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História I know he's married - Dra. Saton


Escrita por: mydarlingzayn

Notas do Autor


HOLA MIS AMORES!
Novamente obrigada pelos comentários e favoritos, vocês são FODAS!!
Espero que gostem.

Capítulo 10 - Dra. Saton


 

3 anos depois.

 

— Ai Mia! — Berrou meu paciente. Revirei os olhos. 

— Se você não parar de choramingar, não vai voltar a correr nem tão cedo — disse forçando a perna dele mais para cima. 

— Você pega muito pesado, vou voltar para o Eric — fez bico. 

— Sendo assim, espero que ele te deixe bom até o mundial mês que vem — para pagar pela sua língua forcei mais ainda a perna. 

— Porra! — Rosnou. — Ele ao menos é mais delicado que você.

— Então vai correndo para ele — pisquei estirando sua perna de volta e massageando os músculos para relaxarem.

— Odeio você por ser tão boa e chata — resmungou. Sorri. 

— Você me ama Dani, mas tem que superar isso — afastei-me o deixando sentar na maca forrada. 

— Adoraria que fosse me assistir em Edimburgo — meu sorriso aumentou enquanto seguia até o prancheta e preenchia os formulários. 

— Eu também adoraria ir, mas sabe como são ao coisas...estudante, sem dinheiro — fiz careta.

— E você sabe como são as coisas...atleta, iniciante — eu ri. — Mas e a pós-graduação, termina quando? 

— Essa semana, sexta-feira — havia uma pitada de orgulho na minha voz. O sorriso dele aumentou. 

— Então em poucos dias já poderei chamá-la de Doutora oficialmente? — Assenti.

— Poderá sim.

— Vou sentir falta quando sair daqui — mordi o lábio erguendo o rosto da prancheta.

— Quem disse que vou sair daqui? — Ele desceu da maca.

— Qual é Mia? Você é muito boa para continuar nessa clinica, mesmo ela sendo muito boa também, você merece mais — comprimi os lábios. — Droga! Eu vou ter que ficar com o Eric — levou as mãos ao rosto gemendo sôfrego. 

Eu ri. 

— Ele vai adorar passar as mãos nas suas coxas — provoquei fazendo uma cara sexy, então alguém bateu na porta. Me virei vendo Dylan, o enfermeiro, colocar a cabeça para dentro da porta. 

— Mia, o Dr. Lopez está lhe chamando na sala dele — meu corpo ficou levemente tenso.

— Tudo bem, estou indo — abaixei a prancheta e me virei para Dani. — Então, Daniel espero te ver novamente semana que vem — falei cordialmente, ele sorriu. 

— Até lá Dra. Saton. 

Entreguei a prancheta para Dylan e segui para a sala do Dr.Lopez, meus dedos se torcendo de nervoso e as mais suando. 

Bati na porta e esperei que alguém respondesse. Segundos depois ouvi um: 

— Entre — na sua voz de barítono.

Abri a porta e o vi atrás da mesa de mogno. Dr. Lopez era um dos professores mais renomados do país, responsável por toda a área de fisioterapia desportiva da faculdade e chefe da clinica. Ele era o Deus da fisioterapia, suas técnicas estão em vários livros e são extremamente atuais. E como eu sempre quis ir para essa área procurei ao máximo de me aproximar dele, sabia que ele tinha muito que me ensinar e se um dia precisasse pedir uma indicação, pediria para ele. 

— Bom dia, doutor. Queria falar comigo? — Falei parada na frente da porta. Ele ergueu os olhos dos papéis em suas mãos. 

— Sente-se, por favor — apontou para as cadeiras na frente da mesa. 

Sempre o achei muito novo para a fama que tinha, já que a maioria dos médicos só criam um nome quando já estão prestes a se aposentar. Seus cabelos negros tínhamos poucos fios prateados dos lados, não usava barba, o nariz era delgado e os olhos afiados como os de uma águia. 

Sentei-me na sua frente, colocando as mãos unidas sobre os joelhos. Ele se ajeitou na cadeira, curvando o corpo para frente. 

— Mia, você é uma das nossas alunas mais promissoras e devo admitir que depois que li seu projeto que conclusão tive mais certeza ainda de que seu futuro será brilhante — sorri, receber esse tipo de elogio vindo de alguém que admiro é uma honra. 

— Muito obrigada, doutor. 

— Bom, você sabe que eu costumo manter meu pupilos sempre por perto, no entanto, esta manhã recebi uma mensagem de um certo clube requisitando que eu indicasse alguém jovem e de potencial para o cargo de assistente em fisioterapia. Achei que seria perfeita para o trabalho.

Meu coração disparou. Quer dizer, ser nomeada como pupila já era incrível, mas ser indicada para algum trabalho por ele sem se quer pedir...isso era fenomenal. 

— Eu fico muito grata, mas que clube seria este? — Eu realmente estava empolgada. Ele deu um risinho.

— Acho que você já ouviu falar, Real Madrid Futebol Clube — quase engasguei. 

 

— O que? 

— Eu sei que seria uma mudança brusca, o trabalho muito mais intenso em um centro mais especializado. Mas é uma grande oportunidade, você estará trabalhando com os melhores do mundo e isso será um separador de águas da sua carreira. 

Eu não conseguia se quer expressar o que eu estava sentindo. Por anos eu quis trabalhar com a recuperação e acompanhamento de bailarinos em companhias de dança, no entanto quando vim aqui para Chicago fazer pós-graduação notei que aquele caminho não era para mim. Eu não conseguiria fazer esse trabalho, me lembrei de Mousar me dizer que eu devia ver a dança como libertação e prazer, não mais como trabalho. E ele estava certo.

Então fiquei um pouco perdida em que área desportiva queria seguir, existiam muitas opções e agora no final do curso tudo indicava — e eu estava rezando — que clinica me contratasse. Afinal aquele era um dos melhores centros de estudos e tratamento dos EUA. 

Não nego que nunca pensei em trabalhar em clubes de futebol, que dizer a maioria das pessoas que vem fazer fisioterapia desportiva tem esse sonho. Mas para mim sempre pareceu algo distante, até porque eu sabia do pente fino que eles passavam no mercado, só os melhores dos melhores trabalhavam para os grandes clubes. E nunca achei que poderia chegar perto disso. 

Prendendo o sorriso, ainda insegura questionei:

— Mas doutor, eles me aceitaram? 

— Claro, mandei alguns de seus trabalhos e ficam muitíssimos interessados, ainda mais quando disse que você não tem muita pena dos pacientes e seu recorde de recuperações completas. 

Deixei o sorriso vir tão grande que minha face começou a doer. Puta que pariu que felicidade! 

— Deus! Dr. Lopez eu não sei como agradecer, isso é...é incrível — ele deu sorriso se encostando na cadeira e brincando com a caneta entre os dedos. 

— Então, o que me diz? 

Eu abri a boca, mas minha mente me impediu de responder. Lembrei de tudo o que envolvia o Real Madrid, inclusive uma certa pessoa que esteve no meu passado. E, embora aquilo me deixasse relutante e nervosa, como eu disse, era passado. Eu não ia perder essa oportunidade por isso. Ah não mesmo! 

— Quando é a entrevista? 

 

Saí da sala do chefe com o coração a mil. Logo após a formatura eu iria para Madrid fazer uma entrevista com o chefe da equipe médica do clube, mas segundo Dr. Lopez era só uma parte mais burocrática e formal do clube, meu currículo e todo meu trabalho na clinica tanto na recuperação dos pacientes quanto nas pesquisas eram de altíssima qualidade, eu não precisaria me preocupar com a concorrência. 

Depois de ter saído daquela sala que eu me dei conta de todo o tempo me dedicando e estudando valera a pena. 

Enfiei a mão no bolso do jaleco e tirei o celular. Disquei para minha mãe e contei tudo para ela. A primeira coisa que ouvi foi um grito estridente e se eu não estivesse em ambiente médico eu com certeza gritaria junto. 

— Deus Mia! Estou orgulhosa de você, meu amor — ela disse, e eu ouvia o tom choroso de sua voz. Eu senti as lágrimas virem.

Só Deus sabe o quanto foi difícil vir para cá, o quanto ela teve que se sacrificar para me ajudar a pagar um apartamento perto da faculdade e no início também me ajudar com alguns custos. Minha família nunca foi rica, sempre vivemos muito bem obrigada, mas dinheiro não vinha fácil para a gente. 

Estava em um corredor mais vazio até que ouvi alguém em chamar. Gale estava na esquina do corredor, sinalizei para ele que esperasse um segundo, mas ele veio na minha direção apontando para o relógio no pulso. 

— Mãe, tenho que ir. Gale ta enchendo o saco — Gale não entendia uma palavra de português, a não ser mãe. 

— Cheguei na hora certa então, diga a sogrinha que estou ansioso para conhecê-la — ele disse e eu revirei os olhos. 

— Um beijo para meu genro — ela gritou em inglês para que ele ouvisse, meu ouvido pulsou com o barulho. 

Gale sorriu como um idiota. 

— Ta mãe, tenho que ir. Te amo.

— Também te amo filha, até sexta.

Desliguei a ligação. 

— Não sei como vou aguentar vocês sexta-feira — falei e ele riu. 

Gale foi uma das melhores pessoas que conheci aqui, ficamos amigos desde o início, mesmo ele sendo de outra área. Cirurgia ortopédica. 

Nós conhecemos no primeiro dia de aula, eu estava meio perdia com os termos em inglês nos livros e ele me ajudou. Depois disso não nós desgrudamos mais, até fui adotada pela sua família, já que eu era órfã aqui nos EUA. 

Mas o fato, é que tínhamos uma amizade arco íris, se é que me entendem. Um belo dia fomos estudar no meu apartamento e depois de muitas fraturas, luxações e vinho acabamos completamente nus na minha cama estudando anatomia, se é que me entendem.

E embora nós demos muito bem, eu não queria nada sério e ele também não. Nós estávamos focados nas nossas carreiras, e namoro não ajudaria nem um pouco. Mas sexo para relaxar, sempre era bom. 

— Estava chorando porque? — Perguntou enquanto caminhávamos para o refeitório. 

Sempre nós encontrávamos para almoçar juntos, ultimamente é um dos poucos horários que temos para nos ver, com ele dando plantões aqui na clínica e no Northwesterm Memorial, e eu ocupada demais com meus pacientes e com minhas pesquisas. 

Me virei para ele com um sorriso sapeca.

— Bom, eu tenho uma novidade — coloquei as mãos nos bolsos no jaleco. Ele erguei a sobrancelha curioso. 

— O que houve dessa vez? Não vai me dizer que decidiu desistir se tudo e virar atriz, você não tem esse talento — o olhei com a expresso nula.

— Sabia que é errado usar as palavras de uma pessoa bêbada contra ela? Está na lei. — Ele riu. 

— Desconheço essa lei, mas é bom saber para você parar de utilizar meus vídeos, vou te colocar na justiça.

Gale era um dos bêbados mais engraçados que já conheci. Ele costuma ser meio tímido, mas quando está bêbado...acho que uma entidade toma conta do corpo desse homem. 

— Eu disse palavras, não atos — ele fez careta. 

— Então prossiga formada em 3 temporadas de how get away with murder — dei um risinho e pare de andar.

— O Dr. Lopez me chamou hoje para sala dele e disse que me indicou para a assistência em fisioterapia do Real Madrid — falei baixo, mas de uma forma meio gritada. As paredes dessa clínica tinham ouvidos e muitas gente fofoqueira e invejosa, todo cuidado é pouco. 

Os olhos verdes de Gale se arregalaram. 

— Esta brincando comigo? — Neguei. — Isso é incrível — meu sorriso aumentou, se era possível isso acontecer e ele sorriu também me abraçando forte. — Parabéns, eu gritaria se não tivesse tanto fofoqueiro nesse lugar — eu ri. 

— Obrigada — nos separamos.

— E você viaja quando? 

— Domingo, a entrevista é segunda. 

— Caramba! Eu até que to feliz, mas ficaria muito mais feliz que você fosse pro Barcelona, muito melhor — ergui as sobrancelhas e dei uma risada monossilábica. 

— Se manca Gale, os merengues reinam na Espanha — ele revirou os olhos. 

— Desde quando você é Real? 

— Desde que eles me contratem — fiz careta para ele.

— Isso não se faz, virar a casaca é um ato antidesportivo — entramos no refeitório e seguimos até a fila. 

— Eu só torci pelo Barcelona porque queria ver o clássico na final, eu nunca fui fã dos catalães — ele me fuzilou com os olhos. 

— Como você está mudada Dra. Saton — dei língua para ele pegando o prato. 

— Vai dizer que se eu trabalhar lá e te desse a oportunidade de conhecer o Cristiano Ronaldo, você não ia querer? 

— Ah Mia! Colocar o CR7 nessa situação já é demais, embora eu ainda prefira o Messiano — ri com o nariz. 

 

 

 

Minha intenção era passar uma semana no Brasil para matar a saudade dos amigos e da família. Mas com essa entrevista meu planos mudaram. Agora, em plena segunda-feira eu estava num avião direto para a capital espanhola. Sexta-feira após a formatura houve um after na casa de uma das alunas, e digamos que eu e Gale tivemos uma despedida a altura. 

Após tudo o notei um pouco triste, afinal nos meu planos estava ficar em Chicago mesmo e ele já tinha emprego garantido no Hospital. Achamos que nosso futuro era juntos, um apoiando o outro. As coisas mudaram. Iríamos sentir falta um do outro, mas Gale era maduro o suficiente para ficar feliz pelo meu crescimento mesmo que fosse longe dele. 

O sábado eu passei com minha mãe, embora tenha ficado triste por não ter mais tempo com ela. Sinceramente, de tudo no Brasil, ela era o que eu senti mais falta. 

Eu não teria muito tempo de ver a cidade, o horário previsto para chegada é as dez na noite, só vou chegar no hotel e dormir pesado para a entrevista as 10 da manhã no dia seguinte. Mas eu aproveitei para dormir no avião, provavelmente ia enfrentar o jetleg legal. Sete horas de diferença de diferença era muita coisa. 

Dormindo o voo de oito horas passou até rápido, quando acordei já estavam servindo o jantar e faltava apenas uma hora para pousarmos. Foi estranho, me perguntei se minhas mãos suavam ou só estavam geladas por causa do ar condicionado. 

Fiquei pensando em quanto minha vida mudaria se eu conseguisse esse emprego. Na realidade fiquei pensando no quando tudo mudou. Há um ano atrás eu saia da faculdade e ia morar em outro país, cheia de esperanças e medos. Deixei família e amigos para ir atrás desse sonho, e agora eu estava começando uma nova etapa. Agora eu posso trilhar a vida que eu sempre quis ter, primeiro conquistar minha independência financeira e depois crescer na profissão. Quem sabe ser conhecida mundialmente, não seria nada mal. 

Em falar em amigos, a tanto tempo não os vejo, mas nós ainda falávamos muito por skype. Hugo e Giva continuavam naquele relacionamento IOIO, Am foi contratada por um companhia francesa e estava morando em Paris, mas sua vida era pelo mundo, viajando e dançando balé com seu namorado australiano, muito gato por sinal. Fiquei muito orgulhosa dela por ambos. Já Nicolas...bom não sei muito dele agora, mas parece que ele está cada vez mais rico, a uns meses atrás o vi sair em um artigo do Folha de São Paulo fechando contrato com chineses. Giva me disse que ele vivia namorando modelos e gastando dinheiro pelo mundo. De certa forma fiquei feliz por ele, esse tipo de vida é sua cara. 

Era certa de nove e quarenta e cinco quando pousamos no aeroporto de Barajas, peguei a mala pequena na esteira e segui até o portão de desembargue. Logo na frente um homem de seus 40 anos, trajado elegantemente segurava uma plana com meu nome. 

— Hola! — Fui o que eu falei com um sorriso simpático. 

— Buenas noches, señorita — ele retribuiu meu sorriso pegando minha mala. — Sou Pablo, vou lhe levar até o hotel, e amanhã até o CT de Valdebebas — disse em espanhol enquanto caminhávamos para fora do aeroporto.

— É um prazer Pablo. 

O SUV preto estava parado na frente do portão que saímos, me sentei atrás e Pablo colocou minhas coisas na mala. 

Não demorou vinte minutos até o hotel, perguntei a Pablo sobre a cidade e como as coisas funcionavam aqui. Ele foi muito simpático e fez um resumo ótimo da vida em Madrid. Eu gostei muito do que ouvi. 

Morar na Europa seria incrível, um sonho de criança. 

Pablo me avisou sobre o horário amanhã e se despediu. Depois que eu cheguei no quarto, ao contrário do que imaginei, não teve jetleg nenhum, dormi que nem uma pedra. 

Na manhã seguinte já acordei com um frio na barriga intenso, tomei um banho e coloquei a roupa formal mais nem tanto. Eu não queria parecer formal demais ou inexperiente demais. Então optei por meio tempo, uma calça de alfaiataria de cintura alta, camisa branca simples e um blazer por cima, nos pés meu bom e velho tênis branco. Me recuso a usar salto alto no dia a dia. Fiz uma maquiagem suficientemente boa para parecer apresentável, arrumei minha pasta colocando meu currículo e documentos dentro para caso de necessidade. 

No horário marcado eu estava no hall esperando por Pablo. Ele chegou cinco minutos depois e seguimos para o CT. 

Tudo me parecia muito perto, em poucos minutos estávamos passando pelos portões apresentados por uma bela fonte com o nome do clube. O caminho era flanqueado por gramados verdejantes e arbustos sem flores. De relance vi um campo de treinamento, mas seguimos para o lado oposto, um prédio baixo e robusto de vidro e paredes brancas. 

O carro parou na frente de portas escuras de vidro, o escudo do real logo acima. 

— Boa sorte, senhorita — desejou o motorista, enquanto eu observa pela janela. 

— Bem, obrigada Pablo — agradeci com um sorriso e desci do carro. 

Segui para dentro do lugar com o estômago girando e as mãos suando. Parei no balcão da recepcionista e ela ergueu os olhos do computador para mim.

— Bom dia senhorita — ela abriu um sorriso levemente falso.

— Bom dia, vim para a entrevista — a mulher abriu a boca com um "Ah" e pegou o telefone discando algum número no teclado. 

— Só um segundo, pode se sentar vou chamar alguém para levá-la — eu anui seguindo para uma das duas duas saletas de espera dos extremos do foyer. 

Sentei-me na poltrona e fiquei estralando dos dedos até que um homem me chamou, dirigindo-me pelos corredores até os elevadores, em seguida para o segundo andar. Seguimos pelo corredor extenso até uma porta onde ele bateu duas vezes, então um " entre " soou. 

O rapaz sorriu fraco para mim e abriu a porta me dando passagem. Agradeci com um sorriso e entrei na sala. 

O lugar era amplo, com uma vista para os vários campos de treinamento por trás do prédio. Estantes cobriam as paredes claras, com prêmios, placas e porta retratos. No centro, a mesa e atrás dela o chefe do departamento médico, o croata, Niko Mihic.

— Dra. Saton — diz ele com um sorriso simpático se levantando da sua cadeira e esticando a mão para mim. — É um prazer finalmente conhecê-la. 

— O prazer é meu Dr. Mihic — apertei sua mão. 

— Sente-se — ele apontou para as cadeiras a frente de sua mesa, eu o fiz e ele também. — Bom, como a doutora já deve saber eu fui recentemente contratado pelo clube e comigo desejo trazer algumas mudanças na visão e na forma de se lhe dar com a área médica — anui, me mostrando plenamente consciente disso. — Dr. Lopez falou muito bem da senhorita, na realidade achei seu currículo impressionante para alguém da sua idade — ele puxou alguns papéis abaixo da pasta, já tinha meu currículo em mãos. — Recuperação de uma lesão do ACL em cinco meses e quinze dias, foi trabalho excepcional. 

— Obrigada, senhor. 

— Mas me diga, doutora — abaixou os papéis e me fitou. — Porque está interessada no clube? — Eu respirei fundo e dei um sorriso leve. 

— Para começar, o real madrid é um dos clubes com o departamento de fisioterapia mais modernos no mundo, aqui eu tenho como tratar do que eu gosto e mostrar tudo o que eu aprendi e por ultimo e não mais importante, aprender mais do que já sei. Afinal, alguns dos melhores também estão aqui, será uma forma de impulsionar minha carreira — anuiu, unindo as mãos com os completos apoiados nos braços da cadeira. 

— Muito bem, e o que quer do clube? 

— Eu tenho metas na vida. Entrar aqui é uma delas, se o fizer, a próxima é crescer no clube e fazê-lo crescer comigo — tocou as mãos nos lábios. 

— E seu sonho? 

— Meu sonho... — respirei fundo. — Bem, meu sonho é ser uma grande fisioterapeuta, modernizar mais ainda os métodos de recuperação, ir além do que qualquer um já foi. Sei que aqui nós podemos desbravar e criar para depois chegar a população, para mim é a parte mais bonita que da fisioterapia desportiva e por isso que a escolhi — ele estreitou os olhos e deu um sorriso. 

— Engraçado, você é uma das primeiras pessoas que fala isso — sorri amarelo. — Visão interessante e inovadora — o corpo se inclinou para o lado. — Mas devo admitir que concordo, estamos precisando de mais pessoas com esse tipo de visão na nossa profissão. 

— É verdade. 

O resto da entrevista foi mais burocrática, falamos sobre expectativa de salário, cargo e tudo o que eu ganharia entrando para equipe. 

Por fim Dr. Mihic, como ele pediu para ser chamado, se levantou e eu fiz o mesmo. Sua mão se ergueu para mais um cumprimento:

— Tenho uma boa notícia para você doutora — disse com um sorriso apertando minha mão. — O real madrid ficaria muito feliz em te-la na nossa equipe médica. 

Sorri. 

— Será uma honra trabalhar aqui, doutor. 

— Quando sair da sala Sarah irá lhe explicar tudo e lhe mostrará o CT, espero vê-la em breve doutora — sorri enquanto ele me levava até a porta.

— Eu também — apertei sua mão mais uma vez e sai da sala, dando com uma mulher jovem de cabelos ruivo estonteamente lisos e olhos castanhos intensos. 

— Sou Sarah — diz em português com um sorriso caloroso.

— Português? Você é brasileira? — Disparo e ela ri negando.

— Em parte, minha mãe é brasileira — sorrio enquanto começamos a caminhar pelos corredores. 

— Nossa! Isso é incrível, você fala muito bem português.

— Isso é porque eu morei por um tempo lá quando era menor. Mas fiquei com meu pai depois da separação, ele é espanhol. 

— Já vi que temos muito em comum, Sarah. Por sinal, sou Mia — ergo minha mão para ela que sorri e já me puxa para um abraço. 

Já gostei dessa garota!

 

 

 

O complexo de treinamento era incrível, mas o centro de médico e reparação era a coisa mais fantástica que já vi em toda minha vida. Toda a tecnologia mais avançada estava aqui, era como um parte de diversões para mim. Só faltei dar pulinhos de felicidade ao redor dos equipamentos de ponta, ainda mais quando ela me apresentou a sala de diagnóstico. Fiquei ansiosa para usá-la.

Seguimos pelos corredores do andar inferior, Sarah apontava para cada sala e falava sobre as coisas funcionavam, mas quando passamos por um cômodo espaçoso com teto alto e janelas do teto ao chão com vista para o mar de campos meu ouvidos se recusaram a ouvi-la e toda minha atenção se voltou a academia gigantesca. 

Haviam alguns jogadores lá, reconheci Marcelo e Sergio Ramos trabalhando as pernas um ao lado do outro enquanto conversavam. 

Fiquei tão boba por vê-los de perto que até Sarah parou de tagarelar e se virou para a direção que eu olhava. 

Juro que meus olhos capturaram o movimento de cada músculo atrás da parede de vídeo que nos separava.

— A academia é muito bonita, não é? — Senti a pontada dúbia em sua voz enquanto seus olhos passavam pelo cômodo como se aquelas atletas musculosos e lindos não fossem nada. 

Gostaria de ter esse autocontrole? Gostaria. Inclusive, acho muito fino e chique não babar por homens tão gostosos. Ela deve estar acostumada, porque eu mesma não estou.

— Sim, é magnifica — desviei meu olhar e seguimos corredor a dentro. 

No final do tour Sarah e eu já estávamos rindo, ela me falava de suas primeiras experiências no clube, e das situações constrangedoras que já passou. 

— Mas me diz, como você faz para não ficar parada vegetando que nem eu na frente aquela academia? — Perguntei enquanto andávamos pelos jardins. 

— Por sorte, ou azar, eu não tenho que passar muito por ali, já que meu trabalho é mais burocrático que pratico. Mas quando eu tenho que passar, olho para tudo, menos para eles — eu meneio com a cabeça. 

— Faz sentido. 

— Embora ache que ninguém em sã consciência consegue ficar lívido com tantos corpos gloriosos na sua frente — rio. 

— É verdade. 

— Então te desejo boa sorte, Mia — as sobrancelhas franzidas conotam sua expressão de pena. 

— Vou precisar — fiz uma careta de sofrimento e ela riu. 

Sarah era muito legal, acabamos almoçando juntas em um dos refeitórios do complexo e já marcamos para sair quando eu voltasse semana que vem para ela me mostrar a cidade pelos olhos de uma própria madrilena. 

Era cerca de duas horas da tarde quando saí do CT rumo ao hotel. Pablo ficou muito feliz por saber que eu havia passado na entrevista, o contei sobre tudo e quando cheguei no hotel liguei para minha mãe para contá-la também. 

Meu voo saiu as dez da noite. Eu teria uma semana para resolver o que faria com o que eu tinha em Chicago, por sorte que havia alugado o apartamento mobilado então as poucas coisas que eu havia comprado eram vendáveis. 

Eu decidi que não iria levar nada de decoração para Madrid, desapego era o lema já que eu teria que pagar milhões para trazer tudo. 

Assim que coloquei os pés em terra já fui marcando com a proprietária do imóvel para resolver tudo, por sorte ela era muito gente boa e foi tudo muito tranquilo. No outro dia eu já estava arrumando as malas, diminuindo o máximo de tralha para levar menos bagagem. Depois de um dia inteiro só resolvendo isso notei que o desapego seria parte mais difícil. Tenho certeza que minha mãe diria para eu enviar o que era meu para o Brasil, seria mais barato até, mas eu queria ter esse dinheiro a mais. É sempre bom, né? 

Liguei para Gale e ele me ajudou a fazer uma venda de garagem na casa da família dele. So depois disso é que eu notei o quando de coisa desnecessária eu guardava. 

Na sexta-feira já estava tudo resolvido e eu já havia resolvido todo o processo burocrático, eles até me mandaram email com os valores. Só precisava assinar o contrato segunda-feira.

Da venda de garagem consegui tirar três mi dólares, juntei com o último salário que ganhei da clínica e deu um bom dinheiro para começar bem lá, fora o dinheiro que receberia do clube assim que chegar. Deus! Acho que nunca tive um salário com tantos zeros após um número maior que um.

No contrato com o Real, eu teria direito a três meses para ficar nas dependências do clube até arranjar um apartamento e me acomodar na cidade. E para mim isso foi incrível, porque chegar lá e já ter que ir atrás de imóvel sem conhecer a cidade...vish! Ia dar uma merda grande demais. 

Aproveitei o final de semana para me despedir da família de Gale e dos amigos da pós, agora todos já estavam sabendo que eu fui contratada pelos merengues. E segui o mantra da minha mãe: só diga quando já tiver acontecido, porque se não...nunca vai acontecer. 

Tudo foi tão rápido e fiquei mais impressionada ainda na minha facilidade em resolver tudo sem grandes estresses. Me senti bem adulta e independente, acho que não tem sensação melhor. 

Na noite do domingo eu entrei no avião para uma viagem definitiva para a capital espanhola. Mas a sensação que ficou no meu coração foi de que daqui para frente tudo mudaria. 

 

 

 

Eu cheguei no intervalo entre a copa del rey e o início da Champions, ou seja com muito trabalho a fazer, recuperação de musculatura, de lesões e monitoramento médico. Pelo menos estávamos no verão europeu, o que já ajuda um pouco em todo esse trabalho. 

Era de manhã quando o avião pousou em Barajas e eu segui para o CT. Quem me recebeu foi um rapaz e ele me levou para o ultimo andar para assinar o contrato enquanto um homem levava minhas coisas para o quarto que eu ficaria. 

Conheci o presidente o clube, Florentino Pérez, e ele disse-me que ficou feliz por ter uma mulher tão competente na equipe médica, e que eu seria a primeira também. Me senti honrada por isso e lhe prometi fazer meu melhor. 

Depois o rapaz me encaminhou até o prédio principal, onde ficava a academia, refeitório e alojamento dos jogadores. Eu fiquei em um desses alojamentos, e digo que jamais esperava encontrar o que vi. 

O quarto era amplo, pareces cinza com painéis de madeira escura. O primeiro cômodo era uma sala com móveis modernos de cinza a branco, além de muito bem iluminada por janelas que cobriam toda a parede com vista para um dos campos. Este era separado do quarto por uma porta deslizante, a cama era grande e ficava bem no meio, a televisão ficava logo na frente e ao seu lado uma porta dava passagem para varanda. O banheiro ficava ligado ao quarto por um corredor suja parede era espelhada e escondia um armário atrás. Havia uma banheira e um box largo, as folhas com o escudo do time bordados, a pia de mármore, o piso de porcelanato, paredes brancas e espelhadas. Todo os cômodos eram bem iluminados por luzes brancas. 

— A cozinha funciona 24h, se precisar de alguma coisa é só ligar, os números estão do lado. As arrumadeiras ficam até as cinco, se precisar do serviço é só ligar ou deixar o aviso na porta. 

Não precisar cozinhar, lavar louça, arrumar a casa ou levar roupa, tudo que pedia a Deus. 

— Acho que posso me acostumar com isso — ele riu. 

Bom, ainda sim havia algumas desvantagens: bebidas alcoólicas são terminantemente proibidas ( a não ser quando houver alguma festa ), nada de festinhas no alojamento, nada de trazer visitas de fora do clube ( se é que vocês me entendem ) e nada de utilizar as dependências do clube para fins de lazer pessoal. Como eu moraria por aqui teria que respeitar essas regras, embora eu não tenha nenhum problema com isso. Eu vim para trabalhar, e momento estou cem por cento focada nisso. Elas são serão uma questão para mim.

— Bom, seja bem-vinda. Dr. Santamaría mandou avisar que a espera amanhã no consultório dele — anui.

— Mas é quanto a hoje? 

— Tem o dia livre — sorri. — Não esperava que depois de oito horas de viagem fossemos obriga-la a trabalhar. Somos contra escravidão — eu ri. — Vou deixá-la descascar — ele rumou a porta. 

— Obrigada por tudo — me despedi de Tomás. 

Depois que fechei a porta suspirei olhando ao meu redor. Deixei que o sorriso se paralisasse no meu rosto e corri até a cama me jogando nela. Comprovei que era realmente macia como parecia. 

Isso é muito bom para ser verdade. 

 

… 

 

 

No meu dia livre eu devia ir a cidade, visitar os pontos turísticos tirar umas fotos. Aproveitar a folga, sabe lá quando isso vai acontecer de novo. Mas o retrato do meu dia foi, eu envolta nos edredões agarradas aos travesseiros e babando nos mesmos. Acordei no meio a tarde com uma fome avassaladora, pedi comida no quarto e passei o resto do dia vegetando na frete da televisão. A correria da ultima semana fez efeito hoje. 

No dia seguinte acordei com as energias renovadas, pronta e animada para meu primeiro dia de trabalho. Vesti uma camisa social branca ensacada em uma calça jeans de cintura alta. Arrumei minha cara, um pouquinho de pó, um pouquinho de mascara de cílios e balm lip, só pra não parecer minimamente descende. Prendi os cabelos em um rabo de cavalo e me olhei o espelho por alguns segundos. Aceitável, boas horas de sono me fizeram bem. Sem olheiras, sem cara amassada. Tomei um café rápido e por ultimo coloquei o jaleco seguindo para o centro médico do complexo. 

Bati duas vezes na porta do consultório do Dr. Santamaría, o fisioterapeuta, ele respondeu com um "entre" abafado pela madeira. A sala era ampla branca com cinza, com a mesa branca logo a frente com computador e algumas fichas médicas, bloquinhos e canetas com o logo d time, no fundo um armário e a maca. Uma janela na parede lateral contraria a da mesa tinha vista aos jardins. 

— Com licença — passei pela porta timidamente. O homem de cabelos grisalhos apenas nas laterais da cabeça, sorriu simpático para mim se erguendo da mesa. — Bom dia doutor, é um prazer conhecê-lo — ergui minha mão a dele mediante seu cumprimento. 

— Bom dia doutora, o prazer é meu— apertou minha mão e apontou para as cadeiras na sua frente. — Sente-se — o fiz e ele também se sentou. — Mas pode me chamar de Javier afinal seremos colegas de trabalho. 

— Então, por favor, me chame de Mia — ele anuiu. 

— Tudo bem, Mia. Em conjunto com Dr. Mihic analisei seu currículo, de fato fiquei impressionado com seus resultados, é uma jovem muito promissora e depois de conversar com seu professor e chefe soube que de métodos modernos. Como acredito que meu companheiro já disse, é exatamente esse tipo de profissional que queremos conosco. Fico muitíssimo feliz em te-la na equipe e espero que nosso trabalho juntos seja enriquecedor — sorri.

— Fico muito feliz por estar aqui e assisti-lo, dou...Javier — ele sorriu e se endireitou na cadeira.

— Creio que já lhe explicaram tudo sobre o convênio médico com o Sanitas e o sistema integrado que temos — anui. — Ótimo, então para começar, vou lhe passar algumas fichas médicas atualizadas, quero que tenha em mente tudo o mais rápido possível. Especialmente a de Toni Kroos lesionados na copa del Rey — anui mais uma vez, ele me olhou esperando uma resposta verbal.  

— Sem problemas — ofereci um sorriso. 

— Por hoje é só, seu trabalho é decorar essas fichas, quero a ver bem preparada manhã nesse mesmo horário aqui. 

— Tudo bem, dou... — engoli o resto da palavra e ele sorriu. — Javier — me ergui da cadeira.

— O email com as fichas já foram mandados, sua sala fica ao lado — falou já olhando para o a tela na sua frente. 

— Até amanhã — sai da sala dele direto para a minha, cinco metros a direita. 

Logo na porta meu nome estava impresso em uma placa prata: 

Dra. Mia Saton, fisioterapeuta

Sorri com isso sentindo meu coração acelerar. 

Isso era demais, eu nunca tive um consultório só meu. Atendia em qualquer sala vaga na clínica e talvez aqui pudesse imprimir um estilo meu no cômodo. Foto da família já era um bom começo, certo? 

Abri a porta, e o cômodo era quase igual ao de Javier, só não tinha as janelas enormes, o que fez uma grande diferença. O MacBook estava em cima da mesa cinza assim como bloquinhos para anotação e canetas com o logo do time. Fora isso a mesa estava vazia. Ao lado contrário ao da mesa estava a maca e o armário, atrás uma janela horizontal que cobria todo o comprimento daquela parede. 

Segui até a cadeira e abri o computador abrindo o email. Lá estavam todos as fichas médicas com os prontuários mais recentes, feitos na semana passada pelo Sanitas, o histórico traumatilogico até mesmo psicológico de cada jogador. 

É um fato que a forma como trabalhamos a mente do atleta pode mudar muito o tratamento, até mesmo agiliza-lo em meses. Foi esse meu segredo com a ruptura do ligamento cruzado anterior do joelho do jogador de futebol americano, bom humor, rigidez, disciplina, força de vontade e uma boa dose de otimismo. Esse tipo de lesão costuma ser tratada em nove meses, Dr. Lopez tratou uma em seis, mas eu quis impressionar. Fiz em cinco e meio. Dr. Lopez foi médico do cornerback do Dallas Cowboys Orlando Scandrick, e eu era uma de suas assistentes no caso. Mas eu queria aquilo só para mim, então passeis noites sem dormir atrás de uma forma de tornar tudo aquilo mais rápido e menos doloroso ao cornerback. Foi o que eu fiz, depois de quatro dias eu entreguei a proposta ao meu chefe e professor. Ele ficou impressionado e mandou que eu me encarregasse de tudo, fiquei pasma, minha intenção era o assistir sozinha. Agora, eu seria a médica do caso e ele me assistiria só para garantir, já que o jogador parecia não confiar em ficar nas mãos de uma aluna. O provei o contrário, hoje um dos seus cachorros tem meu nome, ganhei dinheiro, uma boa quantia de dinheiro, que agora está investido e eu nunca toquei.

Fiquei boas horas analisando as fichas de cada um, e como solicitado aprofundei-me na de Kross. Era comum, embora complicada. Kroos tem uma lesão do adutor da coxa, novamente muito comum, mas o caso dele foi cirúrgico, já que houve a ruptura completa do tensão do músculo. Dessa forma, precisaria de algumas semanas de tratamento. O fato é que ele era vital na liga dos campeões, então quanto mais rápido o tratamento terminasse melhor. 

Fiquei um tempo ali, estudando os boletins médicos dos jogadores até que ouvi batidas na porta. 

— Entra — falei alto o suficiente para ser ouvida por trás da madeira. A porta rangeu enquanto eu ainda tinha meus olhos presos no computador, até que a figura ruiva apareceu e eu ergui o rosto. 

— Como vai a doutora? — Sarah perguntou, entrando na sala. Abri um sorriso ao vê-la. 

— Eu vou mutíssimo bem e a senhorita? — Ela se apoiou no encosto da cadeira.

— Estou morrendo de fome, o que acha de sairmos para almoçar? — Senti meu estômago roncar, mas ainda devia estar cedo para o almoço.

— Mas já? Ainda são... — virei para o relógio na tela do computador, 12:23. — Deus! Passei horas aqui e nem senti. 

Sarah riu da minha cara e ergueu as sobrancelhas.

— E então, doutora? — Fechei o bloco que anotações em cima da mesa e coloquei a caneta no porta-treco. 

— Onde pensa em irmos? — Falei prontamente, já me levantando e tirando o jaleco. 

A minha mais nova amiga sorriu e seguimos para o corredor. Minha tarde costumava ser livre, a não ser que tenha algum jogo, urgência ou tratamento marcado para algum jogador. Por enquanto, como não tinha nada disso, eu e Sara fomos dar um passeio por Madrid.

 

No dia seguinte eu bati na porta do Dr. Santamaria as oito horas da manhã. O dia ontem foi ótimo, Sarah se mostrou uma ótima companhia e guia turística, tanto já marcamos para almoçar juntas hoje também. Madrid, eu amei a cidade, o clima, as pessoas. A junção do calor latino e a sofisticação europeia, creio que vou amar viver aqui. 

— Entre! — A voz soou abafada pela madeira da porta. O fiz, notei que ele não estava  sozinho no cômodo. 

Javier examinava a perna de um jogador sentado na maca. E eu conhecia muito bem aqueles cabelos escuros


Notas Finais


Quem será esse moreno? Haha
Depois de 3 anos algumas coisas mudaram, o que acham que vai acontecer? Me surpreendam com as teorias, vocês sabem que eu amo.
OBS: Sei que muita gente esperava o Bayern, mas eu sou muito merengue pra isso.
Ps: @tara-clear olha sua estreia aí gata!! Nossa menina Sarah nasceu.
Besitos amores.


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