Acordei após muito relutar. Calcei minhas pantufas e fui diretamente ao banheiro. Olhei-me no espelho intensamente, ainda tentando entender se tudo era real ou não. Passei delicadamente os dedos pelos meus lábios, e indesejávelmente, aquela lembrança surgiu em meus pensamentos. O beijo. O meu beijo com o Sehun. Sem saber o motivo, sentei-me no chão e algumas lágrimas brotaram de meus olhos. Por que eu estava tão confuso?
[...]
Cheguei um pouco atrasado, pedi licença à professora, que olhou-me reprovante, porém autorizou minha entrada. Olhei rapidamente com os cantos dos meus olhos para o Sehun, que estava concentrado anotando coisas em seu caderno. Sentei-me em minha carteira, e fingi estar prestando atenção na aula. A verdade era que uma grande questão estava em minha cabeça: eu havia pensado que o beijo estava bom. Por que eu pensei isso? Como eu estudaria com o Sehun novamente depois dessa situação? Inconscientemente, virei o meu olhar para o Sehun, e diferentemente de antes, ele também estava olhando para mim. Seu rosto estava muito inexpressivo, o que não é uma surpresa, já que ele normalmente é uma pessoa sem expressão, porém eu gostaria tanto de saber o que ele pensava a respeito do ocorrido de ontem...
[...]
— Tchau, Baek! Vê se liga a Webcam mais tarde, viu? — Minseok disse, distanciando-se.
Acenei sorridente para ele. Acabei conseguindo distrair-me durante o dia, e por vários momentos, até esquecia-me daquele beijo.
Atravessei o portão da escola, andei uns cinco passos, até que senti uma mão fria segurar a minha. Olhei para trás e vi Sehun, sério, como de costume.
— Vamos mesmo fingir que não nos conhecemos? — ele disse, apertando a minha mão, como se estivesse com medo de que eu fugisse ou algo parecido.
— Q-que? Eu nem sei do que você está falando. — respondi, um pouco nervoso.
Sentia que poderia cair a qualquer momento, já que parecia que o meu sangue estava concentrando-se apenas em meu rosto e havia se esquecido de ir também para as minhas pernas.
— Aquilo que aconteceu ontem... por que mudou tanto assim nossa relação? Foi... acidental. — ele respondeu, corando um pouco.
Ele ficava tão fofo quando corava...
— O que aconteceu ontem? — me fiz de desentendido novamente.
Sehun suspirou. Ele certamente já sabia que eu tinha consciência do que tratava-se, porém, por algum motivo, ele não entrou em discussão.
— Isso. — ele disse, agarrando-me pela cintura e selando nossos lábios.
O que ele estava fazendo? Ele estava ficando louco? Por que Sehun estava me beijando? Ele distanciou-se aos poucos, e sem me olhar, deu um pequeno sorriso.
— Lembra-se? Olha, dessa vez você não me empurrou. — ele disse, sorrindo abertamente dessa vez.
— Por que você fez isso? Tem demência? Se drogou? — disse num tom alto, batendo em seu peito fortemente, porém o mesmo não pareceu sentir dor.
— Você não se lembrava, tive de demonstrar.
— Foi totalmente desnecessário. — disse, bufando.
Permanecemos em silêncio por alguns segundos. Continuei a andar, já que o assunto havia se encerrado ali. Porém, após uns cinco minutos, percebi que ele estava me seguindo.
— Dá para você parar? — parei de andar, olhando feio para ele.
— Mas é que hoje é o dia de estudarmos juntos...
Ele ainda lembrou-se disso? Pelo visto, diferentemente de mim, ele não passou horas pensando naquele beijo. Aliás, agora eu havia o beijado duas vezes em menos de vinte e quatro horas! Sehun não achava estranho dois garotos se beijarem? Não seria estranho levá-lo para a minha casa? Revirei os olhos.
— Ok, vamos então.
[...]
— Esse garoto é tão lindo, não é? Olha para isso, parece um deus grego. Como Deus é injusto, né? Queria ter um terço da beleza dele. — repetiu Yerin, pela milésima vez, fazendo Sehun agradecê-la pela milésima vez.
— Já entendemos, Yerin. Sehun é lindo de matar. — disse, revirando os olhos. — Mas ele precisa ir embora agora, já acabamos de estudar e ele já comeu o lanche que você preparou.
— Ah, seu Baek, seja mais gentil com essa coisinha linda. — Yerin apertou as bochechas levemente rosadas de Sehun.
Revirei os olhos pela centésima vez.
— Vamos, Sehun. — disse, puxando-o pela mão.
— Obrigada pela refeição, Yerin.
Chegamos na porta. Será que Sehun ia tocar-me como sempre? Será que ficaria aquele silêncio constrangedor? Contrariando minhas ideias, Sehun sorriu e beijou minha testa.
— Até amanhã, Baek.
— Até amanhã, Sehun. — disse, deixando escapar um sorriso de meus lábios.
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