História I feel in love. - Quer morar comigo?

​M​adu.

Eu ia dar um belo soco na cara dela mas antes que eu pudesse fazer isso eu pensei muito bem e tive que controlar meu instinto, não queria parecer barraqueira na frente dos amigos do meu namorado. Respirei fundo e em seguida Thiago me segurou pela cintura sussurrando no meu ouvido pra que eu tivesse calma, eu assenti e olhei pra Juliana que parecia confusa ao me ver recuar quando ela sabe muito bem que eu enfiaria um soco na cara dela sem piscar duas vezes.

- Por favor, vai embora. - eu pedi.

- Pensei que fosse me bater. - ela disse confusa.

- Eu queria quebrar sua cara, sua piranha 3D! Mas eu não vou descer ao seu nível. - eu disse e ela riu.

- Você é covarde menina, é só uma criança se achando a maior adulta. - ela disse e eu semicerrei os olhos.

- Eu sou covarde? Tem certeza? Você se envolveu com meu pai sabendo que ele era casado enquanto brincava com os sentimentos do Thiago, acha mesmo que pode me ofender? - eu disse sem paciência nenhuma.

- Você sabe a verdade mas não consegue admitir, os dois homens da sua vida sempre vão preferir uma mulher madura como eu...do que uma criança como você. - ela disse e eu não aguentei. 

Dei um tapa na cara dela com tanta força que ela cambaleou para trás e Thiago me puxou pra trás dele, eu estava tão nervosa e irritada que um dos amigos dele me deu um copo d'água e eu sentei na cadeira. Todo mundo no restaurante estava olhando pra nós completamente envolvidos com a briga.

- Agora você vai me ouvir. - Thiago disse.

- Ela me bateu, você não viu não? - ela perguntou.

- Minha vontade de te bater em você é maior do que a dela, mas eu não seria capaz de agredir uma mulher por mais desgraçada que ela seja...você acabou com muita coisa em mim quando decidiu se envolver com o Rafael mas uma coisa que você não  conhece é o amor de verdade. - ele disse e eu sorri.

- Não diga isso, você sabe o que eu sentia por você. - ela se defendeu.

- Você não sentia nada por mim, você só queria um idiota na sua cama pra compensar quando o outro não estivesse. - ele disse e a expressão dela mudou.

- Nunca foi isso. - ela disse com um olhar triste que quase me enganou.

- Sempre foi isso, e você queria que eu ficasse correndo atrás de você como um idiota implorando pra você voltar comigo...e o que você não suporta é o fato de que eu me apaixonei por alguém muito melhor do que você. - ele disse e até eu senti o impacto de suas palavras.

Ela pegou sua bolsa do chão e saiu andando sem dizer nenhuma palavra a mais e ele ainda continuou em pé olhando ela ir embora, percebi que ele é mais sentimental do que aparenta e que cada sentimento tem um peso enorme sobre ele: a dor, o amor, a tristeza e a raiva.

Ele tem raiva do que ela fez com ele e como ela afetou a amizade entre ele e meu pai e só depois de ouvir ele dizer aquelas palavras com tanto desprezo eu percebi isso, voltei pro banheiro e tentei passar água no meu vestido para tirar a mancha causada pela bebida que a Juliana jogou em mim. Pelo espelho enorme do banheiro eu vi quando ele entrou  e olhou em volta pra ver se não tinha ninguém além de mim ali.

- Ela estragou seu vestido. - ele disse.

- Você tá bem? - perguntei virando de frente pra ele.

- Porque não estaria? - ele deu um sorriso falso.

- Hoje eu percebi uma coisa em você, não são todos os sentimentos que você expõe e aquelas coisas que disse a ela...- eu estava dizendo mas ele me cortou.

- Eu disse o que ela tinha que ouvir. - ele disse e eu assenti.

- Os seus amigos já foram? - perguntei.

- Sim, eles tem trabalho amanhã cedo. - ele disse.

- Vamos. - eu disse indo até a porta e ele me puxou pela mão. 

- Não estou bravo com você, se é o que está pensando. Sei bem que ela também fez um estrago na sua família e que mereceu aquele tapa. - ele disse e eu dei um leve sorriso.

- Estou brava comigo mesma. - respondi.

Saímos do restaurante com todo mundo nos olhando e fomos o caminho de casa todinho sem dizer nada, quando chegamos na frente do prédio dele eu parei o carro. 

- Dorme aqui comigo hoje? - ele pediu. 

- Hoje não vai dar, preciso resolver umas coisas amanhã cedo. - eu disse.

- Eu te levo de manhã onde você precisar, só quero ficar com você hoje. - ele disse acariciando meu rosto.

- Eu te compenso amanhã. - eu disse e ele assentiu desistindo.

- Até amanhã. - ele disse abrindo a porta.

- Thiago. - chamei e ele me olhou.

- Desculpa por hoje, estraguei o jantar. - eu pedi e ele sorriu.

- Você não estragou nada. - ele disse me dando um selinho.

- Até amanhã. - eu disse.

No caminho pra casa eu decidi que tentaria ser menos explosiva porque esse meu jeito sempre acaba estragando as coisas, quando cheguei em casa minha mãe e Ricardo estavam vendo um filme na sala e assim que me viram fechar a porta minha mãe falou comigo.

- Chegou cedo, querida. - ela disse confusa.

- O jantar acabou mais cedo. - eu disse.

- Boa noite Madu. - Ricardo disse sorrindo. 

- Boa noite. - respondi.

- Você está bem? - ela perguntou.

 - Só estou cansada. - eu disse indo para as escadas.

Com a cabeça no travesseiro eu fiquei pensando em como seria se eu fosse uma pessoa como a ex mulher do Thiago, a Belle. Uma pessoa calma e tranquila que não faz besteira e se esforça para não cometer erros a cada passo que dá, decidi que cada vez que eu estiver com raiva eu vou escrever sobre isso e não explodir e arrumar confusão...não gosto de ser assim.

Acabei dormindo mais do que deveria e quando acordei lembrei do que tinha que fazer e me arrumei pra sair mas ao descer ouvi a voz de Ricardo na cozinha provando panquecas feitas pela minha mãe e ele sorriu ao perceber o quão bem ela cozinha, eles não estavam me vendo e eu vi quando eles se beijaram.

- Esse é um dos motivos pelo qual eu quero me casar   com você. - ele disse.

Ela sorriu pra ele e eu abri a porta com cuidado para que eles nem notassem que eu saí, peguei meu carro e dirigi até o salão onde eu havia marcado hora e logo um rapaz veio me atender e eu decidi cortar o cabelo, eu era tão apegada aos longos fios que nunca tive coragem de mudar. Depois de lá eu aproveitei para passar no shopping e comprar umas roupas novas e menos chamativas do que as que eu tenho - que a propósito eu pensei em doar e as coloquei em caixas no meu carro -.

 Thiago.

Minha casa estava uma zona e eu estava organizando tudo quando ouvi batidas na porta, assim que abri vi Juliana com duas malas.

- O que faz aqui? - perguntei. 

- Estou indo embora. - ela disse.

- Que bom! - eu disse animado. 

- Vou pra São Paulo morar com uma amiga. - ela disse.

- Ótimo! - eu disse.

- Aquilo que você disse ontem...você havia se apaixonado por mim? - perguntou.

- Sim. - eu respondi.

- Sinto muito por ter te feito mal. - ela disse.

- Por favor né? Não seja hipócrita. - eu pedi. 

- Eu errei muito em ter feito isso com você, eu não achei que você fosse sentir algo assim por mim...só depois de ver você com ela eu me senti mal porque eu percebi que gostava de você. - ela disse e eu abaixei a cabeça.

- Porque ficou com o Rafael? - perguntei e ela entrou no apartamento. 

- Eu queria sentir adrenalina e ficar com meu chefe pareceu tentador. - ela disse.

- Ficar só comigo não bastava? - perguntei. 

- Sim, eu só não sabia disso. - ela disse.

Alguém bateu na porta entreaberta e assim que ela se abriu por completo eu vi que era Madu, seus cabelos que antes eram enormes estavam nas costas e ela estava usando um vestido longo que a deixava incrivelmente linda. Ela parecia outra pessoa e o rosto sem nada de maquiagem - comparado ao de Juliana, que parecia uma palhaça de tão pintada - lhe dava o ar de inocente e natural. 

- Oi. - ela disse.

- Oi amor. - eu disse sem conseguir tirar os olhos dela. 

- Tinha que ser. - Juliana disse revirando os olhos.

- Eu vim te convidar pra almoçar comigo. - ela disse e eu assenti sem piscar.

- Estávamos conversando, Thiago. - Juliana disse.

- Estávamos, faça boa viagem e até mais. - eu disse colocando as malas dela pra fora da minha casa.

Assim que eu coloquei Juliana pra fora eu voltei a olhar como a minha namorada estava linda, não conseguia parar de admirar e ela estava ficando vermelha de vergonha.

- O que foi? - ela perguntou.

- Você...é a mesma pessoa mas de um jeito diferente. - eu disse.

- Diferente de um jeito bom? - perguntou.

- Diferente de um jeito maravilhoso, mas porque cortou o cabelo? - perguntei me aproximando dela.

- Thiago, eu quero mudar. - ela disse.

- Mudar como? - perguntei um pouco confuso.

- Quero ser diferente...cansei de sempre brigar com todo mundo e ter esse gênio barraqueiro, quero ser só uma pessoa normal que enfrenta os problemas com maturidade e não com violência. - ela disse me fazendo sorrir.

- Quero que me veja como alguém decente pra você. - ela disse e eu a abracei.

- Se quer mudar algo em você mude por si mesma, pra se sentir bem...porque eu te amo assim do jeitinho que você é. - eu disse e ela sorriu.

- Eu tenho um convite pra te fazer. - ela disse.

- O que é? - perguntei curioso. 

- Quer morar comigo? - ela disse me pegando de surpresa.