1. Spirit Fanfics >
  2. I Hate You, but I love You - Imagine Kim TaeHyung >
  3. Rain

História I Hate You, but I love You - Imagine Kim TaeHyung - Rain


Escrita por: TwinArmy

Notas do Autor


Boa madruga pessoal.

Me desculpem o horário.
Seguem mais um capitulo.^^

Boa leitura.

Capítulo 7 - Rain


Fanfic / Fanfiction I Hate You, but I love You - Imagine Kim TaeHyung - Rain

 

TaeHyung On.

 

Motivação! Taí uma coisa que nunca tive, as pessoas costumam viver e se motivar com alguma coisa. Depois dos meus doze anos de idade, passei apenas a sobreviver, o que é muito diferente de viver. Faço o que é apenas preciso, estudo e trabalho feito um condenado na esperança de conseguir pagar o que meu pai pegou desses desocupados. Sei que o que tenho não é nem a metade da metade do que querem.

Vivo com a minha tia, e isso não faz diferença nenhuma. Ela não para em casa e vive no mundo das drogas, é como se eu não existisse pra ela, ás vezes eu me pergunto o porquê dela ter recorrido a minha guarda. Se isso me incomoda? Se o fato dela me deixar aqui em casa sozinho me faz sentir solitário? Para ser sincero, não! Sempre foi somente eu e mais ninguém em minha vida que isso se tornou comum e estranhamente confortável.

O meu desejo é terminar a escola logo e poder sair daqui sem me preocupar com nada, não que eu tenha algo que me prenda aqui. Mas a minha idade me impede de ‘certas’ liberdades, então se eu ainda não posso ser responsável por mim, prefiro estudar e ter a maior idade corretamente. Mesmo ainda não ser motivado por nada, tenho a plena consciência de que o estudo pode ser um passo para o meu futuro, quem sabe.

-Sério! Não sei como consegue tirar dez em tudo sem ao menos anotar alguma coisa! – Jimin falou apoiando sua cabeça nos braços.

Estávamos no refeitório para o horário do almoço, mesmo Jimin e Hobi serem da sala ao lado eles fazem as mesmas provas que nós, e aqui está ele inconformado com o seu cinco.

-Ele apenas ouve uma vez e pronto, está em sua memória para sempre. – Kook falou sorrindo.

Revirei os olhos, apesar de ter mesmo uma memória boa ouvir isso deles torna tudo muito esquisito.

-Você precisa nos ensinar a fazer isso. – Hobi falou tomando o seu suco.

-Não falem como se eu tivesse super poderes. – Falei olhando pra eles. – Kook é primeiro do quadro, falem com ele.

Kook é o aluno mais inteligente dessa escola. Eu o conheço desde pequeno, sempre foi o meu único amigo. Fazemos tudo junto, quando seu pai se casou com a mãe de sua irmã postiça precisou se mudar, mas logo nos encontramos nessa escola no primeiro ano do ensino médio. Sei que eu disse que nada me prende aqui, mas se tiver alguém que possa fazer isso acontecer é ele.

-Não jogue esses dois pra cima de mim não. –Kook falou sorrindo. – Eu tiro notas boas, mas meus cadernos são lotados e minha cabeça dói todos os dias.

Os dois sorriram.

-Kook... – Sua irmã se aproximou.

Jinna é filha da mulher que casou com o seu pai. Eu a conheci no ensino médio também, e desde então onde ele está, ela está.

-Oi Jinna. –Kook olhou para ela.

Ela me olhou rapidamente e logo desviou o seu olhar, depois que ela repentinamente pediu para que eu saísse com ela, tem evitado me olhar. Não que faça diferença já que nunca conversamos mais de cinco minutos.

-Mamãe me ligou e disse que precisamos ir para casa antes da última aula, parece que a vovó sofreu um acidente. – Falou.

-O que? Como assim? – Kook perguntou preocupado.

Todos nós a olhamos preocupados também, ela disse isso com tanta calma que chegou a soar estranho.

-Ela caiu da escada. – Respondeu. –Ela está bem, quebrou a perna esquerda. Mas sabe como a mamãe é, ela faz tempestade em copo d’agua.

Kook respirou aliviado e voltou a sentar no banco.

-Não me assuste assim Jinna. –Falou passando sua mão no cabelo.

-Mas ela está hospitalizada? – Jimin perguntou.

-Já está em casa. – Respondeu. – Por isso mamãe quer ir vê-la, mas a previsão diz que vai chover e o papai não quer pegar pista com chuva.

Os avós deles moram em Busan, Kook me levou uma vez lá quando tínhamos treze anos. Lembro até hoje o tombo que levamos quando achamos que descer com uma bicicleta em uma rampa de skate daria certo.

-Entendi. – Ele falou pra ela.

-A Nayu vai me passar a matéria depois. – Falou.

-É uma boa ideia, porque se fosse depender desse seu amigo ai do lado... – Jimin falou me olhando de lado.

Pra falar a verdade eu não copio nada mesmo, não conheci a minha mãe, mas devo agradecer a ela por me dar a luz com uma memória fotográfica.

O sinal bateu e voltamos imediatamente para a sala, me sentei no meu lugar e apoiei o queixo na mão, a professora não tinha chagado ainda, Kook se aproximou e sentou na ponta da minha mesa.

-Depois dessa aula estamos indo nessa. – Falou pegando meu lápis na mão.

-Uhum. Me avise como a sua vó está depois. – Falei.

-Ah não! – Kook falou de repente.

Olhei para ele confuso, será que não quer me falar sobre a sua vó?

-O que foi? –Perguntei.

-Ele de novo! – Respondeu um pouco irritado.

Olhei para onde ele direcionava o seu olhar e vi Namjoon parado na porta.

-Ele está esperando ela de novo! – Falou suspirando.

Kook vem se irritando muito com a aproximação de Namjoon e Nayu. Kook é apaixonado por Nayu desde os seus doze anos, parece que ele a conheceu quando tinham dez, depois que o pai casou. Ele faz questão de me lembrar o que sente por ela a cada segundo de sua vida.

-Cara! Ela é tão lenta pra perceber o que você sente algo por ela, acha mesmo que vai notar as intenções desse maluco? –Falei sem animo.

-Eu sei, mas ele não desgruda mais dela! – Disse suspirando.

Nayu apareceu na porta e o mesmo a parou para falar alguma coisa, ela ria de algo.

-Ela está sorrindo Tae! –Kook reclamou.

-Todo mundo ri Jungkook! – Falei me arrumando na cadeira. – Fica de buenas!

Ele suspirou e saiu andando. Sentou em seu lugar e continuou encarando Nayu conversar com o Namjoon, o que não durou muito já que a professora apareceu e ela veio correndo para o seu lugar. Sentou em seu lugar e puxou seus óculos para cima, ele prendeu alguns fios dos seus cabelos com ele.

-O que foi? –Ela perguntou de repente.

Pisquei e levantei uma sobrancelha.

-O que?

-Está me encarando. – Falou.

-É proibido olhar agora? –Perguntei sem animo.

-Não, olhe o quanto quiser. –Falou e sorriu ladina.

Revirei os olhos e prestei atenção no quê a professora passava, ainda não consigo acreditar o que fez Kook se apaixonar perdidamente por ela. A primeira vez que a vi, ela trombou em mim na entrada, confesso que eu não estava nos meus melhores dias, eu tinha acabado de brigar com os idiotas. Então o meu ‘bem vida a escola’ foi o pior de todos.

No começo a achei esquisita com esses óculos, mas quando eu acordei durante a aula e vi uma garota nova ao meu lado eu fiquei olhando, ela estava morrendo de sono e sua cabeça quase caiu para frente. Confesso que a achei muito bonita, principalmente com os óculos. Mas foi ai que eu percebi que era ela, e os nossos encontros não foram os dos melhores. Mas ultimamente estamos nos insultando menos, os insultos se tornaram algo comum entre nós.

Quando o sinal indicando a última aula tocou, Kook e sua irmã arrumaram as coisas e saíram. A última aula passou voando já que cochilei metade dela. Trabalhar a noite não me deixa dormir bem, por isso sempre estou com sono em sala de aula. Arrumei minhas coisas e sai andando, sai da escola e olhei para trás, Nayu caminhava lentamente.

-Está me seguindo? – Perguntei.

-Minha casa é por aqui idiota! – Respondeu.

Ela continuou andando e passou por mim. Coloquei minhas mãos no bolso e continuei andando, só que alguns passos atrás dela. Depois que contei toda a verdade pra ela não falamos mais nisso, ainda não sei o que deu em mim pra revelar tudo a ela. Mas algo dentro de mim dizia que ela merecia saber a verdade, já que tudo o que aconteceu ela acabou envolvida.

Quando chegamos à rua que sempre nos separávamos ela virou e eu continuei andando em direção a que estou acostumado.

-Ei! – Ela me chamou.

-Ei? –Virei em sua direção.

-Foi mal... – Ela sorriu. -TaeHyung.

-O que foi? – Perguntei.

-Nada não, esquece! – Respondeu.

-Ah agora fala.  –Falei piscando lentamente.

-Não é nada, esqueci. – Sorriu e saiu andando.

A mas que idiota. Virei e continuei andando. Hoje a mercearia não abriria, então irei direto para casa, caminhei lentamente, sem ter pressa nenhuma de chegar em casa. Quando cheguei, entrei e joguei minha bolsa ao lado. Me sentei no sofá e fechei os olhos, com certeza ela não está em casa de novo.

Ouvi bater na porta e me levantei. A gente mora em um prédio no mesmo bairro que a escola, o que me ajuda muito.

-Sim. – Gritei me aproximando da porta.

Virei a chave a abri. Eram três policiais.

-Olá garoto. – Um deles me cumprimentou.

Ah não, o que é agora?

-Pois não. - Falei.

- Recebemos uma denuncia de que a proprietária não vem para casa há quatro dias e seu sobrinho está morando aqui sozinho. – Falou.

Mas que droga! De novo não.

-Estão enganados, minha tia saiu não tem duas horas. – Menti.

Ela saiu há quatro dias e ainda não tinha voltado. O que era normal, ela sempre faz isso. Às vezes atrás de drogas, outras vezes por desmaiar de tanto beber em algum canto e demorar em recobrar a consciência.

- Não é o que vimos nas câmeras de seguranças. – Um falou olhando para dentro do apartamento.

Ah que ótimo.

-Taehyung! – Ouvi alguém chamar atrás dos policiais.

Os dois viraram então eu vi, era a Nayu. Ainda estava de uniforme, ela me seguiu? Afinal, ela tentou me dizer alguma coisa antes de nos separarmos.

-Oi. - Respondi meio perdido.

-Não pegou suas coisas ainda? – Perguntou.

O que?

- Quem é você? – Um dos policiais perguntou.

Ela sorriu e esticou a mão na direção deles.

-Eu sou Nayu, muito prazer. – Respondeu. – Meu pai é padrinho dele, a tia dele saiu de viagem e a gente ficou responsável por ele.

O que ela estava fazendo? Os policiais viraram em minha direção, mas eu não tirava meus olhos dela.

-Da licença. – Ela passou pelos policiais e entrou na minha frente. – Seja quem for que deu a denuncia, não está errado. Ela saiu há quatro dias, mais esse irresponsável aqui não quer ficar na minha casa, então vem para cá e fica mentindo como acabou de mentir para vocês! Desculpe-me. – Fez uma reverência.

Eu não sabia o que fazer.

-Tudo bem então. – Um deles falou. – Leve ele com você então, ficar sozinho nessa idade é contra a lei.

-Sim senhor. – Ela falou e me empurrou para dentro fechando a porta praticamente na cara deles.

Ela encostou na porta e soltou o ar.

-Ficou maluca? – Perguntei.

Ela levantou a cabeça irritada e deu um tapa em meu braço.

-Ai. – Exclamei.

-Você que ficou maluco. - Falou.

-Por que está aqui? – Aquilo estava martelando em minha cabeça.

Ela suspirou.

-Eu vi um dos homens na esquina da escola quando saímos, era isso que eu queria ter falado àquela hora. – Respondeu. – Mas eu não consegui, mas mesmo assim aquilo ficou em minha cabeça então voltei correndo e te segui.

-Me seguiu?

-Sim, mas eu não ia falar nada, só queria ver se o homem não estava te seguindo. – Respondeu. – Caso estivesse eu iria te avisar né.

Eu não acredito nisso. Passei a mão no cabelo e fui até ela.

-Já disse para não seguir ninguém. – Puxei sua bochecha.

-Ai. – Me empurrou. – Mas eu segui você dessa vez, quando entrou no prédio eu ia voltar para casa, ai eu vi os policiais entrando então corri e entrei antes que batessem o portão.

Essa menina é louca, não é possível que tenha tanta coragem desse jeito.

-E como sabia que os policiais viriam aqui? – Perguntei.

-Ah, policiais e Taehyung, é uma combinação boa. – Respondeu fechando seus olhos.

Sorri. Essa menina vai me enlouquecer isso sim.

-Ai eu vi quando você abriu a porta, e ouvi tudo o que disseram. – Continuou.

-Ai teve essa ideia incrível de que o seu pai é o meu padrinho?  - Perguntei indo até o sofá.

-Uhum... Foi o que me veio na cabeça. – Respondeu ainda encostada na porta.

Parando para pensar, essa a primeira vez que uma garota entra aqui. Na verdade só trouxe Kook aqui, e foi apenas uma vez.

-Vai para casa Nayu.  – Falei encostando no sofá.

-Onde está sua tia? – Perguntou se aproximando.

-Não sei. – Respondi.

Eu nunca sei onde ela está ou aonde vai. E pretendo nunca saber também.

-Claro que não. – Ela sentou ao meu lado. – Eles devem estar só esperando para verem se você vai sair comigo.

Olhei para ela. Seu cabelo estava todo desarrumado, seus óculos roxo chamava muito atenção no rosto dela.

-Eu não importo. – Falei. – Não vou a lugar nenhum, nem que eu tenha que fugir deles.

Ela levantou o braço e deu um tapa em minha cabeça. Olhei para ela indignado.

- Já não tem problemas o suficiente? Vem para minha casa por hoje. – Falou. – Meu pai vai aceitar numa boa. – Sorriu

Ir para a casa dela?

- Olha... – Comecei.

Ela ficou em pé e me olhou.

-Somos amigos. – Falou. – Não somos?

Levantei a cabeça e a encarei. Somos? Nayu e eu nos desentendemos desde o primeiro dia que nos vimos, mas conforme os dias foram passando ter ela por perto se tornou normal.

-Somos. – Respondi.

-Estão, venha para minha casa. – Falou. – Só hoje, amanhã você volta e fica mais esperto em relação aos policiais e ao seu porteiro.

-Meu porteiro? – Perguntei arqueando a sobrancelha.

-Quem você acha que te denunciou?- Perguntou colocando sua mão na cintura.

Fiquei em pé.

-Será? – Perguntei.

-Uhum, ele estava extremamente nervoso lá embaixo e ficava olhando toda hora para os policiais. – Respondeu.

Mas que velho intrometido. Passei a mão no cabelo, eu não posso ficar na casa dela, isso é...

- Não é estranho. – Ela falou de repente lendo meus pensamentos.

-Não? – Perguntei. – Isso é extremamente estranho garota. Tirando o fato de que terá que contar tudo ao seu pai para eu poder ficar lá.

Ela pareceu pensar um pouco e respirou fundo.

-Bom, se você me der permissão eu conto a ele. – Falou.

Contar ao pai dela?

-Não tem nada de errado, você nunca roubou, matou, chutou velhinhos por ai. – Continuou falando enquanto abanava suas mãos no ar.

-Chutar velhinhos? – Perguntei.

-Isso, tem gente que chutam eles por ai sabia? – Perguntou arrumando sua bolsa nas costas.

Revirei os olhos e me sentei.

-Vai pra casa, eu vou dar um jeito nisso. – Falei.

Ouvi ela respirar fundo.

-Não vou mesmo conseguir te convencer? – Perguntou.

-Não. – Respondi.

Ela se afastou e foi até a porta.

-Sabe onde eu moro se precisar. – Falou e saiu.

Apoiei o cotovelo nos joelhos e enterrei meus dedos no cabelo. Eu não posso envolvê-la nisso mais do que já está. Levantei e fui tomar um banho, eu não irei voltar para aquela casa de abrigo nem que eu tenha que sumir dessa cidade. Coloquei uma calça moletom junto com um moletom vermelho e me joguei no sofá.

Ouvi bater na porta novamente. Ah não, não seriam eles novamente seriam? Fui até a porta e espiei pelo olho mágico, era o porteiro fofoqueiro. Abri.

- Senhor Kim. – Ele começou.

Levantei a mão o cortando.

-Foi você não foi? – Perguntei.

-Me desculpe, eu não gosto de ver como a sua tia o trata e como fica sozinho sempre. – Respondeu.

Suspirei e fechei os olhos.

-Você só piorou a situação sabia? – Perguntei.

-Me desculpe mesmo, ainda bem que você tem o seu padrinho não é mesmo? – Perguntou.

Padrinho? Como ele já estava sabendo disso?

-O que quer dizer? – Perguntei.

-Sim a mocinha que estava aqui antes deixou isso na portaria. – Respondeu me entregando um papel.

Peguei da sua mão e li. Era um bilhete.

Seu idiota, se não conseguir achar nenhuma saída venha para minha casa! Esse é o número da minha casa ******* . Já que eu perdi meu celular não é mesmo.

-Ela disse que se eu lesse ela iria vandalizar todo o prédio escrevendo que eu sou um velho fofoqueiro. – Continuou. - E falou que eu só fiz burrada e que você não está sozinho, pois o pai dela é seu padrinho.

Sorri. Ela não é uma garota normal, não é possível.

-Tudo bem. – Falei. – Obrigado.

-Me desculpe mesmo. – Falou e saiu dali.

Fechei a porta e voltei para o sofá e fiquei encarando o seu bilhete. “Sua letra é horrível” Sorri, ela não tinha uma caligrafia perfeita para falar da dos outros.

 

Nayu On.

 

- Pai. – Falei abrindo a porta de casa. – Cheguei.

Estava tudo apagado, ele deve estar trabalhando ainda. Joguei minha bolsa no sofá e fui para cozinha, fiz uma panela de macarrão e jantei. Peguei minha bolsa e subi.

O que ele iria fazer? E se os policiais voltarem? Vai mesmo fugir deles? Entrei no banheiro e tomei um banho, coloquei o pijama e me deitei. Jinna e Kook foram as pressas para Busan devido um acidente da vó deles. Eu estava completamente sozinha.

-Filha? – Ouvi do andar de baixo.

-Estou aqui em cima pai. – Gritei para ele ouvir.

Ouvi barulho na escada e logo ele abriu a porta.

-Oi filha, já jantou? – Perguntou.

Me sentei na cama.

-Já sim pai, eu fiz macarrão. – Respondi. – Coma um pouco antes de dormir.

-Uhum... Boa noite. – Sorriu e fechou a porta.

Eu tinha tanta sorte de tê-lo em minha vida. Mesmo não tendo minha mãe por perto eu nunca me senti sozinha, ele sempre foi presente em tudo. Deve ser horrível crescer sem um pai ou alguém com quem contar. Deve ser difícil.

Virei para o lado e apaguei.

 

...

 

Acordei com um barulho na janela, abri os olhos e notei que chuva batia violentamente no vidro. Sentei-me na cama e olhei ao lado onde o relógio estava, ainda eram seis horas da manhã. Abracei meu corpo com os braços, estava muito frio. Sai da cama e desci a escada, abri a geladeira e bebi um copo d’agua.

Olhei para o lado e vi o papai descendo as escadas.

-Bom dia pai. – Falei encostando na geladeira.

Ele se assustou e me olhou surpreso, afinal, se o despertador não pular feito louco vibrando a casa toda eu não acordo de jeito nenhum.

-Oi filha, o que houve? Tudo bem? – Perguntou se aproximando.

-Tudo pai. – Respondi. –A chuva me acordou.

Ele olhou para a janela.

-Verdade, está chovendo muito. – Ele falou pegando os pertences para preparar um café.

Taí a única coisa que eu não sei fazer. Café, papai é melhor nisso, então ele sempre o prepara. Caminhei até a sala e me sentei no sofá, dias de chuva deixa tudo muito preguiçoso.

-Esse dia está me mandando não ir para aula. –Falei me despreguiçando.

-Está mandando sim... – Ouvi ele falar da cozinha. –Você ainda é nova na escola, não pode ficar faltando.

Aaah não deu certo. Me deitei no sofá e suspirei. Levantei e subi as escadas, tomei um banho quente e fui colocar o uniforme, dessa vez vesti uma meia calça bem grossa por baixo da saia. Não estava nem um pouco a fim de sentir frio hoje. Coloquei o moletom escolar por cima de outra blusa fina, deixei meus cabelos soltos pela simples preguiça de prender e desci.

-Pai, você foi ver os pais da Jinna? –Perguntei chegando à cozinha.

-Fui sim. – Respondeu passando geleia em um pão para mim. – Ficou sabendo da mãe da senhora Jeon?

-Fiquei, Jinna disse que ela quebrou a perna. Mas está bem. – Falei sentando em uma das cadeiras.

Me servi com um copo de suco e comi o pão bem devagar, é raro eu ter tempo. Normalmente eu acordo em cima da hora ou atrasada. Depois que terminei subi escovar os dentes, peguei minha bolsa.

-Filha, não esquece o guarda-chuva! – Papai gritou.

Peguei o meu no canto do quarto e desci correndo.

-Estou indo pai! – Falei abrindo a porta.

Abri o guarda-chuva e sai naquele vento frio. Fazia tempo que não fazia tanto frio assim no verão. Esse tempo é muito bipolar. Comecei a caminhar rapidamente, não por estar atrasada e sim por querer sair logo daquela chuva, se começar a trovejar eu não vou gostar muito.

Quando atravessei a avenida que separa o meu bairro da escola meu pé escorregou na sarjeta, cai de joelhos em uma poça, pressionei os olhos para aguentar a dor. Sorte que consegui segurar o guarda-chuva, senão não só a minha meia estaria ensopada como minha roupa inteira.

Quando me levantei, meus óculos caíram do meu rosto em uma poça. Não é possível isso estar acontecendo, a chuva estava mesmo me mandando ficar em casa. Abaixei para pegar e escorreguei de novo, só que dessa vez eu cai sentada.

-Ai que raiva! –Falei alto.

 Senti alguém pegar em meu braço e me levantar, apoiei o pé para dar um impulso e fiquei em pé. Olhei e vi Taehyung, estava segurando um guarda-chuva preto.

-Meus óculos! –Falei apontando para objeto sendo levado com a correnteza.

-Meu Deus garota! Como consegue ser tão desastrada?! – Falou andando em direção aos óculos.

Comecei a caminhar pela calçada, se eu perder esses óculos meu pai vai surtar, será o quarto no ano. TaeHyung andava um pouco inclinado e por pouco quase o pegou algumas vezes.

-Pega ele! – Gritei.

-Cala a boca! – Ele gritou de volta. – Aproveita que está molhada e mergulha nessa correnteza.

Suspirei aliviada quando ele conseguiu pegar. Aproximei-me sorrindo e agradecendo mentalmente por não ter que dizer ao meu pai mais uma vez que perdi os óculos.

-Obrigada. – Falei pegando os óculos na mão.

TaeHyung olhou para cima e eu segui o seu olhar, um caminhão vinha correndo. Ele se aproximou e se escondeu atrás de mim e quando o veiculo passou jogou uma onda de água na gente. Fechei os olhos e suspirei lentamente.

-Você se escondeu atrás de mim? –Perguntei ainda com os olhos fechados e de costas para ele.

-Você já esta molhada, que mal tem? –Perguntou se afastando lentamente. – Aliás, eu peguei os seus óculos, isso foi o agradecimento.

-Eu vou acabar com a sua cara! –Falei ficando de frente com ele e o mesmo sorria. –Está sorrindo maldito?

-Não, estou sério. – Falou pressionando os lábios.

Suspirei novamente e sai andando, meus sapatos pesavam cheios de águas. Notei ele me seguir. Entramos na escola, fechei o guarda-chuva e coloquei minha bolsa no banco.

-Nayu! – Ouvi Jinna me chamar. – Porque esta ensopada?

Olhei e a vi vindo com o Kook. Taehyung parou e colocou suas mãos nos bolsos.

-Esses sapatos idiotas escorregaram na sarjeta. – Respondi levantando o pé. – E esse maldito me colocou na frente da poça que o caminhão jogou em nós.

Os dois olharam para o TaeHyung parado, ele me olhou furioso e caminhou até mim.

-Eu peguei os seus óculos! – Falou puxando a minha bochecha. –Deveria estar agradecida.

-Me solta! – Estapeei a mão dele.

Olhei para Jinna e a vi nos encarando, não consegui saber o que pensava, Kook permanecia com a mesma expressão. Acho que essa é a primeira vez vendo uma interação minha com o Taehyung sem ser na base do insulto.

-Voltaram quando? –Perguntei.

-Ontem a noite. –Jinna respondeu.

-E como está a vó de vocês? – Taehyung perguntou em seguida.

-Está bem. – Kook falou. – Esta se acostumando a caminhar com o gesso.

Respirei aliviada, Kook e Jinna adoram muito a vó deles, se algo sério acontecesse eles ficariam muito mal.

-Vem Nayu, precisa tirar essa roupa ensopada. – Jinna falou pegando em minha mão.

Sorri pra ela e deixei ela me arrastar. Fomos até o vestiário feminino, Jinna tinha uma saia extra e eu vesti um moletom da educação física.

-Nayu... – Ela me chamou.

-Oi. – Falei tirando meus cabelos de dentro do moletom.

-Você e o Tae estão próximos? – Perguntou.

Parei o que estava fazendo e a encarei.

-Próximos? – Respondi com uma pergunta.

Nem eu parei para pensar nisso, ontem mesmo dissemos um ao outro que somos amigos e até me ofereci para ajuda-lo caso os policiais voltassem.

-Isso, ele até puxou a sua bochecha. –Ela falou levando a mão em seu rosto.

-Ah isso! Ele faz pra me irritar. – Falei alisando a saia. – Não estamos mais nos insultando, isso é verdade. Mas ele ainda é um idiota completo e você merece garoto melhor.

Ela sorriu e logo voltamos para a sala. Kook estava sentado na ponta da mesa do Taehyung e os dois conversavam sobre alguma coisa. Sentei em meu lugar e Jinna sentou em minha mesa igual ao seu irmão.

-Nayu. – Alguém me chamou.

Olhei para a porta e vi Namjoon parado.

-Esse menino invocou com você heim! –Jinna falou sorrindo.

Me levantei a fui até a porta.

-Oi Namjoon. – O cumprimentei.

-Oi Nayu, vamos ter um treino hoje a tarde. Gostaria de vir ver? –Perguntou um pouco tímido.

Vir assistir? Nessa chuva? Esses meninos não descaçam nenhum dia?

-Vocês treinam em dia de chuva também? – Perguntei.

Ele sorriu e olhou para o chão.

-Depois do nosso desempenho no jogo passado, até em dia de furacão. – Respondeu.

Sorri com isso. Bom, eu não terei nada para fazer essa tarde, não seria tão ruim vir para a escola ver o treino dos meninos. Quem sabe Malu e Jinna não vêm comigo.

-Ok Namjoon, vou fazer o possível para vir. – Falei.

Ele sorriu imediatamente.

-Vou esperar. – Falou e saiu correndo.

Suspirei e entrei. Jinna e Kook já estavam em seus lugares. Sentei no lugar e tirei minhas coisas da bolsa. Não demorou muito o professor entrou e logo iniciou a aula.

-Ei. – Chamei o Taehyung que dormia.

Ele não se mexeu, inclinei meu corpo e cutuquei o seu braço.

-Taehyung! – O chamei de novo.

Ele levantou a cabeça e me olhou, seus olhos estavam semiabertos. Ele estava literalmente dormindo? Ele murchou mais os olhos e fechou a cara.

-Espero que seja uma coisa muito importante para me acordar. – Falou.

-Aqui não é lugar para dormir idiota! – Exclamei.

Ele abriu os olhos e me fuzilou com seus olhos.

-Eu... – Começou.

-TAEHYUNG E NAYU! – O professor nos chamou alto.

Viramos assustados. Por que eu fui chamar ele?

-Os dois, fora da minha aula.

-O que? – Taehyung perguntou. – Ela que me cutucou. – Apontou para mim.

Olhei para ele indignada. Mais que idiota!

-Não importa! – O professor falou. – Os dois no corredor agora!

Levantei-me e sai andando, ouvi o barulho da cadeira dele ser arrastada e logo vir atrás de mim. Assim que chegamos ao corredor ele segurou o meu braço me virando.

-Agora vai me falar por que me cutucou. – Falou.

-Eu queria saber se aquele fofoqueiro te entregou o bilhete. – Respondi puxando minha mão de volta.

Ele suspirou e fechou os olhos.

-Escolheu uma péssima hora para fazer isso não é mesmo? – Perguntou encostando na parede.

-Eu não vou ficar nesse corredor de jeito nenhum, a aula começou agora. – Falei e sai andando.

-Então somos dois. – O ouvi falar e vir atrás de mim.

Segui pelo corredor e desci a escada que dava para o jardim. Fui até um banco e me sentei. Depois de alguns segundos ele veio e sentou ao lado.

-Sim, ele me entregou o bilhete e me disse que o ameaçou. – Respondeu.

Olhei para ele e comecei a rir.

-Ele se assustou muito, tadinho. – Falei.

Ele me olhou e riu junto comigo.

-Kook sabe? – Perguntei.

-Sobre o que? – Perguntou cruzando as pernas em cima do banco.

- Sobre tudo isso. – Respondi.

-Não, somente sobre minha tia ser uma pessoa perdida. – Respondeu.

Olhei para ele, estava calmo e parecia com sono. Somente eu sabia? Ele contou só para mim? O que não é novidade né Nayu, quase arrancou a força isso dele.

-E se aqueles policiais voltarem? – Perguntei.

-Eu dou um jeito. – Respondeu.

Olhei para frente e fechei os olhos.

- Obrigado. – Falou de repente.

Abri os olhos e o encarei, ele virou o rosto e me encarou de volta.

-Pelo o que? – Perguntei.

Ele revirou os olhos e levantou do banco. Ele estava me agradecendo? Ele parou e colocou sua mão no bolso, eu continuei sentada e o encarando.

-Por ter me ajudado ontem. – Respondeu.

Ah.

-Não foi nada. – Falei ficando em pé. – Viu... – Me aproximei dele.

-Oi. – Respondeu.

-Você aprendeu a lutar?  – Perguntei.

Ele levantou uma sobrancelha e me encarou.

- O foi agora? Vai querer brigar? – Perguntou.

Dei um tapa em seu braço.

- Claro que não. – Respondi. – Sei lá, seria legal eu saber alguma coisa também.

-Não! Não seria. – Ele falou puxando minha bochecha.

-Tem como parar com isso? – Puxei sua mão. – Isso dói.

Ele sorriu e puxou a outra.

-Ah, mas que coisa. – Bati em seu braço. – Olha só...

Levantei o pé e puxei a dele, mas com toda, toda força que eu tinha naquela mão. Ele se desequilibrou e inclinou seu corpo na minha direção aproximando seu rosto do meu. Arregalei os olhos e o encarei, notei seu olhar descer até os meus lábios, soltei sua bochecha imediatamente e me afastei.

-Viu só como dói? – Perguntei.

Ele endireitou o corpo e me encarou. Não pareceu doer nem um pouco nele.

-Acho que a aula já acabou. – Falou e passou por mim.

Virei e olhei ele sumir pela escada. Eita, será que ele ficou bravo? Se ficou também, não estou nem ai. Sai correndo e o vi no corredor andando apressado. Entrou na sala e eu entrei logo atrás e fui até o meu lugar. O professor nos encarou arrumando suas coisas e saiu da sala. Voltamos bem na hora.

Os restantes das aulas terminaram rapidamente. Na hora do almoço pedi para Malu e Jinna virem comigo ao treino e ambas aceitaram. O sinal bateu indiciando o final das aulas, começamos arrumar nossas coisas. Taehyung arrumou suas coisas e saiu da sala sem olhar para ninguém.

-Nayu. – Jinna se aproximou.

-Oi. – Respondi bocejando de sono.

-Por que não ficamos aqui? – Perguntou.

- O que?

- Ah, o treino começa assim que terminam as aulas, bem mais fácil do que ter que ir para a casa e depois voltar não é mesmo? – Perguntou.

Pensando por esse lado.

-Tabom. – Respondi.

-Legal. – Falou batendo palmas. – Vou avisar a Malu. – Falou e saiu correndo.

Suspirei e me sentei na cadeira. Sei que fui eu que chamei as duas, mas me arrependi de aceitar o convite do Namjoon, o sono e a canseira estavam em sincronia hoje. Encostei-me à janela e olhei o movimento lá em baixo. Vi Kook correndo em direção ao idiota do Taehyung e ele parar quando o amigo o alcançou colocando sua mão no ombro dele. Conversaram alguma coisa e assim saíram andando juntos.

-Nayu! – Ouvi Jinna me chamar da porta. – Vamos.

Malu já estava ao seu lado. Me levantei e fui até elas, seguimos em direção a quadra. Quando Hoseok viu Malu entrando correu até ela e a abraçou levantando a mesma do chão. Jimin sorriu timidamente em direção a Jinna e acenou com a mão.

-Oi Jimin. – Ela falou alto acenando de volta.

Hum... Interessante.

-Oi Nayu. – Ouvi Namjoon se aproximar.

- Oi Namjoon. – Falei.

- Que bom que veio. – Falou sorrindo.

Sorri e balancei a cabeça. Malu deu um beijo bem dado no Hoseok e seguiu Jinna e eu até a arquibancada.

-Somos só nós que estamos assistindo hoje? – Perguntei olhando em volta.

-É sim. –Jinna respondeu animada.

Ela sempre ficava animada desse jeito quando eu chamava ela para alguma coisa, podia ser a coisa mais chata de se fazer e mesmo assim ela se animava no mesmo nível.

-Jinna. – Ouvimos Kook da entrada.

Viramos o corpo ao mesmo tempo.

-Convenci o Tae a ficar comigo, podemos nos sentar com vocês? – Perguntou.

Taehyung estava do seu lado e parecia um pouco irritado. Olhei para ele, mas o mesmo olhava para o lado. Notei os olhos da Jinna brilharem.

-Podem sim. – Ela o respondeu.

Os dois se aproximaram e sentaram no degrau acima de nós. O treino iria demorar alguns minutos para começar ainda, então decidir sair por ai.

-Vou beber água. – Falei e me levantei.

Sai andando sem olhar para nenhum deles. Quando estava nos corredores ouvi alguém me chamar.

-Nayu! – Namjoon correu atrás de mim.

-Oi. – Respondi.

-Posso falar com você? – Perguntou.

-Pode sim.

-Você... – Olhou para os lados. – Você gostaria de sair comigo um dia desses?

Ah não.


Notas Finais


É isso, espero que estejam gostando!

Comentem o que estão achando.
Beijos e até o próximo.

:*


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...