História I Feel You - Seumun Yeoseot

Agora finalmente o ômega poderia descansar, respirar novamente sem ter que se preocupar se poderia receber notícias em um jornal ou televisão sobre algum assassinato de um ômega adolescente por seu próprio pai. Pois três dias depois que Namjoon voltou para casa Shyho foi preso e agora esperava o agendamento da data para seu julgamento. Nenhum dos dois — tanto Seokjin, como Namjoon — tiveram coragem de falar para o ômega toda a verdade, nem mesmo ao próprio filho. Não sabiam qual seria a reação de ambos e tinham medo disso.

Jimin passou todo esse tempo na casa dos Kim, era levado ao hospital quando necessário e voltava para lá. No fundo estava com medo de voltar para casa e ser recebido pelo seu progenitor. Tinha medo do que poderia lhe acontecer, se dessa vez conseguiria ficar vivo novamente, pois sabia que sofreria agressões quando voltasse.

Quando teve certeza das agressões e quem as praticava, Jeon ficou meio aéreo e desentendido a princípio, mas estava exacerbado em saber que o próprio pai do garoto o espancava. Porém, lutou consigo mesmo e manteve-se calmo,  confortando o rosado que chorou quase a noite toda.

Evitaram ligar os noticiários e jornais, para que o menor não visse sobre as notícias que estavam saindo sobre seu pai. Tentavam a todo custo fazê-lo esquecer das dores, sempre fazendo brincadeiras — por mais que bobas — , assistindo séries, filmes e a noite recebia o carinho especial do mais novo só para si. Onde recebia uma seção de beijos por seu rosto, estas que desciam para seu pescoço e logo voltavam para seus lábios.

Yoongi visitava o irmão, mas passava a maior parte de seu tempo junto aos seus ômegas, recebendo e dando amor a ambos, sem distinções. Como haviam lhe dito, e percebeu que, não era tão complicado manter uma relação amorosa com dois ômegas, como dizem. Hoseok e Taehyung eram tranquilos e tão unidos que por vezes o loiro acabava sentindo ciúmes do apego dos dois, mas tudo passava quando um dele — ou os dois — lhe puxavam para se juntar a ambos.

Como Namjoon já havia dito... Ele amava os dois e era amado em dobro.

— Seu cheiro está cada vez mais forte, anjo. — sussurrou o alfa mais velho.

Todos estavam na sala, haviam acabado o jantar e Jin resolveu mostrar um segundo álbum de fotos de lúpus, quando era mais novo. Era verídico que o ômega era totalmente apegado ao filho desde quando o viu pela primeira vez e por isso até o começo de sua adolescência estava sempre tirando fotos, não só do mais novo como de Yoongi também. O casal sentados no sofá menor e os mais velhos no sofá maior.

— Eu sei, Nam. Ele está chegando. — respondeu no mesmo tom que o moreno. 

— Essa era a mãe do Yoon, hyung. — ditou Jungkook, após rir de uma foto em que Yoongi estava sujo de lama, pois Jeon havia o sujado por ter "roubado" seu pai.

— Por favor, Jungkook? — pediu o maior.

— Eu já disse que não vou! — resmungou alto o suficiente para que apenas o moreno ouvisse. — Eu não gosto de você e não quero brincar com você.

— Vamos, por favor! Eu prometo que faço o que você quiser. — juntou suas mãozinhas em uma súplica, formando um biquinho com seus lábios. Havia descoberto que aquele simples ato amolecida o coraçãozinho de qualquer um. Só não imaginou que aquele sorriso travesso que surgiu no rosto do seu dongsaeng o faria perceber que nem todo sorriso é bom.

Naquele dia Jungkook brincou consigo,  de dois modos. Primeiro só aceitou brincar depois que teve a confirmação do mais velho que não falaria mais com seus pais e após — bobamente — aceitar apenas para que o acastanhado brincasse consigo, correram para um parquinho próximo a casa. No entanto, minutos depois Jeon o pegou conversando com seu pai, bem no momento em que ele lhe afagava os cabelos e quando voltou para próximo do menor recebeu um baldinho de lama sobre sua cabeça, causando o estrago da foto a qual Wonsik tirou exatamente no momento em que a lama escorreu pelos fios do garoto.

Naquele dia Jeon ficou de castigo por uma semana e foi obrigado pelos mais velhos a se desculpar com Yoongi pela travessura que fez.

— Eles são bonitos. — murmurou. — Quem são essas? — apontou para as duas mulheres ao fundo da imagem.

— Essa eu não lembro, mas a outra é a mulher do tio Lee. — pegou a foto em sua mãos, virando-se para os mais velhos. — Pai, quem é essa?

O mais velho tinha agora os olhos levemente aberto e perplexos, presos aos pequenos dedos do rosado. Não havia lembrado das fotos naquele álbum, achava que eram apenas as fotos do Jeon, mas estava enganado e assustado por Jungkook ter pegado justamente aquele álbum. Não tiveram tempo, nem queriam preocupar ou descontrair a imagem boa que ele tinha do tio, por tanto haviam deixado as coisas apenas entre eles e não lhe disseram sobre o "tio Lee" ser pai do seu ômega e justamente, este ser o causador das marcas — agora cicatrizadas — em ambos os corpos.

— V-Vocês conhecem o meu pai? — as mãos do garoto tremiam, com a foto do seu progenitor, onde este segurava Jungkook no colo.

— Seu pai? — indagou o lúpus.

— E-Eu... Preciso contar algo a você, Jimin. — segurou firmemente a mão do seu esposo, que a todo momento fazia uma leve carícia em suas costas. Já esperava por aquilo, desde o momento que entregou o álbum nas mãos do seu filho. — Dei-me o álbum filho. — Jungkook esticou o braço, lhe entregando o objeto. — Nós conhecemos o Shyho desde adolescentes, o Nam mais do que eu, já que ele sempre foi muito amigo do Wonsik, pai do Yoongi. Ele costumava ser uma pessoa carinhosa e gentil com todos, mas ele se fechou para o mundo quando a esposa morreu. Park Hyerin, morreu na mesa do parto. — inspirou profundamente, soltando o ar pela boca. — Era sua mãe, Jimin. 

Se Jungkook estava atordoado com a história, Jimin se sentia confuso, perdido e quaisquer outras sensações que desse desespero. Seus olhos levemente abertos, igualmente sua boca que a todo momento se abria e fechava novamente, tentando falar algo, mas nada saia da mesma. Nem ao menos notou quando: através da marca, Jeon sentiu seu pescoço arder, lhe chamando de volta para a realidade e então envolveu as mãos trêmula do garoto. Tentando passar algum conforto para ele, que apesar de pouco, funcionou.

— Hyerin era uma mulher carinhosa, divertida e amiga de todos. — estendeu uma foto em direção ao ômega. Jungkook a pegou, com a mão livre, mostrando o retrato ao rosado. Uma loira alta, magra, estava parada ao lado do seu pai. Ambos sorriam um para o outro, com as mãos envolvidas uma na outra. — Seu pai não havia marcado-a, pretendia fazer isso quando voltassem de uma viagem que tinha para fazer. Já que seria comemorado três anos de casados, mas ela ficou doente. — Namjoon se ajeitou melhor ao sofá, deitando a cabeça do seu ômega sobre o peito e logo voltou a falar, fitando o ômega que chorava baixinho. — Hyerin descobriu que estava com câncer cerebral e que, infelizmente, não teria muito tempo de vida, então ela decidiu engravidar. Por não ter uma marca as coisas foram ainda mais complicadas e ela acabou falecendo minuto após te segurar nos braços. — Jimin chorava, apertando a mão do mais novo, com os olhos fixos no casal da foto. Agora entendendo o motivo para aquele homem lhe odiar tanto. Ele havia matado a própria mãe. Porém, ele não teve culpa certo? — Seu pai não sabia disso, por isso sempre o culpou pela morte dela.

— Por que não contaram a verdade, appa? — indagou o acastanhado.

— Shyho estava irredutível. Não queria saber de nada e se isolou por anos, nós que cuidamos do Jimin nos seus cinco primeiros anos de vida, até ele voltar. Era seu pai e não poderíamos fazer muita coisa. — mais uma vez, suspirou frustrado ao se lembrar. — Ele já não falava conosco como antes, passou a se focar apenas no trabalho, não ligar para nada e deixar o Jimin preso em casa. Não víamos ele então não sabíamos o que se passava dentro da casa. Não sabíamos de nada, até o Jungkook falar sobre você. — virou-se para fitar o ômega, que tinha os olhos fixos em si. — Foi bem chocante saber que vocês eram a mesma pessoa. Que nosso filho tinha se apaixonado pelo filho do meu melhor amigo, mas por outro lado foi bom te ver de novo, vê que você estava feliz ao lado do Jeon. Foi então que descobrimos sobre a ligação de vocês e que seu pai lhe espancava, então eu passei a investigar e pedir ajuda a uns amigos meus do trabalho. Eles me ajudaram, já que não sei de muita coisa sobre crimes. — levantou-se de onde estava, indo sentar ao lado do rosado e segurou suas mãos. — S-Seu pai... Ele foi preso três dias depois que te trouxemos aqui.

Agora o menino entendia o motivo para tudo aquilo em sua vida, mas ainda sim, se sentia perdido. Eu pai o culpava de algo que eu ele não fez, não teve escolha nem nada. Ele não pediu para nascer, sua mãe decidiu ter um filho. O baixinho entendia os motivos dela, amava demais aquele homem ao ponto de se sacrificar por ele, de reduzir seus dias de vida, para que ele ficasse com algo referente a ela, a ela e ao amor deles.

— C-Como ela era? — questionou baixinho, ainda choroso, porém, mais contido.

— Ela era exatamente como você. Olhando você eu vejo ela. — ditou o mais velho, sentando-se sobre as pernas do alfa assim que este voltou para o seu lado. — Vocês são iguais em quase tudo, exceto pela pose mais seria, seu olhos serem mais fechadinhos e os lábios. Esses você herdou do seu pai.

— Não queremos que tenha raiva dele, nem de nós, pois...

— Eu não tenho raiva de vocês. — fitou-os, interrompendo a fala do alfa. — Agradeço por terem cuidado de mim e também não tenho raiva dele. Nunca tive mesmo depois de todos esses anos. — sorriu nasalmente, sem ânimo algum. — Eu tinha medo, mas não tinha raiva. Não sei ao certo, mas também nunca tentei questionar o motivo disso; "não sentir raiva dele". — suspirou. — Posso ficar com essa foto? — apontou para uma a qual Namjoon havia lhe dado, onde tinha apenas sua mãe; sentada, sorrindo em direção a câmera. 

— Claro! E com essa, também.  — lhe estendeu mais uma foto da mulher.

— Obrigado. Obrigado, mesmo, por tudo.

I Feel You

Após a conversa, minutos depois, os mais velhos tiveram que se retirar. Os indícios de seu heat estava chegando, consequentemente, Jin estava mais necessitado da atenção do seu alfa, dos seus carinhos e de seus toques. Tanto que já haviam preparado a casa de praia para a vinda do mesmo e provavelmente no dia seguinte já estariam lá.

— Bolinho? — murmurou baixinho, enquanto acariciava os fios do ômega. Ambos deitados sob os lençóis da cama. Jungkook envolvia sua cintura, enquanto acariciava seus cabelos, sua perna por cima da do menor, que estava virado de frente para si; os olhos fechados e o braço envolta da cintura alheia.

— Coelho, será que ela gostaria de mim? — questionou. — Queria tê-la conhecido.

— Claro que sim, meu anjo. Ela te ama muito. Imagino que ela tenha sorrido ao te ver, pequenino, nos braços dela. — beijou-lhe a fronte.

— Você está ironizando, Jeon? Até agora? — questionou.

— Perdão, mas eu não resisto. — beijou-lhe novamente.

— Idiota! — empurrou-o para longe do seu corpo. — Fica longe. — ditou ao que o lúpus tentou se aproximar. — Coelho. — manhou quando teve seu rosto tomado por beijos. — Para. Jeon. — empurrou-o, após uma breve gargalhada. — Você sabe que é o ser mais precioso do mundo, não sabe? — fitou os olhos do garoto sobre si, estes que se abriram, assim como sua boca. — Eu te amo muito, Jungkook. E pela primeira vez na minha vida, eu quero ser egoísta e ter você só para mim, assim como quero ter o seu amor só para mim, seus olhos direcionados só a mim, seus sorrisos... Tudo! Eu quero que você seja meu Jeon e prometo ser só seu o resto da minha vida.