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História I Can Change For You - Through The Dark


Escrita por: AnnaWrou

Notas do Autor


💠💠Título do capítulo: Através da escuridão.💠💠


4...

Capítulo 96 - Through The Dark


Fanfic / Fanfiction I Can Change For You - Through The Dark

 

 

Bem quando você pensa que não precisa de amor

É quando você mais precisa

Baby, existem mais verdades do que nós sabemos ser  verdade

Eu tenho vagado em volta da escuridão

Mas de vez em quando uma pequena luz brilha perto de mim

E essa pequena luz é você chegando

Me dando um pouco de seu amor

Só um pouco de amor

Um pouco de amor que pode mudar tudo

Com você eu vejo a eternidade tão nitidamente

Eu posso ter me apaixonado antes

Mas nunca pareceu tão forte

Sabemos que os nossos sonhos são ansiosos e arriscados

Mas também sabemos que eles nos levarão aonde nós desejamos ir

Segure-me agora, toque-me agora

Eu não quero mais viver sem você

Nada vai mudar meu amor por você

Você deve saber a estas horas o quanto eu te amo

De uma coisa você pode ter certeza

Eu nunca pedirei mais do que o seu amor

Nada vai mudar meu amor por você

E se a estrada adiante não for tão fácil

Nosso amor mostrará um caminho para nós

Como uma estrela guia

E eu estarei lá por você se precisar de mim

Você não precisa mudar nada

Eu te amo exatamente do jeito que você é

Então venha comigo e compartilhe seus sonhos comigo

Eu te ajudarei a ver a eternidade também

Segure-me agora, toque-me agora

Eu não quero mais viver sem você

Alex



             Arrumei minhas malas e pensara em sair correndo dali se fosse preciso, não conseguia nem mais um minuto ficar naquela casa, quanto mais olhar para a cara dele, que ainda estava no quarto com Joey. Deviam estar usando e rindo da minha cara. Que ódio e dor!

Toda a casa parecia estar sob o cheiro daquela droga desgraçada e isso me enjoava e lembrava do que ele tinha me feito. Ele sabia do meu desprezo pelas drogas, sabia que eu trabalho combatendo-as e ainda tinha prometido para mim, pela segunda vez, não usar mais. Foi uma promessa quando já me amava, uma promessa olhando nos meus olhos. Daí não cumpriu e me engana enquanto eu, idiota, preparava um jantar para, de certa forma, comemorar a nossa volta.

Há quanto tempo será que ele vinha usando escondido de mim? Como sou uma imbecil.

Pensei em ir a pé, se fosse preciso. Mas, antes de cruzar a porta da saída, vi sobre a mesa as chaves do carro de Joey. Sem pensar duas vezes, peguei a mesma e fui em direção ao carro para ir embora. Claro que eu sabia dirigir, mas não sabia chegar até Londres. No entanto, isso era o menor de meus problemas. As dores e lágrimas ocupavam os bancos de passageiros daquele carro.

Liguei o carro e olhei pelo retrovisor a casa lá atrás. Dentro de mim, mesmo me sentindo uma idiota, esperava que Alex saísse gritando dali me implorando para ficar. Juro que, dessa vez, não sabia se ia perdoá-lo como sempre faço, mas ainda sim uma parte de mim queria sentir isso, queria sentir que ele se arrependeu de imediato, queria sentir que ele se importava com a gente, mesmo fazendo merda, queria, talvez, que ele tentasse mudar as minhas certezas tão dolorosas. Mas não, apenas o silêncio e a imagem parada permaneceram refletidos no espelho. Então enxuguei minhas lágrimas e saí o mais rápido possível dali.

Adeus, Alex. O meu amor será para sempre, mas o meu adeus também.



 

Harry

 

- Nicole?

Di me olhou surpresa, e mesmo que assustada, risonha.

- Estou na cidade!

- Sério?! – Questionei, com um sorriso vibrante.

- Sim! Eu quero te ver! Podemos?

- Claro! Tem uma pessoa que adoraria te conhecer. – Olhei para a própria e Di sorriu ao colocar a língua entre os dentes.

- Por Deus. Do sexo masculino?

- Não! – Soltei entre risos.

- Oh, que bom. Faz poucos dias que encerrei o meu noivado, e não quero saber de homens tão cedo.

- Sério que terminaram? Poxa, Nick, que chato...

- Irei sobreviver. Eu sou uma mulher altamente independente, não lembra?

- Se lembro... – Sorri lembrando.

- Então? Quando podemos nos encontrar? Só ficarei na cidade por poucos dias

- Pode ser amanhã? – Sugeri.

- Não, amor, hoje! – Di sussurrou-me.

- Posso.

- E hoje? Pode ser hoje? – Sugeri novamente.

- Perfeito.

- No Nando’s?

- Só se você for para cima do palco de novo – Soltei um risinho.

- E eu irei. Eu tenho certeza que terei uma torcida de peso... – Olhei novamente para Di, que franziu o cenho não entendendo.

- Então fechado. Hoje, no Nando’s, às 8.

- Perfeito.

- Até lá, Styles.

- Até lá, Swendish.

Encerramos a ligação.

- Não acredito que vou conhecê-la...! – Di disse, em êxtase.

- Tá curiosa mesmo, né, amor? Pra conhecer a sua gêmea. – Zoei-a.

- Abestado. – Soltei uma risadinha abafada e vi sua cabeça movendo em negação.

- Caramba. Estou feliz que vou vê-la... – Comentei, sorrindo de canto.

- Eu posso dizer que me sinto nervosa com esse encontro…? – Perguntou-me baixinho.

- Nervosa ou enciumada…?

Ela demorou alguns segundos para dizer como se sentia, mas sua respiração um pouco mais pesada deu-me a resposta.

- Os dois. – Confessou-me e eu me deixei sorrir.

- Eu sei que irão gostar uma da outra. E quanto ao ciúme, eu amo só você… – Rocei meus lábios pelos dela, mal encostando de fato.

- Mesmo havendo uma gêmea minha por aí? – Questionou-me, cerrando os olhos.

Mordi o lábio inferior para esconder uma risada.

- Mesmo, sua boba. – Disse ao colar minha boca em sua testa, e meus braços ao redor de seu corpo. – Ela não é você, nem nunca será...

Ela sorriu de canto e grudou seus lábios nos meus, pondo sua língua em minha boca de forma carinhosa e calma.

Agarrei sua nuca com a minha mão, aprofundando mais o beijo. Senti seus dedos pelos meus cabelos acariciando-os, tornando o beijo ainda melhor...  

Somente quando não consegui mais respirar, nos afastamos, e nossos olhos foram se abrindo.

- Eu quero fazer amor com você aqui. Agora...

- Mas, amor... – Mordi seu pescoço e ela soltou um gemido abafado.

- Temos muito tempo até às oito horas… – Passei minha língua por seu pescoço e ela respirou fundo, tentando voltar a falar.

- Não podemos fazer isso aqui no sofá! A Anne está em casa… e o meu pai pode chegar a qualquer momento – Levantei rapidamente o rosto em direção ao dela.

- Então vamos para o seu quarto…

Ela me deu um outro beijo, puxando meu lábio inferior com vontade. Enfiei minhas mãos entre seus cabelos, sentindo-a subir sua mão por minhas costas, deslizando-a por cima da minha blusa.

Seus lábios foram escorregando por minha bochecha, deixando um rastro quente por onde tocavam, me arrepiava sentindo sua respiração tocar a minha pele e logo a senti sugar o meu pescoço…

Todo o meu corpo estremeceu em um estado perpétuo de êxtase. Agarrei-me a borda do sofá, e pressionei seus cabelos mais forte, querendo mais contato…

Seus lábios se juntaram aos meus e sua língua invadiu novamente a minha boca.

Suas mãos macias vieram direto para o meu rosto...

Havia tanto amor em seus gestos… na forma como os seus lábios tocavam os meus… na forma como sua língua empurrava a minha e como suas mãos acariciavam meu rosto, meu cabelo e às vezes meu pescoço…

A delicadeza de seu toque é o que tornava cada beijo único.

Prolonguei o beijo ao máximo, como quem tem algo que deseja há séculos...

Partimo-o e delicadamente a peguei entre os braços, deitando sua cabeça sobre meu peito.

Abracei-a e a senti se acomodar, moldar-se em mim. Beijei-lhe os cabelos.

- Eu te amo… – Sussurrei-lhe.

Sorri ao sentir seu carinho em meu rosto.

- Eu também te amo… – Beijou-me o queixo.

Me aconcheguei mais ao corpo dela e já estava quase dormindo enquanto ela fazia carinho no meu rosto e cabelo.

- Eu não quero mais fazer amor… – Murmurei sonolento. – Eu só quero carinho agora… – Ela riu e ganhei um beijo no pescoço, me arrepiando de imediato.

Ela voltou a fazer carinho em mim e assim eu adormeci.




 

                                                                  Horas depois...






 

Dianna

 

Despertei atordoada.

Olhei para o relógio na parede da sala e ele marcava quase sete e meia.

Estávamos atrasados!

Harry murmurava palavras incompreensíveis enquanto ainda dormia.

- Amor. Acorda. – Chacoalhei-o com calma.

- Só mais cinco minutinhos… – Murmurou virando-se de bruços.

- Amor, já estamos atrasados. São sete e meia.

- Droga… – Ele virou-se de volta, nossos olhos se encontraram. Os seus estavam cinzas.

- Você é muito lindo, sabia...? – Acariciei seu rostinho – Parece até um sonho...  – Ele sorriu corado e me puxou pelo braço fazendo com que eu caísse sobre o seu corpo com o impulso.

- Linda é você, e eu sou uma realidade. A sua realidade… enquanto você quiser ser minha... – Sorri sozinha – Agora me dá um beijo...?

- Tá bem, mas, rápido, não podemos perder mais t… – Antes que eu finalizasse a frase, ele me beijou apaixonadamente, me deixando sem ar.

Segurei seu rosto com carinho, me sentindo preenchida de amor. Estendi beijos por todo o seu rosto, sem esquecer de nenhum lugar e depois olhei em seus olhos.

Ele sorriu de lado e assentiu.

- Agora estou bem abastecido… – Disse, me abraçando pela cintura.

- Então vamos...

- Vamos mesmo, que a Nicole é bem pontual – Ele sentou e senti meu estômago revirar por ele conhecê-la tão bem. Por que eu fiquei com esse ciúmes repentino? Ciúmes a essa altura do campeonato? Isso é um caos.

Subimos para os nossos quartos e fomos tomar banho.

Enquanto me ensaboava embaixo do chuveiro, eu tentava não pensar em nada. Nem sobre esse inesperado reencontro deles, nem sobre os motivos dela tê-lo procurado, e muito menos que eles já tiveram alguma coisa – mesmo que só um beijo.

 

Não, Dianna, não, para com isso.

 

Nunca fui possessiva e não seria por essa situação que eu iria começar.

Eles são só amigos, assim como eu e Zayn. Que um dia – quase – tivemos algo.

Saí do banheiro enrolada em uma toalha e liguei o aquecedor do quarto. Estava um frio absurdo.

Vesti uma blusa, coloquei uma calça jeans skinny escura, um par de botas que iam até acima do tornozelo e por último pus por cima da blusa um moletom felpudo que eu tanto adoro.

Sentei em frente a minha penteadeira e fiz uma maquiagem quase nada.

Mesmo de costas para a porta, senti que estava sendo observada. O reflexo do espelho não chegava até a porta, só alcançava o meu guarda-roupas e parte da minha cama.

Olhei para trás e Harry estava lá, encostado na parede, de braços cruzados, com um sorriso no canto dos lábios.

- Mais linda que isso, impossível. – Ele disse, segurando nossos olhares.

Sorri para ele que mandou um beijo para mim, e ficou me olhando, me esperando terminar.

Deslizei a mão pelo cabelo e ajeitei minha franja, ao finalizar.

- Estou pronta. – Ele me olhou toda e sorriu sinceramente.

- Linda, muito linda. – Sorri da carinha apaixonada que ele fez.

- E você está ainda mais lindo… – Disse mexendo em seu cabelo, em seguida, ajeitei seu casaco.

Ele sorriu e segurou meu rosto beijando meus lábios suavemente, pus minha mão na parte de trás do seu pescoço e aprofundei o beijo.

- Te juro que só quero te deitar nessa cama e mandar esse encontro pro espaço… – Sussurrou em meus lábios.

- Não, amor. Eu sei o quanto quer vê-la… – E eu realmente sabia. E jamais gostaria de atrapalhar isso.

Ele sorriu e beijou minha bochecha.

- Tem razão.

Beijei sua testa e saímos do quarto andando até a escada, de mãos dadas.

- Mãe? – Ele disse, assim que chegamos ao andar de baixo.

- Na cozinha. – Ouvimos sua voz de volta.

- Mãe, nós iremos dar uma saída.

- Okay. – Nos olhou sorrindo. – Divirtam-se e tentem não dormir fora de casa hoje. – Eu ri e passei meus braços ao redor da cintura dele.

- Com toda certeza desse mundo. – Ele disse, apreensivo.

Nos despedimos dela e fomos para a garagem.

Entramos no carro e fomos para o local combinado. Tínhamos apenas quinze minutos para atravessar a cidade, isso era praticamente impossível. Mas Harry até que se saiu muito bem. Pegou dois atalhos e chegamos em doze minutos.

Descemos do carro, atravessamos a rua e a medida que caminhávamos de mão dadas em direção a lanchonete, ouvimos vaias e alguns xingamentos vindo de uma enorme fila na frente do estabelecimento.

Harry apressou o passo, caminhando até o início da fila para se informar de algo.

- Com licença. – Ele disse ao moço. – Essa fila toda é para entrar no Nando’s?

- Sim. O senhor tem reserva?

- Reserva? – Ele olhou para mim e franziu as sobrancelhas. Olhou novamente para o moço. – Não

- Eu sinto muito, mas o Nando’s agora só trabalha com reservas. – Ele nos informou.

Harry colocou as mãos nos quadris, respirou fundo e fechou os olhos:

- Droga, não sabíamos disso.

- Não tem problema, amor. Existem tantos cantos legais por aí.

- Você tem razão… – Ele pegou seu celular no bolso, já discando algum número. – Alô, Nicole? Mudança de planos.

Arregalei os olhos. Achando que ele tinha desistido do encontro por isso.

- O Nando’s agora só trabalha com reservas e eu não fazia ideia disso. Está lotado. Quase chegando? Então, okay, quando você chegar a gente decide pra onde ir. Tchau...

- Você ia desmarcar? – Perguntei-lhe assim que ele desligou, porém, foi quase sondando-o.

- Não, só ia dizer para nos encontrarmos em outro lugar.

Assenti devagar.

- Vem cá – Ele encostou-se em uma mureta de proteção, envolvendo minha cintura com seus braços, me abraçando carinhosamente por trás, para esperarmos. – Está com fome? – Murmurou com o queixo apoiado em meu ombro.

- Só um pouquinho e você?

- Muita… – Choramingou e eu sorri apertando meus braços sobre os seus.

- Ela não vai demorar, seu faminto... – Acariciei a lateral de sua bochecha com o meu nariz fazendo-o sorrir.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, ouvindo a discussão – alta – de algumas pessoas com o pobre atendente – que não tinha culpa alguma – sobre a nova política do Nando’s.

- A coisa tá feia ali – Ele sussurrou em meu ouvido.

Eu não disse nada, apenas mantive a carícia leve que fazia em seu braço arrepiado, devido ao movimento de sobe e desce dos meus dedos em sua pele.

A fila ao nosso lado só aumentava e cada táxi que parava na rua, Harry olhava em expectativa achando ser ela.

Eu não queria parecer uma idiota insegura, mas também não conseguia evitar de estar sendo.

- Você está ansioso… – Não pude deixar de comentar.

- Conheço esse tom... – Ele destacou.

- Mas não tem tom…

- Amor – Suspirei controladamente quando ele me virou de frente para ele. Olhei para ele e observei seu rosto. – Ainda enciumada, não é...? – Sacudi a cabeça em um movimento leve de negação. Meu rosto estava quente, eu sentia minhas bochechas arderem tentando esconder tal sentimento.

Um sorriso bobo nasceu em seu rosto.

- Meu amor, eu entendo muito bem como se sente… – Ele segurou meu rosto entre as mãos, o sorriso torto jamais saía de seus lábios – Lembra que até outro dia eu queria matar o Malik por causa de você? – Sorri assentindo. Ele sequer me deixava chegar perto do Zayn, antigamente.

- Claro que lembro, mas isso é diferente. Eu não sou assim e não gosto de me sentir desse jeito...

- Sabe que eu estou amando?

- Harry. – Respirei fundo.

- Eu juro. – Confessou-me de um jeito tão doce e apaixonado que senti minhas pernas tremerem – Mostra o quanto você me ama, e que não quer me perder nunca…

- Sim, mas...

- Fora que você fica linda assim. Parece que todo o seu sangue se concentra nas suas bochechas, e isso é fofo. – Fiz uma careta e ele riu. – Eu te amo. E quer saber de uma coisa? Estou te amando cada dia mais... – Não pude deixar de sorrir e levei minhas mãos até seu rosto, acariciando suas bochechas. – Eu sou completamente seu, de corpo e alma. Nenhuma pessoa seria capaz de me tirar de você...

Como respondê-lo a altura?

Segurei o queixo dele e o beijei com todo o meu amor. Minhas mãos pousaram em seu rosto e aprofundamos o beijo em seguida, nossas línguas queriam uma a outra o mais rápido possível. Suas mãos me seguravam firme pela cintura, colando-nos sempre mais...

E apesar do beijo não ter sido tão longo quanto gostaríamos, foi o suficiente para desmanchar qualquer sentimento ruim que houvesse em meu coração...

Paramos o beijo e ele se afastou sorrindo.

- Agora você acredita que é a única na minha vida...?

Ri baixinho antes de dar um beijo em sua bochecha, onde ele logo deitou a cabeça em meu ombro. Encostei minha bochecha na sua, acariciando sua nuca.

- Claro que acredito...

Ele ergueu o rosto e senti seus braços me envolverem em um abraço. Escondi meu rosto na curva de seu pescoço, seu cheirinho é maravilhoso, ficamos assim por alguns minutos.

- Ela chegou. – Ele disse baixo e busquei procurá-la, mas achando difícil enxergá-lá por entre tantas pessoas que ainda estavam paradas e as que transitavam pela rua.

Voltei meu olhar para ele e ver a expressão feliz em seu rosto, foi tão lindo, tão genuíno, o seu semblante era como o de uma criança na manhã de Natal ao começar a abrir seus presentes.

- Nick, você tá loira! – Ele foi se aproximando para abraçá-la. A única coisa que consegui ver foi ela abraçando-o de volta.

Não senti nada do que achei que sentiria quando os vissem juntos. Pelo contrário, senti algo bom.

Incrível como o fato de vê-lo tão feliz, deixou o meu ciúme totalmente de lado.

- Vem, eu quero te apresentar uma pessoa. – Ouvi ele dizendo.

Engoli meu coração de volta.

Me senti fraca e meu estômago revirou-se.

Meus olhos arregalados demonstravam toda a minha surpresa, o meu corpo ficou imóvel.

Um estranho calafrio percorreu a minha espinha assim que a atenção dela foi virada para mim e nos olhamos nos olhos...

Era como me olhar no espelho...

- Meu Deus... – Ela disse e sorriu totalmente assustada, com a mão sobre sua boca.

De começo ela ficou espantada, mas depois sorriu, e depois ficou me olhando como se corações estivessem saindo por seus olhos.

- Nick, essa é a Dianna, minha namorada. Amor, essa é a Nicole, você já ouviu falar muito dela.

- Nossa, é um prazer finalmente te conhecer! – Não resisti e a abracei com força.

- O-o prazer é meu, Dianna. – Ela ainda parecia estar chocada com a nossa semelhança física, mas me abraçou de volta.

Nos afastamos e sorrimos uma para a outra.

- Uau, agora sou eu que estou chocado ao ver vocês duas juntas, lado a lado – Harry disse, com os olhos levemente arregalados para nós duas.

Rimos juntas.

- Bobo – Dissemos juntas, ela o beliscando na bochecha e eu acariciando sua nuca.

- Até falando iguais vocês estão, como gêmeas.

- Amor, você está impressionado… – Sorri surpresa, o beijando na bochecha.

- Talvez um pouco, agora vamos, também estou faminto. – Ele disse e pegou na minha mão, entrelaçando nossos dedos, fazendo sinal para um táxi que estava passando.

Entramos os três no táxi e fomos conversando durante o caminho inteiro.

Deu pra conhecer um pouco dela e ela é realmente muito agradável e legal, gostei mesmo dela.

No caminho paramos em frente à um carrinho de cachorro-quente e comemos dentro do carro mesmo, pois decidimos de última hora ir ao jogo dos Lakers, a Nicole é fanática. O Harry também adora e eu só sou uma boa espectadora.

Harry pagou o taxista e descemos do táxi no momento em que chegamos ao ginásio Wilkinson Eyre Athletics.

- Eu me sinto eufórica! – Disse Nicole, ao caminharmos até os guichês de compras. – Sou uma fã incondicional dos Lakers, mas nunca assisti à um jogo ao vivo já que eu sempre tinha que acordar muito cedo no outro dia...

Havia uma multidão de pessoas espalhadas pelo local. Algumas comprando seus ingressos, outras na enorme fila de entrada e outras que estavam assim como nós, recém chegando.

Acho que não havia uma pessoa que não estivesse usando uma camiseta larga de basquete. Exceto Harry, eu e Nicole.

Compramos os nossos ingressos e ficamos quase meia hora na fila. O jogo já havia começado. Podíamos ouvir do lado de fora enquanto conversávamos.

Harry começou a balançar seu corpo para trás e para frente, profundamente impaciente, depois de ter ficado em todo tipo de posição. Em pé, sentado, agachado, me abraçando, abraçando ao mesmo tempo nós duas, apoiado em minhas costas, em pé de novo.  

- Os portões estão novamente liberados! – Anunciou um dos seguranças.

Sempre protetor e um fofo, Harry nos colocou na sua frente e começamos a caminhar junto a multidão.

Totalmente sedentos, paramos em um carrinho de bebidas e compramos três refrigerantes assim que entramos.

Olhei no imenso telão, enquanto dava um profundo gole, o placar estava 72 à 98, para Harlem Globetrotters.

- Não é possível esse placar!! – Nicole estava quase gritando, não tive como não rir junto com Harry.

Caminhamos com pressa para dentro do ginásio, senão não pegaríamos mais lugar.

- Vai! Vai! Vai, Mozgov! Passa essa bola! – Nicole dizia ao caminhar à nossa frente, passando pelas pessoas sentadas, mas com os olhos focados no jogo.

Harry e eu estávamos de mãos dadas, caminhando logo atrás dela.

- Nick, pelo amor de Deus, não vai cair dessa arquibancada... Se você cair a gente só vai te encontrar daqui algumas semanas e morta! – Ouvi Harry falar e soltei uma risada um pouco alta.

- Não se preocupe... Estou de olho nisso...  – Ela disse de volta, quase tropeçando em seus próprios pés ao andar com os olhos na quadra.

- Segura no braço dessa louca. – Ele sussurrou-me, e prontamente segurei no antebraço dela, de forma protetora.

Conseguimos achar dois assentos livres e os ocupamos. Harry sentou-se em um e me puxou para ele me fazendo sentar em seu colo.

Globetrotters fez mais três pontos fazendo a torcida dos Lakers gritarem enraivecida.

Nicole bateu freneticamente o pé, arfando o seu peito. Harry explodiu em uma gargalhada gostosa encostando sua testa em minhas costas.

- Nick, você é maluca... – Ele comentou balançando a cabeça suavemente de um lado para outro, em diversão.

Ela ergueu a mão e colocou para trás uma mecha de cabelo que caía sobre seu rosto e deu mais um grande gole no refrigerante que bebia, voltando sua atenção para o jogo.

O jogo recomeçou e o time dos Lakers estava com a posse de bola. Russell tentou passar a bola para Clarkson que foi tomada por um jogador do time dos Globetrotters, que logo em seguida fez uma cesta de dois pontos.

- VOCÊ TÁ BRINCANDO COMIGO?! – Nicole gritou de forma indignada – CLARKSON! – Harry era só gargalhadas. Como eu amava o som de sua risada...

Ergui meu copo e tomei mais um pouco do meu refrigerante de uva, ainda sorrindo.

- Nick – Harry a disse, rindo – Você fica adorável quando está estressada

- Adorável vai ser meu sapato descendo pela sua garganta. – Ela o respondeu em estresse, fazendo-o jogar a cabeça pra trás, gargalhando alto.

Minha nossa, não tinha me dado conta de como a relação deles se parece com a dele e a Ash – estonteantemente ácida.

Ele apertou os braços em volta da minha cintura, deixando um beijo no meu pescoço, eu ainda estava sentada em suas pernas, com a coluna ereta, assistindo ao jogo.

- CACETE, ENFIA ESSA BOLA NO LUGAR CERTO! – Ela ordenou entre os dentes, em um rosnado.

Soltei uma risadinha, acho que nunca conheci alguém tão fanaticamente descontrolada.

Tomei mais um gole de refrigerante e suspirei apreciando o sabor.

Senti a mão dele acariciar meu cabelo:

- Amor. Pode me dá um beijo?

Ri de sua ingênua pergunta e me virei para ele, curvando-me para grudar nossos lábios.

Suas mãos desceram calmamente para as minhas pernas, segurei em sua nuca com ambas as mãos, inserindo meus dedos ali, forçando seu rosto ainda mais contra o meu. Nossas línguas se acariciavam enquanto ele arrastava seus dedos em minha pele, com suas unhas curtas, acariciando-me…

Sentia o gosto de laranja em sua boca misturando-se ao de uva… mas perae, nós dois estávamos nos beijando em plena multidão? Isso era novo.

Só sei que ouvi gritos e abrimos nossos olhos:

- Oh.Meu.Deus. – Sussurrei levando a mão até a boca ao nos ver no imenso telão.

Harry abriu um sorriso tímido maravilhoso, entretanto, segurou meu queixo e me beijou novamente.

Todo mundo aplaudiu, gritando.

- Que máximo! – Ouvi a voz da Nicole vibrando ao nosso lado.

Sabe o que dizem sobre a melhor parte dos jogos de basquete ser a câmera do beijo? Quer saber? Eu concordo.

Assim que afastamos nossas bocas, ri e escondi o rosto no ombro dele de tanta vergonha.

- A câmera já mudou para outro casal, amor

Sussurrou-me e assim ergui o rosto. Nos olhamos por um tempo, sua mão acariciando o meu rosto.

- Agora o mundo inteiro sabe do nosso amor… – Ele disse em tom baixo e sorrimos um para o outro, nos beijamos de novo, mas apenas selinhos.

Ouvimos a música ao fundo cessar e o jogo recomeçou, com o último tempo. Nicole pôs-se de pé, guardando o seu celular no bolso.

Todos no ginásio permaneceram em silêncio, aguardando a decisão da partida. O jogo estava acirrado, afiado, porém longe de ser empatado.

Os dez minutos se passaram e a buzina apitou anunciando o final do jogo:

Final do placar foi 155 a 183, para Globetrotters.

Levantamos e começamos a andar para qualquer uma das saídas, mas todas estavam congestionadas. Havia um verdadeiro engarrafamento de pessoas.

- Eu vou na frente – Harry disse e foi abrindo espaço por entre as pessoas.

Finalmente chegamos ao lado de fora do ginásio e ouvi Nicole bufar.

- Esse jogo foi uma vergonha… – Ela resmungou descontente, controlei uma risada – Eu preciso beber pra esquecer isso… – Harry quase tropeçou no chão de tanto rir, segurei-o enquanto também ria. – Bom, infelizmente está na minha hora. Amanhã começa cedo a minha busca por apartamentos.

- Nem acredito que vai voltar a morar em Londres, Nick... – Harry disse e ela o abraçou risonha acariciando suas costas.

- Você continua o mesmo sentimental de sempre… – Ele assentiu retribuindo o abraço.

Sorri de canto.

- Dianna… – Ela disse com um sorriso, sorri de volta. – Foi um imenso prazer te conhecer. – Ela segurou a minha mão direita – Harry tinha razão quando me disse que você era uma pessoa maravilhosa. – Suspirei, abrindo um dos sorrisos mais verdadeiros que já fui capaz de dar.

- Obrigada. O... – Eu ia continuar a falar, mas Harry me interrompeu.

- Pra que tanta formalidade, meninas? – Nos olhou com a testa franzida e a sobrancelha erguida.

- Você tem razão – Nicole sorriu sem graça. – Olha. Um táxi. – Ela fez sinal para ele. – Nos vemos em breve.

- Me liga assim que você voltar de mudança. – Ele a pediu – Quem sabe eu te ajude com a bagunça

- Isso eu vou cobrar. – Ela disse sorrindo antes de nos dar tchau com a mão e entrar no táxi.

Ele mexeu no cabelo tentando tirá-lo do rosto, o vento estava um pouco forte, enquanto a olhávamos ir embora.

Ele me olhou e suspirou, pegando minha mão, entrelaçando os nossos dedos.

Pegamos um táxi até a avenida onde deixamos o nosso carro.

- ... você gostou da Nicole...? – Perguntou-me ao deitar sua cabeça em meu ombro. Sua voz soou sonolenta.

- Eu a adorei – Confessei-lhe. – Ela é super divertida.

- Te confesso que eu não sabia que ela era tão louca – Ri sozinha e neguei com a cabeça.

Peguei sua mão e a beijei.

- Está com sono...? – Perguntei o óbvio, porém, ele podia estar apenas cansado.

- Muito…

- Consegue dirigir até em casa...?

- Consigo…

- Tem certeza?

- Tem que dá. Não podemos mais dormir fora de casa. Da próxima vez o seu pai me castra. – Ele disse espontaneamente me fazendo cair em uma risada.

- Então durma até lá… – O disse mansa e ele assentiu calmamente, deitando a cabeça sobre minhas pernas.

Deslizei meus dedos por dentro de seus cabelos, em um cafuné suave, fazendo-o adormecer por alguns minutos.

Havia um grande fluxo de carros pelas ruas, o que acabei agradecendo. Assim ele poderia dormir por mais um tempo.

Passaram-se o que pareceu ser vinte minutos e por fim chegamos à Palace St.

- Amor… – Desci minha mão e afaguei sua testa, mas ele resmungou um pouco. – Ei, coisa gostosa, já chegamos, acorda...

Pedi baixinho e o vi abrir os olhos e um sorriso sonolento.

- Ok… – Ele sentou-se, levando as mãos até os olhos para esfregá-los.

Paguei o taxista e descemos do táxi.

Caminhamos até o nosso carro e assim que nos acomodamos fomos para casa. Conversei com ele durante o caminho todo para mantê-lo acordado.

Chegamos em casa e tudo estava escuro e trancado.

- Anda logo, amor, estou quase dormindo no seu ombro. – Ele resmungou enjoado de sono, enquanto eu tentava abrir a porta.

- Estou quase – A chave tinha emperrado. – Consegui. – Girei-a e empurrei a porta dos fundos.

Entramos e agradeci Cameron não estar por perto. Se ele nos visse iria explodir em latidos.

Subimos a escada e fomos direto para o meu quarto ainda sem avistar aquela fofa bolinha de pelos.

Por mais que ele amasse dormir com a gente, ele não gostava de ficar sozinho. Então sem dúvidas ele estava no quarto com o meu pai e a Anne.  

Assim que entramos no meu quarto, Harry largou seus sapatos ao lado da minha cama e deitou-se no colchão abraçando um travesseiro. Ficando tão terno...

- Você nem tirou a roupa, né, porquinho.

- Não consigo, amor, eu já sinto que estou dormindo – Ri negando com a cabeça e comecei a tirar suas roupas.

Com cuidado tirei suas meias, depois sua calça, ele sorriu de olhos fechados e ergueu os braços acima da cabeça, de modo que consegui tirar sua blusa. Ele só ficou parado, como uma estátua, mas eu podia ver sua pele branquinha ir ficando arrepiada com os meus toques.

- Pronto. Banho pelo visto só amanhã... – Indaguei e ele assentiu ainda de olhos fechados.

Segui para o banheiro e escovei os dentes antes de tomar uma ducha rápida. Coloquei meu pijama de frio e voltei para o quarto.

Afundei minhas mãos sobre a cama e me inclinei dando um beijo em sua bochecha. Ele enrugou o nariz com o contato. Porque tinha que ser tão doce? Parecia realmente um bebê.

Me acomodei embaixo do edredom e senti ele se arrastando para perto de mim, aninhando-se contra o meu peito.

- Sabe no que eu estava pensando agora…? – Notei sua voz um pouco nervosa.

- O que?

- Ronald tem o costume de assistir à jogos de basquete na televisão?

Neguei com a cabeça, ainda que não tivesse totalmente certeza.

- Eu acho que não…

- Tomara… imagina ele descobrir que estamos juntos desse jeito? – Engoli a seco.

- Não pense nisso… – Sussurrei-lhe e acariciei sua nuca. – Só durma… – Inclinei-me para depositar um beijo no canto da sua boca, ele virou a cabeça um pouco, dando-me um beijo desajeitado.

Foi um beijo carinhoso, seus lábios moviam-se preguiçosos sobre os meus.

- Durma bem, minha sweetie...

- Você também...

Ele inspirou fundo e voltou a deitar sua cabeça em minha pele.




 

                                                                         [...]






 

Emily

 

Dois dias se passaram desde que eu cheguei aqui em Londres. Foram os dias mais tristes, vazios e normais que eu já vivi.

Eu sei que em quase toda a minha vida, mesmo sendo irmã de um e amando uma pessoa que sempre esteve envolvida em confusão, eu sempre tive essa vida normal e sem graça. Só que depois de tudo que houve, parece que ela perdeu o sentido.

Meu irmão está preso…

O Alex continua o mesmo…

O normal nunca me angustiou como agora.

Eu sempre gostei de ter uma vida calma, a ponto de poder ajudar tantas vidas conturbadas na reabilitação. Mas essa calmaria foi embora, deixando apenas o desespero e a solidão.

E também a incerteza.

Primeiro que, eu não esperava chegar na cidade e Jerome não vir atrás de mim. E, para ser sincera, eu não estava com medo, eu só estava estranhando tudo isso. No entanto, eu não era inocente a ponto de achar que estava livre de toda aquela confusão. Ele deve ter contratado alguém para me seguir, me vigiar ou só está esperando o melhor momento para agir.

Mas sendo totalmente sincera, o que mais me doía de toda essa vida sem graça, era o fato de: Alex ter me deixado vir embora. Sei que ele me deixou ir no momento que fechei a porta da sala e liguei aquele carro. Eu também sei que fui eu quem deixou claro que tinha acabado e que estava indo embora, mas uma parte dentro de mim, ainda bem viva, queria e acreditava que ele fosse vir atrás de mim. Acreditei que eu não passaria uma hora sequer em Londres sem que ele viesse atrás do meu perdão. E cá estou eu, dois dias inteiros de uma vida cumprida sem Alex.

Mas talvez seja melhor assim mesmo. A quem eu estou querendo enganar? Alex vindo até Londres por uma mulher? Ainda mais tendo a sua vida em risco se fizer isso? Não, essas coisas não acontecem; não com Alex.

- Senhorita? Senhorita? – O guarda chamou a minha atenção.

- Oi. Me desculpe... – Me desculpei voltando à Terra e lhe dando um sorriso sem jeito. – Eu vim visitar o meu irmão, Elijah Crawford.

- Só um momento que vou chamar uma policial para revistá-la. Enquanto isso, vou avisar o detento. – E sem mais ele saiu.

Naquele momento eu comecei a me sentir ainda mais triste. Ali dentro, preso naquele amontoado de ferro, aço e concreto estava a pessoa que sempre se preocupou comigo desde que me lembro respirar. E durante todos esses anos eu bati de frente com ele por um romance inútil. Em defesa de um amor totalmente ingênuo que eu sentia...

Meu irmão sempre me avisou que Alex nunca mudaria, eu só me recusava a acreditar. E ainda o abandonei, durante todos esses dias. Com lágrimas presas com toda a minha força, eu sabia que o meu principal motivo de ir até ali era para pedir desculpas ao meu irmão, e esquecer de todo esse último mês que fiquei longe dele… esquecer para sempre.

Fui revistada e mandada caminhar até a sala de visitas, que eu já conhecia o caminho tão bem.

Nunca mais tinha ido visitá-lo, eu estava com vergonha, notei isso quando não consegui levantar a cabeça para caminhar por aquele corredor. E quando estava frente à frente com a porta, sendo observada pelo guarda, me senti nua. Não sabia se era medo do meu irmão estar chateado comigo ou simplesmente por não saber o que lhe dizer sobre a minha ausência. Ele já devia saber sobre Alex e eu, afinal, eu o mandei uma correspondência antes de fugir com Alex e mesmo dentro da cadeira, ele tem contatos e sabe de tudo que acontecem do lado de fora.

Mas para a minha surpresa, meu irmão saltou em minha direção.

Se eu não tivesse o visto sentado e, no segundo seguinte, estado em pé me abraçando, eu não acreditaria. Parecia que ele já estava detrás da porta a me esperar.

- Minha irmã...! Minha irmãzinha...! – Dizia ele chorando ao me dar um dos abraços mais fortes da minha vida.

Eu desabei.

- Me desculpa, irmão! Me desculpa por te abandonar aqui sozinho! – Eu repetia ao chorar com ele.

Passamos alguns minutos ali, apenas abraçados e chorando. Era como se o calor e a força do nosso abraço, completado pelas lágrimas de choro fosse colocando em dia toda a saudade de todo esse tempo de ausência. Não era algo de se orgulhar, esse tempo afastado. Mas, pelo menos, nos mostrou o quanto nos amamos e somos insuperáveis.

- Então, me diga. Já consertaram tudo? – Sua pergunta foi bem abrangente. E mesmo depois de alguns segundos eu ter notado que ele estava perguntando por Jerome, eu insistia em pensar que era sobre mim e Alex.

- Não sei. Só sei que estou na cidade há dois dias e nada me aconteceu – Respondi sentando-me na cadeira em frente a mesa sem dar muita bola para esse assunto.

- Mas como assim, Emily! – Ele, espantado, me acompanhou ao sentar também. – Você precisa se proteger, precisa ficar longe disso! – Eu via a preocupação em seus lindos olhos azuis. Ele estava feliz por me ver, mas eu também vi um mandato pedindo para eu fugir para o mais longe possível dali.

- Não sei se me importo mais com isso… – Quando dei por mim, tais palavras sinceras já tinham saído de minha boca.

- Emily… o que está acontecendo…? – Ele se mostrou surpreso e confuso.

- Eu estava com Alex… – Respondi sua pergunta de forma nada clara.

- Sim, isso eu sei. Mas o que o Alex tem a ver com… – Ele não completou a frase, ao se dar conta do que ia dizer.

Afinal, Alex tinha a ver com tudo.

Ele é minha vida. Sempre foi. Mas eu não posso o ter, ele me desapontou. Se ele é minha vida, e eu não estou com ele, então estou morta aqui na sua frente. Essa era a resposta que eu queria dar, e quase saiu, mas não podia dizer isso para o meu querido irmão.

- Alex e eu nos relacionamos, Elijah. Nos amamos, mas não deu certo. Resolvi voltar para cá, pra longe dele e tentar viver minha vida sem esse sonho bobo como deveria ter feito desde o primeiro momento que me desapontei emocionalmente com ele – As lágrimas não eram fáceis de segurar.

- Vocês ficaram juntos?! – Ele sorriu, me surpreendendo.

- Elijah! – Dei uma tapa em sua mão por estar se divertindo da minha má sorte.

- Desculpa, mas é que eu achei desconfortável e, ao mesmo tempo, bom te ver realizando isso. Mostra o quanto você está crescendo e eu ficando velho…

- Não é nada bom sofrer por amor. – O adverti.

- Não é nada bom viver sem amor. – Ele retrucou. – E olhe que eu entendia de como era viver sem amor, Emily... – É verdade. Isso me fez lembrar daquela garota que ele ama…a… Elise!

- Mas dói tanto, irmão… – Falei ao levar as mãos ao rosto. Eu não ia chorar de novo!

- Não sei o que Alex te fez. Para falar a verdade nunca entendi porquê você o ama tanto, nunca vi razões para isso. Mas sei de uma coisa: é impossível não amar você. Mesmo Alex sendo Alex, ele vai notar isso – Ele tirou as mãos de meu rosto e as segurou sobre a mesa.

- Acho muito difícil. Ele me machucou e mesmo assim não veio atrás de mim. Mas não sei se eu quero que ele venha atrás. Para falar a verdade é melhor assim. Ele nunca virá mesmo.

- Não quero desapontá-la, mas nunca vi Alex correndo atrás de ninguém. Acredito que ele não virá mesmo.

De alguma forma, eu senti que ele quis dizer exatamente o contrário. Que Alex viria, que eu só esperasse e acreditasse, mas ele não disse, como meu irmão, ele preferiu dizer não o que eu queria ouvir e sim o que eu precisava.




 

Alex

 

- Vai atrás dela logo, idiota! – Já não sabia mais quantas vezes Joey tinha repetido essa frase desde que o barulho do carro com ela sumiu de meus ouvidos e da minha vida.

- Não posso. – Já não sabia, também, quantas vezes eu repetia isso.

- Mas por que não pode?! – Ele estava realmente inconformado com a situação. Não sabia se era porque torcia por nós ou se não me aguentava mais em sua casa naquele meu estado depressivo.

- PORQUE VOU MORRER SE FOR ATÉ LONDRES! – Gritei jogando a mesa de centro longe.

A pobre mesa se espatifou ao chocar-se com a parede. Joey ficou calado, quieto. Ele apenas me observava. Mesmo diante de todo aquele espanto, raiva, eu pude sentir o desapontamento dele comigo. Não sabia explicar o que era mais estranho: se era o fato dele estar  desapontado comigo, ainda que ele saiba que eu não valia nada ou se era eu estar me importando com o que ele estava pensando de mim.

- Você vai morrer em Londres? Você vai morrer é aqui! – Ele disse.

- Se você estiver falando de fazer comida e cuidar de mim, pode ir embora, Joey! Eu já posso me cuidar e comida eu posso comprar! – Retruquei.

- Não, eu não estou falando disso. – Claro que entendi do que ele estava falando.

- Eu só não posso ir atrás dela… – Repeti em tom baixo e querendo chorar. Odiava querer chorar, parecia tão frágil! E eu não gostava de ser frágil e tão sentimental, mas era só o que eu estava sendo esses dias.

- Você não tem medo de morrer para o Jerome, Alex. Você tem medo é de pedir desculpas e encarar a Emily – Ele disse o que eu realmente temia. Parecia até que ele estava me lendo, e isso era pior do que estar pelado perante a ele.

- Eu não tenho medo de uma mulherzinha, Joey! – Quis disfarçar.

- Tem razão, você não tem medo de uma mulherzinha, mas tem medo do que essa mulherzinha fez você se tornar. Você tem medo do que você é quando está perto dela! – Eu fiquei calado.

Ele saiu da sala desviando seus passos dos cacos da mesa de centro.

Talvez ele estivesse certo, talvez eu tivesse mais medo do que me tornei e vinha me tornando do que enfrentar o próprio Jerome. Confesso que, no começo, eu estava até traumatizado após quase ter morrido nas mãos deles. Mas agora, eu não tinha mais medo. O medo foi desaparecendo dentro de mim desde quando eu comecei a ter Emily em minha vida. Ela foi a brisa boa que afastou tudo de ruim que tinha em minha volta. Literalmente ela era a melhor coisa da minha vida, a única coisa boa no meio da podridão que era o meu ser.

Colocando a mão no peito eu o via batendo mais rápido do que me recordava um coração bater, somente por lembrar dela. Do seu sorriso, do beijo, dos carinhos. Foi então que eu soube que sempre a levaria comigo, independente de onde e como estivesse. Emily era a melhor coisa que aconteceu na minha vida, mas eu era a pior que aconteceu na dela. Eu a machuquei durante anos, eu a esnobei, eu a manipulei, a enganei, eu desfiz seus sonhos… eu a vi chorar. Não era uma coisa que eu conseguia carregar fácil. Ter tirado a vida de tantas pessoas conseguia ser fácil carregar, mas a lembrança dela chorando e desapontada comigo… aquele olhar… isso me tirava as noites de sono. É certo que essas atrocidades eu tinha feito em outra vida, e não mais me orgulhava, mas o fato indiscutível aqui é que foi ela que me mudou, que com ela eu era outra pessoa. Uma pessoa que sorria e era feliz.

Mas e ela? O quanto eu a fiz feliz...?


 

                                                                        [...]


 

- O que está fazendo?! – Joey tomou um susto quando me viu arrumando as coisas.

- Arrumando minha mala. – Respondi sem rodeios, afinal ele já estava vendo o que eu estava fazendo.

- Eu sei, seu idiota. Está indo até a Emily? – Ele logo se empolgou com a ideia, até de canto de olho deu para notar o sorriso que brotou em seu rosto.

- Não. – Respondi novamente direto.

- E então…? – Mostrou-se confuso.

- Vou fazer exatamente o contrário. Vou sair da vida dela para sempre, Joey. Sei que você nos apoia, que gosta da pessoa que eu venho me tornando. E para ser sincero, eu também gosto. Mas e quanto a pessoa que ela vem se tornando por causa de mim? Será que eu vou fazê-la feliz? Acho que não, e sei que você também sabe disso. Todos podem ver, cara. Eu sou o esterco do mundo. O que pode haver de pior em uma pessoa existe em mim; já ela… Emily é um anjo na Terra, cara… Não posso e não devo contaminá-la comigo. – Odiava chorar na frente de qualquer pessoa, mas não pude resistir e acabei deixando cair algumas lágrimas. Limpei-as rapidamente. – Você me perguntou se eu a amo, mais cedo. Eu a amo ao ponto de querer vê-la feliz e sempre angelical. Mesmo que isso signifique que eu precise sofrer longe dela. – E então saí com minha mala já pronta.

- Alex! – Ele veio em meu encontro me pegando pelo ombro.

- Mas o que, Joey? – Perguntei já me preparando para negar tudo que ele tentasse argumentar para que eu ficasse ou fosse atrás de Emily.

- Boa sorte, cara. – E me deu um abraço. – Você realmente tá mudando. Se tornou um grande homem.

- Obrigado… – Nunca imaginei que agradeceria por isso um dia.

Então eu saí de sua frente, caminhando longos quilômetros até a cidade para ver se pegava um ônibus para bem longe dali, para bem longe de tudo.




 

Emily

 

Na noite passada eu dormi sem notar como. Acho que isso é o que acontece quando a pessoa passa o dia inteiro deitada olhando para o teto pensando em como sua vida era, é e como não será. Como não será, quando foi que essa frase substituiu o Como será? Eu estava definitivamente no fundo do poço e sem expectativas de vida. Mas não era assim que eu gostava de ser, não era assim que eu queria ser lembrada caso morresse a qualquer momento por um capanga de Jerome entrando pela minha porta.

Joey… será que ele está cuidando bem de Alex? Droga, eu preciso evitar esses pensamentos.

Me levantei da cama que estava durante esses dias desde que cheguei em Londres. A única vez que eu saí e tirei aquele pijama de ursinhos foi quando fui ver meu irmão na cadeira, e isso tinha sido ontem. A minha casa estava uma verdadeira bagunça, nunca tinha deixado-a naquele estado. Acho que o ambiente expressa bem como estamos por dentro. Mas talvez tivesse sido proposital. Pois talvez deixando a casa toda ao avesso, desviaria a minha atenção da bagunça que estava dentro de mim...

Tudo bobagem.

Meu telefone tocou. Eu nem lembrava que ainda tinha um em casa.

- Alô? – Atendi.

- Emily! Minha querida! Quanto tempo! – Ela Julliet, a psicóloga do NA.

- Oi, Julliet – Suspirei entristecida, por não atendê-la com a mesma empolgação que ela estava feliz em falar comigo.

- Nossa, eu estava ligando todos os dias esperando falar com você. Eu estava tão preocupada. Todo mundo já estava pensando besteiras, mas eu tinha fé que você ia atender. – Nossa… foi bom ouvir isso. Haviam pessoas que estava preocupadas e não desistiam de mim. Não desistiam de mim.

Seria egoísta e infantil de minha parte pedir para que não desistissem de mim quando eu desisti dele...?

- Eu tive alguns problemas. Por favor, me desculpe pela ausência no centro de ajuda. – Me desculpei.

- Não precisa se desculpar, minha querida. Sabe que nós te amamos e você é minha voluntária preferida. – Aquilo não me valeu de muito, mas foi bom ouvir. Quando não se tem nada, migalhas são um banquete.

- Muito obrigada. – Agradeci, mas sem muitas emoções.

- Estou sentindo você tão pra baixo… – E eu estava mesmo.

- São alguns problemas que me seguem. – Não queria entrar em mais detalhes, apesar de ela ser uma psicóloga e poder me ajudar.

- Entendo… Ela deu uma pausa. – Que tal você vir aqui, escutar algumas pessoas. Você mais do que ninguém sabe que tem um dom para ajudar, e quando estamos ajudando, esquecemos de nossos problemas – Ela tinha razão. Ajudar sempre me fez esquecer de minhas tristezas. E quem sabe aí estivesse a solução para meus problemas ou, pelo menos, um entorpecer momentâneo.

- Quer saber, eu vou sim. Já eu chego aí. – Falei me empolgando um pouco.

- Ótimo! Hoje é o primeiro dia de muitos membros e preciso de você.

Ajudar, era isso que eu estava precisando.

Arrumei-me rapidamente, sem muito capricho. Fazia muito tempo que eu não ia no centro de apoio e estava meio inapta a ajudar alguém. Mas foi uma boa ideia, sei que esses pensamentos sobre desistir de tudo eram apenas defesas minhas querendo me afogar em meio aquela depressão e sentimentos ruins.

As frases de apoio que dizíamos aos membros estavam sendo repetidas em minha cabeça, mas agora, em vez de falar para eles, eu estava falando para mim mesma. E isso me ajudou a entender que, se eu ainda as sei, é porque eu posso usá-las para outros. Precisava salvar para ser salva.

O que acham de conhecer um pouco do meu trabalho...?



 

                                                                        [...]



 

- Eu sou Kant, tenho 30 anos e sou viciado em cocaína. Minha mãe me obrigou a vir aqui porque eu estava roubando as coisas dela. Falou que eu tinha que escolher vir para o apoio ou ser preso, pois ela mesmo ia me denunciar. Então era melhor eu vir aqui do que ser preso, né? – Ele quis rir.

Ali estavam vários drogados que buscavam sair dessa vida. Quer dizer, alguns queriam sair, já outros estavam obrigados ou só desejavam isso devido a pequenos momentos de lucidez, mas logo desistiam. Nosso trabalho era fazer com que cada vez mais o número de desistentes fosse menor, e ajudar a todos o máximo possível.

Porém, eles falavam suas histórias que, apesar de serem pessoas distintas, pareciam se repetir conforme o tempo. Já havia passado por aquelas situações várias e várias vezes, e algumas pareciam papéis encenados de tão idênticas. Esforçava-me para permanecer ali, com eles, naquele círculo, mas estava difícil. Sequer conseguia olhá-los. Algumas falas pareciam longe, e a da Julliet os auxiliando parecia mais longe ainda. Eu não a olhava, mas sabia que ela me olhava e notava o meu distanciamento. Creio que ela estava prestes a me colocar do lado deles e pedir para que eu falasse algo. Talvez eu também estivesse esperando por isso e querendo.

- Obrigado por sua sinceridade e por se juntar a nós, Kant. – Disse Julliet. Eu não a via, mas tinha decorado o sorriso simpático dela que sempre dava após essa frase que se repetia após todas as apresentações. – Quem é o próximo?

- Eu sou Bill, tenho 20 anos e sou estudante de informática. Quer dizer, eu era até que comecei a usar essas coisas e desde então minha vida virou apenas isso. Sei que parece ser manjado, mas é muito difícil lutar contra isso. Eu tinha uma namorada, um trabalho, uma faculdade, uma família, mas tudo isso não parecia suficiente. Tudo que eu queria era droga, droga e mais droga. Até que não estava mais aguentando. Tive uma parada cardíaca, e desde o dia que aconteceu isso prometi para mim mesmo que assim que estivesse melhor iria procurar ajuda. E cá estou eu – A fala de Bill me chamou a atenção, mas não o suficiente para que tirasse a minha cabeça dos meus desenhos em uma folha de papel.

O esforço dele, e de todos que estavam ali, era admirável. Todas aquelas pessoas trocaram suas vidas por essas drogas e agora estavam trocando essas drogas para terem suas vidas de volta. Pareceria pesado demais eu cobrar de Alex algo assim? Não! Não seria.

Mas ele não só se rendeu totalmente a elas, como me enganou e nunca buscou ajuda. Todas essas pessoas estão procurando cura, mas Alex me deixou ir embora e não lutou por mim. Não me conformava.

Agora deve estar naquela casa, drogado... como ele preferiu isso a mim...?

Bill quase morreu, talvez seja só assim que Alex vá se tocar, no futuro. Mas só a ideia de que ele tenha que passar por isso, mesmo que o mude, me faz tremer de medo. Claro que jamais o desejaria o mal, mesmo agora o odiando. Mas isso não importa mais, ele desistiu, eu desisti, e longe de mim ele pode usar o que ele quiser.

- Obrigado por sua sinceridade e por se juntar a nós, Bill. – A mesma frase. – Mais alguém gostaria de falar? – E isso se repetiria a tarde toda.

- Meu nome é Albert e tenho 23 anos. Eu sou um usuário de drogas como todos vocês que estão aqui. Mas além disso eu também era traficante, ou sou, sei lá. Eu cometi erros grotescos em minha vida, eu destruí muitas vidas além da minha. Há algum tempo atrás eu não ligava para nada disso, quem comprasse o que eu vendia não passavam de consumidores e quem não usava eram apenas empecilhos. Eu matei pessoas, eu maltratei outras, eu fiz pessoas chorarem. Isso não é algo que eu estou me orgulhando, se Deus realmente existe Ele é o único que sabe o quão isso está me machucando e está sendo difícil agora. Porém, mesmo com toda essa dor, não foi isso que me fez vir aqui pedir ajuda. Não acreditem no que dizem, não existem momentos na vida de um homem, existe apenas um momento. E esse momento é a fração de segundos que muda completamente os momentos que passaram e os que ainda virão. Eu tive o meu momento e eu entendi que não precisamos existir por 40, 60 ou até 100 anos para viver realmente apenas esses poucos segundos ou, se forem sortudos, minutos. O meu momento foi quando eu vi os olhos dela preocupados comigo, por eu estar quase morrendo. Até então eu nunca tinha sentido isso, até então eu nunca tinha me importado com quem me olhava. Mas aquele olhar não era de julgamento, aquele olhar não era de medo, era um olhar de amor. Quem olharia com amor para alguém como eu...? Só alguém sem maldade alguma no coração. E eu, cheio de ódio no peito, cheio de sangue nas mãos, me vi sendo amado por alguém tão incrível. E essa dor é o que eu mais temia, mais do que morrer, mais do que tudo. Eu tinha medo de contaminá-la, de fazê-la infeliz! Pois sou um imundo, pessoal. Vocês não sabem, mas eu sei que ela e Deus sabem o quão é difícil vir até aqui para falar isso. Eu a machuquei, eu a vi chorar e eu a vi sair da minha vida. Ela acha que eu não fui atrás dela porque desistir ou porque estou jurado de morte, mas não. Eu não queria vir atrás dela porque eu queria vê-la feliz... mas porra. Que se foda! Eu sou a sua felicidade! – Confesso que durante boa parte do discurso, eu não estava prestando atenção, ainda perdida em minha folha, mas algo naquele discurso me chamou a atenção cada vez mais. E quando ouvi a voz se oscilando, como alguém prestes a desabar em choro e desespero, eu me virei.

E sabia que aquela voz familiar não era em vão: não era ilusão da minha cabeça, não era um tal de Albert, era Alex!

- Baby… – Eu disse baixinho, sem forças, todo o meu ar estava indo embora. Julliet olhou para mim surpresa e assustada.

- E desde que ela saiu da minha vida, há apenas três dias, eu me vi morrendo como se tivesse passado trezentos anos sedento e faminto. E agora eu estou olhando para ela e ela para mim, e parece o suficiente para o meu ar voltar. Deus, como eu posso amar tanto alguém assim...? Pessoas boas, pessoas normais, pessoas que fazem por onde, amam e são amadas, não pessoas como eu. Eu sou o pior de todos vocês aqui, podem ter certeza. Se duvidarem, boa parte de todos que estão aqui ou que já vieram foram por minha causa. Eu destruí famílias, eu matei pessoas e eu quase matei o nosso amor… – Alex olhava bem fundo para mim. E mesmo com seus olhos marejados, eu podia ver sua alma por eles. – E eu não peço o perdão de vocês, não peço o perdão dela porque eu não mereço. Eu não mereço nada de bom. Mas eu precisava dizer a ela que eu a amo, pois passei uma vida inteira negando-a isso, mesmo ela me amando a cada segundo, cada minuto, cada perigo, cada sorriso. E quando eu estava quase morrendo, foi o teu sorriso que me levantou. Quando eu não conseguia ficar em pé, foi o teu amor que me deu asas. Eu vim apenas te dizer, Emily: eu te amo como nunca amei e nunca vou amar alguém em todas as vidas, se é que eu merecerei ter mais alguma. E obrigado por me salvar. E para retribuir o seu favor, eu a salvarei, me tirando da sua vida. Lembro do momento que você foi embora. Por uma promessa quebrada que eu não tinha ideia que também quebrava seu coração. Eu nunca tive a pureza de uma criança, mas com a inocência de uma, agora, eu tento pensar que posso colar os cacos da minha promessa para que os cacos do teu coração se juntem novamente. Eu quebrei minha promessa, mas cá estou eu! Vim buscar ajuda. Não quero mais ser aquele drogado, não quero mais ser aquele traficante, não quero mais ser um assassino, não quero mais ser aquele Alex! Eu quero ser esse Alex… o Alex que você fez nascer… o Alex que é seu mais do que meu... – Senti todas as minhas veias se reacendendo. – Me desculpem, e obrigado. – Ele sentou-se limpando as suas lágrimas.

A sala inteira ficou em absoluto silêncio, nem Julliet disse a sua frase repetitiva que sempre dizia, ela estava boquiaberta revezando o olhar entre mim e Alex. Na verdade, a sala inteira fazia isso.

Foi então que corri.

Corri como se ele estivesse há milhas de distância... corri com toda a minha força e vontade!

E quando ele viu, levantou-se e abriu seus braços, amorosamente...

E ali, naquele exato momento, foi o meu momento...

Aqueles segundos em que eu corria me aproximando dele rapidamente, eu via tudo lentamente. Naqueles segundos em que eu via seu sorriso abrindo em câmera lenta e uma lágrima descendo, eu senti suas palavras. Aquele era o momento da minha vida... e mal sabia ele que, tentando salvar a minha vida se afastando, só a devolveria vindo para perto de mim novamente...

E então nos beijamos, com a sala inteira nos aplaudindo, enquanto ele me rodava ao mesmo tempo que o mundo todo parava.

 


Notas Finais


QUE TIROO, ELEX! 😍😍😍😍😍😍 Gostaaram...?
Darry só apareceu para mostrar um pouco da Nicole, porque esse capítulo mesmo pertence a Elex <3

E alguém aí acha que o Ronald viu o beijo Darry na televisão...?

Me digam o que acharam e até o próximo capítulo ❤️


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