deslizando seus dedos por meu pescoço. Suspirei deitando a cabeça em seu ombro.

- Quer conversar sobre alguma coisa...? – Perguntei baixinho.

- Não... – Beijou meus cabelos – Eu só quero ficar assim com você... – Senti minhas bochechas arderem.

- Ok... – Fechei os olhos me entregando aos seus carinhos.

Não sei quanto tempo se passou, mas ficamos abraçados por um bom tempo.

- Harry, já chegamos, filho! – Ouvi minha mãe dizer do andar de baixo – Filho, já chegamos! – Eu pedi que ela repetisse no mínimo duas vezes e enrolasse um pouco lá em baixo.

- Caramba, chegaram! – Eu disse me levantando com pressa, vendo a Di fazer exatamente o mesmo.

Ela ajeitou o seu vestido, fazendo-me abaixar os ombros em rendição. Que gostosa...!

- Me ajuda a tirar isso! – Comecei a arrancar os envelopes que ainda estavam pendurados pelo quarto. Se Ronald lesse algum deles, minha nossa senhora. Eu era um cara morto.

Parecíamos duas crianças travessas, desfazendo alguma travessura.

Ela pegou todos os envelopes e saiu para guardar em seu quarto.

Ajeitei com o pé mesmo as almofadas onde estávamos sentados no chão e pus o bolo no centro da mesa.

- Tudo bem por aqui? – Perguntou minha mãe, com os olhos levemente arregalados.

- Sim – Ela suspirou aliviada ao me ver sozinho – Cadê o Ronald?

- Já está subindo. Está em uma ligação importante – Assenti me aproximando dela – Então, como foi tudo por aqui? – Perguntou-me sorrindo insinuativa.

- Ela amou, mãe.... – Sorri bobo – Eu tô muito feliz... – Ela acariciou meu rosto.

- Que bom, meu querido. Você não imagina o quanto eu torço por vocês juntos de novo – Senti minhas bochechas arderem novamente.

- Err... me ajuda aqui com o bolo, mãe – Me virei para a mesa e ela riu se aproximando da mesa começando a separar os pratinhos descartáveis.

- Anne? – Disse Di, ao voltar para o meu quarto.

- Oi, Anjo. Como você está linda! – Assenti com a cabeça, concordando plenamente.

- Ah, obrigada – Ela disse envergonhada – Eu ajudo – Ela se aproximou da mesa.

- Não, nada disso – A segurei pela cintura – Hoje não – A encarei alguns segundos, notando seu rosto mudar de pálido para vermelho. Como ela podia ser tão fofa? – Linda... – Disse sorrindo, antes de beijar sua testa.

- Desculpem o atraso, todos. – Disse Ronald ao entrar no quarto.

- Pai... – Ele a abraçou amorosamente.

- Está linda, princesa... – Ela sorriu novamente corada. Eu acabei rindo da cena.

- Podemos fazer uma oração antes de cantarmos os parabéns? – Minha mãe propôs e todos assentimos nos aproximando um dos outros. Fiquei ao lado da Di e todos demos as mãos fechando os olhos para iniciar a oração – Pai todo poderoso... eu te agradeço pela vida dessa pessoa tão especial para nós, que é a Dianna... que hoje está completando mais um ano de vida... estamos todos aqui para pedir ao nosso Deus, pai todo poderoso, para cobri-la com o seu manto sagrado e conceder-lhe sua proteção divina... dando luz e conforto ao seu coração... emanando as melhores bênçãos e energias para a sua vida... para que goze de saúde, paz e prosperidade... e ganhe tal merecido carinho e receba de todos muito amor... obrigado meu Deus, pela tua grandeza... pelo seu amor incondicional, não só por ela, como também por todos que estamos aqui... amém...

- Eu gostaria de falar um pouco... – Ronald disse assim que minha mãe terminou. Novamente fechamos os olhos ainda de mãos dadas – Pai, venho em tua presença agradecer pela vida da minha filha... também venho agradecer por essa benção sem preço que o senhor concedeu a mim, essa dávida de ser pai... – Acho que a Di estava chorando... podia ouvi-la fungar próximo do meu ouvido... e acariciei o dorso de sua mão com o meu polegar – Hoje, novamente, venho colocar a vida dela sobre as tuas mãos... embaixo de tuas asas... Senhor meu Deus, abençoe a minha filha ricamente, proteja-a, ilumina os seus passos, guia-a sempre nos teus caminhos... livra-a de todo mal, de tudo que não venha de ti! Faça justiça na vida dela, Deus de misericórdia! Faz da minha filha, benção, luz... Obrigado Deus, pela emoção de ser pai... em nome de Jesus te peço e agradeço do fundo do meu coração, amém...

Senti que todos já iam soltar suas mãos.

- Esperem, eu também quero falar um pouco – Pedi ainda de olhos fechados – Obrigado, Pai, pela oportunidade que tens me dado de conviver com esse ser humano tão glorioso que é a nossa Dianna... – Senti a mão dela apertando a minha e sorri, fazendo um carinho em sua pele com o meu polegar – É importante saber agradecer a quem nos faz bem... a quem sempre esteve conosco, na hora da alegria e da dor, e ela, Pai, nunca me abandonou... ela sempre esteve comigo... e é por isso que quero agradecer ao senhor por ter colocado-a em minha vida... na vida da minha mãe e da minha irmã... muito obrigado, Senhor, muito obrigado... – Meu polegar acariciava o dorso da mão dela a acalmando – Continua guiando-a por seus caminhos sagrados... continua fazendo-a ser essa pessoa honesta, guerreira, fiel, carinhosa, honrada, boa filha, boa enteada, boa irmã, boa amiga... uma pessoa de coração tão puro... nunca a tire de nossas vidas, Pai... em especial da minha... – Apertei nossas mãos – Amém.

- Eu... – Ela falou, com a voz embargando por conta do choro – Eu também gostaria de dizer algumas palavras, por favor. – Assentimos para ela. Ela respirou fundo, ainda com seus olhos fechados – Senhor, diante de Ti me coloco neste momento para te agradecer pela minha vida... pela vida de cada um que está ao meu lado... pela vida da minha irmã que não está aqui conosco... pela vida da minha irmã Gemma que está em outro país, mas que ainda a sinto perto... pelos poucos e verdadeiros amigos que tenho... enfim, Te agradecer por tudo que me deste, Pai... obrigado Senhor, por que sei que está comigo na alegria, mas, principalmente por que me sustentas na hora da angustia e do desespero... que eu venha sempre a cumprir o Teu querer... que eu possa ouvir Tua voz me ensinando o caminho que devo andar e que eu não me desvie nem para a esquerda, nem para a direita... que eu siga sempre reto em Sua direção, Pai... me ajude, Senhor, a ajudar os meus semelhantes... que eu possa fazer o bem e agir com justiça... cuide de todos aqueles que eu amo... abençoe todas as famílias... obrigado mais uma vez pela família que me destes... a quem eu amo muito... e que sem ela, Pai, eu não seria nada neste mundo... Amém, Senhor. Pai, Anne, Harry – Todos abrimos os olhos e olhamos para ela – Saibam que nos momentos de aflição e sofrimento, são vocês que revigoram e restabelecem a minha vontade de viver... – Meus olhos ficaram molhados – Eu amo vocês... – Funguei enquanto sorria e ergui minha cabeça para olhá-la. Ela abriu os braços, nos convidando para nos aconchegarmos ali. E foi exatamente isso que fizemos.

Ela nos abraçou com força, dando dois beijos em nossas testas.

- Amo vocês, amo vocês, amo vocês!

- Nós também te amamos, filha – Disse Ronald.

- O que acham de cortarmos esse bolo? – Sugeri divertido. Já eram mais de 23:00 horas. Se demorássemos mais, passaria o aniversário dela.

- Vamos – Minha mãe disse já acendendo a vela.

Nos juntamos ao redor da mesa e começamos a cantar os parabéns para ela. A primeira fatia ela dividiu, em pedaços iguais, para a minha mãe, Ronald, e eu, sem conseguir escolher um dos três.

Mas eu concordo com o que ela disse em seu discurso. Todos nós merecíamos o primeiro pedaço.

- Parabéns, querida... – Minha mãe disse novamente a abraçando.

- Parabéns, meu amor. Te amo – Ronald foi o próximo da fila.

Suspirei cravando meus dedos em minha nuca, me aproximando dela.

- Parabéns, Raio de Sol... – Sussurrei no ouvido dela da forma mais melosa que pude, depositando um beijo em seu ombro. Ela sorriu se apertando mais contra mim. Queria fechar os olhos e cheirar seu pescoço, mas lembrei que não estávamos sozinhos. Ronald estava ali. E bem à minha frente.

- Bom, eu estou tão cansada... – Minha mãe disse, me olhando engraçado. Estava explícito que ela queria deixar eu e a Dianna sozinhos – Vamos deitar, querido? – Sugeriu a Ronald.

- Claro – Ele disse terminando de mastigar partes do bolo – Eu também estou cansado, vamos – Levantou-se da cadeira com o pratinho na mão – Boa noite a todos. E parabéns por tudo que fez aqui, Harry. No próximo ano queremos com certeza os seus serviços – Ele disse nos fazendo rir.

- Pode deixar, Ronald – Disse entre um sorriso.

- Durma bem, meu amor – Ele beijou o rosto da Di.

- Boa noite, pai...

- Boa noite, mãe...

- Tchau, meus amores – Minha mãe disse saindo do quarto com Ronald.

Assim que ficamos sozinhos, olhei para Di e ergui minhas sobrancelhas quando ela bocejou.

- Desculpa... – Ela disse cobrindo a boca.

- Está com sono? – Perguntei já sabendo a resposta. Ela apenas sacudiu a cabeça em negativo e sorri quando ela bocejou de novo – Tem certeza?

- Tenho – Ela bocejou de novo e eu gargalhei.

- Vem, dorminhoca. Eu vou te levar pro seu quarto... – Envolvi meu braço direito em volta de sua cintura e caminhei com ela até o quarto – Chegamos... – Grudei nossos olhares e deixei que tudo o que eu sentia transbordasse por meus olhos. Ela sorriu docemente, e me puxou para um abraço apertado. A abracei com força. Com delicadeza. Com vontade.

- Obrigada... – Sussurrou com a boca encostada em meu pescoço. Ela tinha uma das mãos e meus cabelos e a outra em minhas costas – Obrigada por tudo que fez por mim hoje... obrigada... – Sorri que nem besta.

- Você merece muito mais do que fiz, Di... – Beijei seu ombro – Minha Di.

- Sempre sua. – Olhei em seus olhos novamente e sorrimos juntos.

Ela segurou meu rosto com as mãos e logo senti sua boca em minha bochecha, estalando um beijo. Sorri.

- Boa noite, bebê... – Apertei sua cintura com força. Não queria ir. Não queria...

- Boa noite, pequena...

 

 

 

Alex

 

Eu estava bastante agitado. Ia até a janela que ficava do lado da porta para ver o movimento lá fora a cada dois minutos.

Na verdade, eu queria ver se alguém estava se aproximando da casa, já que eu estava a esperar alguém.

E pela primeira vez não estava gostando nada, nada, desse plano de matar alguém. Já que esse alguém era Elijah. Porra, ele era meu amigo. Mas não só por isso. Matá-lo ia contra o plano que eu mesmo já tinha planejado. Porém, não tinha o que eu pudesse fazer. Preciso obedecer Jerome ou seria eu que ia pro caixão. Então me desculpe Elijah, mas antes você do que eu, parça.

Foi então que um barulho de moto se fez ao longe da minha casa. A casa era no meio do mato e durante a noite dava para escutar tudo, por mais que estivesse a quilômetros de distância. O motor de uma moto diferencia-se bastante do barulho do rasgar de corujas e uivar de alguns coiotes.

Mas só que eu estava tão agitado que não pude nem esperar o cara bater na merda da porta. Eu fui logo até lá e a abri ficando de braços cruzados esperando o cara descer da moto e vir até a mim.

- Diz aí, Alex! – E para a minha surpresa, o infeliz já era conhecido. O filho da puta do Jerome tinha escolhido um cara que odiava o Elijah. E que particularmente eu também odiava.

Eliot era um cara alto, careca e com uma barba consideravelmente grande. Tinha olhos negros que poderiam assustar menininhas indefesas. E foi isso que ele fez. Uma vez Eliot foi em uma reunião que fizemos na casa do Elijah, e Emily estava lá. O desgraçado tentou agarrar ela e levá-la para o quarto na frente de nós dois. Certo que ele não sabia que ela era irmã do Elijah, pensou que ela seria apenas mais uma das muitas prostitutas que circulavam pelo lugar, mas descobriu da pior forma. O Elijah saltou em cima dele gritando para não tocar na irmã dele. Os dois brigaram até que eu tive que separar.

Confesso que não gostei nadinha da gracinha do Eliot. Porém, não podia ficar de mimimi. Eliot ainda falou que pegaria ela depois, mas isso nunca passou de ameaça. No entanto, desde que isso aconteceu os dois não se suportam.

- E aí, Eliot! O que conta de bom? – Fui até ele e apertei em sua mão.

- Você sabe o que eu vim fazer aqui. Então me convide logo para entrar e vamos tomar umas para esquentar esse frio desgraçado – Disse ele já entrando.

- Tudo bem... – Disse ao levantar os braços.

Nós entramos e eu já peguei a sua vodca para começarmos aquele papo desagradável. Com certeza eu precisava beber mais do que ele. Não estava confortável com a ideia de ter que ser conivente da morte de um dos meus parceiros. Então, tratei logo de misturar bebidas.

- E então, como vai ser o bagulho? – Perguntei de uma vez após virar algumas goladas.

- Vamos fazer o seguinte – Ele se ajeitou no sofá – Você vai me arrumar um pouco de cocaína aí, eu vou ser preso por porte ilegal de drogas. Eu vou alegar que sou apenas usuário, mas só depois que ir em cana. Exatamente para a delegacia onde o Elijah está. Daí você vai me visitar e me levar uma faca. Então eu vou esfaquear aquele otário até matá-lo. Então vou me ferir e dizer que ele que estava com a faca e foi legítima defesa – O plano parecia até razoável, tirando que eu teria que me envolver mais do que imaginava. Logo eu teria que levar a tal faca?!

- Mas que porra é essa, Eliot? – Me levantei de uma vez – Por que diabos o Jerome quer que eu leve a porra da faca?! – Fui de um lado para o outro passando a mão em meus cabelos.

- Isso eu não sei, só obedeço ordens, meu camarada – Ele disse sem nem olhar para mim, simplesmente pegou a garrafa e encheu seu copo novamente.

Não estava gostando nada, nada dessa historia. Isso ia dar merda, e mesmo que desse certo o resultado não ia ser do meu agrado. Droga! Por que essa porra tinha que acontecer? Estava tudo sob o meu controle! Eu ia ficar manipulando Elijah, ia cuidar da Emily e tudo ia ficar bem! Mas agora o desgraçado do Jerome tinha que se envolver e dificultar as coisas.

- Puta que pariu, cara! – Disse ao chutar a mesa.

- Ou, ou, ou, cuidado aí, vai derramar a vodca – Disse Eliot.

- Pra quando Jerome quer que façamos isso? – Perguntei na lata.

- Você vai me passar a parada da cocaína agora... depois eu vou ser preso e então ele vai te ligar quando for o momento de deixar a faca – Ele mexeu em um bolso de sua jaqueta de couro.

- Pega – Era a maldita faca.

- Droga... – Disse baixinho, mas acho que ele escutou.

- Vai fazer...? – Até o idiota do Eliot desconfiou o quão eu estava receoso com esse plano. Então só o que fiz foi melhorar a minha postura, ou então ia também me ferrar.

- Claro que eu vou, caralho. Tá me estranhando!?

- Por um momento sim – Ele disse ao rir.

- Cai fora, Eliot! – Disse tirando a cerveja de sua mão.

- Calma, calma! Já vou! – Falou ao receber o pacote de cocaína da minha mão, o colocando já em seu bolso para ir embora.



 

 

Emily

 

 Eu estava até evitando andar com relógios. Estava me tornando compulsiva ao olhar as horas.

O problema era que elas pareciam andar mais devagar, e ficar checando-as parecia me deixar mais presa ainda em um tempo que não andava.

Aquela era uma noite fria, eu estava voltando da clínica sem roupas de frio. Tinha passado o dia inteiro lá, e de manhã, quando saí, não estava tão frio assim.

Nem pretendia ficar o dia todo na clínica, porém, ficar lá, era a única coisa que conseguia ocupar a minha mente não me deixando pensar nos inúmeros problemas que me cercavam.

A clínica onde eu trabalho fica próxima ao centro. É uma clinica de Narcóticos Anônimos. Eu trabalho lá, mas também faço trabalhos voluntários em rodas de conversa e adesões de novos membros.

Sempre amei o que escolhi fazer. Na verdade, eu sempre soube o motivo exato no qual escolhi trabalhar com isso. Elijah, meu irmão.

A primeira vez que eu soube que ele tinha se envolvido com drogas, eu discuti bastante com ele, mas ele é tão cabeça dura... muito mais do que eu.

Não era mais forte e nem tinha como impedir ele de usar ou fazer tais coisas. Afinal, foi ele que sempre cuidou de mim e que sempre estava a frente dos problemas da gente. Então eu sabia que precisava me preparar para poder ajudá-lo. Ajudá-lo quando ele precisasse, ou melhor, quando me pedisse...

Então fiz meu curso, com o dinheiro que ele de algum jeito me arrumava... e cá estou eu, trabalhando.

Ajudei muitas pessoas a saírem dessa vida, porém ainda não tinha conseguido fazer com que as duas pessoas que mais amo mudasse de vida.

Com o Alex, toda vez que introduzia esse assunto, ele me dava dois gritos encerrando-o. Mas eu nunca desistirei de tirá-los disso. Nunca.

Naquele dia, todos os ex-usuários pareciam lembrar o meu irmão.

Algumas vezes eu tentava me controlar e tive que sair da frente deles para poder chorar. A lembrança de que o meu irmão estava preso por causa disso me consumia por completo. Se ele tivesse me escutado... se ele tivesse!

Porém eu tinha que ajudar aquelas pessoas. Por mais difícil e por mais que tornasse viva a lembrança dele... eu me recompus e voltei ao meu trabalho.

O caminho até a minha casa não era muito longe, mas também não era perto. Naquele dia eu decidi ir a pé, pois precisava pensar na vida. Respirar um pouco de ar puro... e ver as pessoas. Quem sabe se eu visse todo aquele movimento da cidade grande eu pudesse sentir que o tempo não parou.... que eu não estava sozinha e que esse mundo pode, sim, dar voltas, e tudo mudar. Quem sabe...?

E em um piscar de olhos, eu já estava em frente a porta do meu pequeno apartamento. Na verdade ele era só um quarto e banheiro. A cozinha era improvisada ao lado da minha cama.

Olhei para trás como se alguém ou alguma coisa pudesse explicar como fui chegar tão rápido. Busquei em minha cabeça o que eu tinha feito, por onde tinha passado, ou com o que eu tinha me distraído tanto. Mas não houve nenhuma resposta.

 

Você só está cansada e estressada, Emily. Só isso...

 

Tive bastante dificuldade em achar a chave certa para abrir a porta. E isso era realmente um problema, pois só haviam duas chaves no chaveiro. A da porta de entrada e a do banheiro, apenas.

Consegui entrar só depois de algumas tentativas, eu estava pegando sempre a mesma chave. Abri a porta e liguei a luz no interruptor que ficava ao lado da porta.

Meu quartinho estava arrumado, como sempre. Porém, me senti uma bagunça. Todo aquele silêncio e coisas intocadas me remetiam de imediato a falta do meu irmão e o desamparo do homem que eu gostava. Que eu amo...

Eles sempre iam lá, mas não desde então.

Senti vontade de chorar, e quando a porta fechou, não me segurei nenhum pouco. Caí sobre a cama, sentada, e comecei a chorar com as mãos na face. E foi então que algo estranho aconteceu.

Enquanto eu chorava... escutei uma batida na porta. Era a voz de Alex, tinha certeza! Jamais confundiria.

Levantei-me rapidamente e fui como uma leoa faminta às pressas em direção a maçaneta. Abri a porta como quem abre a porta onde está a solução para os seus problemas.

- Alex! – Disse animada e com um sincero sorriso no rosto onde minhas lágrimas curvavam-se.

No entanto, ele não estava lá. Estiquei a cabeça para fora e olhei para um lado e para o outro. Quem sabe ele tivesse saído? Desistido? Mas não. Ele definitivamente não estava lá, nunca esteve... não tinha como ele ter sido rápido o suficiente. Definitivamente eu estava enlouquecendo. Então voltei a fechar a porta e sentei na cama fechando os olhos.

 

 

 

Harry

 

- Oi teto – Eu disse assim que abri meus olhos novamente.

Não estava conseguindo parar de pensar nela. Nem parar de pensar, nem consequentemente dormir.

Eu olho para ela e o meu coração dispara de forma assustadora. Quando escuto a voz dela o meu coração acelera do mesmo jeito, porém, ao mesmo tempo, se comprime em dor.

Eu não entendo por que isso acontece... não entendo... confusão, é o que define a minha cabeça.

Comecei a perceber que pensava muito nela de uns tempos pra cá... eu penso muito... eu lembro até as roupas que ela usou no primeiro dia que foi me visitar no hospital que eu acordei do coma!

Era uma calça jeans de lavagem escura, botas de cano médio e um casaco azul marinho.

Mordi o lábio inferior e busquei meu celular sobre a cama ao meu lado, verificando as horas. Quase meia noite.

Encarei a porta do quarto com ansiedade.

- Ah, Harry... – Comentei comigo mesmo soltando um sorriso antes de me levantar da cama e sair do quarto – Quer saber? – Perguntei entrando no quarto da Dianna assistindo-a dar um salto na cama, me olhando com os olhos arregalados.

- Você quase me mata... – Ela respirou fundo, levando a mão ao peito.

- Você está bem? – Perguntei me sentando em sua cama.

- Digamos que eu ainda estou respirando – Ri baixinho da cara dela.

- Vem comigo. Vamos para um lugar mais especial

- O que? Como assim? Já está tarde, Harry, e... – A peguei pela mão, começando a puxá-la para fora da cama.

- Vem logo! – Saí puxando-a para fora do quarto, descemos a escada, a levei até a varanda.

Só ali fui notar que ela estava de baby-doll – curto – em umas das noites mais frias de Londres.

- Fica aqui que eu vou buscar dois casacos pra gente – Larguei a mão dela.

Olhei para trás e a vi caminhar com calma para a varanda, colocando suas mãos na grade, me esperando voltar.

Fui rapidinho até os nossos quartos e peguei os agasalhos necessários. 

Toquei sua mão com a minha, entrelaçando nossos dedos sobre a grade. Ela me olhou no mesmo instante, e depois desviou os olhos para as nossas mãos unidas, sorrindo. Não sei por quanto tempo ficamos assim. Em silêncio... eu a abraçando por trás... com as nossas mãos entrelaçadas... apenas curtindo o momento... aquele céu estrelado... a companhia um do outro...

- Vamos sentar na grama...? – Sussurrei em seu ouvido, dando um beijo em sua orelha.

Ela suspirou, o vento levava suas mechas de cabelo para trás.

- Vamos... – Demos alguns passos para frente e nos sentamos quase no meio do quintal.

Minha perna esquerda estava estendida na grama, meus braços esticados para trás apoiando meu corpo. Ela estava toda encolhida em seu casaco, tentando manter-se agasalhada.

Fiquei um bom tempo olhando para ela. Me perdi mesmo. Ela parecia não notar. Estava deslumbrada com aquela chuva de estrelas. Fiquei a admirando calado, não queria atrapalhá-la, apenas sorria.

Até que ela levou a mão à boca para abafar um sorriso, olhando ao redor para ver se alguém estava por perto.

- Pare de me olhar... – Ela disse docemente.

Não era segredo que ela sabia como ler o meu olhar, os meus movimentos, a ausência dos meus movimentos, o excesso deles, e muitas vezes até o meu silêncio.

E também já não era mais segredo, que eu adorava olhá-la. Em qualquer circunstância. Eu a olhava o tempo inteiro. Eu não podia parar de olhá-la. Eu não conseguia parar de olhá-la. Eu não queria parar de olhá-la.

- Impossível – Sussurrei sorrindo de canto.

E era impossível mesmo. De todas as maneiras conhecidas; havia tanta impossibilidade naquela ação, que a simples menção de parar aquilo me causava ânsia.

- Você é um bobo – Ela sorriu de forma meiga para mim, curvando a cabeça para deitá-la em meu ombro.

Apenas a abracei. Existem momentos na vida em que palavras são totalmente desnecessárias.

Mas o que eu estava fazendo? Me derretendo todo por ela...

- Bebê. Você pode me ensinar a dizer alguma coisa em francês? – Me afastei um pouco e olhei para ela, surpreso.

- Claro! – Respondi empolgado – O que você quer saber?

- ‘’Eu te amo’’ – Disse calmamente.

Senti meu rosto ficar vermelho.

Sorri de canto, levando o lábio inferior entre os dentes.

- Je t’aime – Eu disse lentamente, meu olhar nunca saindo do dela.

- Je t’aime – Ela repetiu calmamente.

Minhas bochechas deviam estar coradas, eu podia senti-las arderem.

Ela sorriu fascinada, se aproximando de mim para cheirar o meu pescoço. Arrepiei-me.

- Eu poderia te beijar agora... – Soltei quase inconsistentemente.

Ela mordeu o lábio e negou com a cabeça.

- Não podemos... podem estar nos observando do quarto ou da varanda...

- Você tem razão – Sorri torto e lhe dei a língua, a puxando pelo braço. A ouvi rindo – Gostaria de aprender mais alguma coisa? – Ela ergueu a mão para acariciar minha mandíbula, com um sorriso enorme no rosto, quase me derreto.

- Não. Era tudo que eu queria ouvir...

Minhas bochechas coraram ainda mais.

Sorrimos um para o outro, mantendo o olhar por algum tempo.

Ela ergueu a mão para acariciar meu rosto, me fazendo fechar os olhos com seu delicado toque.

Não podia negar... ela causava sensações estranhas em mim... meus batimentos cardíacos aceleravam com o menor gesto seu.

Ainda a fitando... desci o olhar e acabei me perdendo naqueles lábios sensíveis, mas também provocantes.

Que vontade louca de puxá-la pela nuca e poder sentir o gosto dela... que vontade de beijá-la no meio daquele jardim... que vontade de dizer para o mundo ‘’foda-se’’ e viver feliz com ela.

Eu não sabia o que estava acontecendo comigo, mas eu já tinha passado da fase de agir impulsivamente.

- Harry... existe alguma coisa que você queira me dizer...? – Eu nem me mexi – Existem tantas coisas que eu preciso saber... preciso que me diga o que sente por mim...

Eu tenho certeza que o meu coração nunca bateu tão forte em toda a minha vida. Meu corpo pareceu perder as grandes quantidades de calor e minha respiração apesar de controlada, começou a ficar alta.

O que exatamente sinto por ela?

Eu não sei, só sei que preciso dela. Preciso ficar perto dela... como um viciado precisa da droga para se sentir feliz... e eu não sei como lhe dizer isso...

Ela olhava nos meus olhos, intensamente, com tanta expectativa... parecia estar querendo gritar para que eu respondesse logo, porém ela permaneceu quieta, esperando.

- E-eu não sei – Ela não se mexeu e eu logo tratei de completar – Eu não sei explicar...

Me senti aliviado de ter conseguido dizer alguma coisa.

Notei um fio de decepção no olhar dela. Aquela resposta estava longe de ser a que ela queria ouvir e também não era a que eu queria dar.

- Tudo bem – Ela falou se virando – Vamos entrar? – Segurei em seu braço.

- Não vai não, por favor – Ela me olhou e deu um sorriso mínimo.

- Eu só estou com sono – Sua voz estava trêmula.

- Você está chateada? – Ela fez uma caretinha e deu de ombros.

- Não sei

Puxei-a contra mim, envolvendo sua cintura, ela afundou o rosto em meu pescoço. Suspirei.

- Nenhuma garota me faz sentir o que você faz... – Confessei categórico – Eu acho que essa é a décima vez que te digo isso... será que estou falando outra língua...? – Ela me olhou sem entender – Eu acho que sim, estou falando outra língua – Ela soltou um sorriso – Quer que eu te diga isso em francês para ver se você entende...?

Ela deixou que um sorriso brotasse no canto de seus lábios, retribuí o sorriso.

- Lá vai... só vou te dizer mais essa vez... – Ela ergueu as sobrancelhas, parecia estar esperando – Vous me déplacez, Dianna – Ela se arrepiou em meus braços, logo apertei sua cintura.

- O que significa...

- ‘’Você mexe comigo’’ – Traduzi de imediato.

Seus olhos fecharam-se enquanto ela apertou sua testa na minha.

- Ainda vai ficar chateada comigo? – Perguntei em tom infantil e ela negou, sorri e a apertei mais contra mim.

Ela me empurrou de leve pelos braços.

- Agora vamos dormir – Ela falou saindo do abraço.

E antes de ela se preparar para levantar, eu tentei beijar sua bochecha, mas algo gostoso aconteceu... nossos lábios se roçaram... porém ela ficou travada assim como eu. Ela rapidamente se levantou e saiu correndo para dentro de casa.

Senti mil borboletas em meu estômago e uma corrente elétrica passando por todo o meu corpo. Minha cabeça parecia que iria dar um nó.

Levantei da grama e segui para o meu quarto. Com o coração disparado. Eu estava enfartando?

Estava?

Tomei um banho, troquei de roupa, coloquei uma calça de moletom e nem percebi que estava sorrindo igual um bobo com a mão sobre os meus lábios. Exatamente onde os seus lábios sem querer encostaram…

Joguei-me na cama e fiquei olhando para o teto. Me contorcia na cama lembrando do que aconteceu. Sorria olhando para o teto.

Não sei por qual motivo… mas não parei de pensar nisso… muito menos consegui dormir por causa disso.

 

Será que ela está sentindo o mesmo que eu?

 

Virei na cama enterrando o rosto no travesseiro. Peguei o celular e digitei uma mensagem no wpp para ela.



 

[00:38am] Harry: Para de pensar nisso…

 

[00:39am] Amor: Como sabe no que estou pensando?

 

[00:40am] Harry: Se eu estivesse na mesma situação que você, eu também estaria pensando no que eu disse… e no que quase aconteceu.

 

[00:41am] Amor: Boa noite, Styles convencido.

 

Soltei um sorriso bobo.

 

[00:41am] Harry: Eu tenho outra coisa para te falar…

 

[00:42am] Amor: O que...?


 

[00:43am] Harry: Pour son anniversaire, la meilleure et la plus sincère cadeau je pourrais vous donner: est mon amour. 

(No seu aniversário, o melhor e mais sincero presente que eu pude te dar foi o meu amor.)

 

 


Notas Finais


O Harry se revelou tanto nesse capítulo também! O que acharam?
Sinto cheiro de Daarry!
Me digam o que acharam do capítulo e até o próximo ❤️


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