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Lotadamente infernal, assim era o congresso de York neste ano. Mal organizado, o salão que eles separaram mal havia espaço para toda aquela gente. Rin culpava o arranjo que eles escolheram para dispor as pessoas. Mesas redondas? É claro que elas não eram o ideal para um evento daqueles.
Para piorar não havia uma mesa para cada grupo, então Rin e Sesshoumaru fora colocado justamente na mesma mesa que a principal Editora rival deles.
Não bastasse isso, Sesshoumaru ficava cochichando piadas idiotas sobre o outro grupo o tempo todo e Rin, não era o tipo de pessoa que tinha maturidade para trocadilhos com palavras obscenas. Ela podia sentir eles metralhando os dois com os olhos.
O motivo da raiva deles, no entanto, não era somente pelo fato de Rin dar uma risadinha toda vez que Sesshoumaru se aproximava de seu ouvido. Não, o motivo maior de raiva era que a cada 10 minutos alguém vinha até a mesa deles procurando por ela. Autores a procuravam o tempo todo para entregar manuscritos e copias de livros que eles queriam publicar, mas não tinha dinheiro. Ela sempre pegava o contato dessas pessoas e dava uma chance, levando o material até Nicolly, uma jovem contratada por Rin para ler o material e avaliar quanto ao sucesso com o público.
Rin acreditava que grandes escritores estavam escondidos, marginalizados e frustrados em algum canto do mundo por não terem condições de pagarem para serem publicados. E é por isso que ela trabalha de forma tão intensa na editora, é por isso que ela assumiu com Inuyasha o departamento de Marketing e se sentia tão responsável pelo sucesso dos livros publicados. Porque ela sabia que o sucesso não dependia somente de uma boa escrita e uma história de tirar o fôlego. O livro precisa alcançar pessoas, precisa ser conhecido. Ninguém lê o que não sabe que existe, por isso era tão importante investir no marketing, fazer propaganda, chamar a atenção dos leitores.
- Muito obrigada, você é um anjo. – O rapaz beijou as duas mãos de Rin e saiu contente para longe da mesa. A morena pegou o manuscrito e comparou com os outros. Era relativamente maior e a fonte da letra era pequena. Pobre Nicolly, teria dificuldades em ler aquilo.
- Vai levar isso tudo para a editora? – havia ao menos 12 cópias na mesa. Rin deu de ombros, claro que ela levaria todos. Nunca se sabe de onde virá o novo sucesso literário.
- Sim. Esse mês Nicolly vai ter muito trabalho. – disse observando o amontoado. – Oh, Sesshy, é a sua vez!
Rin sorriu de empolgação por finalmente ter chegado a vez de Sesshoumaru. Ela balançava o braço dele com as mãos agitadas de empolgação. O homem não conseguiu esconder a surpresa ao ouvir o apelido ser pronunciado por ela daquela maneira tão espontânea e feliz. Rin nunca fora de chama-lo assim, sempre preferindo outros apelidos como “praga”, “imbecil” e “retardatário ambulante”.
- Já volto – disse se levantando e dando um beijo na cabeça dela.
Rin notou que ele ia para o palco com uma segurança admirável, em momento algum vacilou os passos. Ele andava de forma imponente como se fosse um rei se aproximando do trono. Ela ficou com inveja, Rin não conseguia ser tão segura e despojada daquela forma. Fosse ela no lugar dele, já teria tropeçado nos próprios pés. Inclusive, este era o motivo pelo qual ela não usaria salto no dia da apresentação.
A apresentação de Sesshoumaru bateu exatos 35 minutos, o que era realmente impressionante visto que os outros palestrantes não estavam dando a mínima para o horário. Um deles, inclusive, teve a cara de pau de falar por quase uma hora! Rin já estava pensando em se jogar pela janela tamanho tédio.
Como de costume ao final da apresentação surgiram várias perguntas, o que fez o peristaltismo intestinal de Rin parar. Ela tinha tanto medo de não saber responder alguma coisa que só de pensar travava. Por sorte o youkai soube responder tudo, e Rin se sentiu, verdadeiramente, aliviada por ele. Good job!
Depois da enxurrada de perguntas desnecessárias – a maioria só perguntava algo para mostrar que era inteligente o suficiente para elaborar uma questão – Rin notou que o youkai caminhava em sua direção. Ela chegou a suspirar de felicidade, finalmente iriam para o maldito quarto onde ela poderia dormir um pouco antes de começar mais uma rodada de treinos para o dia seguinte.
- Pronta, senhorita Willians? – perguntou Sesshoumaru oferecendo a mão para ajudar Rin se levantar.
- Mais do que pronta, desesperada. Vamos embora logo para nosso ninho do horror. – Ela sorria animada.
Rin estava com tanta pressa que até cruzou seus braços com o de Sesshoumaru para eles caminharem mais rápido e sem pausas. Mas nesses evento idiotas isso é impossível, sempre vai ter alguém para te pedir um minuto de atenção.
- Senhores. – disse um homem se aproximando apressado. – Espero que não seja tarde para avisar, mas teremos um jantar em homenagem aos palestrantes.
Rin e Sesshoumaru se olharam, a cara dele não era boa, a dela, era pior ainda. Rin esperava, de coração, que Sesshoumaru ainda pudesse ler os pensamentos dela. Ao menos o mínimo para perceber que ela não queria de forma alguma ficar para aquele jantar. Vacina para varíola seria mais bem vinda do que aquilo, e Rin detestava agulhas.
- Acho que teremos que recusar, já havíamos marcado um outro compromisso para esta tarde. – disse Sesshoumaru ao homem. Rin soltou o ar que nem sabia que estava prendendo e sorriu docemente para o senhor que parecia decepcionado.
- Creio que seja importante. – Insistiu o homem. – Muito importante, temos que passar uma lista e dar algumas informações.
Eles se entreolharam novamente, Rin agora tinha um sorriso quadrado e desanimado no rosto.
- Bem, acho que poderemos ficar então. – disse Rin sorrindo sem graça. Sesshoumaru deu de ombros como se dissesse “você quem sabe”. Todo aquele esforço para adivinhar o que ela queria para o quê? Para nada.
O homem os guiou até um outro salão onde haviam várias pessoas bebendo e comendo aperitivos. Aperitivos que não despertaram nenhum pouco a atenção de Rin, que só queria um hambúrguer suculento e um refrigerante de limão. Havia também uma pista de dança onde algumas pessoas se divertiam sem nenhuma inibição.
Sesshoumaru e Rin foram colocados na mesa com alguns outros palestrantes e não foi surpresa alguma quando alguns deles começaram a contar sobre o desejo de escreve um livro sobre suas vidas. Rin já estava acostumada com aquilo, as pessoas quando olhavam para ela viam uma impressora gigante e não um ser humano que merece uma folga.
Não precisou de muito tempo para que Rin percebesse do que se tratava aquele jantar. Marketing. Haviam fotógrafos e jornalistas cobrindo o evento a todo momento. Ainda eram 15h da tarde e o jantar só seria servido às 18h. Três malditas horas sem fazer nada fora comer biscoito com patê insípido.
Sesshoumaru ao seu lado parecia estar se divertindo tanto quanto ela, ou talvez até mais. O youkai nunca fora dado a muita conversa fiada, mas ali estava ele em uma mesa lotada de estranhos que não paravam de fazer perguntas e puxar assunto. Ele mal mantinha a boca fechada e Rin se divertiu muito ao ver a irritação pouco a pouco ir ocupando o tom de voz dele.
Depois de quase 30 minutos ninguém mais aguentava aquela bosta de reunião. A comida que fora servida depois não era das piores, mas ainda assim era chocha. Grande parte das pessoas estavam na pista de dança onde uma série de músicas que Rin não gostava tocava. A essa altura do campeonato Sesshoumaru já tinha dado uma patada em alguém que puxava assunto, de forma que tudo estava em um constrangedor silêncio. Rin quase não conseguia respirar, ela sentia que iria começar a ter uma crise de riso a qualquer momento devido ao nervosismo.
- Senhorita, Willians. – Ela ouviu a voz grave do youkai a chamar. Tomara que seja para ir embora, pensou a morena, mas ao vê-lo se levantar e se curvar diante dela, Rin quase teve um troço. Que vergonha. – Me daria a honra de uma dança?
Ok, aquilo era um absurdo. Quem em sã consciência fala “Me daria a honra de uma dança?” em pleno século XXI?
Rin ficou congelada no lugar, as bochechas ficaram de um carmim intenso e ela foi obrigada a engolir em seco para não engasgar com o próprio ar. Ali bem na sua frente estava Sesshoumaru Taisho curvado se oferecendo formalmente para tirá-la para dançar. Ela pensou em recusar, mas não queria o envergonhar diante das pessoas. Diferente dele, ela se importava com os sentimentos dos outros. Mesmo que fossem os sentimentos dele.
- Claro. – disse deixando a bolsa na mesa e pedindo licença ao grupo de pessoas que ficaram aliviadas deles se afastarem. Rin pode concluir que não era a única que não aguentava a presença de Sesshoumaru por muito tempo. – O que deu em você?
- O que quer dizer? – perguntou a fitando com a sobrancelha erguida. As bochechas dela estavam deliciosamente vermelhas e nada alegrava mais Sesshoumaru do que ter esse tipo de poder sobre ela.
- Nunca me tirou para dançar. – disse em um sussurro irritado.
- Isso não é verdade. – A informação não poderia estar correto, depois de ser obrigado a dançar em tantos bailes e salões, Sesshoumaru tinha certeza de que em algum desses Rin passará por ele. Mas se bem que ele se lembraria de uma dança com Rin, afinal aquilo não poderia ter dado certo.
- É verdade sim. -disse Rin fechando o semblante.
- Então acho que já era tempo. – disse dando uma piscadela e a levando para a pista de dança onde tocava uma música lenta. Rin não falou mais nada, se concentrando para não pisar no pé dele. A última coisa que ela queria era dar motivos para ele abrir a boca.
Logo a canção acabou e começou a tocar Spending My Time da Roxette. Rin revirou os olhos, ela detestava a música tanto quanto os Stark detestavam os Lannister.
- Essa música é o retrato da sofrência e falta de resiliência. Uma pessoa que leva um pé na bunda e se recusa a seguir em frente. Patético. – disse bufando e revirando os olhos.
Mas rapidamente ela se arrependeu da crítica e olhou preocupada para Sesshoumaru. Merda, ela havia se esquecido completamente que ELE era um cara que levou um pé na bunda e nunca superou. Rin se sentiu verdadeiramente uma idiota.
- Isso me lembra do baile de inverno. – Rin deu um sorriso quadrado. Mais lembranças desagradáveis do passado. Sesshoumaru sabia mesmo como agradar uma mulher.
- Quando seus amigos jogaram sabão no meu olho? – perguntou erguendo uma sobrancelha para ele.
- Sim. Estava tocando essa música enquanto eu batia neles. – disse Sesshoumaru enquanto a observava de forma ressentida.
Rin soltou uma risada, seus olhos enchiam de lágrimas só de lembrar do ardor insuportável daquela noite. Era algo realmente curioso e que nenhum oftalmologista foi capaz de resolver, era lembrar, e os olhos ficavam marejados, as vezes até uma lágrima escorria. Era quase como se seus olhos tivessem ficado traumatizados depois daquela agressão.
- Me perdoe, Rin. – pediu o youkai enquanto olhava para ela preocupado. Maravilha, agora Sesshoumaru estava achando que ela chorava de tristeza ao relembrar o passado. Perfeito. – Eu jamais deveria ter permitido que alguém te ferisse. E jamais deveria ter te ferido.
- Tudo bem, Sesshoumaru, não precisa se desculpar. Não foi você quem jogou sabão nos meus olhos. – disse Rin dando de ombros como se não fosse nada importante. Ela pensou em lhe falar que aquelas lágrimas que ele via não era nada, fora um trauma eterno desenvolvido depois de ter sabão feito de soda caustica dentro dos olhos.
- Mas foi por minha causa que jogaram. – disse a aproximando mais de seu corpo e passar o polegar em sua bochecha esquerda seguindo a trilha que uma lágrima deixou. – Porque em algum momento dei a entender que não me importava com você.
- Não foi por sua causa, foi porque eram idiotas – disse Rin desconfortável tirando a mão dele de seu rosto. – Além do mais, independentemente de você se importar ou não, eles não deveriam ter feito aquilo. Não foi culpa sua afinal. Ao menos isso não foi.
Rin já estava impaciente com aquela conversa toda, aquela dança idiota e aquela comida enfadonha que era servida. Nunca ouve um coffeebreak pior que aquele.
- Deveríamos ir embora daqui – Rin disse voltando os olhos para Sesshoumaru e mordendo o lábio distraidamente. O youkai por um instante ficou sem entender o que ela estava falando. Era incrível que nem sua super audição fora capaz de fazer as palavras dela chegarem ao cérebro depois daquela visão. – Não tem nada para fazer aqui e essa tal janta vai ser servida 18h. Eles só querem que a gente fique para fazer volume.
- Fazer volume? – seu cérebro só captou a última parte.
- Sim, fazer volume. Para mostrar que o congresso que eles organizaram está cheio. – disse Rin bufando e olhando ao redor.
- Então o que você sugere? – perguntou Sesshoumaru a fitando. Ele poderia ir embora naquele instante. Na verdade, ele poderia ficar ali para sempre, tudo dependia do que Rin queria. Naquele momento ele estava quase se sentindo um cachorrinho fiel ao dono, a seguiria para cima e para baixo sem pestanejar.
- Podemos fugir pelas janelas. – disse Rin com um sorriso travesso cheio de alegria. Sesshoumaru ergueu uma sobrancelha e a olhou confuso. Rin estava mesmo o chamando para fugir? E quando mesmo a conversa deles se transformou em um plano suicida?
- Estamos no quinto andar. – lembrou Sesshoumaru de forma séria.
- Eu sei que você pode voar, Inuyasha já me contou. – disse o olhando cheia de expectativa. Ah sim, agora Sesshoumaru entendia poque ela estava tão alegre com a ideia de fugir com ele. Obviamente não era a pessoa dele que ela queria, e sim sua capacidade de voo.
- Não posso sair voando pela janela, Rin. – disse sério. A expressão de decepção dela partiu seu coração.
- Achei que seria uma boa oportunidade de sair voando por aí. – disse soltando uma lufada de ar. Rin já estava se imaginando como o Trunks em Dragon Ball GT, fugindo pela janela do escritório e voando feliz e livre. Mas, claro, para cada Trunks fujão existia um Vegeta mal humorado e estraga prazeres. E o Vegeta de Rin estava bem a sua frente.
- Então a senhorita gostaria de sair voando por aí comigo? – perguntou em um tom provocativo e malicioso. Bem, Rin queria sair voando por aí. Quem não gostaria de viver essa experiência afinal de conta? O fato de ser com ele era mero detalhe.
- Muito mais emocionante do que ficar aqui. – disse dando de ombros. Qualquer coisa na verdade seria mais interessante para Rin do que estar ali. Até mesmo uma formiga carregando uma folha era mais legal.
- Então pegue suas coisas. – Rin não esperou ele pedir de novo – o que era uma novidade para Sesshoumaru que estava acostumado a pedir ela mil vezes a mesma coisa – e foi correndo em direção a mesa pegar todos os manuscritos e sua bolsa. Sesshoumaru foi até ela e os dois começaram a andar. Em direção a porta.
- A porta? – a voz dela era pura decepção.
- Sim, Rin, a porta. Te levarei num lugar mais apropriado para voarmos. – disse o youkai. – Não sei se você sabe, mas voar pela cidade é proibido.
- Que pena. – disse o seguindo para fora.
- Já vão? – perguntou o anfitrião do evento ao vê-los sair.
- Sinto muito, mas surgiu uma emergência. – disse Sesshoumaru sem um pingo de hesitação na voz. Rin sabia que não devia, mas o admirou muito por isso. Ela mesma gostaria de saber mentir assim, seria muito útil.
- Você é um ótimo mentiroso. – disse indo em direção ao elevador.
- Não disse nenhuma mentira. – respondeu o youkai calmamente a olhando de lado.
- Então que emergência seria essa? – perguntou Rin arqueando uma sobrancelha em desafio.
- Te fazer feliz. – Ela o fitou surpresa por alguns segundos antes de desviar o olhar para os manuscritos. Droga, ela sabia que suas bochechas deveriam estar da cor de um chiclete de tutti-frutti.
***
- Para onde estamos indo? – perguntou Rin ao ver que estavam se deslocando para muito mais longe do que previra.
- Walmgate Stray. – disse calmamente o youkai enquanto dirigia pela estrada vazia. Pelo menos o trânsito estava ajudando, já que o rapaz da agencia de aluguel de carros não colaborou tanto. Sesshoumaru queria chegar antes do sol se pôr.
- O quê? Sesshoumaru, isso fica muito longe do hotel. – disse Rin com a voz preocupada.
- Sim, mas é o melhor lugar para nossa pequena aventura. – disse a olhando de soslaio. Rin revirou os olhos, ele parecia mais empolgado que ela.
- Acho que sair voando pela janela seria muito mais prático. – disse cruzando os braços.
- E muito menos interessante. – disse com uma voz provocante e sexy. Céus, ele tinha que parar com isso. A voz de Sesshoumaru era insuportavelmente bonita e quando ele fazia isso as bactérias do intestino da Rin paravam de trabalhar e se derretiam.
Quando o rapaz parou no meio do nada Rin quase teve um troço. Por um momento ela congelou, afinal, o que ela pensava que estava fazendo? Aquele lugar era simplesmente perfeito. Perfeito para um assassinato.
Rin sentiu as pernas bambas de repente, não era possível que ela fosse tão burra assim. Primeiro fora para o quarto de Sesshoumaru sozinha com ele para ver um maldito desenho da época que Judas perdeu a bota. Depois, fizera a loucura de ficar no mesmo quarto de hotel com ele. E agora isso, que era o pior de todos. Ela estava sozinha com ele no meio do nada onde nem ao menos uma vaca existia para servir de testemunha.
“Controle-se Rin, não seja ridícula.” Ela dizia a si mesma, mas por um instante o pensamento voltou para sua mente. Eles se odiavam.
E se ele a matasse? E se a torturasse? Quem é idiota o suficiente para ir para o meio do nada acompanhada de uma pessoa que te detesta? Rin era estúpida o suficiente para isso. Cabeça oca.
- Esse lugar é completamente deserto. – disse Rin com a voz menos calma do que gostaria.
- Sim, por isso ele é perfeito. – disse semicerrando os olhos para ela de maneira provocativa. Oh! Ele sorriu de maneira diabólica e Rin arregalou os olhos.
Nããão! Ele também notou que o lugar é perfeito! Mas perfeito para quê? Para pegar Rin, levar ao céu e a soltar bem no centro do bosque que havia ali perto? Perfeito para retalhar seu pobre corpinho com suas garras youkais sanguinárias e afiadas? Perfeita para pegá-la pelos cabelos e girar no céu? Eram tantas possibilidades e nenhuma estava agradando a garota.
Rin revirou os olhos. Não, ela não se deixaria levar por sua imaginação fértil. Sesshoumaru nunca tocará em um fio se quer de seu cabelo. Fora que seria suspeito demais os dois viajarem juntos e ela desaparecer, não é mesmo? Daria na cara que foi ele.
Além do mais, por que ele faria isso? Ele parecia empenhado em conseguir ganhar a confiança dela, e Sesshoumaru nunca foi um bom ator, então deveria ser sincera as tentativas dele. Ele alugou um carro para leva-la ali. Céus, Rin por um momento se sentiu envergonhada de seus próprios pensamentos.
- Rin? Está me ouvindo? – ela com certeza não estava. – Você está pálida, por acaso está com... medo?
Ele disse a última palavra como se fosse um ultraje Rin ter tal sentimento. Mas sim, ela estava com medo naquele momento, agora não mais de ser assassinada por ele, mas de sair voando por aí. Algo que vai contra as leis de física não poderia dar certo, poderia?
- É claro que não estou com medo. – mentiu engolindo seco em seguida. – Por que eu estaria?
- Então vamos logo, antes que fica escuro e você não consiga ver a paisagem. – disse saindo do carro.
Rin ficou estática no banco do passageiro. Que vergonha! Quando ela se tornará uma covarde mesmo? Ah, é. Ela sempre fora uma covarde.
Quando Inuyasha a chamou para saltar de paraquedas a garota imediatamente aceitou, mas chegando lá arregou. A simples ideia de estar em queda livre a deixava com as pernas bambas. E se o paraquedas não abrisse?
Sesshoumaru deu a volta no carro e abriu a porta do passageiro estendendo a mão para Rin. Muito cavalheiro da parte dele, pena que ela bancou a pateta e ficou olhando para ele com cara de apavorada.
- Não precisa ter medo, Rin. – disse enquanto ajudava ela a sair do carro. Ótimo, agora ela não conseguia nem ao menos disfarçar.
Rin já estava prestes a desistir e pedir que Sesshoumaru os levasse de volta para o hotel. Para quê voar pelo céu da tarde quando se pode simplesmente desfrutar de um quarto de hotel sem sacada, televisão e conforto?
- Pensei que fosse mais corajosa que isso, princesa. – Rin fez uma careta para ele. Depois de todos esses anos ele não a conhecia direito?
- Não estou com medo, só um pouco nervosa, porque não faz o menor sentido que você seja capaz de sair mais do que meio metro do chão. Cadê suas asas para impulsionar o voo? Hum? Todos os animais que voam têm asas, morcegos, aves, abelhas, borboletas, libélulas. – disse Rin. – Não é possível que você sem asas alguma seja capas de sair voando pelo céu. Isso é apavorante, a gravidade é uma força natural que existe desde o princípio do universo e você consegue simplesmente ignorar ela.
- Sou surpreendente, não é mesmo? – perguntou ele com ar de superioridade e um sorriso convencido no rosto. – A gente pode ficar aqui o restante do dia discutindo sobre às exceções as leis de Newton, ou podemos simplesmente esquecer isso tudo e voar por aí. Sei que você é apaixonada por física, mas deixe seu lado nerd de lado só um pouco.
- Tem razão, vamos lá. – disse Rin endireitando a postura.
Sesshoumaru entrelaçou seus dedos nos dedos de Rin e a guiou para dentro do campo aberto. Ela não viu necessidade neles andarem de mãos dadas igual dois namoradinhos, mas o rapaz tinha ganhado alguns pontos por trazê-la ali e não a matar.
Rin notou que vez ou outra ele apertava um pouco mais a sua mão, como se quisesse ter certeza de que ela ainda estava ali. Ele também a olhava de lado a observando atentamente, como se quisesse ler a mente dela.
Eles pararam no meio do gramado e Sesshoumaru desenlaçou suas mãos. Ele a pegou no colo com a mesma facilidade que tinha para pegar um papel.
O que está fazendo? – perguntou sentindo o corpo contrair.
- Te segurando para a gente voar, não é óbvio? – disse olhando para ela com uma sobrancelha erguida. Claro que era óbvio, o que Rin esperava? Que ele fosse fazê-la levitar com o poder da mente? – Pronta?
Antes que Rin pudesse responder ele deu um salto que fez todo corpo da garota estremecer. O frio que ela sentiu na barriga foi tão forte que por um momento ela pensou ter engolido um bloco de gelo. A sensação do vento contra seu corpo era coisa de outro mundo. Rin agarrou Sesshoumaru com mais força e fechou os olhos, sem coragem de olhar para qualquer lugar que fosse.
- Abra os olhos, Rin. – Disso com aquela voz habitual de quem não aceita ser contrariado.
- De jeito nenhum. – Ela apertou ainda mais as pálpebras. Aquilo era a sensação mais estranha que ela já sentiu na vida, e por algum motivo, imagens de obscenidades feitas no ar passaram pela mente dela. Teria como? Sesshoumaru já teria feito? Ele brigaria com ela, caso ela perguntasse isso?
- Você não me fez vir até aqui para ficar de olhos fechados, não é mesmo? – perguntou impaciente.
- Você veio porque quis. – Rebateu apertando ainda mais os braços ao redor do pescoço dele.
- Vou contar até dez e se você não abrir esses olhos, Rin... – ameaçou. A garota se sentiu tentada a desobedecer, por que se tinha algo que fazia seu orgulho doer, era ser forçada a cumprir com o que ele mandava. – 1, 2, 3...
- Tá bom. – disse abrindo os olhos minimamente e levantando um pouco o rosto para fitar os dois pares de olhos âmbar. Ah, eles realmente estavam voando, sua visão periférica garantia isso.
- Eu sei que sou lindo, Rin, mas seria bom você olhar para outra coisa que não eu. Terá oportunidade de desfrutar de meus encantos mais tarde – o youkai piscou e Rin revirou os olhos.
- Quanta modéstia da sua parte, Sesshoumaru – ela virou o rosto e olhou para baixo. Não fora uma boa ideia.
Rapidamente uma sensação de vertigem tomou conta do corpo de Rin. Aquilo ali não fazia sentido algum, e ela mal podia acreditar que estava parada, PARADA no ar. Nem os pássaros que eram criaturas selecionadas e evoluídas para voar conseguiam fazer isso. Somente o beija-flor conseguia ficar estático no mesmo lugar, mas mesmo assim ele tinha que bater as asas freneticamente, ou cairia.
- Caramba. – disse ao ver o bosque que tinha naquela região e que parecia tão pequeno, quase uma mancha verde. – Puta que pariu.
- Legal, não? – perguntou com um sorriso divertido no rosto.
- Enlouquecedor. – Sesshoumaru riu daquele comentário.
- Você está pálida. – Observou o youkai.
- Claro que estou pálida! – a voz dela tinha um leve tom de pavor. – Isso não faz sentido, vai contra todas as leias da gravidade e meu cérebro está completamente bugado.
Sesshoumaru fixou os olhos nos de Rin e por um segundo ela esqueceu aquela loucura toda e ficou corada. A maneira como ele a olhava, de forma tão afetiva, fazia com que as células nervosas do seu corpo produzissem dopamina mesmo contra sua vontade.
- Como você faz isso? – perguntou em um sussurro.
- Para te falar bem a verdade, Rin, eu não faço a mínima ideia. – disse o youkai. – Eu simplesmente uso minha energia youkai para isso. Mas não sei como funciona.
- Isso não me deixou nenhum pouco mais calma. – disse olhando para baixo. – Só de pensar que se você me soltar eu vou...
- Não pense nisso, pequena. – disse dando um beijo de canto nos lábios dela. Rin é que não iria reclamar, vai que ele ficasse com raiva e a jogasse lá do alto. – Eu jamais faria isso com você.
- Mesmo? – ela perguntou com ironia. Ele estava se aproveitando de sua posição privilegiada em relação a ela.
- Claro. Você provavelmente desmaiaria e nem veria a morte – Sesshoumaru se aproximou novamente dos lábios dela. Rin sentiu um frio na barriga, mas claro que deveria ser apenas por causa da adrenalina de estar voando. – Se eu fosse escolher uma forma de te matar seria afogada ou queimada em uma fogueira.
- Que maravilha, agora sim você conseguiu me acalmar. – disse rindo em deboche. Ele ainda estava a milímetros dos lábios dela, e Rin o achou muito espertinho por isso. Ele então beijou novamente o canto de seus lábios, dessa vez demorando mais do que a primeira. Depois que afastou os lábios ele sorriu satisfeito. Rin sabia que provavelmente estava vermelha. Mas era de raiva, ela com certeza não havia gostado daquilo. - Você voa sempre?
- Sempre que possível. Como eu disse, não podemos sair voando por aí. – disse voltando a voar para algum lugar. – Existem regras para manter as coisas em ordem.
- Entendi. Seria muito prático se vocês pudessem. – disse Rin.
- Na verdade eu acho que seria uma bagunça. – disse enquanto aumentava a velocidade. – Onde você quer ir?
- Não sei, não conheço essa região e com certeza não reconheço nada olhando aqui de cima. – disse Rin. – Mas aquela montanha lá no fundo parece legal.
- Ótima escolha. – disse o youkai seguindo para o lugar. O sol estava quase se pondo e aquele ponto escolhido por ela daria uma visão privilegiada. Ao chegar lá Sesshoumaru desceu delicadamente, e colocou Rin de pé.
- Uau, este lugar é incrível. Olha aquela conífera Sesshoumaru! E olha aquele esquilo com cara de assustado. Será que alguém já veio aqui antes? – perguntou Rin ainda se escorando nele. Ela se sentiu meio zonza depois do voo.
- Com certeza, princesa. – disse Sesshoumaru a fitando. Rin estava tão empolgada que o youkai não conseguiu segurar a risada. Como ela conseguia se sentir feliz com coisas tão simples quanto uma árvore e animais tão comuns? Sesshoumaru admirava isso nela. Era fácil fazer Rin feliz, ele tinha certeza de que se desse uma erva-daninha a ela o resultado seria semelhante ao de dar um buquê de rosas.
Rin se calou por uns segundo pensativa... O que diachos eles fariam agora? Ficariam ali parados feito idiotas olhando um para cara do outro? Provavelmente Sesshoumaru gostaria dessa alternativa, já que não tirava os olhos dela. Mas eles também poderiam olhar para os pinheiros e discutir sobre reprodução de gimnospermas. Rin tinha muito a falar caso essa fosse a alternativa escolhida. E ela não se orgulhava disso.
- Vamos sentar? – sentar? Que ideia maravilhosa, sentar era uma outra alternativa boa. Por que Rin não pensou nisso antes? Sentar era ótimo, na verdade, naquele momento sentar era perfeito. Pelo menos sentada ela poderia disfarçar melhor a tremedeira das pernas.
Sesshoumaru os guiou até uma parte que havia uma enorme rocha achatada e Rin não conseguiu segurar o suspiro de emoção ao ver um mineral tão bem trabalhado daquela forma. Era quase como se a mãe natureza tivesse feito um banquinho. Seus olhos marejaram, talvez fosse a TPM a deixando sensível, ou talvez fosse tudo que eles haviam passado naquele dia. Fosse qual fosse o motivo, o fato era claro: Rin estava se sentindo muito emotiva neste momento.
Eles se sentaram um ao lado do outro em silêncio, o sol estava baixo e a visão era bonita demais para se falar algo. O céu diante deles estava completamente avermelhado e a vegetação do outro lado não passava de sombras pretas. Em certa ocasião um grupo de aves passou por eles, e se contrastaram sob o sol. Rin perdeu o fôlego, seus olhos brilharam com a imagem.
- É tão lindo. – Ela deixou escapar.
Não era apenas lindo, era perfeito. Rin tinha certeza que aquele lugar, aquela paisagem e aqueles sons naturais da floresta era tudo que um autor necessitaria para sair de um bloqueio criativo. Não só autores, todas as pessoas deveriam ter o privilégio de contemplar este momento um dia. Deveria ser um direito assegurado pelo governo.
A brisa suave e fria do fim do dia passava por eles, moderada e perfeita. As arvores e arbustos chacoalhavam e o barulho de seus galhos e folhas superavam facilmente qualquer melodia já composta pela humanidade. Aquilo era a música em sua mais pura forma. Rin suspirou. Ela não sabia o porquê de estar se sentindo tão sensível, mas não havia no momento nada melhor do que sentir aquele lugar.
E era irônico imaginar que a cena mais romântica e perfeita de sua vida estava sendo proporcionada por Sesshoumaru. Um dos momentos mais emocionantes e era ele quem estava ao seu lado. Rin deu um meio sorriso. Era sempre ele quem protagonizava esses momentos, não tinha jeito.
Ela virou o rosto um pouco de lado e perdeu o fôlego com a imagem dele. Sob a luz dourada do fim de tarde ele ficava completamente perfeito. A pele pálida ficava com o tom mais quente, os olhos âmbar brilhavam mais que ouro. O que eram aqueles olhos sob o pôr do sol... E aquele cabelo... O retrato da perfeição, e ele estava ali ao seu lado. Tão injusto.
Injusto, porque Sesshoumaru deu a ela um momento que seria eternamente imbatível. Dificilmente algum homem conseguiria proporcionar a ela algo mais espetacular do que isso. Ela guardaria para sempre esta tarde em seu coração. E para deixar tudo ainda mais perfeito o youkai tinha até mesmo ficado calado. Quem diria!
- Rin. – Ótimo, ele acabara de destruir com tudo.
- O que foi? – perguntou se virando para ele. Oh, como ele parecia emocionado, Rin sentiu vontade pegar suas mãos e o chamar para chorar junto dela. Os dois poderiam se abraçar e ficar ali permitindo que seus sentimentos escorressem pelos olhos. Ela se sentia muito EMO neste momento.
- Obrigado. – Sesshoumaru tinha o olhar intenso sobre ela.
- Por? – ela perguntou confusa. Os olhos dele se semicerraram um pouco e Rin ergueu as duas sobrancelhas sem entender o que estava por trás das atitudes e palavras dele.
- Por me permitir fazer isso por você. – Rin sentiu que seu rosto ficou quente até as orelhas, e não era por estar contra o sol. Ela mordeu o lábio o fitando nervosa, sem saber o que dizer.
- Eu que deveria agradecer. – disse honestamente. Os créditos daquela tarde perfeita com certeza deveriam ser dados a ele. Afinal, fora ele quem voou até ali. – É com certeza o dia mais perfeito da minha vida.
Um sorriso de lado surgiu nos lábios de Sesshoumaru. Ele pegou uma das mãos de Rin e levou aos lábios, sem desviar os olhos dela nem sequer por um segundo. Aquilo fez com que ela inteira se arrepiasse, e para piorar ainda mais a situação, um suspiro idiota saio de seus lábios. Oh, céus, ela estava perdida mesmo.
Sesshoumaru pareceu satisfeito com aquela reação ridícula que ela não conseguiu controlar.
Ele se aproximou um pouco mais dela e colocou uma mexa de cabelo atrás de sua orelha, depositando em seguida um beijo em seu rosto. Rin colocou as mãos nos ombros dele para tentar afastá-lo, mas por algum motivo ela não o afastou para longe. E quando o youkai a olhou de maneira muito profunda, ela soube que era tarde demais, ele entendeu seu gesto como um sinal para avançar.
E para confirmar suas suspeitas, Sesshoumaru se aproximou ainda mais dela, semicerrando os olhos e tocando seu nariz com o dele. Rin suspirou mais uma vez. Droga, ela tinha que parar com isso. Eles estavam tão próximo, tão perto um do outro. Ela podia sentir a respiração dele em seu rosto. Poucos milímetros separavam seus lábios, Rin quase podia sentir a sensação dos lábios dele nos seus. As mãos dele estavam agora em sua nuca, acariciando-a delicadamente.
E então ele a beijou, de maneira delicada e carinhosa. Rin sentiu o corpo todo estremecer quando ele mordeu seu lábio inferior passando a linga nele, para depois soltá-lo e voltar a beijar novamente.
Alguma coisa deve ter bloqueado a capacidade de raciocínio de dela, porque mesmo tendo um milhão de motivos para se afastar correndo dele, ela se pegou retribuindo o beijo.
Ela se inclinou mais contra o youkai, aproximando os corpos e afundando a mão nos cabelos dele pela nuca. Ele arfou e Rin gemeu baixo devido a sensação de excitação que ia crescendo dentro dela. Sesshoumaru descia e subia as mãos delicadamente por suas costas, fazendo com que arrepios tomassem seu corpo. Rin queria diminuir ainda mais a distância entre seus corpos, então se aproximou mais, montando em seu colo a cavalo. Um gemido escapou dos lábios dele como um chiado alto, enquanto ele apertava com força o quadril de Rin contra si.
Ela não sabe quanto tempo eles permaneceram naquela posição se beijando, mas era fato que quando seus lábios se tocaram pela primeira vez o sol ainda estava em toda sua magnificência no céu. Mas agora as estrelas já tinham tomado o seu lugar, junto a lua e uma brisa fria passava por eles.
- Devemos ir. – disse Sesshoumaru em um ofego sussurro. – Já está tarde.
Rin olhou para o céu estrelado e suspirou. Pronto, agora não somente ela tivera a tarde mais perfeita de sua vida ao lado dele, mas também a noite.
- Eu nem percebi que estava tão tarde. – Rin saiu do colo de Sesshoumaru e se afastou constrangida. De repente a consciência do que eles fizeram caiu em cima dela com a força de um relâmpago.
- Rin, eu...
- Podemos não conversar sobre o que aconteceu agora pouco? – perguntou mordendo o lábio inferior. Ah, se ela soubesse o que Sesshoumaru sentia vontade de fazer quando ela fazia isso.
- Podemos não falar, Rin, mas isso não vai mudar o fato de que aconteceu. – disse a fitando com seriedade.
Claro que não, Rin sabia disso. Há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida. Rin iria acrescentar mais uma coisa a essa lista: o amasso dado.
- Eu sei, não estou propondo que a gente finja que nunca aconteceu... Eu só não quero pensar muito.
Sesshoumaru a pegou no colo e eles foram voando em silêncio até onde o carro estava estacionado. Chegando lá Sesshoumaru parou e ficou um tempo em silêncio olhando para o nada. Ele parecia irritado, e Rin só conseguia imaginar que o motivo de sua raiva era ela.
- Está pronta? – ele perguntou com um brilho divertido nos olhos.
Uau, ele era mesmo inconstante, a segundo atrás parecia chateado e agora estava sorrindo para Rin.
- Claro. – disse o fitando desconfiada. Aquele sorriso. Sim, aquele maldito sorriso Rin conhecia muito bem, e ele sempre aparecia estampado no rosto de Sesshoumaru antes dele aprontar uma com ela.
- Segure-se. – disse antes de deixar o corpo cair em queda livre junto com o de Rin.
Ah, se ela fosse cardíaca. Rin imediatamente deixou escapar um grito de desespero enquanto sentia o vento forte contra seu corpo, bagunçando seu cabelo e congelando cada célula epitelial de sua pele.
Oh, céus! O que ele pensava que estava fazendo? Rin tinha os olhos fechados, mas ela sabia, ela sentia que eles não poderiam estar muito longe do chão. Ela se apertou ainda mais contra Sesshoumaru. Era seu fim, o youkai com certeza deveria ter enlouquecido e decido matá-la.
Mas antes que seus corpos fossem de encontro à dureza do chão ele parou, de um jeito que o corpo de Rin entrar imediatamente em pane, com vários espasmos involuntários, dor e medo. Uma tremedeira em seguida tomou conta dela.
- Prontinho. – Ele disse com a voz diabolicamente animada. Rin ainda tinha os olhos cerrados com força. – Princesa, abra os olhos.
- V-você é um maldito. – disse ela ainda de olhos fechados. – Por acaso está tentando me matar?
- Claro que não. – . Sesshoumaru se ajoelhou com Rin ainda em seu colo. Ele começou a arrumar os cabelos bagunçados dela enquanto ria. – Vamos, lá, Rin. Vai me dizer que não foi a coisa mais emocionante que já te aconteceu na vida?
- Ah, te garanto que foi! – disse Rin finalmente abrindo os olhos. – E a mais detestável também.
- Duvido muito. – disse a ajudando a ficar de pé. – Você consegue andar, ou vou ter que te carregar até o carro?
- Por que não pousou ao lado dele? – perguntou Rin ao notar que lá estavam eles, no meio daquele maldito campo aberto.
- E perder a caminhada de volta? – disse com a voz maliciosa. – Venha.
Sesshoumaru novamente entrelaçou seus dedos enquanto eles caminhavam de volta para o carro. Rin levantou os olhos até encontrar os dele. Ah, ele realmente estava forçando a barra. E pior, Rin já não estava mais tão disposta a manter a postura vigilante. Se aquilo fosse uma guerra, Rin estaria próxima da rendição.
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