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História I hate, my love - Desabafa comigo!


Escrita por: Crisvogt

Capítulo 3 - Desabafa comigo!


POV CAMILA

Cheguei em casa, estacionei o carro na garagem e subi no hall de entrada e o porteiro com toda aquela má vontade de sempre, me lançou um olhar e fez sinal para que eu pegasse duas cartas que estavam em cima do balcão. Peguei as cartas e entrei no elevador. Uma delas era de meu pai, ele havia viajado um certo e nunca mais voltou para casa, essa carta foi a primeira noticia que recebi desde que foi embora. Contava que estava morando em uma pequena cidade nos Estados Unidos e que havia se casado novamente. Quando minha mãe morreu, meu pai cuidou de mim e de Sofia até eu completar 18 anos e Sofia 16, mas era sempre ausente, quase nunca estava conosco, até que um dia resolver sair viajar e não mais voltou, por isso Sofia é tão apegada a mim, no fundo ela também sente medo de me perder. Ao chegar em nosso andar, guardei a carta para que Sofia não visse, ela não suporta nosso pai. Entrei no apartamento e ela estava sentada na mesa, toda descabelada, devorando um bolo de chocolate.

- Bom dia Senhorita Ressaca, como está? – falei rindo, fui até ela e lhe dei um beijo na testa.

- Bom dia maninha, tirando a dor de cabeça, estou bem e você? Passou na audição? – falou com a boca cheia.

- Foi você que fez esse bolo Sofia? – Sofia cozinhava muito bem, mas não sabia que também fazia bolos.

- Não Kaki, a vizinha do 202, uma senhora idosa, veio trazer, disse que era uma forma de te agradecer pelo favor que fez hoje de manhã para ela, e eu acabei comendo uma fatia, tá, talvez duas ou então o bolo inteiro, mas é que você demorou para chegar. Enfim, desde quando sabe ser gentil com as pessoas Camila? – falou rindo e ao mesmo tempo estava com uma expressão de dúvida.

- Não começa Sofi! Foi bom ter me falado da dona Dorte, ela não passou muito bem essa manhã, estava tossindo muito, vou passar no apartamento dela ver como ela está. – dessa vez Sofia me olhou espantada, ela sabia que nunca fui gentil com ninguém que não fosse ela, nem mesmo com Shawn.

Dei outro beijo em Sofia e sai. Parei em frente ao apartamento da vizinha e estranhei ao tocar a campainha, afinal de contas eu não visitava ninguém desde que morávamos ali. Não demorou muito e aquela senhora simpática e risonha abriu a porta.

- Olá Camila minha querida, como está?

- Olá dona Dorte, só vim ver como a senhora está e agradecer pelo bolo de chocolate que deixou lá em casa.

- Não tem do que agradecer minha doce menina, entre e venha tomar um café comigo! – no fundo eu não queria entrar, mas seria muita falta de educação rejeitar seu humilde pedido.

Entrei no seu apartamento e era tudo perfeitamente organizado, com vários tapetes e toalhas de tricô e crochê.

- Fique a vontade Camila, vou fazer um café bem quentinho para nós duas.

Fiquei sentada no sofá na sala quando vi um pequeno gato vindo em minha direção todo manhoso e como sou apaixonada por animais, não pensei duas vezes em fazer carinho no bichano.

- Esse é o Morfeu, meu companheiro de todas as horas. Aqui moramos apenas nós dois. – Dona Dorte voltava com uma bandeja e duas xicaras de café.

- Ele é lindo e muito querido. Então só moram vocês aqui nesse apartamento? Pensei que a senhora fosse casada e tivesse algum filho.

- Eu tinha minha querida! Quando eu era mais nova, estávamos viajando eu, meu marido e meu filho, mas sofremos um acidente, fui a única sobrevivente. Depois da tragédia, fiquei tão abalada e em choque que não quis mais saber de me casar novamente.

- Sinto muito pela senhora, eu realmente não imaginava!

- Não tem porque se desculpar querida, você nem tinha mesmo como imaginar, mas me diga e você mora com quem? Foi uma moça parecida contigo que me atendeu e recebeu o bolo que levei.

- Ah sim, ela é a Sofia, minha irmã. Moramos apenas nós duas. Minha mãe faleceu quando éramos pequenas e meu pai nos abandonou assim que fiquei de maior. Desde então somos uma pela outra.

Nesse momento dona Dorte começou a tossir novamente, uma tosse forte que a deixava sem ar e cansada.

- Está tudo bem com a senhora?

- Está sim minha filha, não se preocupe, é coisa da idade mesmo.

Terminamos de tomar café e decidir ir embora, tinha que fazer o almoço de Sofia, agradeci o café e me despedi da dona Dorte.

- Até mais dona Dorte, muito obrigada pelo café, realmente estava muito bom.

- Não precisa agradecer menina, saiba que quando precisar conversar ou até mesmo de apenas um café, pode bater na minha porta, estarei sempre à disposição. – ela me abraçou e me deu um beijo no rosto.

Sai dali pensando em como aquela senhora havia me conquistado em apenas um dia, ela era muito simpática e amável. Senti um carinho verdadeiro vindo dela e realmente estava preocupada com a sua saúde.

Entrei em casa e Sofia estava em seu quarto, entrei no meu, peguei minha bolsa e tirei a carta do meu pai de dentro. Pensei mil vezes antes de abrir e resolvi guardar novamente, eu ainda não estava preparada psicologicamente e emocionalmente para ler qualquer coisa que ele tivesse me escrito e nem Sofia poderia ver, ela rasgaria antes mesmo de abrir.

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Passaram-se três dias e nada de sair a resposta se eu havia ou não passado na seleção, aquilo já estava me deixando agoniada, ninguém telefonava ou mandava uma mensagem sequer. Shawn não havia mais me procurado desde o dia que desliguei o telefone na sua cara e no fundo eu o entendia, havia sido grossa e fria com ele, na verdade nosso namoro inteiro eu fui estranha, nunca conseguir amá-lo e nem me entregar por inteira. Até hoje não entendo porque aceitei o pedido de namoro, Sofia o detestava e eu nunca o amei, não tinha porque continuar com aquele namoro, onde ambas estavam infelizes. Foi então que decidi por um ponto final em tudo. Mandei mensagem para ele e disse que queria conversar, minutos depois ele respondeu dizendo que íamos nos encontrar na cafeteria perto de casa e por coincidência ou não, era o lugar aonde trabalhava aquela garota chamada Lauren. Concordei e disse que poderia ser lá mesmo, em um local público é até melhor, não corro risco dele dar um ataque e querer descontar em mim.

Marquei com ele depois do meio dia, horário que Sofia saia para resolver seus compromissos. Nem eu e nem ela trabalhava, pois quando nossa mãe morreu, ficamos recebemos uma boa pensão vitalícia e com a indenização de sua morte compramos um apartamento e um carro, então não nos preocupávamos quanto a isso. Assim que Sofia saiu, liguei para o Shawn e ele já estava me esperando em frente ao prédio. Peguei minha bolsa, desci com o elevador e nem cumprimentei aquele porteiro mal-educado. Entrei no carro de Shawn e ele veio me cumprimentar com um beijo, mas automaticamente virei o rosto e ele acabou beijando minha bochecha. Shawn me olhou com uma cara nada boa, ligou o carro e arrancou em seguida, nosso caminho foi feito em silêncio, nenhum dos dois abria a boca para dizer nada. Chegamos na cafeteria, escolhemos uma mesinha mais aos fundos e nos sentamos:

- Camila, agora você vai me dizer o que está acontecendo contigo e com nosso namoro? – sua cara era de alguém nada feliz.

- Shawn você sabe que isso vem acontecendo faz tempo, não estamos mais feli.... – nem terminei de falar e a garçonete nos interrompeu.

- Olá, boa tarde, o que vão querer? – falou de uma forma como se não me conhecesse, como se estivesse me vendo pela primeira vez.

- Olá Lauren, você lembra-se de mim ainda? – falei forçando um sorriso.

- Eai Cinderela, estava bom o café que você tomou aquele dia e saiu sem ao menos agradecer? – fechei a cara, aquela mesmo garota insuportável havia voltado ao normal.

- Em primeiro lugar, não agradeci porque você estava ocupada e em segundo lugar, aquele café estava terrivelmente horrível.

- Em primeiro lugar Cinderela, aquele café foi descontado do meu salário e em segundo lugar, eu trabalho e por isso estava ocupada, mas nada justifica sua falta de educação em não querer agradecer minha gentileza.

Shawn olhava aquilo tudo sem dizer nada, mas era visto que não estava gostando daquele assunto estar atrapalhando nossa conversa.

- Me chamou de mal-educada? Por acaso lembra quando fui prestar ajuda para ti naquele dia do quase atropelamento e você quem agiu sem nenhuma educação? Agora vem querer falar de mim? Se enxerga primeiro minha querida! – se fosse possível soltar fogo igual dragão, a essas horas aquela garota estava toda queimada, porque eu estava morrendo de raiva dela.

Shawn se levantou e ameaçou se retirar da cafeteria.

- Shawn espera, aonde você vai? – sai correndo atrás dele.

- Aonde eu vou Camila? Eu vou para minha casa. – falou irritado.

- Precisamos conversar!

- Você não transa mais comigo, nem ao menos me beija, só tem tempo para aquela sua irmãzinha infantil, que só cresceu de tamanho, porque de mentalidade não passa de uma bebê chorona e ainda me chama pra sair, te trago nessa cafeteria e descubro que o motivo da conversa é o término do nosso namoro, se fosse só por isso, poderia ter feito por uma mensagem, seria bem menos vergonhoso, sem contar que agora só sabe falar desse dito ballet. Acho que não precisamos conversar sobre mais nada. Quer saber Camila? Quem cansou disso tudo fui eu, segue tua vida e tenha muita boa sorte. – Shawn nem me deixou responder, entrou no carro e saiu cantando pneu. Ótima forma de se terminar um relacionamento.

Minha vida está virada de ponta cabeça, não tenho resposta nenhuma da seleção, meu namorado, quer dizer, ex namorado, agora me odeia, tem aquela maldita carta de meu pai me assombrando os pensamentos e não tenho coragem de abrir. Sentei na calçada em frente a cafeteria e comecei a chorar desesperadamente. Como fazia falta minha mãe nessas horas, eu só queria aquele colinho que só ela tinha. Em meio a soluços senti uma mão no meu ombro.

- Camila, você está bem? – olhei para trás e era Lauren. – Me desculpa pelas coisas te disse lá dentro, as vezes sou muito explosiva, as coisas me irritam muito fácil e desconto nas pessoas erradas. Aquele era seu namorado? Quero dizer, ex? vi que brigaram e ele terminou tudo. Não quis ser metida, mas ele gritou e não tinha como não ouvir. Venha vamos entrar, vou lhe servir um café e se aquele estava horrível como disse, prometo que irei caprichar nesse. – ela me estendeu a mão e me ajudou levantar, estava tão chateada que nem disse nada, apenas aceitei sua ajuda.

Entramos e ela me levou até uma mesa retirada das demais pessoas, entrou na cozinha e logo me trouxe uma xicara de café. Eu já não chorava mais, porém ainda soluçava. Lauren estava sem seu avental.

- Agora é meu intervalo, se importa se eu lhe fizer companhia? Podemos conversar e você pode desabafar, irá se sentir melhor. – apenas afirmei com a cabeça, então ela sorriu e largou a xícara na minha frente.

- Esse também é por conta da casa! – dei um sorriso e tomei o café e dessa vez realmente estava muito bom. – Mas então quer conversar?

- Eu não sei, na verdade sei la o que está acontecendo comigo, sinto um vazio enorme em meu peito e não tem explicação.

- Você já conversou com alguém sobre isso? – balancei a cabeça negando. – Então ai está o problema, precisa desabafar, guardar para ti só irá te fazer mal. Cada vez mais vai aumentar essa angustia se não colocar pra fora.

- Eu não tenho com quem falar! Minha irmã é mais nova e vive sempre ocupada, minha mãe faleceu quando éramos pequenas, meu pai nos abandonou, não tenho amigos pois não sou sociável, aliás até fiz amizade com uma senhora de 80 anos que mora no mesmo prédio que eu, mas não vou encher a cabeça dela com problemas de uma garota de 21 anos e agora além de tudo nem namorado tenho mais, se bem que nem adiantar nada se ainda namorássemos, ele nunca me ouviu, só pensava nele mesmo.

Senti Lauren pegar em minha mão e apertar com força.

- Camila, sei que começamos da forma errada e que você com toda certeza teve uma má impressão de mim, mas podemos recomeçar do zero e nos tornarmos amigas, o que acha? Você poderá vir conversar comigo sempre que quiser e podemos marcar de sair também depois do meu horário de serviço.

Não seria nada mal, tentar recomeçar do zero e me tornar amiga de Lauren, afinal nem amigos eu tenho nessa vida, além de Sofia.

- Tudo bem, eu aceito, mas primeiro prometa não ser mais grossa comigo e nem ficar me chamando de Cinderela. – Lauren caiu na gargalhada.

- Tudo bem Cinde... quer dizer Camz, eu prometo. – estendeu a mão como forma de pedir paz.

- Camz? Tirou isso da onde? – comecei a rir.

- Sei lá, já que não posso te chamar de Cinderela, inventei um apelido exclusivo pra ti, ou alguém já lhe chama assim?

- Não! É a primeira vez que ouço esse apelido na verdade.

- Então só eu posso lhe chamar assim.

Ficamos ali conversando e rindo, até que acabou o horário de folga dela e ela teve que se retirar, agradeci o café e sai. Aquela garota me irritava, mas ao mesmo tempo me trazia uma paz tão grande que nem eu sabia explicar o que era. Por alguns instantes aquele vazio que eu sentia sumiu de mim.



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