História I Have Loved Him - Prólogo-Frio

LAY POV

Acordei repentinamente com uma enorme dor, penetrando em minhas costas, e perseguindo um estranho e estreito caminho até o quadril.

Uma enorme poça de suor se formava ao pingar da minha nuca e em seguida molhar o travesseiro atras de mim.

Levantei apenas o tronco do meu corpo, ainda de olhos fechados para identificar de onde aquele incomodo havia se estabelecido.

Abri espaço entre meus livros e anotações que encontravam-se ainda espalhados por toda a cama e dei um breve suspiro.

Meus cabelos loiros, recentemente descoloridos, grudavam-se em grande parte da minha testa, conferindo a mim, um grande ar de decepcão.

Mas tudo aquilo, iria valer a pena.

"Eu iria fazer com que tudo valesse a pena."-Pensei.

Levantei com cuidado, fazendo questão de não amassar nenhum dos documentos que havia adquirido na biblioteca na noite anterior e me dirigi ao banheiro.

O banheiro, que na verdade era apenas uma velha e rudimentar estrutura de cimento, possuía uma pequena pia em um de seus arredores onde eu continuamente passava parte do meu tempo matinal.

O aluguel, ficara caro demais de uns tempos para cá, devo dizer.

Acredito que com as festas natalinas chegando ,conseguirei investir o máximo possível.

O natal era importante, importante demais.Simbolizava os 9 messes que antecediam o Convento.

E todo esse tempo de preparação, iria valer a pena.

Um antigo amigo meu era conhecido por dizer, tudo tem seu tempo.Então, passei a acreditar no mesmo.

Olhei-me no espelho.

Eu parecia exausto, acabado, mas aquilo me fez sorrir de maneira improvável.

"Será que estou ficando louco?"

Dei uma risada abafada, afastando aquele pensamento e tentei colocar os fios loiros de maneira arrumada, ao minimo apresentavel, mas como sempre, acabaram da mesma despojada maneira.

Saí de casa. O clima frio e agradavel de WonderWoods, me fazia bem.

Assim que saí do meu apartamento, pude perceber que o clima invadira minhas narinas em cheio.

O cheiro amargo e limpo, encontrava-se docilmente com a minha pele pálida fazendo pequenas cocegas, mas trazendo-me uma estranha e momentanea sensação de paz.

Eu gostava daquele lugar.Não me via longe dali.

Era estranho imaginar que daqui a alguns meses eu me encontraria a quilometros de WonderWoods.

Apesar de já acostumado com toda a adrenalina e constante mudança em toda a minha vida.Eu não poderia mentir, aquele lugar tinha um espaço especial em meu coracão.Sempre teria.

Eu andava lentamente, sem preocupações, e com a mente limpa.Ás vezes parava propositalmente para recuperar o folego ou apenas para observar mais de perto os pequenos detalhes da minha querida cidade enquanto desfrutava daquele clima incomum, e agradavel.

Cheguei na biblioteca estadual de WW por volta de duas da tarde.Encarei a placa metálica situada na frente do estabelecimento com as iniciais J.W, provavelmente fundador do local.

Sempre fui muito interessado por história.

Imaginei o início daquele lugar enquanto passava lentamente os dedos pela placa.

Tudo ali era tão bem conservado, que parecia passar-me uma sensação antiga porém, não ultrapassada.

Entrei na biblioteca e o ar quente fez com que os musculos do meu corpo, relaxassem como um todo.

Retirei o casaco e o coloquei pendurado perto do local de entrada.

Acenei e cumprimentei as secretárias do local que por incrível que pareça, pareciam ocupadas demais para retribuir o gesto.

Sentei-me na minha mesa, perto da janela, onde pequenas gotículas de agua escorriam vidro abaixo.

Por um tempo, fiquei as observando percorrer todo o vidro e logo depois pingar no chão.

Levantei-me num pulo ao sentir uma mão em meu ombro, mas pude acalmar-me um pouco ao perceber que era apenas Seungwan.

Seungwan era uma grande amiga minha.Nos conhecemos faz tempo, desde pequenos, presumo.E quando nos encontramos novamente em WonderWoods, ambos ficaram muito felizes com o reencontro.

Seungwan era bibliotecaria.E apesar de odiar ser chamada assim, e dizer que era uma secretária, ela era de fato,  uma bibliotecaria.Mas como disse, odiava ser entitulada assim.

Todos na biblioteca a conheciam por Wendy, como podia ler-se em seu crachá, mas eu gostava de chama-la de Seungwan, aquilo havia tornado-se natural entre nós:

—Tem certeza de que está bem aí?-Ela perguntou se aproximando da janela—Está bem frio lá fora.

Virei-me para ela e inventei uma resposta.

Eu adorava Seungwan, gostava mesmo, mas não precisava dela ou dessa conversa agora.

—Estou bem Gwan, juro.Não estou com frio ou algo do tipo, aqui está bom.Está tudo bem.

—Está querendo me enxotar?-Ela virou-se com um sorriso sugestivo.

Não respondi.

—Tudo bem, tudo bem.Deixarei você com seus livros, como preferir.Se quiser ajuda, sabe onde me encontrar.-Disse Seungwan.

Observei-a esquivar-se das mesas e sumir.

Por um instante senti-me mal.Não queria que ela se sentisse assim, mas eu a conhecia, e por incrível que pareça, tinha a leve certeza de que não estava chateada.

Levantei cuidadosamente me ocupando de não fazer barulho algum, e me dirigi a parte mais silenciosa da biblioteca.

A medida em que andava por aquele lugar, podia ouvir o som de meus sapatos ao encontrarem a velha madeira.

Procurei por um livro específico, porém quando não o achei , ocupei me de ler trechos perdidos de outros, e folhear alguns blocos de anotações sobre o assunto.

Eu possuia inúmeras informações, mas não estava preparado.Sabia disso.

Fazia tempo que eu vinha me preparando para o Convento, mas de uns meses para cá, tudo havia se tornado tão intenso que a idéia pouco se passava pela minha cabeça.

Pensei em perguntar algo a Seungwan, mas descartei a ideia logo em seguida.

Nunca havia contado a ninguém sobre aquilo.

Saber que Seungwan seria a primeira pessoa a saber, me aliviava, mas também me desesperava.

Fui tirado de meu ponderar pelo baixo toque do celular em meu bolso de couro.

Segurei o celular em uma das mãos enquanto fechava o livro com a outra.

Na tela do celular, estava a esperar-me, uma inesperada mensagem que fez-me bloquear e desbloquear o aparelho para verificar se aquilo era mesmo veridico.

Soltei o livro no ato, enquanto tentava rapidamente diferenciar meu casaco dos outros.

Saí sem despedir me de SeungWan.

Meus olhos estavam cegos pela intensa claridade repentina e meu estomago estava revirando-se, apoiei-me no velho portão da biblioteca enquanto tentava recuperar o meu equilíbrio.

Aquilo havia acabado comigo.

Aquela mensagem.

Aquela lembrança.

Havia me desequilíbrado.

E eu podia declarar, com todas as letras, que eu estava entregue.

Ou que talvez, eu mesmo, havia me entregado.