História I Have To Go - Don't Worry, I'm Here

Angeline Dolan 

-Angel... - Shawn me chamou pelo apelido, fazendo com que eu levantasse a cabeça, encarando seu rosto. Ele se aproximou e segurou meu rosto. - Eu não fiz isso porque eu quis, eu fiz contra a vontade do meu coração, eu agi com a cabeça. Eu agi com medo, medo de sofrer com a distância, medo de não aguentar a saudade, doía conversar com você pelo telefone e na hora de dizer tchau, não poder te dar um abraço. - Meu coração se apertou, eu senti a dor dele, e no fundo, eu entendia o por quê disso mas a raiva nunca deixou que eu o olhasse com o meu amigo, como o meu Shawn. - Me desculpa, por favor. 

-Essa sua pose não é de quem pede desculpas. - Falei, controlando um sorriso mas foi impossível quando ele sorriu, tímido. Ele continua o mesmo. - Tudo bem. - Sorri, olhando para os meus dedos enlaçados uns nos outros. - Não me deixa de novo. - Supliquei, baixo e trêmula, minha voz já não queria sair, eu estava segurando o choro preso na garganta. Shawn colocou o indicador no meu queixo e o levantou, fazendo nossos olhos se cruzarem e encaixarem numa perfeita órbita. 

-Nunca mais. - Ele sussurrou e eu pus meu corpo um pouco para frente, deixando nossos corpos ainda mais próximos. Foi impossível não levar o olhar para seus lábios, que ele umedeceu, deixando-os ainda mais convidativos. Sua mão encaixou perfeitamente na minha bochecha, acariciando-a levemente, me fazendo ter inúmeras sensações diferentes, eu estava confusa mas era uma confusão boa, eu gostava e queria mais. Segurei na sua mão em meu rosto, acariciando seus dedos e novamente, ele passou a língua pelos lábios. 

Eu queria beijá-lo e provavelmente isso estava escrito na minha testa, já que Shawn olhou rapidamente para os meus lábios e voltou para os meus olhos, como se implorasse por um beijo. Coloquei uma das minhas pernas em cima da sua e coloquei a mão em sua nuca, passando a unha ali lentamente, acariciando aquela extensão e sentindo Shawn se arrepiar com aquele simples toque meu. Eu comemorava internamente quando percebi que o tinha na minha mão, novamente. 

Assim como ele me tinha. 

Prendi o olhar em seus lábios, em sinal para que ele tomasse iniciativa e me beijasse, e quando finalmente senti seu rosto se aproximar do meu, a porta foi aberta brutalmente e num pulo, nós nos separamos. 

-Opa, atrapalhamos alguma coisa? - Grayson perguntou, entrando logo atrás de Ethan, encarei-os como se fosse óbvio mas Shawn logo tratou de negar, com o rosto completamente corado. 

Era o meu Shawn. 

-Claro que não, manés. - Ele disse e eu me encostei na parede, controlando o riso. 

-Então, você está bem? - Ethan perguntou, se sentando na minha frente e eu assenti. 

-E esses machucados? - Grayson passou a mão pela minha perna e eu dei de ombros. - Eu não quero você próxima dele, entendeu Angeline?

-Entendi, papai. - Falei e ele riu, se levantando logo em seguida. 

-Agora vamos. - Ethan puxou Grayson pela gola da camisa e antes de ele tentar falar algo, Ethan tratou de jogá-lo para fora do quarto e trancar a porta. Ri fraco e me sentei na ponta da cama, de frente para o Shawn, que estava encostado na cabeceira. 

-Você ia me beijar. - Ele disse, com o olhar fixo na parede. 

-Ia. - Respondi rapidamente. - Eu esqueci da Bethany.

-Bethany? - Ele me olhou confuso e eu ri, jogando o travesseiro em seu rosto. 

-Sua namorada, imbecil. - Ele riu e revirou os olhos. - Parece que você não gosta muito dela. - Ele deu de ombros. - E por que ainda está com ela? 

-Talvez seja o medo de ficar sozinho. - Ri fraco ao saber que não sou a única que namora uma pessoa por esse mesmo medo. - Você ia me beijar. - Ele repetiu, ainda olhando fixamente para a parede e eu ri. 

-Ia. - Respondi e ele mordeu levemente o lábio inferior. Se ele me provocar novamente, eu juro que aperto o botão do foda-se e agarro ele agora mesmo. 

Meu Deus, o que eu estou fazendo? Há alguns minutos eu alimentava dentro de mim um ódio mortal e agora estou morrendo de vontade de atacar esses lábios maravilhosos. Ok, eu sou mesmo bipolar. Passei as mãos pelo cabelo e voltei a encarar Shawn que brincava com seus dedos. E novamente, ele passou a língua pelos lábios e eu pressionei meus dedos, ele estava de brincadeira com a minha cara mas essa brincadeira ia acabar agora. 

-Foda-se a Bethany. - Falei baixo, atraindo seu olhar e uni todas as minhas forças para puxar seu corpo pesado para perto do meu e quando ele estava deitado e próximo o suficiente, pus uma perna de cada lado do seu corpo e antes de ele protestar, esmaguei meus lábios nos seus. 

Sem muita demora, Shawn pediu passagem com a língua e sem hesitar, eu deixei, fazendo com que ela encontrasse a minha e se enlaçassem num beijo perfeito, quente e urgente. Shawn segurou na minha cintura e sem separar nossos lábios, ele se sentou, me deixando em seu colo. Suas mãos passeavam livremente pelas minhas costas, enquanto as minhas se perdiam em seus cabelos macios. Shawn separou nossos lábios e desceu pequenos e molhados beijos pela minha mandíbula até o meu pescoço, onde ele deixou um pequeno chupão que eu rezei mentalmente para que não ficasse marcado. Me movi lentamente em seu colo, fazendo com que ele apertasse a minha cintura. 

Segurei em seus cabelos, puxando-o para mim e colei nossos lábios novamente. Mordi seu lábio inferior e revirei os olhos, quando ouvi uma música irritante vindo do seu bolso. Shawn puxou meu rosto para próximo do seu, beijando-me novamente mas eu estava ficando estressada com aquela música tocando. 

-Atende isso. - Pedi, cruzando meus braços ainda em seu colo. Ele riu e pegou o celular no bolso com dificuldade, revirando os olhos quando olhou para o visor. 

-Oi, Bethany. - Revirei os olhos novamente e me mantive de braços cruzados. Shawn passou a mão no cabelo e a colocou na minha cintura em seguida. Encostei-me em seu corpo, apoiando a cabeça em seu ombro, ouvindo de longe a voz fina e irritante de Bethany. - Estou dando uma volta... Não importa, Bethany.... - E foi aí que eu resolvi me aproveitar da situação. Passei levemente a língua na parte descoberta do seu ombro, indo na direção do seu pescoço e a mão firme de Shawn apertou a minha cintura. - Eu não vou agora... Eu não estou nem aí, Bethany... A culpa não é minha se os garotos não gostam de você. - Ri fraco contra o seu pescoço mas me concentrei novamente. Mordi o lóbulo da sua orelha e ele estremeceu. - N-não, eu não vou... Tá... Tchau. Tchau, Bethany mas que caralho. - Ele disse, irritado e desligou o telefone, jogando-o na minha cama. 

Surpreendendo-me, Shawn segurou na minha cintura e brutalmente, me jogou na cama, fazendo com que nossos rostos ficassem a milímetros de distâncias, nossas respirações já eram uma, nossos  olhos não se desgrudaram, e nossos lábios estavam sedentos. 

Meu Deus, o que está acontecendo nesse quarto? 

Sua mão quente entrou em contato com a minha coxa, onde ele apertou forte, me fazendo arfar e sem que eu percebesse, ele já atacava meu pescoço, chupando-o e beijando-o me fazendo ter um turbilhão de sensações que eu nunca imaginei sentir na vida. Levantei um pouco minhas pernas para enlaçar a cintura de Shawn mas fui impedida por uma dor insuportável causada pelos três ou quatro socos que Sam deu. Meus olhos imediatamente se encheram de lágrimas, doía demais, Sam era forte e não sabia pôr limites. Soltei um gemido baixo e doloroso, que fez Shawn parar e me olhar confuso. 

-Minhas pernas... - Sussurrei e ele se sentou. 

-Eu vou matar esse filho da puta. - Shawn se levantou e deu um soco forte na parede, fazendo eu dar um pulo de susto. Ele andava de um lado para o outro e a sua expressão tinha mudado de desejo incontrolável para ódio profundo. Suas veias do pescoço estavam saltadas, o maxilar travado e por mais que isso fosse extremamente sexy, estava me deixando assustada, não por ter medo de ele fazer algo comigo - eu sei que ele jamais me machucaria - mas sim, pelo que ele poderia fazer com Sam, ou vice-versa. Me sentei com dificuldade enquanto ele continuava andando e brutalmente, ele chutou a minha cadeira, derrubando-a. Fechei os olhos, pressionando-os, deixando todas as lágrimas presas caírem e escorrerem pelo meu rosto. 

-Shawn, por favor, se acalma. - Supliquei e ele parou, me encarando sério.- Você está me assustando. -E realmente estava me assustando, eu nunca tinha visto Shawn daquela maneira. Sua expressão suavizou e ele andou até mim, se sentando do meu lado. 

-Desculpa. - Ele sussurrou, olhando para baixo e eu levantei seu queixo, fazendo nossos olhos se encontrarem. - Eu não quero que ele te machuque de novo.

-Ele não vai. - Falei, confiante e ele sorriu, fraco. 

-Vem cá. - Ele se encostou na cabeceira e me puxou para o seu colo. Encostei a cabeça em seu ombro e fechei os olhos, sentindo sua mãos acariciar minhas costas, enquanto a outra segurava firme as minhas pernas. 

Eu me sentia, finalmente, protegida. 

Shawn Mendes

Ela parecia um anjo. Eu tinha seu pequeno corpo em meus braços, encolhido e frágil. Ela mantinha os olhos fechados e eu apostava todas as minhas fichas de que, provavelmente, ela já estava dormindo. Angeline envolveu meu pescoço, se aconchegando em meu colo e eu sorri, dando um leve beijo na sua testa. Seus lábios pequenos já estavam entreabertos e ela respirava suavemente, me mostrando e confirmando que sim, ela já estava dormindo. Angeline estava cansada, machucada psicológicamente e fisicamente, ela precisava descansar e eu, infelizmente, não podia ficar aqui. Se eu pudesse, ficaria aqui a admirando. É surreal como ela consegue ficar ainda mais bonita enquanto dorme. Me levantei e coloquei seu corpo na cama, delicadamente, tomando cuidado para que ela não acorde. Tentei me afastar mas ela segurou no meu pescoço, me impedindo de sair. Me aproximei do seu rosto e lhe dei um selinho, ela sorriu fraco e me soltou, encolhendo-se na cama. 

Andei pelo seu quarto, procurando um caderno e rapidamente, escrevi um recado, deixando-o sobre o criado mudo. Olhei-a mais uma vez, me tranquilizando ao vê-la dormindo serenamente e completamente segura. 

Saí do quarto e desci as escadas, me deparando com os gêmeos sentados na sala, que me olharam maliciosamente. Ri fraco e mostrei o dedo do meio. 

-Como ela está? - Grayson perguntou, preocupado e os dois levantaram. 

-Agora ela está dormindo mas suas pernas estão doendo muito. - Falei, passando as mãos pelos cabelos. - Eu tenho que ir, a Bethany não para de me ligar e eu tenho que dar um jeito nela. 

-Pode deixar que nós cuidamos da Angeline. - Eles falaram e eu assenti, saindo logo depois de cumprimentá-los. 

Eu estava me sentindo leve. Feliz, radiante, completo ou qualquer adjetivo que represente algo semelhante a felicidade incontrolável que eu estava sentindo no momento. E nem a Bethany, o Sam ou qualquer outro filho da puta conseguiria estragar isso. Com o Samuel eu me resolvo depois. Andei até a moto, dando mais uma olhada para a janela do quarto de Angeline. 

*

-Onde você estava? - Aquela voz irritante e fina de Bethany invadiu meus ouvidos assim que eu abri a porta de casa. Sem responder, andei até a cozinha, encontrando os garotos comendo e rindo. 

-E aí, gente. - Eles sorriram, me cumprimentando em seguida e eu me sentei ao lado de Nash. 

-Shawn Mendes, venha aqui. - Bethany parou na porta e cruzou os braços. Olhei-a rapidamente e sorri, fraco. Os garotos já estavam em silêncio e eu ri da expressão de Matt que nos olhava com a expectativa de rolar uma enorme treta ali. Me levantei e segurei forte o braço de Bethany, puxando-a para a sala. - Onde você estava? - Ela perguntou novamente e eu ri. 

-Eu estava por aí, Bethany. Que inferno! - Gritei. - Eu estava andando por aí. 

-Andando por aí na casa daquela vagabunda? - Ela perguntou e eu me aproximei dela, empurrando seu corpo contra a parede. - Se ofendeu por quê, bebê? - Apertei seus pulsos e ela mordeu o lábio, controlando um gemido de dor. 

-Nunca mais xingue a Angeline. - Falei, entredentes. - Entendeu? - Ela continuou me olhando, dessa vez com expressão de medo. - Entendeu, Bethany? - Ela assentiu e eu a soltei. 

-Você estava com ela ou não? - Ela perguntou e eu assenti. 

-Estava. Eu estava com ela mas não rolou nada! - Respondi, antes de ela me questionar. - Nós apenas nos acertamos, continuamos amigos. - Falei, fazendo o máximo para controlar um sorriso e ela deu de ombros. 

-Ótimo porque se ela atormentar o meu namoro - ela disse, enquanto se aproximava de mim -, eu juro pra você que faço da vida dela um inferno. - Segurei novamente em seu braço, puxando-a. 

-Você não vai fazer nada com ela. Bethany, você sabe do que eu sou capaz, não sabe? - Ela assentiu. - Ótimo. Se faltar algum fio dos cabelos pretos da Angeline, eu acabo com você. 

-Nem parece que você namora comigo. - Ela disse, se soltando. 

-Eu não namoro, eu te suporto. Você me persegue, eu não posso fazer nada por você. - Falei, dando de ombros. - Se não estiver aguentando, pode ir embora, eu ficarei agradecido. 

-Eu amo você, Shawn. - Ela me puxou e segurou meu rosto. 

-Você devia se amar primeiro. - Respondi, seco. - Mas não, você prefere ficar aqui aturando o ódio dos meus amigos e o meu desprezo. Você prefere se humilhar pra ter o que você quer. - Seus olhos se encheram d'água e eu me afastei. - Eu te disse, desde o ínicio eu te falei que não seria capaz de amar outra pessoa. - Passei as mãos pelos cabelos. - Mas você insiste, então aguente. São apenas consequências. - Virei as costas e me direcionei para a cozinha, me sentando novamente ao lado de Nash. 

-Ué, cadê a gritaria? - Taylor perguntou e eu ri. - É sério, eu quero ver sangue. 

-Vai dormir, Taylor. - Pedi, rindo e ele deu de ombros, se levantando. 

-Vou mesmo. Tchau, gente. - Ele disse, saindo da cozinha e subiu as escadas correndo. Balancei a cabeça negativamente e sorri. 

-E esse sorriso idiota aí, Shawn? - Jacob perguntou e eu dei de ombros. - Nem vem, aconteceu alguma coisa e você não está sabendo disfarçar. 

-Espera, espera. - Carter se aproximou e todos nós ficamos mais próximos praticamente em cima da mesa, numa rodinha privada. - Foi aquela Angeline, não foi? - Assenti e eles começaram a gritar, comemorando, enquanto eu ria, fraco. 

-Vocês são uns babacas mesmo. - Falei, olhando timidamente para os meus dedos. 

-O que eu perdi? - Taylor apareceu correndo e nós voltamos a rir da sua cara amassada e desesperada. 

-Zayumm, you gotta bae? - Cameron gritou e nós nos levantamos, olhando para a câmera. 

-Or nah! - Falamos em uníssono. 

-You tryna date? 

-Or nah! - Gritamos enquanto fazíamos umas dancinhas ridículas. Eles são babacas mas são meus melhores amigos e só com eles, eu poderia voltar a ser um adolescente normal. 

-Crianças... - A voz de Bethany soou pelo ambiente quando nos sentamos novamente e todos nós reviramos os olhos. 

-Quem é essa aí? - Aaron perguntou, apontando para Bethany e nós rimos. 

-O que vocês fizeram com ela dessa vez? - Mahogany perguntou, entrando na cozinha e nós demos de ombro. 

-Eu não fiz nada. - Falei e Nash se levantou, indo até Mahogany e falando algo em seu ouvindo, que provavelmente é sobre Angeline já que ela me lançou um olhar malicioso e logo depois eles voltaram a gritar. 

-Gente, alguém me explica o que está acontecendo nessa casa? - Taylor perguntou, ainda sem entender e nós rimos.