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História I can see the stars - I can see the stars


Escrita por: tecnicament3

Notas do Autor


Boa noite meus caros leitores! (づ。◕‿‿◕。)づ Sinto muita falta de vocês, mas até que eu não demorei tanto dessa vez KKKKK. Gente, muito obrigada por todos os comentários do capítulo passado, de verdade, eu não esperava que tanta gente ainda se interessasse pela fic. Eu fiquei relendo hoje tudo que vocês disseram e me emocionei. Sério, obrigada aaa
Esse capítulo foi um dos mais longos para escrever, então por favor LEIAM AS NOTAS FINAIS QUANDO ACABAREM, porque eu não quero dar spoiler! Capítulo escrito ouvindo Lover is a day em repeat, então se tiverem reclamações podem enviar para o Cuco rs...

Boa leitura!!

Capítulo 30 - I can see the stars


 Sendo assim, saímos em disparada e eu e Lawliet estávamos no carro das meninas, indo para algum lugar que não era o acampamento da escola, mas, sinceramente, eu não estava dando a mínima. Minha mente apagou todas as vozes contrárias que diziam que fugir de casa por um fim de semana era pura loucura. Eu estava... Animado. Sentia um formigamento no peito que por uma vez na eternidade não era causado por ansiedade. Não estava a fim de lidar com as conseqüências agora... A noite estava tão bonita e eu me sentia livre, por mais irônico que seja, visto que na realidade eu estou ferrado pra cacete.

 Não importa.

─ O sol já vai nascer, qualquer minuto agora. ─ Takada sussurrou para todos nós, porque Naomi estava em um processo de hibernação no banco do passageiro. Lawliet estava com o cinto de segurança folgado (tentei fazê-lo sentar direito, mas não me ouve, pra variar), deitado com as pernas dobradas no meu colo e o tronco no banco. Eu não sabia dizer se ele chegou a dormir, porque é bem estranho o esquema de descanso desse inglês. É quase como se ele nunca estivesse totalmente acordado ou dormindo de fato, porque sempre parece que ele ou está com muito sono, com os olhos baixos inexpressivos, ou está sem sono nenhum, como se tivesse tomado todo o café que encontrou pela frente e por consequência se tornado fisicamente incapaz de dormir. Já falando por mim, eu estava com um torcicolo horrível, afinal eu sou um japonês mimado que não consegue fugir da sua rotina perfeitinha,como já diria a motorista. E além do mais, há mais de um mês, minha rotina de sono está totalmente de pernas para o ar.

  E, como sempre, numa viagem de carro, eu tenho tempo para observar o humano mais intrigante que eu já conheci de perto, e com muito menos risco de levar uma repreensão ou uma cara feia. L realmente odiava ser observado, o que era uma pena, porque eu genuinamente sentia prazer em monitorar cada passo dele, assim como quando alguém ficaria vendo sua celebridade favorita perto de você. Ok, se ele ouvisse isso, nunca mais me deixaria em paz. Mas é que todo mundo é tão normal que até parece que aprendemos a nos mexer iguais, sincronizados, um perfeito padrão de uma fábrica toyotista... Ai, Japão. A prova viva que quanto mais você tenta organizar uma sociedade, mais produtos estranhos surgem de seu underground. Nem preciso citar o que a cultura japonesa produz de estranho. Enfim, o menino olhava pro teto do carro, ou pra minha janela, por mais que, do ângulo que estava,  só conseguisse ver o céu preto-acizentado característico das madrugadas japonesas. Suas mãos estavam no peito, e muito me alegrava ver que ele estava usando a presilha que eu dei. Eu amava a forma como a sua cabeça se conectava ao pescoço, como parecia uma boneca de porcelana, algo intocável. Melhor ainda, um dos anjinhos que eram pintados no período barroco... Ou será rococó? Não sei, sempre ignorei a História da arte por achar que tais conhecimentos eram apenas uma perda de tempo que jamais me levariam pra Harvard. E mais uma vez, eu consigo estar massivamente errado, pois se eu tivesse um pouco mais de respaldo mental poético arquivado nos confins do meu cérebro, talvez conseguisse descrever melhor todas as nuances de sentimento que se debatiam e emaranhavam a cada pequena coisa que ele fazia. E digo ainda que não seria suficiente, nem todas as escolas artísticas seriam capaz disso. Os sentimentos eram tão específicos quanto tentar descrever cada subtom de azul existente no mundo para uma pessoa cega. Enfim, quando parei de devanear, percebi que Lawliet olhava pra mim daquela maneira que às vezes todos nós olhamos para o nada. É assustador, porque dá a impressão que seus olhos me atravessam por completo, como se eu fosse apagado da paisagem, como se eu fosse um fantasma. Ele tem essa característica, de sempre parecer estar no mundo da lua, em um outro plano. Só reforça minha teoria que na verdade ele é um alien.

 Sorri, mas ele não me respondeu. Eu estava morrendo e sono, mas não queria cochilar naquele banco duro e passar o resto da viagem reclamando. Tomei um gole de água, e fui surpreendido por uma de suas mãos estendidas na minha direção. Eu não sabia direito o que fazer, então entrelacei nossos dedos, mas ele franziu as sobrancelhas, confuso.

 ─ Me puxa.

 Eu engoli em seco, porque de repente me deu muita vergonha ao interpretar errado esse gesto. Uma grande besteira, eu sei, mas é que é meio humilhante deixá-lo saber que eu não consigo resistir a qualquer oportunidade de tocá-lo... A pele dele é tão fascinante. E nem é por ser tão branca quanto papel. É que ela é contínua, sem nenhuma marca, nenhum cravo, nenhuma mancha (a não ser pelas cicatrizes, mas eu não as levo em consideração). Ele foi mergulhado em um balde de tinta na hora de ser pintado, como Aquiles foi submergido na tal fonte para ganhar imortalidade. Porém, ao contrário de Aquiles, Lawliet não possui nenhuma parte feia.   Enfim, puxei seu braço com cuidado e o ajudei a se sentar como eu, no banco do meio. Takada grunhiu acordando, e Naomi tocou um botão no computador do carro, fazendo emergir uma musica suave e grave, quase como um solo de baixo. Eu fiquei alguns segundos meio hipnotizado pelo som, e pela voz do vocalista que parecia envolver a todos nós em uma névoa brilhante, quase como um sonho neon e suave, uma pura contradição. Me encheu de alegria, ou satisfação, sei lá, nomear emoções é uma tarefa complicada. Quero dizer, os seres humanos sentem tantas coisas diferentes, como saber exatamente como chamar cada uma? Tudo é puro achismo. O subjetivismo sempre aterrorizava minha mente analítica, é um verdadeiro monstro de sete cabeças. Engraçado que Lawliet não parecia ter esse mesmo problema, mas vai saber. Eu pus uma mão em volta da cintura dele, sem pensar, e, para minha surpresa, ele se encolheu no meu braço.

─ Estava cansado de ficar deitado? ─ Perguntei no seu ouvido. Se me permitisse dizer, a maior vantagem daquela posição. Os pelinhos da nuca se arrepiaram e eu quis beijar o pescoço dele mais que tudo naquele momento.

─ Eu quero ver o sol nascendo. ─ sorriu de lado, quase bocejando, e esfregou um olho com a mão. ─ Na Inglaterra, os dias são cinzentos, e é quase impossível ver o sol nascendo com clareza.

─ A Inglaterra é um pé no saco. Tô feliz que saí daquele pequeno inferno disfarçado de país de primeiro mundo. ─ Naomi disse entrando na conversa. Eu fiquei um pouco frustrado porque eu estava amando sussurrar no ouvido dele, mas fazer o quê.

─ Isso é uma grande mentira. Você vive se gabando se tudo que envolve a Inglaterra. ─ A namorada espreitou com os olhos, diminuindo o volume da música.

─ Mentiras. Eu odeio aquele povo cinzento e os céus cor de merda. Viva ao Japão e aos outdoors neon e às pessoas esquisitas.

─Esqueceu de pintos pequenos e dos pervertidos... ─ Takada exlamou.

─ Ei, isso é xenofóbico! ─ Eu cruzei os braços.

─Se não fosse verdade você não se ofenderia. ─ Me deu um sorrisinho, olhando-me pelo retrovisor.

─ Viva a nunca mais voltar. ─ L disse baixo, surpreendendo todos nós.  Olhava fixamente para a janela, para além do vidro dianteiro, mirando na bola massiva que começava a irromper do céu como um  disco de fogo enorme. O sol é uma porra de uma bomba atômica, eu pensei. Todos nós, então, começamos a encarar o nascer daquela estrela. Parecia que dirigíamos diretamente ao encontro dela, com um entorno dourado das plantações de milho. Ficamos calados até metade do sol emergir no horizonte.

─ Você fica tão dourado debaixo dessa luz. ─ L me disse, sussurrando, espreitando a metade da minha face que estava sob os raios. Pode parecer que ele estava tentando ser agradável, mas na verdade, só estava genuinamente impressionado. Ou não. Só sei que senti meu coração tremer com um elogio tão gratuito. Engraçado que eu nunca ligava muito pra elogios, no geral. Acho que é porque eu sei que Lawliet é a pessoa mais sincera que conheci.

─ Quer sabe? É isso mesmo! Fodase! ─ Naomi praticamente gritou antes que eu pudesse responder e abaixou todos os vidros de uma vez, e automaticamente um ar que era alternadamente gelado e morno socou nós quatro, fazendo o cabelo de todo mundo rodopiar. A musica foi absurdamente aumentada por Takada,e a agora parecia que o sonho estava tocando pro mundo todo. Olhando para aquela estrada vazia revestida de milharal pelos dois lados e com o carro avançando aerodinamicamente contra o ar, eu tinha certeza que a qualquer momento nós iríamos irromper as leis da física e começar a ascender para o céu. A inglesa gritou em seguida. ─ VIVA A NUNCA MAIS VOLTAR.

─ VIVA A NUNCA MAIS VOLTAR ─ eu e Takada dissemos em uníssono, praticamente por osmose. Ela começou a rir imediatamente, e L, sem conseguir fingir que não estava gostando, sorriu, mostrando os dentes, coisa rara, mas mirando para o nada, como ele sempre fez.

[...]

 Chegamos ao local quando Naomi estacionou com um solavanco que nos impulsionou pra frente sadicamente. Saindo do carro, eu tive que carregar L nas costas, porque claramente não teríamos como trazer uma cadeira de rodas, e, pra ser honesto, ele já conseguia se equilibrar em pé, e quem sabe poderíamos continuar fazendo os exercícios da fisioterapia nesse fim de semana, para não interromper o tratamento. Segurava suas pernas e ele o meu pescoço. Só depois de nos estabilizarmos eu consegui vislumbrar o horizonte e ficar completamente chocado com a beleza daquela praia. A areia era extremamente branca, e havia um calçadão que parecia ter sido construído décadas atrás, e que agora se encontrava rachado e com plantinhas emergindo das rachaduras, mas ainda assim, bonito. Muitas palmeiras escondiam a praia, só nos deixando ver o mar. Então descemos os poucos degraus deteriorados e nos encaminhamos para avistar a grande poça azul. Muito grande, ainda mais se considerar que não havia nenhuma construção humana por perto a não ser a estrada atrás de nós, pela qual eventualmente um ou dois carros passavam zunindo com os faróis ligados pelo fim da madrugada.  Era muito estranho achar um local como esse em um país tão pequeno quando o Japão ─ A espinha do planeta Terra.

─ Nós encontramos esse local quando não aguentávamos o peso daquela vizinhança chata e simplesmente começávamos a dirigir por aí. ─ Takada me disse, como se lesse meus pensamentos.

─ De acordo com a internet, foi palco de uma guerra civil. Desvalorizou bastante a área, e, felizmente, nós herdamos essa bela praia deserta.  ─ Naomi pôs ma mão na cintura. ─ Agora, Light, ponha L em algum lugar seguro e venha me ajudar a carregar a bagagem.

 Caminhei com ele até uns poucos metros do mar, por trás das palmeiras. Coloquei uma toalha e com cuidado o deixei lá. Ele não me disse nada, e nos poucos segundos que o olhei antes de voltar lá pra cima, vi que seus pensamentos se tornaram tão profundos quanto o mar a nossa frente. Corri até o porta malas, onde havia duas bolsas amarelas gigantes.

─ Por acaso vocês pretendem morar aqui?

─ Morar não, acampar.

Eu arregalei os olhos.

─ O quê? Sabem como isso pode ser perigoso? Ladrões, subidas repentinas da maré, até mesmo tsunamis...

─ Tsunamis? Fica calmo. Sabe qual outra tragédia pode acontecer, Yagami? A gente relaxar e se divertir. ─ Naomi me disse, ainda enfiada no porta malas tentando alcançar algo no fundo. ─ Relaxa, já estivemos aqui um milhão de vezes, e no fim, você vai me agradecer. Além do mais, não temos um sentado para pagar um hotel e você e Takada são dois bebês menores de idade.

─ Ainda não me parece uma boa ideia. O L...

─ Ele vai ficar bem. Muito bem, aliás, sem aquele ar pesado de gás carbônico e aquele hospital fedido. Me ajuda a montar as barracas.

  A contragosto, eu agarrei uma das sacolas gigantes. O troço era muito pesado e eu precisei usar as duas mãos e me concentrar para não sair rolando pela descida. Olhei de relance para Lawliet, a alguns metros de mim, e vi que ele brincava com a areia, pondo um pouco na mão e deixando escorrer. Então posicionei as sacolas num local seguro, longe do mar, sob a areia fofa, encostada em um paredão de pedra. Quando abri o zíper e despejei as peças, automaticamente tive um susto e reconheci a cabana.

─ Meu deus, como você ainda tem isso?

─ Bem... ─ Takada fez uma careta. ─ Eu gostei de você durante muitos anos, e guardei esse trabalho porque foi como nós viramos amigos.

 ─ Nem você resistiu ao meu charme.

─ Coma plutônio e morra, Yagami. ─ ela me deu um peteleco na cabeça

─ Mas, é sério, isso é incrível. Nem lembrava mais que existia,

─ De nada.

  Nós dois nos sentamos na areia, começando a conectar os tubos de madeira e enroscando a lona amarela em volta. Nós ficamos nisso tempo o bastante para o céu ficar totalmente azul. Naomi e L estavam juntos onde eu havia o deixado, aparentemente conversando. Estávamos longe demais para saber. Esses ingleses juntos... Tenho medo que estejam arquitetando um plano para dominação mundial.

  Quando terminamos, eu estava suado e cansado, mas plenamente orgulhoso (finalmente eu fiz algo certo dentre todos esses meses). As duas cabanas estavam em perfeito estado, mesmo sendo sido produzidas há quase dez anos atrás. Elas foram partes de um projeto escolar, no qual eu e Kyomi trabalhamos juntos. Era uma cabana bastante comum, a não ser pelo fato de ter um teto retirável, com a opção de se acoplar uma lona preta, para impedir que o sol entre, ou uma lona transparente, para as horas da noite. Tínhamos tirado primeiro lugar na competição da escola. Não que seja uma surpresa.

 Todos nós estávamos exaustos, ou talvez eu que estivesse saturado da pressão de ser um delinqüente juvenil que foge de casa inconsequentemente. Ajudei Lawliet a ir para uma cabana, e nós quatro dormimos em pleno sol a pino, elas em uma e eu e ele em outra. O espaço interior era grande, e eu praticamente desmaiei ao encostar a cabeça no chão. A Última coisa que lembro é de ver Lawliet abraçando suas próprias pernas e mordendo seu polegar daquela maneira que só ele sabia fazer. Adormeci.

[...]

 Quando acordei, ouvi um grito que vinha diretamente de Naomi, inconfundível. Lawliet não estava mais lá dentro. Meu coração ficou do tamanho de uma ervilha quando eu cambaleei desesperado para fora da cabana achando que eu estava certo o tempo todo e era muito perigoso ficar à deriva em uma praia deserta. Quando tapeei a “porta”, quase desmaiei de alívio. Os três estavam sentados em um tapete de piquenique, jogando algum tipo de jogo com baralho, e o grito era apenas Naomi demonstrando toda sua frustração (como sempre).

─ Vocês querem me matar?!  Acordei e não vi Lawliet aqui, e você estava gritando!

─ Light, você dormiu por mais de dez horas! O que esperava que a gente fizesse, idiota? Além do mais, olha o L aí, sem sequelas e em carne e osso.

 Lawliet cinicamente acenou com a mão na minha direção, sem nem parar de olhar atentamente suas cartas. Eu pisquei forte, percebendo que agora o sol já estava se pondo.  Não posso negar que eu estava morto, mas de alguma forma eu fiquei um tanto triste por ter perdido todo esse tempo com o L. Sei lá, acho que no fim das contas eu realmente me tornei quem eu jurei odiar: um apaixonadinho de merda. Enfim, os três me voltaram a me ignorar completamente enquanto eu ainda os olhava, em pé, um tanto estarrecido.

─ Qual é, não seja tão tapado e senta aqui pra jogar. ─ Naomi completou. ─ Ou você vai continuar aí parado sendo um almofadinha?

Takada e L riram.

─ Não sou um almofadinha...

 Os três me olharam ao mesmo tempo, com sorrisinhos de canto dos lábios.

─ Oh, mamãe, eu vou pra Harvad... ─ Naomi começou, colocado as duas mãos pro alto e fazendo uma (péssima, na minha opinião) imitação pitoresca da minha voz. Takada ria descontroladamente e Lawliet parecia tentado a fazer o mesmo, mas se contentou com esboçar um sorriso (nada empático, e sim cheio de maldade, o desgraçado.)

─ Mamãe, olhe para minhas novas calças khaki! ─ A japonesa continuou. ─ Eu aposto que você tem uma coleção de sapatênis.

─ Pessoal. ─ L começou, completamente sério. Elas pararam de rir e focaram sua atenção nele. ─ Não vamos continuar com isso, ou o Light-kun pode acabar... Indo na casa de vocês para colocar os livros da estante na ordem alfabética...

Oras bolas. Eu cruzei os braços.

─ Aí que você se engana. Não organizo os livros em ordem alfabética... ─ Eu disse triunfante, olhando-o de cima pra baixo.

─ Ah, estamos refutados. ─ Kyomi bufou. ─ É por ordem de cores, não é?

 Os três voltaram a rir.

─ Tá bom, Tá bom. ─ A inglesa pôsuma mão no ar, parando de rir aos poucos. ─ Vamos brincar de alguma outra coisa.

─ Não, não, eu não dormi nada durante à tarde. Fiquem vocês aí, e de manhã nós nos falamos. ─ Kyomi bocejou e se levantou. A inglesa bufou, mas a seguiu.

─ Boa noite ─ a inglesa acenou para nós. ─ Me lembre de nunca mais jogar cartas com Lawliet, ele é um trapaceiro. Combina com você, Yagami.

─ Isso se chama “talento”, Naomi-san ─ Ele sorriu enquanto arrumava o baralho, e Naomi deu dedo na nossa direção e se foi. Enfim, uma relação saudável.

 Sentei-me na frente dele enquanto observávamos a lua começar a despontar. Seu olhar era compenetrado no horizonte infinito.

─ E então? ─ comecei. ─ Gostou dos litorais japoneses?

Ele pensou um pouco antes de responder, sem desviar seu olhar.

─ Gostei do litoral.

─ O que quer dizer?

─ Eu... Nunca tinha visto o mar.

 Arregalei os olhos e abracei meus próprios joelhos.

─ Não me diga que você viva no Reino Unido, que é uma ilha, e depois veio para o Japão,  outra ilha... E nunca sequer viu o mar.

─ De fato, é exatamente isso que aconteceu. ─ desembrulhou uma bala de morango e enfiou na boca.

Balancei minha cabeça para os lados.

─ Não. Não podemos deixar assim

  Eu o segurei pela cintura, levantando-o de uma só vez como se ele fosse uma criança pequena. Minha cabeça girava por conta da desitradação, talvez, e é possível que eu não estivesse em meu juízo perfeito (se é que ainda tenho um). L me dirigiu seus dois olhos arregalados e as sobrancelhas arqueadas enquanto tentava se equilibrar no meu colo. Era satisfatório vê-lo tão desnorteado.

─ Você nunca viu o mar e eu preciso pagar um desafio... Nós dois saímos na vantagem. ─ comecei a caminhar pela areia fofa que encobria meu pé a cada passo. Lawliet pôs os braços ao redor do meu ombro após se desequilibrar um pouco, e eu ri da cara de gato assustado dele. Depois disso, semicerrou os olhos, me encarando como se eu fosse uma criança pequena fazendo algo errado.

─ Que desafio?

─ Te provar que não sou um almofadinha...

─ Você não vai esquecer isso, não é?

─ Nope.

 ─ Light-kun, eu acho que você não está bem. ─ praticamente sussurrou, com ar de riso ─ Vamos pegar hipotermia, e você vai destruir o seu cabelo... E as suas roupas.

─ Ora ora, quem é o senhor almofadinha agora? ─ Senti a primeira onda, fraca como um assopro, tocar o meu pé. A água era fria, mas não dei a mínima. O sangue corria pelas minhas veias me aquecendo. Eu ri sem nenhum motivo do meu próprio comentário e Lawliet esboçou um sorriso contido, de lado.

─ Finalmente entendi. ─ balançou a cabeça pra cima e pra baixo. ─ Você é um assassino, e vai me matar afogado agora. Era tudo parte do seu plano

 Retribui o sorriso de lado, comprimindo os lábios. A água, agora nas minhas coxas, tocaram o pé de Lawliet, que estava suspenso no ar, pendendo de suas penas que rodeavam minha cintura.

─ Você seria um bom detetive, mas descobriu tarde demais.

─ Não vou desistir sem lutar.

─ Ótimo. ─ Me abaixei, e nós dois fomos submergidos completamente pelas águas espantosamente  frias daquela porcaria de oceano Pacífico. Eram como um milhão de miniagulhas perfurando minha pele, uma sessão de tortura de acupuntura. Me ajoelhei na areia, fazendo as ondas baterem em nossos ombros. L tossiu com a água que inalou, e eu ri como um idiota enquanto ele assoava nariz.

 ─ Então é verdade, você realmente quer me matar.

─ E por acaso eu neguei? ─ eu ria e sentia as gotinhas de água salgada escorrerem pelo meu cabelo e praticamente congelarem com o vento frio. Eu estremeci por um instante, que foi o tempo que tive antes de L impiedosamente me derrubar pelos ombros, fazendo com que caíssemos de novo. Não consegui nem raciocinar com a água entrando no meu nariz e orelha, o mundo praticamente parando por um segundo e eu sofrendo um micro- afogamento. Levantei e tossi, soltando L por um segundo. Logo após eu recobrei o mínino de noção de que eu não podia deixá-lo solto, e desesperadamente tapeei a água em busca da sua mão enquanto esfregava meus olhos para aliviar o ardor da água salgada. Não achei. Quando abri as pálpebras, vi que ele estava ajoelhado como eu, olhando para mim com uma expressão diabólica e cabelos molhados e totalmente bagunçados.

─Traiçoeiro. ─eu sussurrei.

─ Eu disse que não desistiria sem lutar. ─ disse em inglês. Não ficou com atenção em mim por muito tempo mais. Encarou as bolhinhas de ar que subiam e se desfaziam por conta da movimentação, e depois seguiu com os olhos pela extensão da costa, avistando a lua cheia no meio do céu da noite japonesa. ─ o mar é estranho.

─ Eu sei, também não gosto muito.

─ Pelo contrário, Light-kun, é fascinante. Eu consigo ficar ajoelhado como se minhas pernas estivessem em estado normal, é tudo mais leve.

─ Ah sim, é por conta da pressão invertida, uma explicação física bastante simples...

─ Al-mo-fa-dinha ─ mostrou os dentes

Semicerrei meus olhos.

─Você é muito insolente pra quem vai ser morto.

 Ele se virou novamente para mim.

─ E você é muito incompetente pra um assassino.

  Estiquei minha mão e retirei o cabelo escorrido que cruzava a cara dele. Sob a luz da lua, o preto intenso quase parecia azul, e se misturava com as próprias águas que nos circundavam. Lawliet me olhou atentamente, mas eventualmente desviava suas íris quando eu as capturava me encarando. Ele olhava para o mar, para baixo, e para os lados, como se sempre estivesse num esforço constante para não se deixar levar, para não me encarar, porém desistindo de lutar pelo seu autocontrole a cada segundo. De verdade, a noite estava muito bonita. Minha mão se prolongou no seu rosto, e eu o segurei, um tanto admirado como ele conseguia ser pálido e ter aqueles olhos, cara, não me canso de falar, tão grandes e profundos e um tanto assustadores. Eram olhos de oceano.

 As ondas eram quase imperceptíveis senão pelo leve balançar que nos movimentava. Estava um frio desgraçado e eu queria agarrá-lo... Não apenas pelo calor humano, mas é que simplesmente sinto que posso protegê-lo de tudo, mesmo que ele nem precise disso. Eu sei que eu preciso.

─ Tudo bem, talvez eu não te mate. ─ alisei sua bochecha com o meu dedão.

─ E por que o grande Yagami desistiria de seus planos?

─ Você é muito bonito pra morrer assim. ─ falei baixinho, me aproximando lentamente, para não espantá-lo. Sempre agir como se age com um filhote de gato, é assim que se lida com L. Eu queria tanto me aproximar de vez. Tocá-lo nessa altura era um grande ímã pra mim, que inferno. Coloquei-o no meu colo, que, se antes já não pesava nada, agora era como segurar uma pena.

─ Você fala isso, Light-kun, mas você é muito mais bonito que eu.

─ Um elogio gratuito, isso é uma raridade. Vai me deixar vencer? ─ uni nossos lábios em um selinho, mesmo que o meu coração palpitasse com certo nervosismo. Era estranho ter L só pra mim assim de novo. Era estranho não ter ninguém por perto com quem me preocupar. Na só era “estranho” porque era muito bom.

─ Eu não posso argumentar contra os fatos da beleza social japonesa, aos quais você corresponde completamen─

 Eu o beijei de verdade porque não aguentava como ele ficava quando estava nervoso (e principalmente quando fingia não estar), quando sua voz de robô ficava quase que imperceptivelmente mais hesitante, e a ponta do nariz se tornava um vermelho quase não-humano.

─ Lindo. ─ sussurrei na ponta do seu ouvido assim que nos separamos, beijando o ponto exato em que o pescoço se une à cabeça e vendo ele se contrair. Sentia sua veia quente nos meus lábios quando eu chupei sua pele fina. Meu Deus, ele era realmente muito bonito para mim e eu estava tão idiotamente atraído que não me reconhecia. Eu amava segurar sua cintura. Me afastei relutantemente quando senti uma rajada de vento frio assoprar produzindo o assobio característico. Fiquei todo arrepiado. Lawliet me surpreendeu pondo uma das mãos na minha nuca e lambendo minha bochecha como se fosse algo corriqueiro, ainda que continuasse vermelho. Ele fez uma careta logo em seguida.

 ─ Salgado...

Eu sorri

─ Pois é L, o oceano é meio famoso por esse fato. ─ Eu disse e L espirrou. ─ Vamos sair daqui antes que você pegue uma gripe.

─ Um assassino preocupado. ─ ele sussurrou de novo, e que droga, a voz dele quando ficava assim era muito sexy.

─ Se algo acontecer com você, quem vai ser assassinado sou eu.

  Levantei, e agora nós dois parecíamos mais pesados que antes, quer dizer, é óbvio que estávamos, com toda aquela água encharcando a camisa de algodão de Lawliet. Estava um frio do cacete, e isso seria quase totalmente ruim se L não tivesse se enroscado totalmente em mim em busca de calor humano, ó que era ótimo, porque eu sempre fui muito quente, sempre parecia que estava com febre. Mais uma vez, yin e yang entre nós dois, parece até uma brincadeira de Deus. Enfim, andei até o ponto de luz que era nossa cabana. Era bem grande, quase do tamanho do meu  quarto, só que um teto um pouco mais baixo. L e Eu entramos cambaleando e eu fechei “a porta” pelo zíper o mais rápido que pude, para impedir que mais vento entrasse. Nossas roupas encharcavam os lençóis que tínhamos posto pra evitar ficar em contato direto com a areia, e L sorria enquanto pingava provavelmente ao ver o meu desgosto de estar bagunçando tudo... Talvez eu realmente seja um almofadinha. Suspireo, e fui procurar algo na mochila enorme que talvez servisse no L, mesmo que cada movimento me fizesse tremer de frio e ter vontade de procurar a única coisa que poderia me aquecerr: beijar Lawliet.

 ─ A gente precisa comprar roupas novas pra você. Todas as minhas camisas batem nas suas coxas. ─ eu disse enquanto me equilibrava de joelhos para verificar algo que se aproveitasse nos confins da minha mala. Sendo bem sincero, minha vontade era que ele permanecesse usando minhas coisas, porque primeiro, ficava simplesmente muito fofo ver Lawliet nadando no mar de panos em excesso, segundo, porque eram minhas e eu sentia que estava ajudando, ou protegendo, ou simplesmente fazendo ele cada vez mais ligado a mim, sei lá.

 Ignorou, e eu tentei o olhar com o canto dos olhos, quase me desequilibrando, mesmo estando só de joelhos. L estava brincando com o cubo mágico que ele deve ter roubado mais cedo da minha mala. Lembrei-me de quando eu estava arrumando as coisas no dia anterior e sorri. Mal sabe ele que esse era o plano.

─ Lawliet...─ Chamei de novo, mas os dois olhinhos de peixe continuavam rondando o brinquedo, inclinando-se como se quisesse comê-lo. Não duvidava muito. Eu suspirei, voltei minha visão à mala e achei um suéter vermelho e velho que tinha trazido, e uma toalha.Nem me lembrei de pegar nada para mim ou de ao menos retirar aquela roupa encharcada... Lawliet não morrer era a minha prioridade, e eu não posso negar que queria muito ficar perto dele. Peguei e dei um pulo até onde estava Lawliet. L só me olhou de leve, como se eu tivesse derrubado uma caneta. Ele colocou o suéter em menos de cinco segundos, e voltou a tentar resolver o brinquedo.

  Não canso de repetir que estava frio, muito frio, e a cabana simplesmente NÃO ESQUENTAVA  e eu não aguentava mais. L cutucava os dedões uns nos outros, e eu lhe perguntei se ele queria que eu lhe desse meias, mas ele me lançou um olhar de ódio mortal e sem seguida decretou em um tom sombrio que ele odiava meias. Menino estranho.

─ Poderia me ajudar, hein? ─ lhe disse.

─ Sim, Light-kun, é claro. ─ Ele sussurrou, nem mesmo virando os olhos pra mim.

─ Você ouviu o que eu disse?

─ Sim, Light-kun. ─ respondeu, claramente prestando um total negativo de atenção

 Me levantei, podendo vê-lo melhor. Ele ergueu o cubo mágico acima de sua cabeça como se fosse a caveira de Shakespeare. Irritá-lo para ele me dar atenção ou não mexer com o inglês quieto, eis a questão.

Irritá-lo, é óbvio.

 Sorrateiramente, fui me esgueirando até onde ele estava e num bote certeiro peguei o cubo nas minhas mãos. O garotinho embasbacado nem teve tempo de reagir, porque logo em seguida puxei sua cintura e subi em cima dele, prendendo seus pulsos com as minhas mãos, sem força nenhuma, apenas para evitar ser assassinado. Como vem acontecendo frequentemente, a minha coragem estava em níveis absurdamente altos, como se eu não corresse um risco real de levar um soco... Não duvido nada. Mas nada valia mais a pena do que ver a carinha de gatinho emburrado que ele fazia quando era contrariado.

─ O que pensa que está fazendo, Yagami?

─ Te informando que precisamos comprar roupas novas.

─ Hm, okay? ─ Suspirou como se eu tivesse cinco anos. Ele estava fazendo o máximo para me irritar, o que só prova que eu estava tendo sucesso. Olhou o cubo mágico jogando a alguns metros como se ele fosse um coração prestes a ser transplantado. Depois olhou pra mim de novo. ─ Pretende sair de cima de mim?

─ Aí é que está. Você só colhe o que planta. Ou, no seu caso, o oposto do que planta

─  Você não está falando nada com nada. E o que eu plantei? ─ Ele riu de lado.

─ O desprezo pelo rapaz que está tentando evitar que você morra de hipotermia.

─ Não é minha culpa. Há algo de errado com seu cubo mágico. Eu já resolvi milhares antes.

Abri um sorriso de ponta a ponta.

─ Nenhum como o meu, eu garanto.

─ Resolvo cubos mágicos desde que eu era pequeno. Eu já fui campeão no ginásio e... ─ Ele parou, focando seus olhos na minha íris e prendendo a boca, talvez entendendo o recado ─ O que você fez?

Eu comecei a rir, a vontade de explodir batendo no meu peito, mas precisava me conter. ─ Eu não fiz nada!

─ Desgraçado. ─ Ele sussurrou e me empurrou com tanta força que eu caí de costas, rindo.  Foi tentar se inclinar e esticar os braços para pegar o objeto, mas, com um braço, eu envolvi sua cintura e o trouxe pra perto de mim. Eu não conseguia parar de rir e meu estomago doía.

─ Yagami, você é uma das pessoas mais dissimuladas que esse mundo já viu. ─ Ele pegou nos meus ombros e me chacoalhou de leve. ─ O que tem de diferente no seu cubo mágico?

─ Bem... ─ Eu respirei fundo para me recuperar. ─ Sabia que você ia pegar o cubo quando o visse, então eu pintei um quadrado a mais de vermelho. E você merece, fez bullying comigo o dia todo.

─ Não tem solução. ─ Murmurou pra si mesmo, abismado.

─ Achei que perceberia logo, mas pelo visto suas capacidades dedutivas não são lá essas coisas, afinal.

Ele balançou a cabeça negativamente.

─ Sabe, Light-kun, você costumava ter alguma classe. Mas se é assim o seu jogo, saiba que você não perde por esperar.

─ Oh. ─ segurei seu queixo e mordi sua bochecha. Ele arfou, surpreso, mas como se estivesse com raiva. Eu o conhecia melhor que isso. ─ Nunca imaginei que você fosse do tipo “Vingança é uma coisa que se come fria.”

─ Quase todos os doces são frios. Vingança é só mais um. ─ Ainda com uma expressão raivosa, uma das mãos que estavam no meu ombro passou para minha nuca, e nos aproximamos o bastante para sentir as respirações quentes um do outro. Era muito bom perceber como eu já conhecia exatamente os procedimentos que L religiosamente passava quando eu estava prestes a beijá-lo. As semanas de prática ajudavam. Dava pra sentir a pele quente por debaixo da camisa e eu busquei apertá-lo mais, pois o frio colaborava pra torná-lo ainda mais convidativo.

  Quem se inclinou para tocar meus lábios foi ele (o que me deixou extremamente espantado.). Sentia falta como se não tivesse feito isso há tempos. O cansaço de dormir mal e da preguiça se mostravam na maneira lenta com a qual movíamos nossos lábios. Ele passava o polegar na minha bochecha, imitando o que eu fiz agora há pouco, enquanto nos movíamos devagarinho, de olhos fechados, meramente nos tocando de fato. Para minha surpresa, ele estava tão, tão quente que eu não pude evitar por uma mão por debaixo do seu (meu) suéter. Ele reagiu instantaneamente, primeiro se afastando, e depois voltando pra mim, com a pele arrepiada.

─ Sua mão parece um cubo de gelo.

─ Ainda bem que você gosta de coisas frias.

 Puxei seus lábios novamente e dessa vez deixei minha língua chamar a dele.

  A verdade é que eu gostava muito dos beijinhos curtos e de apreciar os lábios dele, mas o que realmente me deixava fraco era ver o rosto sem ar depois de eu decidir deixá-lo respirar um pouco. L fazia de tudo para fingir que estava no comando. Típico. Mas, na verdade, de certa forma ele estava mesmo, porque eu, já nessa altura, não tinha forças e nem vontade de contrariá-lo de uma maneira que o fizesse ter raiva o suficiente pra me largar de lado.

 Só não esperava que ele se afastasse abruptamente, praticamente inabalável, e me olhasse nos olhos. Digo, eu não tenho problemas com isso de encarar, mas não estava nem um pouco acostumado a ver  Lawliet tomando tanta iniciativa. Afinal, de onde veio tudo aquilo? L voltou a me beijar, livrando-se dos punhos presos pelas minhas mãos. Eu tombei com a falta de apoio, mas sua risadinha mínima, quase angelical se não fosse demoníaca, me deu a entender que era exatamente isso que ele queria. Inclinou-se até estar quase em cima de mim, e eu de barriga pra cima sem saber o que estava acontecendo ou se aquela era (finalmente) a hora do meu assassinato. Ele me beijou com tanta força que eu afundei nos travesseiros até aos ouvidos, e sua mão tomou um dos lados do meu rosto completamente. O calor me fez arrepiar. Muita audácia e prepotência, mas eu não tinha forças para reclamar quando o garoto, aparentemente pronto para se acalmar, desceu sua carinha até o meu pescoço. Lawliet me abraçou pela cintura, enroscando-se em mim, e beijou minha pele, tão fraquingo que mal senti. Isso foi logo antes dele resolver  me morder com seus caninos pontiagudos e eu, por puro reflexo, tentar me livrar. L não deixou, e me atacou beijando e chupando meu pescoço de um modo que me deixou seriamente debilitado. É óbvio que eu não queria sair dali. Na verdade, eu queria prendê-lo comigo para sempre. Agarrei sua cinturinha mais uma vez (o vício é notório) e o ajudei a sentar bem em cima de mim.

─ Odeio beijar você com esse gosto salgado.

─ Então quer dizer que gosta de me beijar no geral?

─ Você é tão convencido. Como alguém pode realmente gostar?

─ De mim?

─ É.

─Eu não sei, Lawliet. ─ Eu ri, olhando um tanto para cima, já que ele estava no meu colo, mexendo nos seus lábios com o meu dedo. Semicerrei meus olhos.  ─ Como alguém pode gostar de mim? Eu esperava que você pudesse me dizer.

 Ele abriu a boca e eu toquei sua língua com meu polegar. Era como beijá-lo de longe e sentir a linguinha percorrer o meu dedo enquanto o resto da minha mão segurava sua face. Nós estávamos tão próximos... Eu estava hipnotizado e de repente não havia nenhum vestígio de frio no mundo inteiro. Lawliet me olhava. Eu não conseguia acreditar que eu tinha ele para mim, mesmo que fosse só por agora. Acho que ele viu meu peito subindo e descendo, minha respiração ficando descompassada, porque o insolente sorriu com satisfação. Eu praticamente não o reconhecia com toda aquela confiança, ou talvez ele sempre foi assim por baixo de todos os traumas que carrega... Também não ajuda muito o fato de eu ter traído sua confiança uma vez. Eu só sei que nunca, nunca mais quero fazer isso de novo. Não que desse pra pensar muito quando ele começou a me encarar. Na verdade, sentia meu corpo ficando mole. Ele se divertia me vendo desarmado, eu acho. É bom fazê-lo se divertir, mas eu sabia que aquilo já não era o bastante para nós dois. Retirei meu dedo da boquinha rosa dele. Ele não perdeu tempo, se aproximou de mim, que estava encostado na parede da cabana que tinha o apoio de um grande paredão de pedra por trás.  Ele sorriu, me mostrou seus dentes como uma criança que vai fazer uma travessura. Tão lindo, será que estou ficando repetitivo? É um pensamento automático, e não é como se eu quisesse ser tão entregue, mas o fato é que naquele momento eu estava. Sua mão deslizou pela lateral do tecido molhado que eu vestia, e puxou a barra da minha camisa velha pra cima, me olhando nos olhos. Sim! Nos olhos! Como ele nunca me olhou antes, não por tanto tempo, não sem desviar alguns segundos depois e ir para a Terra do Nunca em sua mente. Talvez o mar tenha mexido com a cabeça dele. Talvez ele estivesse completamente fora de si. Ou talvez, só talvez, essa seja só uma das mil facetas que eu não vi ainda.

─ Você vai pegar uma gripe com essas roupas molhadas. ─ foi o que me disse, num sussurro muito baixo, muito soprado e em inglês. Me beijou em um selinho, mas mal se afastou. Nossas bocas ficaram em uma mínima distância, entreabertas, magnetizadas. Eu assenti, porque não havia nada que eu ansiasse mais naquele momento que aproveitar mais da coragem e da confiança que subitamente foram embutidas naquele inglês. Me ajudou a arrastar o tecido pra cima, nada impaciente, nada apressado. Seu indicador atravessou toda a minha pele exposta, me ajudava a retirar a camisa, o que pareceu ao mesmo tempo, uma eternidade e um milésimo de segundo. Seu dedo parecia um fósforo sendo acendido na minha barriga. Pronto, sem aquela porcaria de camisa. Suas mãos foram para os meus ombros. E uma depois posou no meu peitoral, descansando. Que droga, eu não suportava ver aqueles olhinhos, aquelas mechas de cabelo que estavam soltas, com o resto preso naquele rabo de cavalo baixo. Acho que de todas as maneiras que L poderia me manipular, o sorriso leve e os olhos que me olhavam de cima pra baixo eram a mais eficaz. Pus as minhas mãos onde? Na sua cintura, é óbvio, aproveitando o peso quase inexistente que ele causava sentado no meu colo.

 ─ Não é justo... Você me deixa passando frio, mas ainda veste meu moletom.

─ Me desculpe, Light-kun. ─ disse, em inglês. ─ Eu disse que era uma má idéia entrar no mar, mas você não me escuta.

─ Acho que isso me retira da categoria de almofadinha, então?

─ Ah, não. ─ Beijou meu pescoço e arranhou meu peito ao mesmo tempo. Eu me arrepiei mais ainda, e estremeci. ─ Não é tão fácil assim. Ainda há um grande caminho para percorrer. Mas te salvar do frio é a minha prioridade agora.

─ Acho que é sua obrigação. ─ Eu pus as minhas duas mãos, dentro dos bolsos do suéter dele, mostrando como eu estava prestes a morrer de hipotermia e precisava urgentemente de um salvador. Amava como o vermelho desbotado contratava com ele. Não sei se fiz muito sentido, as palavras pareciam me escapar. Sabe quando você ta amando muito e fica meio cego? Eu estava fazendo meu máximo para não parecer tão idiota, ou pra não agarrar a boca dele  de novo, e de novo, e de novo. Ele pegou uma das minhas mãos e pôs no seu rosto, com meu polegar voltando a espremer e remexer nos seus lábios, quase como estivesse me compensando. Ele não tirava o risinho mínimo do canto, que, de uma hora para outra, tinha ficado maior. Lawliet, do nada, parou de se mover por um ou dois segundos, e depois comprimiu seus olhos como se tivesse acabado de ganhar uma discussão. Eu fiquei confuso, mas encantado. O ar estava quente e eu não queria parar de olhá-lo.  Não deveria ser nada...

─ Light-kun...

─ O que foi?

─ Eu sinto você.

─ Como assim?

 Lawliet  afastou-se um pouco de mim, sentando mas minhas coxas. Na mesma hora eu percebi o que deveria ser óbvio, mas que não foi, porque eu me encontrava completamente aéreo. Minha virilha doía e eu estava pegando fogo no sentindo mais literal e metafórico possível. Senti uma vergonha descomunal, mas não exatamente porque eu estava duro, e sim porque eu nem ao mesmo pude notar... É, de verdade, eu estava hipnotizado. Eu não podia evitar, a pele alva que reluzia sob a luz da lua e das estrelas realmente me deixava levemente desnorteado.

─ Me desculpa ─ eu sussurrei, me afastando. Ele me impediu. Não sei do que estava com medo. Acho que de afastá-lo bruscamente. Eu realmente não queria assustá-lo de maneira nenhuma. Acho que fiz uma cara de desespero, porque o que aconteceu foi: L beijou minha bocheca, como se pra me acalmar, o que era pra lá de irônico. Ele não estava incomodado, com os olhos quase fechadinhos, como quando você está com sono ou apaixonado. Eu posso sonhar.

─ Não, não, sem desculpas. ─ ele riu. ─ Agora, eu acredito que você me acha lindo.

─ Eu acho. ─ Ele lambeu meus lábios. Quando se afastou, eu continuei. ─ Mas eu não quero fazer nada que você não queira. Foi sem querer,

 Pode acreditar, me manter firme foi uma das coisas mais difíceis que eu já fiz na minha vida toda. Ele estava bem na minha frente, e eu achava que se não me controlasse, eu literalmente poderia devorá-lo como um cupcake. Eu estava preocupado, mas logo percebi que era apenas eu.  Ele se divertia com a minha preocupação, sempre sendo um grande insolente, aquele grande cretino, como sempre. Nem vergonha ele parecia sentir. Afina, quem era ele?

Ele me deu um olhar travesso que ao mesmo tempo me assustou e me deixou completamente mais duro.

─ Eu não me lembro de ter te pedido pra fazer nada. ─ Lawliet  olhou para mim, e para minha ereção que resistia em meio àquele tecido grosso e cheio de água do mar. Ele não ajudava nada sussurrando assim a centímetros da minha cara, sua respiração quente batendo em mim. Arrastou sua mão pela minha barriga, de novo, voltando a ficar tão próximo de mim que quase estávamos grudados. ─ Só estou impedindo de morrer de frio, certo?

─ Você é tão, tão duas caras. ─ foi o que eu consegui dizer, retirando o cabelo dele que caía na minha cara. Ele, sem aviso prévio, me tocou cima da calça e eu estremeci de novo, sentindo as batidas o meu coração como se fosse a porcaria de um relógio. Nervoso e excitado pra cacete. Lawliet era a coisa mais linda do mundo enquanto ele me desabotoava, com alguma dificuldade, e eu, mais vermelho que ele, parecia que ia infartar. Quando finalmente teve suas mãos em mim, eu pensei na mesma hora que nunca poderia deixar ele ir embora., porque o calor e os movimentos que aqueles dedinhos faziam eram surreais. Eu não tinha percebido o quanto eu necessitava dele me tocando até ele começar a se mover de cima para baixo... Cara, eu nunca senti algo assim antes. Apoiei minha cabeça nos seus ombros, em parte porque eu estava com vergonha, em outra parte porque não havia nenhuma possibilidade de eu permitir que aquele inglesinho se sentisse o rei, me vendo completamente entregue. Mas o fato é que, mais uma vez, ele realmente era o rei, e se tivesse me pedido, eu teria feito qualquer coisa pra ele continuar. Mas, por burrice ou por misericórdia, ele continuou, e mordeu minha orelha como se aquilo fosse a coisa mais natural. Será que ele tem que ser melhor do que eu nisso? De jeito nenhum, ele não perde por esperar.

 Lawliet, de verdade, parecia estar se divertindo, respirando com a boca entreabera e me olhando completamente desarmado. Aumentou a velocidade que foi de um lento massivo até começar a me deixar completamente irracional com o quão rápido ele me supria. Soltou um risinho (um atrevimento irritante) quando viu que teve exatamente o efeito que ele queria em mim, e eu não conseguia não gemer no pescoço dele. Era só a porra da mão dele, mas mesmo assim, ele era tão gostoso, inferno. Quanto tempo será que eu reprimi toda a tensão sexual que claramente rolava entre a gente desde o momento que eu o beijei pela primeira vez? Se eu soubesse que ele era tão satanicamente bom, eu acho que não teria tido todo esse autocontrole por tanto tempo. Antes de continuar com minha linha de raciocínio, ele parou. Eu levantei a cabeça, toda a minha vergonha se esvaiu no mesmo momento, encontrando os olhos de carvão semicerrados, me observando.

─ Não para... ─ Eu pedi, quase sem som, sem muita forças pra argumentar. ─ Por favor...

─ Light-kun... ─ mordeu meu lábio inferior, e eu até poderia reclamar dar dor fininha que seu canino me causou, mas não estava realmente incomodado. De verdade, eu não conhecia esse L. E, de verdade, também gostava mais dele do que eu gostava de admitir, por mais que eu não soubesse como as coisas escalaram tão rápido.  Ele passou as costas da mão no meu pau, antes de me beijar  ─ Ainda não é quente o suficiente.

 Antes que eu pudesse raciocinar, Lawliet se abaixou completamente, e me engoliu de uma vez só. Eu pulsei e gemi na mesma hora. Seus olhinhos se viraram para me encarar, e eu tive certeza que eu não iria durar muito mais. Eu pus uma mão na sua cabeça, porque se ele realmente achava que ia tomar o controle absoluto da situação do começo ao fim, estava muito enganado. Não que eu estivesse fazendo um bom trabalho, com aquela boquinha extremamente quente me envolvendo por completo. Por um breve momento eu tive uma pontada de ciúme de pensar que ele pode ter feito isso com alguém antes... Ele era tão bom. Mas é claro que isso só me faria ter que ser melhor, eu não posso perder de jeito nenhum. Na verdade eu preciso ter uma vitória. Bem... É difícil de admitir, mas não seria hoje. Eu estava muito estarrecido, muito atônito e embasbacado. Resumindo, eu tava completamente fora do controle enquanto ele me chupava de cima a baixo numa lentidão sádica. Eu sentia vergonha, não sabia até onde poderia ir...  Repetindo: eu não sabia como as coisas chegaram àquele ponto, mas era... perfeito? O puxei para mim pouquíssimo tempo antes de chegar ao meu limite, e ele terminou o que tinha começado com sua mão, de novo. Eu me aproximei de sua calça, eu queria muito poder fazer aquele inglesinho de merda sentir exatamente o que eu estava sentindo, e pensar em ver sua carinha vermelha me fazia quase chegar ao ápice antes da hora. Mas quando o olhei, pedindo permissão, ele sussurou  suavemente “ainda não”.  Então, pus minhas mãos no seu ombro. Eu senti uma onda da melhor sensação possível quando gozei, colocando meu polegar novamente na boca do menino e observando a maneira coma a qual ele chupava meu dedo. Porém logo ele se cansou,e eu fiquei praticamente sem nenhum oxigênio enquanto Lawliet, mais uma vez, se enfiou na curva do meu pescoço. Tão fofo e incrivelmente tão...safado? Eu ainda estava perplexo de como esse era o mesmo menino que eu sempre conheci, de como há tanta coisa ainda pra descobrir, e como eu quero ficar para saber de todas. Meu peito lentamente voltava ao normal quando eu o abracei e nós dois caímos na cama, exaustos. L deitou por cima do meu peito. Sorrindo.

 Eu olhava para cima ainda atônito. Prossegui espantado a noite interira.

─ Salvo da hipotermia?

─ Acho que é seguro dizer que sim... L, isso foi incrível.

 Acho que ele sorriu de lado, mas eu não conseguia ver, olhando para cima.

─ Está aí, acho que me vinguei...

─ Eu não faço ideia do que você está falando, Lawliet.

─ O cubo mágico...

Eu inevitavelmente sorri com uma espécie de sorriso que você só dá quando entende uma piada depois de muito tempo.

─ Inacreditável. Eu deveria saber que você faria isso... Mas ao mesmo tempo... Quem diabos é você?

─ Só queria te provar que ninguém pode me manipular e depois sair ileso, Yagami

 Eu fiquei extremamente satisfeito em ouvir isso. Um desafio

─ Você só pegou desprevenido.

─ Ah, foi?

─Sim.

 L se rerranjou de um modo a ficar com a boca exatamente em cima do meu ouvido.

─ O seu pau é exatamente do tamanho da minha boca... ─ sussurrou. Pode acreditar que eu tinha acabado gozar, mas me senti novamente fraco. E com vergonha... E de certa forma excitado por estar com vergonha? Ao contrário dele, que parecia não sentir absolutamente nenhuma.  Ele me olhou satisfeito quando percebeu (novamente!) que eu estava caidinho...

─ Estava desprevinido agora?  ─ Voltou à sua posição normal, deitado no meu ombro. Eu tive vontade de xingar ele. Palerma. Eu não podia ser tão fácil assim. Acho que eu não era. Só pra ele, aiai.

─ Não fique zangado, Light-kun. Você é o bonito entre nós dois. Eu tinha que ter algo.

─ Bobinho. Mas você pode ter ganhado a batalha, só não espere vencer a guerra ─ eu ri.

─ Light-kun.. ─ de novo, ele sussurrou.

─ Diga...

─ Sua cabana é genial. Eu consigo ver as estrelas.

Não sei como ele mudou de assunto tão rápido. Eu queria provar que ele estava errado e tira-lo do pedestal que ele acha quês está! E alem do mais, eu estava tão tão feliz e tão tão chocado que eu nem sabia como eu estava de fato. Há alguns meses atrás eu tinha certeza que ele não queria ser meu amigo, mas agora, eu acho que realmene confia em mim.

─ Sim, ela foi parte de um projeto da escola. Tínhamos que pensar em um produto que nós queríamos comprar, mas não achamos em canto nenhum, então eu e Kyomi...

 Parei quando notei que L tinha fechado os olhos e dormido. Ele parecia a coisa mais pequena e frágil do mundo, ao mesmo tempo em que também parecia capaz de me ler por completo e me construir ou destruir dependendo do seu desejo. Eu acho que vou ter que descobrir qual é.

 Acabei também dormindo, olhando as estrelas, que nos olhavam de volta diretamente dos confins do cosmos.


Notas Finais


Olá mais uma vez... Então, joguei a bomba e saí correndo... É a minha primeira vez escrevendo lemon então por favor sejam gentis comigo KKK eu fiz o meu máximo para explorar as personalidade deles e para agradar vocês (✿◠‿◠) e se tiverem algo para me falar, por favor podem dizer sem medo. Quis fazer o L ser bem desinibido para ir contra o que todo mundo ia pensar dele, sabe, ser um bottom com vergonha e tal. Aqui é power bottom!L sim e quem não gostar pode chorar!! ╰(◡‿◡✿╰)
AGORA É REAL GENTE, OS DOIS GAROTINHOS ESTÃO APAIXONADOS.
preparem o coração para o próximo rsrs

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Adeus e até mais rs (づ。◕‿‿◕。)づ


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