Ichigo
- Espere! –gritei sem pensar.
Rukia parou de subir os degraus da escada e me olhou confusa.
Tentei pensar no motivo que me fez para-la e falei a primeira coisa que veio em minha cabeça.
-Acho que precisamos conversar e não podemos adiar. –A fitei sério.
-E você resolveu que quer conversar justo agora? Sério Ichigo?
Assenti com a cabeça sem dizer uma única palavra.
Ela suspirou se dando por vencida, desceu dois degraus parando para vasculhar sua pequena bolsa e atender o celular.
-Oi Hime!
Permaneci com as mãos nos bolsos olhando para ela.
-Você pode me falar outra hora? ... - Estou em frente ao nosso apartamento... Com o Ichigo.
Olhou-me e abaixou seus olhos para o restante dos degraus descendo lentamente.
-Eu preciso falar com você justamente disso, mas essa não é uma boa hora eu preciso desligar, prometo que assim que possível eu ligo para você.
Franzi o cenho ao escutar aquilo. Qual era o assunto que ela precisava falar com a ruiva? Tentei não deduzir que seria algo relacionado a encurtar ainda mais a estadia em minha casa.
-A noite, beijos se cuida. –finalizou.
À noite? Ela ainda estava pensando em voltar? Se dependesse dele, ela não dormiria fora de casa. (Mesmo que fosse dormir no apartamento que dividia com a amiga).
-E então o que quer conversar comigo? –perguntou se colocando em minha frente.
Permaneci calado por um minuto completo e abri a porta do carro para ela.
-Vamos conversar em um lugar apropriado? –pedi.
Era a segunda vez que ela (em menos de cinco minutos) suspirava para mim. Esperei Rukia entrar e fechei a porta e aproveitei enquanto eu dava a volta no carro para pensar onde eu a levaria.
-Coloque o cinto! –ordenei e a vi bufar em frustração.
-Vamos logo que não tenho todo o tempo do mundo, ainda preciso trabalhar! –reclamou.
Sinto o couro do volante em minhas mãos e arranco com o carro em uma velocidade considerável.
De canto de olho observei a morena ao meu lado se remexer inquieta evitando me olhar. Aquilo me irritou e decidi quebrar aquele silêncio ensurdecedor.
-O que está te incomodado? –perguntei parando o carro em um sinal vermelho.
-Não é nada. Por que acha que têm algo me incomodando?
-Você ficou estranha de repente. –respondi.
-Isso é coisa da sua cabeça, apenas fale logo o que quer falar e não me faça perder tempo. –cruzou os braços sobre o peito emburrada.
Ergui a sobrancelha e a fitei incrédulo.
Repassei todos os acontecimentos daquela tarde e nada me pareceu justificar aquele mau humor da morena ao meu lado.
Desviei minha atenção dela e continuei dirigindo quando o sinal ficou verde.
-Antes de tudo temos que melhorar essa sua cara ranzinza, não acho que você está em condições de ter uma conversa saudável sem me matar.
-Você está exagerando. Sabe disse né?
Sorri e dei seta para entrar a direita, chegando em poucos minutos ao melhor restaurante da cidade. Soltei o cinto de segurança e me apressei a sair.
-O que você ainda está fazendo aí? Vamos! –abri a porta e a encarei.
-Valeu, mas não estou a fim de gastar meu rico dinheirinho em um restaurante caro como da última vez.
Respirei buscando em meio ao ar paciência.
Ela fez bico ao me encarar e dei uma risadinha quando ela saltou do carro apertando a alça de sua bolsa a tiracolo.
-O jantar é por minha conta. –comento me afastando.
-Ei me espera!
Dou mais um sorriso vitorioso e desacelero meus passos para que ela me alcance.
-Sendo assim, vamos comer! –comemorou animada agarrando meu braço.
Ignoro o efeito que aquele toque inocente provoca em mim. Assim que entramos meu braço é completamente ignorado e agora o atendente tem toda atenção da morena.
Fiquei alguns segundos olhando para o terno amassado com as marcas de seus dedos, sorrio colocando as mãos nos bolsos e caminho para a mesa indicada.
-Uau! Tem tanta coisa gostosa aqui, mas eu vou ficar com a boa e velha carne e você Ichigo?
-Quero o mesmo que você. –respondi.
O garçom colheu nossos pedidos e não demorou muito para que o bife com molho de madeira chegasse a nossa mesa. Coloquei um pouco de vinho de origem francesa em sua taça e esperei ela provar.
- Vinho Tinto Chateau Cheval Blanc e é da safra de 2001. –falou girando o líquido no copo para depois cheirar e beber.
-Estou impressionado com o seu conhecimento sobre vinhos. –comentei.
-Acredite meu irmão tem uma adega embaixo da cozinha, eu ia para lá escondida com a Orihime e saíamos bêbadas depois de esvaziarmos algumas garrafas que valiam mais do que nossas vidas.
-Acredito que seu irmão nem percebeu que elas sumiram.
-Tenho minhas dúvidas. Aqui prove isso.
Antes que eu pudesse negar, minha boca é invadida com um pedaço extremamente grande de pão com carne.
-Guxtuso nu é? –perguntou de boca cheia.
Tentei mastigar e realmente aquela mistura de pão com molho e carne, dava uma sensação boa no paladar.
-Você deveria experimentar outras formas de comer carne, posso te mostrar um milhão de maneiras que você pode provar.
Engoli e concordei.
-Mas ainda prefiro comer bife da maneira tradicional.
Peguei o garfo e a faca e cortei um pedaço da carne suculenta, mostrando para ela a forma correta de se comer aquele tipo de comida em um restaurante.
-Sem graça. –falou antes de levar a taça aos lábios.
***
Nosso jantar foi tranquilo e divertido. Fiz uma nota mental de sempre alimentá-la quando ela estivesse de mau humor.
Olhei para a baixinha que estava feliz tomando seu sundae de morango e sorri orgulhoso.
-A conta, por favor! –pedi ao garçom.
-Prometo que assim que receber meu salário te levo em um lugar legal.
Assenti e paguei a conta me levantando assim que percebi que ela havia terminado sua sobremesa.
-Vamos!
Saímos do estabelecimento em direção ao meu carro e abri a porta para que ela pudesse entrar.
-O que deu em você? Algum espírito te possuiu para agir de uma hora pra outra como um cavalheiro?
Não consegui esconder minha expressão de aborrecimento com aquela pergunta.
-Só entre logo!
Ela sorriu presunçosamente e entrou.
Bati a porta do carro frustrado, como aquela baixinha tinha o poder de me irritar.
-Pra onde vamos agora? Ainda tenho muito tempo até o horário do trabalho. –perguntou.
-Você não tem que ir para a faculdade?
-Hoje não tenho aulas, mas acho que você tem razão eu deveria usar esse tempo para estudar com o Kaien para as provas.
Nem ferrando que eu ia deixá-la sozinha com aquele cara.
-Preciso resolver algumas coisas em casa, você pode estudar um pouco lá e depois te levo para o trabalho que tal? –sugeri.
-Hum... Não sei, ainda acho que eu devia ir para a facu...
-Ainda não conversamos. –interrompi.
Rukia suspirou e se endireitou no banco.
-Não sei o que tanto você quer conversar.
-Não vamos ter essa conversa aqui. –alertei saindo com o carro do estacionamento.
O restante do caminho até minha casa fizemos em silêncio. Por todo o percurso pensei em várias formas de abordar aquele assunto nada fácil de começar.
***
Entramos na sala principal da minha casa e puxei Rukia pelo braço a sentando no banco do piano.
-Pensei que esse lugar eu não poderia pisar, mas é a segunda vez que você me puxa para cá.
-Esquece isso você já quebrou todas as regras essa é a de menos.
-Ok! Então vamos começar essa conversa discutindo. Primeiramente eu não quis quebrar nenhuma dessas regras estúpidas e segundo eu não estou a fim de conversar sobre o assunto que você quer conversar. –falou se levantando.
A segurei pelos ombros e a forcei a se sentar novamente.
-Não era assim que eu queria começar, mas você complica tudo. ´
-Então não comece e me deixe ir para o quarto. –pediu.
Suspirei pesadamente e olhei em seus olhos.
-Eu não sei exatamente o que sinto por você, você me deixa louco em todos os sentidos. Estar com você é como ir do céu ao inferno em poucos minutos e ainda me sobra duvidas do por que eu me importo com isso.
-Ichigo, eu sei que toda essa situação te deixou confuso, pense! Nos conhecemos de uma forma inusitada, tudo que eu pensei sobre você estava errado e depois ainda tem esse programa que nos forçou a conviver juntos.
-Isso não explica a maneira como nos comportamos recentemente, eu... – engoli em seco.
-Quase me levou para a cama? –completou. –Não acho que deva se preocupar muito com isso, somos jovens e os hormônios estão ativos e pra facilitar estamos sozinhos em uma casa.
-Não tente amenizar as coisas. –pedi.
-Não estou amenizando, aconteceria com qualquer uma que estivesse com você nessa situação, você só deu azar de ser eu.
Sentei-me ao seu lado, tendo a certeza de que eu não agiria daquela forma com qualquer uma.
-Me desculpa se passei dos limites com você, eu não quis me aproveitar da nossa condição.
-Não se sinta culpado, não é como tivesse agido sozinho... Eu estou subindo quer que eu prepare algo para comer mais tarde? Como eu te falei não vou voltar hoje.
-Não mude de assunto! Eu quero saber seus sentimentos verdadeiros em relação a mim.
-Não sei o que dizer. Você quer saber se eu quis que você transasse comigo? –perguntou passando a alça da sua bolsa pela cabeça.
-Você realmente quis transar comigo? É isso? Então por que me perguntou se eu a amava?
Ela remexeu o cabelo parecendo perturbada com minha pergunta.
-Não faço ideia. Vamos dar esse assunto por encerrado e esquecer.
-Impossível! –me ouvi exclamar.
Eu não estava convencido de que aquele assunto estava acabado e não tinha entendido nada, tinha tantas perguntas, mas não conseguia formula-las em minha mente.
-Estou cansada, depois conversamos. –se levantou com pressa.
A puxei pelo braço antes que ela pudesse fugir de mim.
-Ainda não!
Senti seu corpo se retesar com a proximidade que estávamos e sua respiração acelerada bater em meu rosto.
-Ichigo o que está fazendo? –me perguntou antes de fechar os olhos para aceitar meus lábios.
A beijei de forma casta. Delicadamente a pressionei junto ao meu peito sentindo seu corpo pequeno e quente.
-Eu só tenho a certeza de uma coisa. –falei ao me separar de seus lábios. - Que eu te quero como um alcoólatra quer sua bebida todos os dias, como um fumante que anseia por seu cigarro, como um viciado que não consegue vencer seu vicio.
-Você fala como se eu fosse uma substância nociva e você um dependente químico.
-Você está certa, eu não deveria ficar viciado em você. –suspirei.
-Serei como uma droga que o efeito passará em algumas horas. Apenas isso. –sua voz soou extremamente sexy em meus ouvidos.
Sua língua estava quente ao deslizar pelos meus lábios me atiçando. Tomei sua boca e desfiz o nó do seu sobretudo o deixando cair ao nossos pés.
-Você é tão linda! –digo ao me sentar e obsevar como aquele vestido a deixava maravilhosa.
Rukia se apoiou em meus ombros e sentou em meu colo com cada perna ao lado do meu corpo, aproveitei para deslizar minhas mãos por elas e subir para seus quadris e segurar seu rosto para beija-la ferozmente.
Ela sem tirar sua boca da minha se livrou do meu terno e começou a desabotoar os botões da minha camisa social. Eu já estava louco e quando ela arranhou meu abdômen com suas unhas segurei em suas coxas e me levantei com ela a deitando sobre o tampo do piano.
Deslizei minha língua em seu pescoço e chupei aquela pele sensível a fazendo se arrepiar. Admirei seus mamilos sendo desenhados sob o tecido do vestido e os circulei com a língua. Passeei meus dedos desde a sua panturrilha até seu bumbum o apertando por baixo do vestido, parei de sugar seus mamilos por sobre o tecido e o abaixei deixando seus seios empinados ao meu dispor. O coloquei inteiro na boca e arranhei com os dentes até chegar ao bico e o mordi o sugando em seguida.
Rukia arqueou o corpo e passou os dedos entre meus cabelos e em meu rosto quando eu olhei para ela.
Busquei aprovação em sua expressão e ela sorriu para mim.
Agarrei a barra de seu vestido o puxando para cima revelando uma calcinha branca, ela se sentou terminando de tirá-lo. Eu estava sem ar de vê-la daquela forma, uma deusa sentada em cima do meu piano.
Seus dedos gentis puxaram meu queixo e seus lábios me beijaram de uma forma lenta e apaixonante. Eu nunca tinha sido beijado daquela forma antes e algo confortável e feliz aqueceu meu coração formulando a frase que daria sentido a todo aquele sentimento.
-Eu te... –fui interrompido quando sua boca mordeu meu pescoço arrancando um gemido do fundo da minha garganta.
- Apenas me beije.
Meu membro doía e pulsava na calça apertada demais. Desafivelei o cinto e desabotoei abaixando o zíper. Chutei a calça para o lado e agarrei os dois lados de sua calcinha a deslizando pelas pernas.
Beijei o interior de suas coxas e subi com a língua desfrutando a suavidade daquela pele aveludada.
-Ichigo! –falou em um longo sussurro sedutor.
Ela estava extremamente molhada, minha língua deslizava a provocando enquanto meus dedos apertavam seu mamilo o enrijecendo.
A beijei no seu ponto mais sensível e suguei a fazendo agarrar meus cabelos e apertar suas pernas em meus ombros, a sala logo foi preenchida por seus gemidos e minha respiração acelerada denunciava o quanto eu a queria urgentemente.
Afastei-me para observa-la completamente entregue a mim. Seus olhos queimavam e suas bochechas estavam em um tom carmesim o que me deixou bastante orgulhoso.
Tirei sua franja dos seus olhos e a beijei na testa sentindo o quanto ela estava quente. Rukia me abraçou e fechei meus olhos para apreciar sua língua deslizar pelo meu abdômen, seus dedos apertavam minhas costas me fazendo latejar ainda mais na boxer preta que eu usava.
A empurrei gentilmente sobre o piano fazendo a deitar e livrei meu membro da ultima peça de roupa separando suas pernas e me posicionei para penetra-la. Com um movimento dos quadris senti a ponta da minha ereção a invadir forçando-a a se abrir, eu era grande para ela o que tornava o ato um pouco desconfortável. Tentei fazê-la relaxar o máximo distribuindo beijos acariciando seus seios a beijando. Segurei em seus pulsos quando ela tentou me empurrar e com a outra mão acariciei suas bochechas limpando as lágrimas de suas têmporas.
-Vai passar eu prometo.
Cerrei o maxilar contendo a vontade de me movimentar dentro dela. Tentei pensar em qualquer coisa para não acabar gozando.
-Você é tão apertada. –gemi ao me enterrar mais dentro dela.
Senti seus músculos internos me apertarem e cerrei os olhos com força. Aos poucos Rukia se movimentava me dando prazer sem ao menos me mexer. Lentamente. Seus gemidos enlouquecedores me excitavam.
Impulsionei os quadris a fazendo abrir mais as pernas. Ela estava tão molhada que meu membro deslizou ainda mais. Senti suas unhas arranharem minhas costas de leve o que me deixou louco para me movimentar com mais força.
Assim que percebi que não estava a machucando me movimentei e fui aumentando a velocidade aos poucos. Suas pernas envolveram a minha cintura e a segurei pelos quadris a estocando com mais força. O barulho do piano rangendo no chão e o cheiro de flores exóticas me arruinavam por completo. Eu a queria não só agora, não por uma noite. Eu a queria para sempre em minha casa, em minha cama em minha vida.
-Rukia...
Suor pingava de meus cabelos e sentia ela me apertar cada vez mais. Eu não ia aguentar aquela tortura prazerosa.
-Eu vou... –não consegui completar a frase.
Senti ela estremecer embaixo de mim e me derramei em espasmos dentro dela. Ela arfava e segurava meus ombros com força.
-Isso foi uma loucura. –falou por fim.
Loucura? Era o que ela estava fazendo comigo. Dando-me uma amostra daquilo que tiraria de mim.
-Você está bem? –perguntei ao me retirar dentro dela.
Ela assentiu e a peguei no colo, seus braços envolveram meu pescoço e fui para meu quarto subindo as escadas lentamente enquanto a beijava.
Liguei o chuveiro e aproveitei para pressioná-la contra a parede enquanto sentia meu membro se enrijecer.
***
Acordei no silêncio do meu quarto e procurei o interruptor do abajur clareando o quarto escuro. Eu estava sozinho. Passei a mão pelos meus cabelos me sentindo frustrado.
Afastei as cobertas e vesti um roupão e fui em direção ao quarto da morena. Como previsto ela não estava, procurei por toda a casa e voltei para meu quarto completamente chateado. Observei um pedaço de papel com algo escrito e o peguei para ler o amassando em seguida.
-Droga Rukia!
Procurei meu celular e liguei para ela várias vezes caindo na caixa postal, desisti e me joguei na cama exausto. Eu daria aquele tempo para ela, o que nos levava para a estaca zero que era fingir que nada aconteceu.
Fechei meus olhos e não demorou muito para adormecer novamente.
***
Acordei muito excitado.
As imagens tão quentes e reais em minha mente se dissipando e dando espaço para a realidade. Tateei a mesa do criado mudo e peguei o celular atendendo.
-Fala!
-Nossa é assim que trata seu priminho querido?
-Não estou de bom humor para suas piadas sem graça Uryuu. –rosnei.
-Tá, tá não quero te chatear só lembrando que amanhã vamos filmar no teatro municipal, e antes vamos ter uma aula de dança, se você não sacou o próximo desafio é um baile e espero que você e a Kuchiki se deem bem.
-Era isso? –perguntei impaciente.
-Ichigo... O que você faria para não magoar uma pessoa que você gosta muito, mas não importa o que faça vai acabar magoando de qualquer forma?
-Que pergunta é essa as... –Olhei para a hora. –Dez da manhã?
Era tão tarde assim?
-Só me responda!
-Sendo bem sincero eu não faria algo que a machucaria, mas como estamos falando de um ser egoísta como você é melhor você se afastar antes de fazê-la sofrer ainda mais.
-Não sei se consigo. Estou tentando a substituir, pois eu sei que não sou o melhor para ela, mas sinto que preciso dela cada vez mais.
-Isso é por que você é um canalha, se a quer não deveria apenas usa-la para depois substituí-la por outra garota que vai trazer benefícios para sua empresa.
-Não é bem assim...
-Bom é o que me parece. Você as usa, ilude e depois as trocam por outra que traga mais benefícios. Sempre foi assim desde criança.
Você está me pintando como um monstro, coisa essa que não sou.
-Que seja, estou atrasado para o trabalho, vá chorar suas pitangas nos ouvidos de outro que consiga te suportar.
-Você é tão insensível é por isso que não tem uma namorada de verdade, ninguém suportaria viver com você.
-Vá se ferrar! Você me liga e ainda tenho que aguentar suas ladainhas.
-Você está cada vez mais rabugento, quando ficar velho nem vou chegar perto.
-Amém!
Desliguei o celular impaciente e fui tomar banho.
Ainda podia sentir o cheiro da baixinha impregnado em meu corpo e não importava quantas vezes eu tomasse banho ainda assim não seria capaz de esquecer a sensação do seu corpo junto ao meu.
Abri a geladeira e reparei no prato de comida que ela não tinha nem tocado e me perguntei o que tinha dado nela para não comer.
Lembrava muito bem ela preparar o prato feliz e minha mãe questionar quem era aquela garota em minha casa vestindo pijamas infantis. Tive que encerrar a conversa e quando a olhei sabia que era uma má ideia levá-la comigo naquela reunião estúpida, aqueles idiotas iam cair matando em cima dela. Lembrar de como ela foi perfeita me deixava orgulhoso conseguiu calar a boca de todos e ainda saiu de queixo erguido eu não podia ter namorada melhor.
Sim! Minha primeira namorada, por mais que tenha sido de uma maneira estranha e inusitada, eu estava feliz.
A campainha tocou me fazendo fechar a porta da geladeira e caminhar pela casa parando para observar o piano. Um frio na barriga se instalou em mim e podia me ouvir dizendo àquela frase que ficou presa em minha garganta.
Eu a amava? Sim eu a amava. Era estranho amar alguém quando se nunca havia amado.
Amava minhas irmãs e meus pais, mas esse amor era diferente daquele que me queimava e me deixava entorpecido. Ela de fato havia se tornado minha droga e não me imaginava vivendo sem ela.
A campainha tocou novamente me fazendo voltar a mim. Atendo a porta e agradeci ao entregador assinando alguns papéis.
Deixei uma pilha de cartas sobre a mesinha de centro e observei o pacote direcionado para Rukia.
Subi as escadas parando ao perceber algo escorrer entre meus dedos.
Sangue? Não! Cheirei o liquido vermelho identificando se tratar de tinta. Voltei às escadas que subi e fui até a cozinha para pegar uma faca e abrir aquele pacote direcionado a minha pequena sentindo um aperto no coração.
Assim que abri a caixa estreitei meus olhos.
Quem havia mandado aquilo para ela? Procurei pelo remetente e não encontrei.
Apoiei-me na bancada e abaixei a cabeça para pensar com clareza. Estava nítido que aquilo se tratava de uma ameaça. Mas quem? E por quê? Agora mais do que tudo eu deveria ser cuidadoso.
Guardei aquela caixa no meu escritório, eu não deixaria que ela visse aquilo. E se acaso ela tivesse recebido uma caixa parecida com aquela? Lembranças do dia anterior se passaram em minha cabeça e lembrei-me do momento em que entrei no quarto dela.
Droga! Então era por isso que ela estava agindo daquela forma. Amaldiçoei-me internamente por não ter percebido.
Eu precisava pensar em algo. Peguei meu celular e toquei no número de Rukia rindo com o nome que havia colocado em seu contato (nanica) e desejei que ela me atendesse.
-Alô? –a voz sonolenta do outro lado da linha me tranquilizou.
-Oi! Bom dia!
Esperei por uns minutos antes de obter uma resposta.
-Bom dia!
-Dormiu bem? –perguntei.
-Huhum, desculpa não ter te retornado, estava no trabalho quando você me ligou e depois meu celular descarregou e estava tão cansada.
Sorri com essa ultima frase.
-Eu entendo. Vou te buscar no seu trabalho hoje me...
-Não precisa! Vou sair com a Hime então não precisa ir. –me interrompeu.
-Aonde vocês vão? –perguntei curioso.
-Você não precisa saber!
-Não chegue muito tarde e me avise que vou te buscar na mesma hora.
-Desde quando você ficou tão protetor? –perguntou.
-Só não chegue tarde em casa.
-Não posso prometer nada.
Juntei as sobrancelhas em frustração.
-Por favor, Rukia, faça como estou te pedindo e me ligue.
-Desculpe Kurosaki, mas você não manda em mim.
Apertei as têmporas em irritação.
- Venha. Para. Casa.
-Não sei.
-Não me faça ir até aí e te buscar.
-Você não faria isso. Aqui é minha casa.
-Esqueceu que temos um contrato? –a lembrei com desgosto.
-Não.
-Você vai vim direto para cá depois do seu encontro com sua amiga.
-Sim. –a ouvi resmungar baixinho.
-E só por curiosidade. Como o meu nome está salvo em seus contatos? –perguntei.
Esperei impaciente por sua resposta e olhei para a tela do celular para ver se a ligação não tinha caído.
-Rukia? –a chamei.
-Err... De Ichigo. –me respondeu.
Eu sabia que aquilo era mentira.
-Fico feliz que não tenha colocado nenhum nome estranho.
-Né! E você? –perguntou.
-Eu o quê?
-Como colocou meu nome?
-Vou te mostrar pessoalmente. –prometi.
-Só quero ver.
-O que vai fazer hoje? –perguntei.
-Estudar e estudar, faculdade e trabalho e depois sair com a Hime.
-Entendo, qualquer coisa me ligue imediatamente.
-Ta bom! Você já devia estar no trabalho.
-Eu sei, mas certa garota me desgastou ontem à noite.
-Não vamos falar sobre isso, por favor!
Suspirei pesadamente.
-Tudo bem farei como você quer... Por enquanto.
-Tchau Ichigo, bom trabalho!
-Tchau Rukia.
Deslizei o celular do ouvido e deixei meu braço pender.
Aquela seria uma longa estrada, mas primeiro uma coisa de cada vez.
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