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História I hate you so much - Capítulo 14


Escrita por: Gregoria_Light

Notas do Autor


E aí, prontos para descobrir a ruína desse casal?
Lembrando que esse é só os fatos que Rin teve conhecimento, é a experiência dela sobre o ocorrido kkkk

Vamos lá!

Capítulo 14 - Capítulo 14


~**~

- O que aconteceu depois que vocês voltaram? – a pergunta dele a fez rosnar de indignação. Ela preferia pular essa parte e fingir que a história acabava ali, com eles felizes e aparentemente amando um ao outro... Com ela o amando.

- Ele teve o descaramento de ficar com outra garota! – disse Rin com raiva, a voz meio gritada e ríspida. Kohaku a olhou assustado, raramente Rin perdia a compostura durante uma sessão. Ela fechou os olhos e respirou fundo, três vezes, antes de continuar. – Mas vamos por partes. Quando eu cheguei em casa meus pais já estavam melhores, mas continuamos a morar um tempo na casa dos Taisho. Sesshoumaru agia com mais cautela, mas continuamos nosso romance. Ele... Parecia realmente gostar de mim. E não era pouco, tá? Ele parecia realmente muito apaixonado por mim, ele me acordava todos os dias muito bem humorado, com beijos e aquela coisa toda que você sabe. Ficamos tantos dias sem brigar que Izayo jurou que ia procurar uma igreja para agradecer ao milagre que estava vivendo.

- Seus pais notaram a mudança em vocês. Em momento algum questionaram nada? Eles não desconfiaram que vocês estavam apaixonados? – Rin fez que não com a cabeça.

- Se perceberam ignoraram. – Ela suspirou, buscando forças para continuar seu relato infeliz. – Sesshoumaru não gostava muito que eu demonstrasse afeto em público. Tipo, eu sempre fiquei abraçada com Inuyasha, a gente dividia coberta quando assistíamos filme e ninguém nunca ligou. Minha família não é normal, você sabe disso. Com Sesshoumaru não era diferente, eles simplesmente não se importavam de estarmos juntos, não questionavam porque estávamos abraçados. No máximo faziam uma piadinha idiota. Como eu disse, não somos normais.

- O conceito de normalidade é muito relativo, Rin. – Ela fez uma careta para a resposta profissional dele. Quem ignora algo desse tipo? Durante a adolescência as amigas de Rin mal podiam chegar perto de um garoto, mas Rin nunca sofreu esse tipo de sanção. Ainda mais quando os garotos eram Taisho.

- Nós não somos normais e você sabe disso. – Kohaku achou por bem não a questionar quanto aquilo, ao menos não neste momento.

- Hm. – Kohaku fez algumas anotações.

- Mas depois as coisas simplesmente mudaram, sem nenhum aviso prévio, sem nenhum motivo aparente. – Os olhos dela tinham um brilho magoado, um sofrimento palpável que falaria por ela, mesmo que ela não falasse mais nada. – Acho que Sesshoumaru teve um pouco de ciúmes de Inuyasha, mas não havia motivos. E apesar disso ele nunca me proibiu de interagir com ele, nunca pediu que eu o deixasse de lado e nunca reclamou de continuarmos afetuosos um com o outro. Eu o amei por isso, entende? Sesshoumaru poderia usar o poder que tinha sobre mim para me afastar de Inuyasha, mas não o fez. Ele sabia que Inuyasha e eu éramos como irmãos, e ele até que trabalhou bem para lidar com isso. Eu também fazia minha parte, eu distribuía muito bem o meu tempo entre os dois.

- Entendi.

- A gente continuava junto, as coisas pareciam estar indo bem, mas um dia Sesshoumaru voltou da escola e não falou mais comigo. Ele me ignorou completamente. – Ela engoliu em seco, o turbilhão de lembranças parecia afoga-la a cada palavra dita, como se os acontecimentos houvessem ocorrido ontem, e não dez anos atrás. – Foi aí que os bullying começou de verdade. Quer dizer, antes disso Sesshoumaru já fazia algumas coisas erradas, como ameaçar alguns garotos que queriam sair comigo. Mas depois que a gente ficou eu imaginei que fosse...Ciúmes, talvez? Não imaginei que seria pelo fato dele ser uma pessoa ruim mesmo.

- Então foi assim que ele começou a te atacar?

- Não, no começo ele só me ignorou. E quando digo que ignorou, é ignorar mesmo, Kohaku. Eu me aproximava e ele saía, quando eu estava na casa dos meus tios ele ficava no quarto com a porta trancada para eu não entrar. Um dia eu perguntei a ele o que estava acontecendo e ele nem olhou para mim, me ignorou completamente parecia que eu não estava lá. E algum tempo depois Naraku e Kouga começaram com as ofensas, e Sesshoumaru não fazia nada para impedir, apenas ficava olhando para mim, como se vigiando minha reação. Eu sempre fiz questão de mostrar que não me importava. – Ela brincou com os nós dos dedos e olhou para baixo, precisa se distrair ao menos um pouco para não desabar naquela sala.

- E depois dessa tentativa você não insistiu mais em saber o motivo?

- Ah, com certeza não precisei. Como eu disse, Sesshoumaru não demorou muito tempo para enjoar de mim. – Rin fechou as mãos em punhos até a unha machucar a palma da mão. – Depois de uns dias que ele ficou estranho eu descobri o motivo. Me lembro até hoje, foi uma quinta-feira, a pior de minha vida se me permite dizer. Eu não queria ir para a aula de música, mas sabia que se não avisasse Sesshoumaru ele iria brigar comigo, porque quando eu faltava ele gostava de ir mais cedo. Na hora do intervalo eu o procurei em cada corredor, cada parte daquela maldita escola, e sabe onde eu o encontrei? Adivinha só, atrás do campo de futebol, aos amassos com uma garota. Ah! Foi um inferno aquela visão, até hoje ela se encontra perfeita na minha cabeça.

Kohaku engoliu em seco, um misto de compaixão e pene se misturavam em seu coração. Rin sempre foi uma mulher boa, ela não merecia passar por uma situação dessas jamais.

- E como você reagiu a isso, Rin? – a garota deu uma risada debochada para ele.

- Finge de besta, naturalmente. – Ela tomou fôlego antes de continuar e prendeu os longos cabelos negros em um coque frouxo. – Ele ainda teve a coragem de me perguntar o que eu queria. Você consegue imaginar isso? Eu estava completamente em choque, tive que me esforçar muito, mas muito mesmo, para disfarçar a tremedeira do meu corpo e da minha voz. Eu não sei de onde eu tirei tanto autocontrole, Kohaku, porque a pergunta dele mal saiu de sua boca e eu já dei a resposta. O avisei que não iria na aula de música aquele dia, a voz monótona e calma, sem tremer nem um pouco.

- Não deve ter sido fácil para você.

- E não foi mesmo, principalmente porque ele teve a audácia de dizer: “Ok” e voltar a beijar a menina, na minha frente sem nem se preocupar com meus sentimentos. E eu fui embora dando de ombros, o que mais eu poderia fazer? Fingi que não me importava, mas advinha só: eu me importei. Na verdade, eu tenho raiva disso até hoje. Depois disso não houve mais conversa entre a gente, não teve mais nada.

- E ninguém notou que vocês mudaram de comportamento novamente? Ninguém questionou o fato de vocês estarem aos agarros em um dia e com ódio no outro?

- Devem ter notado, mas sempre fomos assim. – Kohaku inclinou a cabeça de lado. – Sempre fomos inconstantes, Kohaku. Sempre agimos dessa forma, não era uma novidade. Não era novidade alguma Sesshoumaru e eu darmos uma trégua em nossas brigas e depois voltarmos a brigar, então mesmo que eles tenham notado, não se importaram.   

- Você chegou a falar com ele depois disso?

- Não, claro que não. O que eu poderia falar? Não éramos namorados – Rin bufou. – Eu poderia ter jogado na cara dele que ele foi um crápula por me enganar daquela forma, mas sou orgulhosa demais para isso. Eu não queria mostrar para ele que estava completamente destruída por causa dele.

- Não eram namorados? Bom, as coisas foram longe até demais entre vocês. – Disse Kohaku sério.

- Ele nunca pediu para namorar comigo, como eu poderia cobrar algo dele? E se ele jogasse na minha cara que nunca quis nada comigo, que eu é quem insistir naquilo tudo? É verdade, Kohaku, quem sugeriu que deveríamos nos beijar fui eu. Quem ficou igual uma cadela no cio atrás dele também fui eu...

- Rin, você nunca mais deve se referir a si mesma desse jeito. – A voz de Kohaku saiu mais áspera do que ele gostaria. – Você não foi uma cadela no cio, mulher alguma é. O corpo era seu, você estava apaixonada, era uma criança praticamente, então não seja tão autodepreciativa consigo mesma.

- Ok, você está certo. – Ela respirou fundo. – Eu não tive coragem de tirar satisfação com ele, porque se ele jogasse na minha cara que só ficou comigo porque eu insisti... Aquilo seria minha ruína, eu não poderia suportar.

- Vocês nunca nem chegaram a conversar, a se questionar o tipo de relacionamento que tinham um com o outro?

- Não achei que fosse necessário. – Kohaku olhou para ela com pena e descrença. – Kohaku, até aquele dia eu confiava 100% nas palavras de Sesshoumaru. Ele podia ser muito ríspido e idiota comigo, mas se tinha algo que ele fazia era cumprir suas promessas e honrar com sua palavra. Se ele falava que eu ia me arrepender, eu realmente me arrependia. Mas em contrapartida, se ele falava que ia fazer algo por mim, ele também fazia. Uma vez eu fiquei com medo de piscina, porque me afoguei no clube, e Sesshoumaru prometeu que iria me ensinar a nadar e que nunca sairia do meu lado quando estivéssemos no clube. Até aquele ano ele cumpriu a promessa, eu sou uma boa nadadora agora e ele sempre ficava comigo na piscina me vigiando para caso alguma coisa acontecesse.

- Uma relação realmente complicada a de vocês dois, Rin. Eu imagino que deva estar sendo muito difícil conviver com ele depois de tudo que aconteceu – e era. Rin tentava o máximo possível ignorar o passado, mas o medo estava sempre presente. Sesshoumaru parecia mudado, parecia gostar dela, mas no passado ele também pareceu gostar e a traiu e rejeitou, sem se explicar e sem se importar com os sentimentos dela. Isso a apavorava até hoje, por mais que ela negasse estar envolvida com ele.

- É difícil, mas eu tento ignorar – disse Rin suspirando. – Se passaram 10 anos, eu mudei, ele mudou, tudo parece estar diferente, então estou tentando não deixar que essas lembranças influenciem em minha vida.

- E você nunca contou para ninguém o que aconteceu, Rin? Nem para seus pais, Inuyasha?

- Ninguém. Eu me sentia envergonhada demais pela minha burrice – ela brincou com os dedos enquanto olhava envergonhada para Kohaku, se sentindo uma idiota pelo seu passado.

- Vocês eram muito jovens.

- Sim, éramos mesmo. Eu sei que talvez você pense que eu fui movida a curiosidade ou algum tipo de ilusão, conto de fadas ou sonhos idiotas de adolescente. Mas você não tem noção da certeza que eu tinha naquele momento, Kohaku. – disse se sentindo profundamente magoada. – Eu realmente tive a certeza de que estava selando a minha vida com a dele naquele momento, era como se eu estivesse de livre e espontânea vontade me entregando para ser de outra pessoa.

- Este tipo de pensamento, não é um privilégio seu, Rin. – disse Kohaku seriamente. – Muitas pessoas tem essa visão romantizada de sexo.

- Não era um simples pensamento. – disse ela séria.

- Você era uma criança, Rin, estava se sentindo emocionada com tudo que aconteceu. – disse ele fazendo algumas anotações.

Rin gostaria de dizer ao psicólogo que não era uma simples emoção por ter perdido a virgindade. Ela nunca fora apegada aquilo, para início de conversa. O que aconteceu lá fora muito mais profundo e marcante para ela. Por mais raiva que ela tivesse sentido de Sesshoumaru, desde aquela noite ela sentiu que tinha uma ligação com ele, como se finalmente ela tivesse entendido qual era o papel dele em sua vida. Se ela fosse menos racional até acreditaria naquela história de conexão que Izayo falou, mesmo sabendo que Sesshoumaru claramente não escolhera ela.

***

Pela primeira vez na vida Rin saiu pior da sala de Kohaku do que quando entrou. Quando ela chegou tinha um único problema: seu medo de plateia. Agora que a sessão tinha terminado ela tinha ao menos uns 5 problemas, como por exemplo o fato de estar muito puta de raiva com Sesshoumaru. Ah, a imagem dele beijando Lorena não saia de sua cabeça, agora que ela tinha relembrado o fatídico dia. Ela se sentia como se fosse ontem que ela tivesse pegado os dois atrás da quadra da escola.

Como ele pôde? Depois de falar que a ama tantas e tantas vezes, como ele pôde simplesmente a apunhalar pelas coisas? Seria Lorena a serigaita que traiu ele? Se fosse Rin acharia bem feito. Mas não devia ser a moça, porque se Rin se lembra bem, Sesshoumaru também deu um pé na bunda de Lorena a deixando estraçalhada como ela. Naquele último ano deles Sesshoumaru havia ficando com tantas meninas que seria difícil descobrir qual delas havia roubado seu coração. Rin se lembrava bem daquele período, Sesshoumaru não poupava uma. Fosse na escola tradicional ou na escola de música, ele sempre tinha uma peguete para passar o tempo. E não ficava mais que um mês com cada uma delas.

Rin estava tão abalada com aquilo tudo que até voltou mais cedo de trabalho. O que adiantaria ela ficar sentada sem conseguir fazer nada? Sua mente não estava mais funcionando, ela não conseguiria criar nada. E ela precisava dar um tempo para digerir tudo.

Obviamente ela tentava ver a situação pelo lado bom, que era: ao menos eu não fiquei grávida. Sim, era ridículo aquele pensamento, mas sempre que Rin se lembrava da merda que ela havia feito ao se entregar daquela forma para o youkai ela se consolava nisso. Imaginem só se ela tivesse ficado grávida dele. Seria infinitamente pior, não é mesmo? Mas ela fora poupada dessa infelicidade.

Para piorar hoje teria um “jantar em família” na casa dos Taisho e a última coisa que ela queria no momento era ver Sesshoumaru. Ela tentava ser racional, se dizendo o tempo todo que passou. Só que passou bosta nenhuma, ela agora se encontrava possessa, a vontade de tirar satisfação com ele era enorme. Mas como ela poderia? Como ela poderia 10 anos depois brigar com ele pelo que aconteceu? Era tarde, teria que superar, novamente.

E o nó da garganta só aumentava. Na medida que ela ia se aproximando da rua dos Taisho o nó ia ficando cada vez mais forte. Por mais que tentasse não conseguia parar de repassar aquela primeira vez em sua mente. Fora perfeito demais para ser uma mentira. E depois ela repassava seu primeiro ano do ensino médio, o inferno que ela viveu graças a ele. E ainda assim, ela se pegava chateada, não apenas por todo mal que ele a fez, mas principalmente pelo relacionamento idiota deles ter terminado. Era fato, ela não havia superado aquilo ainda.

Rin riu de desgosto. Agora ela se transformará naquele tipo de gente que fica apegado ao primeiro namorado, só faltava postar no instagram e whatsapp “Só se ama uma vez” ou “O verdadeiro amor nunca morre”. Que ridícula ela estava se tornando.

Bom, ao menos ela poderia se agarrar à ideia de que o único motivo dela estar agarrada a isso até hoje era a curiosidade. Curiosidade de tentar entender o que se passou na cabeça de Sesshoumaru naquela época. Ele havia dito que a amava, por quê? Ele não precisava mentir para que ela se entregasse a ele, ela mesma se ofereceu descaradamente, então por que mentir?

Ao estacionar ela desceu do carro e entrou na casa. Vazia, não havia ninguém. Aproveitando daquele raro momento Rin foi para o jardim de trás da casa para descansar. Seria ótimo colocar a mente no lugar e acalmar os sentimentos bagunçados antes do jantar idiota.

- Imbecil. – disse Rin olhando a janela do quarto de Sesshoumaru. Talvez ter ido para aquela parte do jardim não tenha sido boa ideia no fim das contas. Ela percebeu com crescente insatisfação que o nó da sua garganta a estava sufocando como se quisesse assassiná-la.

Durante a sessão não derramará uma única lágrima, mas agora ela estava ressentida demais. Humilhada, frustrada e perdida. Ela sabia que a volta de Sesshoumaru não poderia trazer coisa boa alguma. Lá estava ela, como a 10 anos atrás, chorando por causa dele.

Rin havia canalizado esses sentimentos tão afundo em seu coração, que por muito tempo ela não se permitiu nem pensar no que fora tudo aquilo. Na época o fluxo de acontecimentos passou rápido por ela. Ela mal teve tempo de sentar e pensar no que tudo aquilo significava. A 10 anos atrás ela só sabia que estava magoada com Sesshoumaru por ele ter finalizado o ridículo conto de fadas dela.

Mas agora ela conseguia observar as coisas pelo lado de fora. Ela estava magoada por ele ter rejeitado ela, mas não somente por isso. Ela estava magoada principalmente por ele ter feito ela se sentir amada e desejada. Por ter iludido ela com palavras doces e uma semana inesquecível.  Ela sentia um sabor amargo em sua boca, os soluços que insistiam em sair.

Ah, e lá estava ela novamente abraçada com seus próprios joelhos em lágrimas. E agora, para somar a sua dor, havia o fato dele ter se apaixonado pela tal mulher que o fizera entrar em depressão. Rin havia dado tudo de si a ele, e ele não quis, preferindo ficar obcecado por toda eternidade por uma mulher que não o amava.

 

- Rin? – Oh não! O mundo parecia conspirar contra ela. Lá estava ela chorando feito uma adolescente rejeitada, e quem aparece? Quem decide voltar mais cedo do trabalho para fazer com que ela se sentisse ainda mais humilhada? Ele. O motivo de suas lágrimas. – Rin, você está bem?

Sesshoumaru se ajoelhou de frente para ela, preocupado ele afagou seus cabelos na esperança dela se sentir melhor. Rin sentiu vontade de avançar nele e o matar, pouco a pouco, da maneira mais sofrida possível.

- Estou bem. – respondeu ainda com a cabeça escondida nos braços e escorada nos joelhos. Sesshoumaru riu de maneira cínica para ela. Mesmo sem o ver Rin conseguia visualizar o semblante irritado em seu rosto.

- Por que está chorando? Aconteceu alguma coisa? – era só o que faltava, ter que se explicar para Sesshoumaru. Mas ele não tinha culpa dela ser uma idiota impulsiva, tinha? Sim! Ele tinha culpa, porque fora ele quem permitiu que ela se entregasse a ele, assim. Fora ele quem começou com tudo aquilo 11 anos atrás, quando decidiu aceitar as investidas dela e retribuir.

- Estou bem. Você se importaria de me deixar sozinha? – perguntou sem levantar a cabeça, a voz irritada. O youkai a fitava preocupado, era claro que ele se importava. Sesshoumaru não queria a deixar ali entregue as lágrimas. Ele estava preocupado.

- Se você quiser. – disse com a voz de compreensão.

- Quero. – O youkai saiu de perto dela e entrou para dentro de casa. Quando Rin ouviu o barulho dele abrindo a porta da sala levantou o rosto respirando profundamente de alívio.

Ela deu um jeito de limpar as lágrimas de seu rosto e se acalmar.

- Respira, Rin. Se acalme mulher, foi a séculos isso tudo. Passou. Passou. – disse a si mesma. – Passou porra nenhuma!

E voltou a chorar. Oh, pobre criatura ressentida.

Depois de um tempinho Rin decidiu que já tinha chorado o suficiente. Pelos deuses, ela era uma mulher de 25 anos! Ela tinha seu próprio apartamento, própria vida. Era independente, tinha vários amigos e uma família que a amava. O que mais uma pessoa poderia querer? Ela era bem sucedida, uma referência no mercado. Não havia motivos para chorar. O que mais faltava para si?

Decidida a deixar tudo para trás Rin se levantou, limpou as lágrimas e rumou para dentro de casa. Ela precisava de um banho e um analgésico, sua cabeça estava doendo por chorar.

Assim que ela entrou na sala deu de cara com Sesshoumaru. Ela se segurou para não começar a chorar de novo. Quanta sensibilidade. Ela pensou que ele faria algum comentário, mas por sorte ele se limitou a olhar para ela preocupado, os olhos âmbar a devorando. Rin cumprimentou ele com a cabeça e subiu as escadas.

***

Rin mal acreditou na mensagem que Izayo enviou: “faça a janta por favor”. Ela estava doida? Fazer a janta? Rin não sabia fazer janta. Ainda mais em grande quantidade. A morena mandou uma mensagem de volta perguntando se não poderiam pedir alguma coisa por aplicativo, mas a resposta foi negativa. Como assim?? Comida de app eram ótimas. Rin conhecia vários restaurantes premiados.

- Saco. – disse caminhando até a cozinha. Se Inuyasha ao menos chegasse logo com Kagome. Kagome era uma ótima cozinheira. Mas Rin sabia que eles chegariam só na hora de comer, era sempre assim.

- Aconteceu alguma coisa, princesa? – perguntou o youkai ao ver a garota descendo as escadas resmungando. Rin rosnou para ele. Ele precisava parar com aqueles apelidos idiotas.

- Nada. – disse entrando na cozinha e se sentindo perdida. Um labirinto era mais fácil de desvendar do que aquilo. E para piorar ela ainda estava magoada, se não encontrasse o sal, ela poderia temperar tudo com suas lágrimas.  

O que ela faria? Onde estavam os alimentos? Rin ficou parada um tempo coçando a cabeça.

- Está procurando alguma coisa? – perguntou Sesshoumaru se aproximando dela. Ótimo, agora ele ficaria a seguindo pela casa.

- Izayo pediu para eu fazer a janta - disse dando de ombros e passando o olho por todos aqueles armários. Não era possível que depois de todos aqueles anos Rin não tivesse decorado onde estava tudo.

- E você sabe cozinhar? – perguntou Sesshoumaru desconfiado.

- Claro que sei! – disse Rin com raiva. Pergunta idiotia. Claro que ela sabia. – Faço um ótimo macarrão instantâneo.

- Ah sim. – disse o youkai escorando no beiral da porta. – E o que mais você sabe fazer?

- Meu ovo frito sai perfeito na maioria das vezes. Gema mole e clara cozida. – disse Rin. – E eu lavo uma alface como ninguém.

- Invejável. – respondeu a fitando de cima, nenhum pouco impressionado. – O que você pretende fazer? O macarrão instantâneo ou o ovo perfeito?

- Eu ia fazer um purê de batata, mas não tem batata. – disse Rin bufando.

- Aquilo ali no canto não seriam batatas? – claro que seriam. Rin foi até lá e pegou seis batatas médias. – Vai fazer só para você, princesa?

- Quantas eu deveria pegar? – perguntou olhando para ele com cara de brava. Seis batatas deveriam dar, uma para cada um.

- Todas. – disse Sesshoumaru se aproximando. Rin arregalou os olhos, haviam muitas batatas ali. – Somos muitos, esqueceu?

- Eu não entendo muito de proporção de alimentos. – Confessou para seu desgosto.

- Percebi. – disse Sesshoumaru a empurrando para o lado com o quadril. – Vou te ajudar.

- Desde quando você cozinha? – perguntou Rin erguendo uma sobrancelha.

- Eu morei em uma Ecovila uma vez. – disse com a voz monótona. – Algumas vezes por semana eu tinha que ajudar na cozinha.

- Sério? – Rin sentiu uma animação percorrer o corpo. Então era verdade mesmo, Sesshoumaru Taisho vivera em uma Ecovila. O assunto a interessou o suficiente para que se esquecesse por hora de suas lembranças desagradáveis.

- Sério. – disse pegando uma panela grande e colocando as batatas. – Só não fazíamos carne. Todos eram vegetarianos.

- Como você foi parar num lugar desses? – perguntou Rin agora curiosa. Ela queria ouvir a história da boca dele.

- Acredito que você saiba. – disse o rapaz a olhando de forma séria e intensa. Rin sentiu as bochechas ficarem vermelhas.

- P-por que você acha isso? – gaguejou Rin, tentando disfarçar seu conhecimento sobre a história. Ela não podia dedurar Izayo daquela forma..

- Izayo sempre me contava coisas sobre você. Coisas que eu tenho certeza que você não queria que eu soubesse. – disse escorando na bancada da cozinha e serrando os olhos. – Então eu imagino que ela deva ter feito o mesmo comigo.

 Rin engoliu em seco. A tia era uma verdadeira mexeriqueira.

- C-claro que não. – disse se virando para um outro lado qualquer, fingindo reparar na decoração.

- Você é uma péssima mentirosa. – disse cruzando os braços e sorrindo debochado para ela. – Pergunte.

- O quê? – o youkai parecia poder ler mentes, porque ela estava mesmo se fazendo várias perguntas. Ele estivou os braços e a puxou para perto dele pela beirada da calça. Rin rosnou pelo atrevimento.

- Aproveite que estou muito comunicativo e aberto hoje, Rin. – disse Sesshoumaru dando um beijo no canto dos lábios dela. – Pergunte o que quiser.

- Você se vestia de hippie? – Rin se perguntava isso desde a conversa com Izayo. Ela gostaria muito de ter visto Sesshoumaru sempre tão sério e prático vestido de roupas coloridas e soltas e dreads no cabelo.

- Não. – Disse a fitando com os olhos semicerrados antes de beijá-la nos lábios de maneira rápida e carinhosa.

- Você vai ficar me beijando? – perguntou com raiva.

- Sim. – Ele beijou o rosto dela de lado. – Não vou responder suas perguntas de graça.

- Mas você disse que eu podia perguntar, que você estava muito comunicativo e aberto hoje. – Ela franziu a sobrancelha e tentou se afastar, mas ele a segurou firme em seus braços.

- Tem razão, continue. – Ele a soltou e Rin ficou a alguns metros dele, só por segurança.

- Vocês faziam suruba? Tipo, transavam todos entre si? – Sesshoumaru arqueou uma sobrancelha com aquela pergunta.

- Não, Rin. – disse com um tom de quem se sentira realmente perplexo por uma sugestão daquela.

- Ah sim. – Ela coçou o braço meio decepcionada. Rin sempre imaginou que nesses lugares todos fossem liberais e transudos. – Você morava em uma daquelas casinhas dos hobbits?

- Algo do tipo. – disse dando de ombros.

Rin achava aquilo adorável.

- Haviam crianças lá? – Rin não sabia porque tinha perguntado isso.

- Várias e várias. – disse Sesshoumaru se lembrando que era mesmo irritante alguns momentos do dia quando elas começavam a gritar e correr descontroladas.

- V-você namorou com a professora de yoga? – perguntou finalmente após tomar coragem.

- Kagura? Não. – disse com a voz firme a olhando com intensidade. Rin

- Tem saudades? – perguntou mordendo o lábio em seguida. Sesshoumaru suspirou com aquela imagem que mexia tanto com ele.

- Da Ecovila ou de Kagura? – Rin engoliu em seco, pelo bem de seu orgulho ela deveria falar que a pergunta era direcionada à Ecovila, mas ela não conseguiu conter a curiosidade.

- Dos dois. – Ele a olhou com ternura.

- Não sinto falta da Ecovila e tenho saudades de Kagura. Ela me ajudou demais, devo minha vida a ela. Apesar de sermos muito diferentes, conseguimos desenvolver uma amizade, de fato. – Rin soltou o ar que estava prendendo nos pulmões e olhou para a sala antes de continuar.

- Você ainda pratica yoga?

- Todos os dias por pelo menos 30 minutos. – Rin estava mesmo surpresa com aquilo.

- Uau. – disse a garota. – Por que eu nunca vi?

- Faço isso no quarto. – Fazia sentido, pensou Rin.

- Você medita?

- Menos do que gostaria, mas sim. Peguei alguns hábitos no pouco tempo que vivi lá. – Rin achou que aquilo combinava com Sesshoumaru, ele sempre teve mania de ficar sentado ou deitado de olhos fechados como se estivesse meditando.

- Como foi viver em uma Ecovila? Tipo, como que funciona morar em um lugar desses? – perguntou se afastando da porta de um armário. Sesshoumaru pegou sal e alguns temperos e colocou na batata.

- Não vou ser hipócrita e dizer que foi uma maravilha. Esse estilo de vida realmente não combina comigo. – disse de maneira muito sincera. – Mas foi libertador para mim. Vivíamos em comunidade, algumas pessoas plantavam, outras criavam e cuidavam de galinhas. Tinha escola, centro de saúde, tudo lá. A cozinha era enorme e os moradores revezavam na hora de cozinhar. Todo mundo tinha que contribuir de alguma forma.

- Vocês vendiam miçangas? – perguntou Rin com os olhos brilhando de curiosidade.

- Claro. – disse Sesshoumaru como se fosse óbvio. – Miçangas, tecidos bordados, enfeites, incensos naturais, todas essas coisas hippies. A comunidade tinha que ter uma renda para sobreviver, o que plantávamos não era suficiente.

- De noite vocês se reunião em uma fogueira para cantar? – perguntou animada.

- Algumas vezes, mas não muito. Diferente do que as pessoas acreditam nossa vida não era beber, usar droga, transar e se divertir. – disse o youkai seriamente. Rin deu um sorriso decepcionado. A realidade nunca era tão glamorosa e divertida quanto a imaginação. – Tínhamos muito trabalho para fazer.

- E você morava com sua professora de yoga. – disse Rin voltando novamente no assunto. Sesshoumaru ergueu uma sobrancelha a olhando com um sorriso desdenhoso.

- Sim, morei com ela alguns meses. – respondeu como se não fosse importante, mas Rin sentiu o coração ficar muito apertado no peito.

- E nunca ficou com ela? – Rin não sabia porque perguntou aquilo, ela realmente não queria saber a resposta para aquela pergunta.

- Claro que fiquei. – Admitiu sem um pingo de vergonha na voz. – Mas não tanto quanto você parece estar imaginando. Não nos envolvemos de forma romântica.

- Claro que não. – disse Rin o fitando de maneira impaciente.

- É sério, Rin. – disse ele se aproximando de Rin e colocando uma mexa de cabelo para trás da orelha. – E foi só uma vez, antes de eu voltar para Toronto.

- Sexo de despedida? – perguntou revirando os olhos.

- Exatamente isso. – disse abrindo a geladeira e pegando algumas linguiças.

- Quem é a garota por quem você estava apaixonado? – Sesshoumaru a fitou como se ela fosse a pessoa mais idiota do mundo. Não, mais do que isso, ele pareceu realmente ofendido com a pergunta, como se Rin o tivesse atacado com uma faca.

Ele meneou a cabeça negativamente e pareceu buscar todo seu autocontrole meditativo e hipongo para não xingar. Rin ficou se perguntando se tinha falado demais. Talvez ele pensasse que Izayo contou só a parte da Ecovila. Rin esperava que ele não fosse tirar satisfação com a mulher depois.

– Desculpa, não é da minha conta. - Sesshoumaru pareceu ficar ainda mais irritado depois disso, ele a olhou de forma intensa, os olhos serrados e a expressão fechada como se ela tivesse dito uma grande ofensa a ele.

- Você não pode estar mesmo me perguntando isso, Rin. – disse o youkai abrindo novamente a geladeira. – Pode deixar que eu faço a janta.

- Desculpa, Sesshoumaru. – pediu Rin honestamente. Com certeza aquele era um assunto muito delicado para ele. Por dera! O homem teve depressão depois da serigaita trocá-lo por outro. Óbvio que era delicado. Ele tinha aquela possessividade youkai pela mulher. Ele tinha a escolhido, como disse Izayo. Ele a escolhera entre todas as mulheres do mundo e ela o rejeitará, o traiu e arrancou seu coração.

- Rin, só pare. – disse a fitando sério. – Você sabe muito bem.

Rin não compreendeu o que ele quis dizer. Ela queria perguntar do que ele estava falando, perguntar o que ela sabia, mas imaginou que ele ficaria mais estressado ainda com uma pergunta dessas.

Rin mordeu o lábio olhando para baixo, estava realmente arrependida de ter feito aquela pergunta. Ela já estava pensando em ir embora quando o youkai se aproximou dela e a abraçou forte, prendendo-a contra seu corpo.

- Eu só quero esquecer o passado. – disse se inclinando e sussurrando no ouvido dela. – Você acha que consegue deixar para trás? Poderia ao menos tentar?

- T-tudo bem. – disse sem saber o que fazer ou dizer. Sesshoumaru inspirou fundo e tocou seu rosto com delicadeza. Os olhos dele brilhavam enquanto mirava seus lábios. Por um momento Rin pensou que ele iria agarrá-la de novo, mas ele se afastou voltando a abrir a geladeira.

- Acho que tem algumas alfaces aqui para você lavar. – disse entregando uma sacola com as folhas a ela. – Quero ver se tem talento mesmo.

Rin sorriu pegando a sacola das mãos dele e o olhou preocupada. Do que ele estaria falando afinal de contas? Fosse o que fosse ela iria descobrir. 

 


Notas Finais


Hipóteses? Alguma suspeita agora que já sabem a versão da Rin?
asidohasidhoasi
Eu espero que tenham gostado do cap, sei que foi triste e não teve nada de fofis e romântico, mas era necessário para pontuarmos os acontecimentos.

Até mais!!

Não esqueçam de COMENTAR e FAVORITAR se estiverem gostando ^^


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