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História I know he's married - Já foi. Não é mais. Ou talvez ainda seja.


Escrita por: mydarlingzayn

Notas do Autor


HOLA MIS AMORES! Demorei mais cheguei em pleno 2019 com esse capítulo bem PAM!
Novamente muito obrigada pelos comentários e favoritos, essa interação com vocês é muito importante para mim e sabiam que eu leio todos só estou sem tempo de responder, mas o farei logo então não parem de interagir.
Não vou enrolar muito, quero que vocês leiam logo então...aproveitem!!
* nome do capítulo inspirado na música Notificação Preferida de Zé Neto e Cristiano ( viciadíssima )

Capítulo 28 - Já foi. Não é mais. Ou talvez ainda seja.


P.O.V Narrador 

 

Depois que Mia deixou o escritório Sarah ficou alguns segundos ponderando. Desde o termino com Marco Mia ficou um pouco mais introspectiva nos primeiros dias, apesar de ela tentar disfarçar isso, mas nas últimas semanas essa introspecção voltou. Quando a ruiva a convidava para sair ela dava alguma desculpa relacionada ao trabalho com James, ou quando estavam juntas as vezes ela ficava alheia, como se estivesse com a mente em outro lugar. E daquele momento a morena apareceu ali louca para ir a uma festa, em contraposto a todo seu último comportamento. 

Mesmo que por pouco tempo de amizade, Sarah já a conhecia um pouco. Essa introspecção, essa dedicação ao trabalho e essa cede de movimento de supetão estavam relacionadas a alguém, mais precisamente a um homem. Ela sabia porei já fez isso a um tempo, já sofreu deste mesmo mal. 

Sarah suspirou com essa conclusão e voltou a trabalhar com aquilo na cabeça. 

Aquela semana foi muito cheia, cobrir toda a movimentação de notícias do prêmio era cansativo, ainda mais com tantas notícias falsas saindo por aí e que eles teriam que desmentir. 

Na semana seguinte, o burburinho era a vitória de Cristiano e de que o time com mais jogadores premiados da noite foi o Real Madrid. No jogo de terça-feira todos levaram seus troféus para fotos, até Florentino desceu do seu camarote para tirar uma foto com seus meninos de ouro, principalmente Cristiano. E após esse jogo Nacho e Sarah se encontraram na casa dela. 

Ele colocava cueca quando Sarah comentou sobre a estranheza de Mia, ela só falou porque Nacho já havia comentado sobre Marco antes e associou o com o fim do relacionamento de ambos. 

— Será que aquela época que Marco passou quase morando nas boates tem haver com Mia? — Questionou se pondo de lado na cama. 

Nacho deu de ombros e deitou novamente.

— Conhecendo Marco, eu diria que não, mas como homem e sabendo da situação acho que sim. A forma que acabou, para ele, foi bem ruim — o jogador apoiou a cabeça com o braço e ela se apoiou no peito dele. 

— Eu ainda não compreendi o motivo de Mia ter acabado tudo, eu tinha a aconselhado a viver o momento com ele, ela estava feliz... — suspirou. — Mas o fato é que tanto ele quanto ela ficaram mal com isso e minha amiga não parece feliz agora.  

— Tem razão, Marco sabe disfarçar bem, mas ainda sim, da pra perceber que falta algo. Quando ele estava com Mia, existia um brilho diferente nos seus olhos —  comentou sem prevenção alguma. 

Os dois ficaram em silêncio por um tempo, ponderando até que Sarah deu um grito, fazendo o espanhol pular de surto. 

— Carajo Sarah! — Ele levou a mão ao peito. 

— Cala boca, eu tive uma ideia — ela se sentou animada. 

Nacho apoiou-se na cabeceira da cama para ouvi-la. 

— Vou sair com Mia e Isco sábado depois do jogo. Você podia vir com a gente e convidar Marco — disse com um sorriso malicioso. Nacho ficou em silêncio por alguns segundos.

— Mas porque diabos eu chamaria Marco se os dois nem se falam mais? — A ruiva fez cada de tédio. 

— Pra eles voltarem a se falar, pelo amor de Deus! Ta na cara que os dois terminaram com sentimentos ainda guardados, você acabou de dizer que Marco tinha um brilho nos olhos com Mia e eu conheço um pouco minha amiga. 

— Vamos dar uma de cupido? — Nacho riu. — Topo. 

Sarah sorriu vitoriosa. 

— Perfeito, não vamos dizer nada para nenhum dos dois. Só vamos deixar tudo parecer por acaso e ver o que acontece. Afinal, você lembra que da ultima vez que eles foram para uma festa juntos Marco dormiu no alojamento dela — Nacho sorriu maliciosamente. 

— Vou ligar para ele, mas agora — o jogador puxou a ruiva pelos braços para cima dele. — Deixa esses dois pra lá e vamos falar de nós — ele virou-se, ficando por cima agora. 

A ruiva sorriu encaixando as pernas ao redor dele. 

— De nós? — Ela passou as mãos pelo abdômen nu do jogador, que sorriu safado aproximando seus lábios. 

— Sí — sussurrou antes de a beijar profundamente. 

 

(...)

 

Foi como se tudo ficasse em câmera lenta. Ela o viu passar pela porta, com um sueter verde, a camisa branca aparecendo em baixo e calça jeans rasgada. O cabelo estava recém cortado e a barba se fora. No peito sentiu o coração acelerar e vários pensamentos encheram sua mente. Mia não sabia se era por carência, ou porque por vê-lo tão perto aqueles sentimentos foram inflamados, mas sua mente trabalhava imaginando como seria bom tê-lo de volta, em como sentia falta da época que estiveram juntos, de tudo o que viveram. 

Sarah notou o foco da amiga em algo e seguiu a linha do seu olhar, nesse momento Nacho chegou passando o braço pela cintura da ruiva.

— Que demo... — Sarah lhe deu uma cotovelada antes que terminasse a frase e apontou com o queixo para Marco entrando no bar.

Mas ele não estava sozinho. Atrás de Marco veio uma mulher loira platinada, cuja mão ele segurava.

Mia até sentiu o coração apertar, o ar que ela prendia saiu de uma vez só. Nacho e Sarah ficaram igualmente surpresos. E como num castelo de cartas tudo caiu com um sopro. Os três ficaram ali parados, perplexos a medida que o jogador ia entrando com a mulher sem tê-los visto ainda. 

Nacho xingou baixinho e Mia desviou o olhar focando na mesa do bar, seu coração com um peso já conhecido, mas inesperado. Sarah olhou para a amiga e nesse instante Marco avistou Nacho no bar. 

— Achei ele.

Asensio trilhou um caminho entre os corpos até chegar ao amigo, mas a alguns passos antes do bar ele viu que não só Nacho e Sarah estavam ali, como Mia também. Ele gelou ao ver a doutora, pensou até em fugir, no entanto Marina o puxou. 

No momento que Sarah ia falar com Mia, Marco surgiu com aquela loira. 

— Marco, que bom que veio — Nacho cumprimentou o amigo com um abraço, se esforçando muito para sorrir dado que seu plano com Sarah foi por água a baixo.

— Eai cara — ele falou um pouco desconcertado. — Sarah — cumprimentou a espanhola e quando os olhos seguiram para a próxima pessoa seu coração hesitou dentro do peito. Ele só não sabia o que aquilo significava. 

Mia que estava de costas, ao lado de Sarah fazia um esforço descomunal para virar o rosto para eles quando Marco falou:

— Mia — ela deu apenas um sorriso que rezou para ter saído bem.

Um clima estranho preencheu o ambiente, sufocando-os com uma pressão desconfortável. 

Mia sentiu-se idiota por cada pensamento que teve quando o viu, Marco não esperava a encontrar justo ali e naquele dia. Nacho e Sarah se sentiram infinitamente mal por Mia. Então Marina, que estava boiando daquele climão, apertou a mão de Marco para que ele a apresentasse aos seus amigos, quer dizer a Sarah e Mia, porque Nacho ela já conhecia.

— Ah! — Marco despertou. — Essa é Marina minha... — ele olhou nos olhos dos três, mas parou nos de Mia e as palavras sumiram. — Minha... 

— Namorada — Marina completou com um sorriso. 

"Namorada...porque eu não preparei para saber que isso aconteceria uma hora?" — Mia questionou-se.

Marco piscou e formulou um sorriso. Ele não podia ficar tão retardado na frente dela, não podia a dar esse gosto. 

— É, isso. 

— Uau! Que surpresa — Nacho falou, não deixava de ser uma verdade. 

Sarah estava com tanta raiva de Marco que não conseguiu se quer ser educada com a namorada dele.

Mas o que Mia fez surpreendeu todos: 

— Sou Mia, é um prazer — falou com um sorriso cordial. 

Marco olhos nos olhos da doutora buscando algo. Ela realmente não estava nem aí para ele.

— O prazer é meu... — Marina respondeu. 

— Bom, eu não preciso me apresentar porque você já me conhece. Enfim, o que vocês querem beber? Isco ta esperando na mesa, vão lá que eu levo — Nacho falou já querendo acabar com aquela situação.

— Eu quero água gaseificada com duas rodelas de limão, se puder ser siciliano melhor — ela sorriu. — Eu não bebo— acrescentou Marina, passando o braço pelas costas do camisa 20. 

— Eu vou ficar na água também — Marco disse e Nacho ergueu as sobrancelhas, de fato surpreso.

— Tudo bem então, duas águas — o espanhol sorriu amarelo, com braço em volta da cintura da namorada como se ela fosse ela fosse um troféu.

— Nós vamos falar com Isco — ele começou a se virar para seguir até a mesa, mas Marina perguntou antes de seguir com ele:

— Vocês não vem? — As sobrancelhas castanhas arqueadas.

— Daqui a pouco estamos indo — Sarah falou com pressa, querendo que fossem embora logo.

Então eles seguiram até a mesa e Mia suspirou se apoiando na bancada enquanto tamborilava os dedos sobre o vidro. 

— Mia, eu sinto muito — Nacho começou. — Eu não sabia que ele estava...muito menos que ele a traria aqui — explicou meio sem jeito.

A brasileira respirou fundo.

— Imagina, Nacho. Não é culpa sua, acontece — deu de ombros. 

O jogador sorriu de canto cada vez mais surpreso pela frieza de Mia quanto a situação toda. Ele olhou para Sarah e foi pedir as águas, já nem se lembrava mais o que Marina havia pedido. 

— Amiga... — Sarah tocou no ombro de Mia como um afago, algo a dizia que essa frieza era só para esconder o turbilhão de sentimentos dentro dela. 

— Sim? — Mia ergueu os olhos para ela.

— Ta tudo bem? — Perguntou devagar buscando nos olhos dela lágrimas, tristeza, qualquer coisa que fosse para expulsar os sentimentos que ela guarda para si. Mas não viu nada. 

— Claro, porque não estaria? — Mia falou um pouco ríspida, novamente uma forma de proteção. — Olha, eu to me mijando. Pega minha bebida, por favor, que eu te encontro depois.

Ela não deu nem chance de Sarah responder disparando para o banheiro que nem sabia onde era direito. Mas já não estava mais aguentando esconder as lagrimas com as pessoas a olhando daquela forma, com pena. 

A doutora entrou em uma das cabines, no entanto não chorou. Mia lutou contra as lágrimas, as engolindo uma por uma. Mas seu peito doía com força, quase que sufocado. Mas também o que ela esperava? Que Marco ficasse solteiro para sempre? 

Aliás, ela sabia que ela não devia estar chorando ali, porque foi ela que terminou com Marco, ela que disse que não queria mais. E esse choro é de certa forma uma surpresa para ela, porque não esperava que o que sentira por Marco era forte o suficiente para isso. Ou talvez nem fosse. Era mais uma junção de tantas coisas: a carência, a relação delicada com James, a dor de conviver com a família dele, a ausência da família e por fim, a dor de ver Marco com outra quando ela notou que ainda restava algo dele em seu coração. 

Apenas uma lágrima fria desceu pela sua face e assim que ela conseguiu se recuperar do turbilhão de sentimentos que explodiram dentro de si deixou o toalete. 

Sarah esperava Mia no mesmo lugar do bar com as bebidas em mãos, ela pensou diversas vezes em ir atrás da doutora, mas na hora que estava indo Mia voltou. 

— Amor, eu to com um pouco de dor de cabeça, acho que já vou indo para casa — falou a fisioterapeuta. Qualquer animação de Mia se fora ao ver Marco com outra, ainda mais sabendo que teria que suportar aquilo por uma noite inteira. 

— É o que? Mentira Mia! — Sarah esbravejou. — Olha, você pode disfarçar muito bem seus sentimentos, mas a mim você não engana. Você planeja essa noite desde a semana passada, nós raramente saímos agora porque você só trabalha, eu não vou deixar você estragar sua noite por causa de macho não — colocou as mãos na cintura e Mia apenas piscava. 

— É sério ginger, to com dor de cabeça mesmo — insistiu e a ruiva revirou os olhos. 

— Vai continuar mentindo pra mim? Já usei essa desculpa também — Mia suspirou. — Amiga, ver o ex com outra dento terminado tão recentemente é doloroso mesmo. É perfeitamente normal, não precisa esconder e nem sentir vergonha disso. Não pra mim, não pra sua amiga — falou olhando nos olhos da brasileira que por um momento sentiu os olhos encherem de lágrimas. 

Ela ponderou por um tempo e Sarah tinha razão, ficar em casa só pioraria tudo. 

— Eu fico, mas só se for regada a muita tequila — Sarah abriu um sorriso largo de imediato. 

— Agora sim ta falando minha língua!

 

(...) 

 

— Salve a santíssima trindade — começa Sarah na terceira rodada de tequila. 

— Gim, vodka e tequila. 

— Santificadas sejamos, vadia — gritaram juntas antes de virar o shot com sal e limão.

Mia soltou um gritinho fazendo careta, o líquido rasgava e queimava no estômago, mas a forma que preenchia sua cabeça não a deixando pensar em nada profundamente era deliciosa. 

— Ta fazendo o que com esse celular Mia? — Sarah perguntou. 

— Pesquisando o instagram dela — respondeu sem tirar os olhos de aparelho. 

— Não, não vai não — Sarah tentou tomar o celular dela, mas Mia virou de costas, usando-a para proteger o celular os ataques da amiga. — Mia não faz isso...

Mas a doutora não ouvia mais. 

— Puta que pariu! — Soltou fazendo a ruiva ficar curiosa. 

— O que foi? — Ela virou-se de volta. 

— Ela é Miss. Ela é a porta de uma Miss — rugiu. — Como eu vou competir com isso — apontou para as fotos de biquini na praia do feed da modelo espanhola. 

Sarah tomou o celular da mão da amiga e começou a xeretar. 

— Ela não é tão bonita assim — Sarah comentou. 

— Você acha mesmo amiga? 

— Sim! O cabelo é loiro demais, a pele bronzeada demais, magra demais, nariz muito empinado, a boca fina... — ela bloqueou o celular. — Você dá de dez a zero nela — estalou os dedos. 

— Acabou de definir uma modelo de sucesso — Mia falou frustrada. — Viu como ela era magra? Qualquer merda que use vai ficar bem nela.

Sarah revirou os olhos. 

— Você tem mais bunda que ela, mais peito também. Pergunte a qualquer homem aqui nesse lugar que eles prefeririam uma loira falsa, porque aquela pintura é muito mal feita, sem sal, ou uma morena cheia de curvas brasileiríssima. Aposto que já sei a resposta.

Mia deu um sorriso de canto. 

— Além do mais gatita, ele não trocou você por ela, quem terminou com ele foi você. Ou seja, ele só arranjou alguém para colocar no lugar que você ocupava.

A morena respirou fundo, novamente Sarah tinha razão. 

— Agora pare de pensar nisso e vamos ao que realmente importa: nos divertir. 

— Tem razão — Mia bate a mão no balcão. — Vamos dançar!

Sarah a puxa na direção da pista. 

 

Sentado na mesa estava Marco com os rapazes e Marina. Passado o susto de encontrar Mia ali ( que ele ia questionar Nacho direitinho mais tarde para entender o que aconteceu ) o jogador tentava parecer a vontade. Afinal tudo o que ele imaginou para essa noite estava indo água a baixo.

Marco e Marina se conhecem na época de colégio, mas não se falam muito porque ela era um ano mais velha de ele e era bem popular. Daí os anos foram passando, a escola acabou, Marina se tornou modelo e Marco foi contratado por um time maior, mas só quando ele entrou no Madrid que eles começaram a namorar. Eles terminaram no início do ano, mas não foi bem um termino bem resolvido, o relacionando deles sempre foi de idas e vindas.

Hoje, iria falar para os amigos que estava voltando com Marina e pretendia comemorar uma vitória importante com eles. Mas a presença de Mia aflorou sentimentos que ele lutou para esquecer por um bom tempo, e agora que finalmente estava conseguindo, ela voltava para atazanar sua mente. E apesar de ele tentar curtir, exibir sorrisos, brindar com os amigos e com sua...bem, ele não havia a pedido em namoro novamente, mas como ele ia negar na frente de Mia? Seria humilhante. O fato é que agora sua mente estava longe, estava na doutora e Marco sentia raiva de si mesmo por aquilo, porque mesmo depois de tudo ela ainda permanecia ali como um fantasma.

— Que louco vocês terem voltado depois de tudo — Nacho comentou quando Marina saiu para atender a ligação de uma amiga. 

— Pois é, acho que precisávamos de maturidade para ver aprender que éramos a pessoa certa um para o outro — Marco falou goleando a água com gás. 

Nacho prendeu a risada de deboche, ele sabia muito bem como era o relacionamento de Marina e Marco, dizer que eles eram a pessoa certa um para o outro era um eufemismo.

— Se você está feliz, nós estamos felizes por você — Isco se apressou em dizer notando que Nacho logo soltaria uma gracinha ou uma ironia que acabaria com o bom clima.

Os dois aceitariam muito bem se fosse outra garota, entenderiam que ele estivesse querendo um relacionamento novo nesse momento, mas não compreenderiam que esse relacionamento "novo" fosse com alguém já não havia dado certo antes. No entanto, só os restava aceitar agora, afinal Marco parecia muito decidido. 

— Eu estou sim — respondeu o jogador com firmeza, ele não queria deixar dúvidas em ninguém, seu orgulho jamais deixaria. Fora, que também não era uma mentira.

Marina voltou logo depois sentando-se ao lado do camisa 20. 

— Vi o jogo hoje, parabéns pela vitória rapazes — a loira falou em meio a uma conversa. 

— Obrigado — responderam os companheiros de time do agora namorado dela. 

— Engraçado, não te vi na torcida com as outras esposas e namoradas — Nacho soltou casualmente. Isco goleou imediatamente seu bourbon, apenas espreitando com os olhos. 

— Ah não! Fiquei no camarote de Cris, não gosto muito das arquibancadas — ela disse simplesmente. — Marco pediu para ele, Gio é um amor, por sinal.

— Ah! — Nacho sorriu forçadamente. 

" Cris? De onde veio essa intimidade toda?" — Pensou. 

" Ela era realmente diferente de Mia. Lembro bem que quando a chamamos para assistir um jogo ela disse que só topava se fosse na torcida e um copão de cerveja." — Foi a vez de Isco pensar. 

— Mas Isco, e a Amanda? Como ela está? — Marco mudou de assunto.

— Ta bem, cara. Ensaiando lá na Rússia, a saudade da foda, mas tentamos dar um jeito como podemos. 

— E ela vai demorar demais para voltar?

— Seria uma temporada mais curta pela Europa, mas qualquer espaço de tempo parece longo demais. 

— Quando estreitar o espetáculo podíamos ir ver para visita-la bro — deu a ideia o camisa 20.

— Qual é o espetáculo? — Perguntou a loira.

— O balé de Quebra nozes — tamborilou os dedos na poltrona. 

— Ah! Eu adoraria ver, balé é lindo — Marina disse e os três olharam para ela, Nacho quase a perguntou quem a convidou, mas permaneceu calado por respeito ao amigo. 

— É uma boa ideia mesmo pisha, se arranjarmos um tempo do time quem sabe — Isco falou e de fato já havia pensado nisso antes, mas não sabia como seria sua agenda daqui para frente, muito menos a dela. 

Logo eles se entreteram em uma conversa sobre basquete, um outro esporte que os três muito gostavam, e enquanto isso Mia e Sarah seguiam para a pista de dança. 

 

O álcool já nutria o sangue da doutora que se jogava na pista com a amiga, ela queria dançar como se não houvesse amanhã, esvaziar a cabeça para fazer-la parar de pensar qualquer idiotice. Sarah sentia que ela precisava daquilo e não a regulou, cuidaria dela se fosse necessário, mas queria que a amiga se soltasse hoje. Por esse motivo ela não se moveu para ficar com Nacho, Mia precisava dela e a tempos não se divertiam juntas. Aquele era o momento delas. 

— Es que yo sin ti

     Y tú sin mí

     Dime quién puede ser feliz

     Esto no me gusta — cantou Mia.

— Esto no me gusta! — Sarah berrou apontando para ela. 

Ao som de Nicky Jam ambas dançavam loucamente enquanto cantavam as músicas sem fazer reverência a afinação. 

— Dime quién puede ser feliz! Dime! — Pediu a doutora a amiga. 

Mia podia se fazer de forte o tempo todo, mas no fundo ela estava sofrendo com isso.

— Nadie, gatita — respondeu a espanhola segurando o rosto dela e sabendo muito bem a quem se referia. 

Sarah não regulou a amiga, sentia que ela precisava daquilo, de ter daquele momento. Por isso também ficou com ela, com Nacho ela teria vadias outras oportunidades, encontrar-se com Mia ( principalmente agora que ela estava cuidando de James ) era mais difícil. Aquele era um momento delas.

Gasolina de Daddy Yankee começou a tocar, e como da água para o vinho Mia passou do estágio da "sofrencia" para o estágio " Foda-se, sou mais eu." Ela fechou os olhos deixando o corpo sentir as notas, deixando-se levar, sentindo a brisa outonal na pele, as batidas soando no chão. A tanto tempo que ela não se deixava assim tão leve para sentir com o corpo o que os olhos já não podiam enxergar. E por isso sentiu satisfação, quase rindo de si mesma ao morder o lábio e gingar com o quadril lentamente. 

Buscou concentrar-se na música, no que seu corpo sentia e não mais em Marco e em como ele ria com a namorada pendurada no seu pescoço. Ou em como ele apoiava a mão pela coxa dela exatamente como fazia com a doutora, ou até como Marina parecia mais uma acompanhante digna de um jogador, linda, bronzeada, loira e Miss/modelo. Até a forma que ela ria exalava glamour. Mas Mia abandonou esses pensamentos por hora. 

Seu corpo sozinho ondulava como uma onda, fazendo desenhos abstratos ao redor de si com o quadril. As mãos deslizando desde a nuca, perpassando pela cintura até as ancas. Ela queria sentir-se viva, a dança a fazia sentir isso, sempre fez. 

 

Isco soltou uma piada fazendo todos da mesa rirem, inclusive alguns amigos que tinham sentado ali. Daniel, um grande produtor musical ( só produzia gente como Shakira, Maluma, Enrique Iglesias ), J.L figurão da adidas espanhola e ninguém mais ninguém menos que Lewis Hamilton, grande corredor da Mercedes benz que teve uma pole position na corrida de sexta-feira pelas ruas de Madrid. 

— Ah, vamos pegar uma corridinha qualquer dia, meu audi corre um pouquinho — falou Isco para Lewis.

— Olha que eu aceito, hein cara! Mas já digo que vai ser meu patinho — Lewis apontou o dedo para o jogador enquanto segurava a bebida. 

— Especialidade dele — Marco zoou. 

— Ah, vá se foder bro!

O camisa 20 riu e casualmente passou os olhos ao redor, mas eles ficaram congelados em um ponto da pista. Mia rebolava como se estivesse sentindo prazer, como se estivesse montada nele, prendendo os gemidos com aquele lábio mordido. Ele não consegui tirar os olhos, ela já o deixava louco dançando daquele jeito, ainda mais com aquela roupa. Látex sempre foi um fetiche ainda mais quando estava tão justinho, e para piorar ainda usava apenas uma langerie. Marco só ficou imaginando em como seria fácil tirar aquele body e ter a visão dos seios cheios da doutora. 

Quando um barulho soou em uma mesa ali próximo, um copo quebrando, ele desviou devagar quase como se não tivesse ficado alguns segundos fito na sua ex ( de podia chamar assim ). Ele voltou a interagir na conversa, agora sobre o campeonato de tênis. Lewis batucava na coxa o ritmo da música, não entendia muito de tênis e o assunto lhe fugiu, por isso os olhos perambulavam despretensiosamente pelo local até se fixarem.

— Uau! Quem são aquelas beldades? — Apontou o corredor. 

Os olhos de toda a mesa seguiram até onde o queixo dele apontava, era difícil não vê-las, elas estavam fechando a pista praticamente para si.

— A ruiva é...o que ela é sua mesmo Nacho? — Isco disse. 

— Nós ficamos — Nacho deu de ombros, apesar de a relação deles ser muito de boa, existiam alguns limites já combinados. Ficar com outras pessoas enquanto juntos era um deles.

— E a morena é... — Isco olhou para Marco, que abaixo a cabeça desviando para Marina, e  engoliu a explicação sobre Mia, afinal ela não era mais dele. — É Mia, segunda fisioterapeuta do time. 

— A ruiva é linda, com todo respeito Nacho, mas morenas fazem mais meu tipo e...que morena! 

O maxilar de Marco apertou forte, ele apertou a coxa da namorada que deixou o celular de lado para o dar atenção. 

— Ela dança muito bem, seria ótima para dançarina de um dos clipes que estou bolando com Maluma — Daniel observava-a milimetricamente. 

— Una mamacita — soltou J.L. 

O jogador apertou mais ainda a mandíbula, jamais ouviu alguém falar de Mia assim antes, até porque desde que Mia chegou no CT ele marcou bem o território. 

Os amigos olhavam Marco de rabo de olho, só para ter certeza que ele não explodiria por mais que estivesse disfarçando bem dando atenção a namoradinha.

— Vocês são terríveis hein! — Marina falou com humor, a cabeça deitada no ombro do jogador, os joelhos roçando nas pernas dele. 

— Meu olho é totalmente profissional, sou muito bem casado — Daniel esquivou-se desviando o olhar e goleando seu Gin com tônica. 

— Eu não, e ela, é solteira? — Lewis sempre direto.

" Achei que os ingleses fossem mais devagar, pelo visto estava errado." — Marco pensou.

— Bem solteira — Nacho falou e camisa 20 lutou para não fazer cara feia. 

— Bom saber — sorriu o corredor de F1, levando o copo aos lábios enquanto fitava a doutora. Ele não fazia nem questão de a cobiçar com os olhos.

— Eita que hoje tem — J.L bradou com humor. 

Algumas risadas soaram pela pesa, Marco riu para disfarçar. 

— Gentleman, please — Lewis chamou o garçom, que virou nos pés seguindo até ele e abaixando-se para ouvir o que o homem queria. 

Marco de canto de olho, observou quando o ato até que o garçom saiu em disparada até o bar. Ele conversava com os rapazes e com Marina, mas no fundo estava bem ligado no que estava acontecendo ao seu redor, principalmente quando viu Lewis olhar na direção da pista novamente. 

Mia recebeu o gim com tônica suíça e limões siciliano do garçom que apontou para o Sr. Hamilton sentado na mesma mesa dos rapazes. Ela sentiu o coração disparar pela surpresa, afinal sabia bem quem Lewis Hamilton era e jamais imaginou que um cara como ele se interessasse por ela num lugar com tanta gente mais interessante. 

Lewis ergueu o copo em saudação e lhe ofereceu um sorriso charmoso, a doutora retribuiu o sorriso, mas voltou a dançar . Não iria atrás dele por uma bebida, não era tão fácil assim. Por mais que estivesse precisando de sexo ela não era nenhuma oferecida e ainda respeitava a presença de Marco na mesma mesa dele. 

Marco fitou toda a cena, a troca de olhares, os sorrisos e só notou que seus dentes estavam cerrados quando Marina tocou seu rosto, o puxando para si. 

— O que houve? Esta tenso — ela passou as mãos pelo ombro dele, deslizando pelo braço musculoso. 

— Nada, impressão sua — ofereceu um sorriso e selou os lábios da loira rapidamente.

— Ei! Vão transar em outro lugar por favor — falou J.L e todos riram. 

— Até parece que não existe pornô — Marco brincou. 

— Eu não preciso, faço acontecer ao vivo se quiser — soprou a fumaça do cigarro cerrando os olhos para o jogador e logo depois deu uma gargalhada. Marco riu também.

— Grande J.L! Quando vai rolar aquela pelada? 

— Boa pergunta, quero saber também — Nacho animou-se.

— To precisando ter coisas pra me manter ocupado — Isco endireitou-se na cadeira para ouvir.

— Vocês jogadores saem do campo, mas o campo não sai de vocês — comentou Marina, passando as unhas redondas pelas costas do jogador madridista. 

— Futebol é um estilo de vida, gatinha. Não dá pra sair dele — J.L. piscou para ela que lhe ofereceu um sorriso de canto.  

E a namorada de jogador que não entende isso fez da vida dele um inferno.

Marco sinalizou para Nacho que lhe servisse da Grey Goose na mesa, ele precisava de vodka para aguentar o resto dessa noite mais tranquilo.

 

— Puta madre! Lewis é um gato inglês — Sarah falou enquanto elas dançavam. — Vai la agradecer pelo drink boba.

— Não, ele que tem que vir puxar assunto. Uma bebida não me compra — a ruiva revirou os olhos. 

— Ela é difícil ela — elas riram. — Se eu fosse você já estava me imaginando quicando mel num daqueles carros de stock car.

— As ele corre fórmula 1 sua louca. 

— Tanto faz, estaria quicando dele em qualquer lugar — Mia gargalhou e bebericou a bebida. 

— Enfim, acho estranho pelo fato de Marco estar aqui. Sei lá, parece desrespeitoso com tudo o que já tivemos, fora que acho que eles se conhecem porque estão sentados na mesma mesa — falou no ouvido de ginger por causa da música alta.

— Eu entendo, você tem razão. Mas desperdiçar um homem desse é triste, ainda mais quando sua amiguinha ta criando teias. Uh tenebroso! — A morena empurrou a espanhola. 

— Ridícula! Já passei mas tempo sem transar, na época de faculdade não tinha nem tempo pra pensar em sexo. 

— Enfim, pelo menos converse com ele e troque de número. Pode rolar depois, tem que manter a lista dos contatinhos, meu anjo — Mia deu uma olhada no moreno sentado em uma das poltronas da mesa enquanto conversava com os rapazes. Ele era gato, pele morena, cabelos raspados, barba aparada e baixa, sorriso estonteante. 

"É...seria uma boa". — Pensou. 

Mas antes de tirar os olhos daquela área os olhos pairaram em Marco e Marina, eles trocavam algumas carícias mediante a conversa animada do grupo e mesmo sabendo que não devia, Mia sentiu uma pontada no peito.

— Tem razão ginger. 

 

Por mais que se me empenhasse em ignorar a presença da fisoterapeuta Marco falhava miseravelmente ( pelo menos em sua visão radical ). Era como se ela fosse magnética, como se ele estivesse enfeitiçado. 

E apesar, de Asensio ser bom em disfarçar, Marina percebeu bem onde os olhos do namorado dela hora ou outra se fixavam enquanto ele levava shots de vodka aos lábios. E pensou consigo mesmo que intuição feminina nunca falhava, porque notou algo estranho entre a tal Mia e Marco quando chegaram, uma certa tensão, um desconforto. Tentou se enganar achando que poderia ser coisa da sua cabeça, que poderia ter sido uma briga, uma inimizade, mas pela forma que o moreno não parava de olhá-la, babando com cada rebolado dela, Marina constatou que algo mais havia. 

— Vem amor, vamos dançar — foi o que ela falou sem ao menos esperar a resposta do jogador, o puxado consigo para pista de dança. 

Ela o mostraria que é melhor, que ele não precisava daquela mulher já nas tinhas nas mãos algo de maior qualidade. 

 

— Lo hacíamos tan cabrón que parecían orgías

    Ya sé que sigo en tus fantasías — cantou Vuelve erguendo o copo na mão. 

— Tas' con el pero eres mía — continuou a ruiva fazendo gestos para a amiga que riu. 

— Se tudo der merda a gente se casa amiga — falou Mia e Sarah gargalhou. 

— Você é até gostosinha, quem sabe — elas gargalharam juntas.

Mas o bom humor de Mia foi abalado quando viu Marco e Marina dançando juntos a poucos metros. A modelo tinha o rosto colado com o do jogador, as mãos dele um pouco a abaixo da cintura dela a puxando para si, ambos gingando um para o outro. Vê-los daquela forma a fez lembrar de quando era ela no lugar dela, de quando ela era que esteve nos braços dele. Tudo passou como um filme pela cabeça da doutora, o início quando era médica dele, a forma que Marco a conquistou, o dia da festa, quando foram para Toledo, o primeiro beijo, o encontro no estádio do Real, a festa das patrocinadores e tudo o que rolou depois...ela foi feliz com ele, foi bom enquanto durou, mas naquele momento Mia sentia falta de tudo, sentia falta dele. 

 

Dime baby si tú piensas volver

Y por eso vuelve

Que sin ti el mismo ya yo no seré

 

Sarah notou novamente o olhar tristonho da amiga, e virou-se para trás vendo o mais novo casal dançando juntinhos. 

"Eu sei que Mia que havia terminado com ele, mas qual a necessidade de ficar esfregando na cara dela essa namoradinha sem sal?" — Pensou. 

E Marco não estava fazendo aquilo sem propósito, ele queria que Mia o visse feliz, o visse bem. Porque um dia ele deixou que ela o visse mais do que deveria, deixou que visse que estava magoado com o termino e agora ele precisava provar que deu a volta. Que ela não partiu seu coração quando disse que o que eles tinham era algo frívolo. 

— Hey gatita, vou pegar mais uma rodada de tequila. Espera aqui — falou a ruiva chamando a atenção de Mia. 

— Ta bom — foi a única coisa que a morena disse dando um sorriso. 

Mia ficou lá dançando tentando de todas as formas não olhar para os dois e muito menos pensar neles. Mas era bem difícil porque como se ouvisse um imã seus olhos seguiam para ambos e em um momento até pegou a loira se esfregando nele. Revirou os olhos e alguns minutos depois ginger voltou com dois shots de tequila. Mia não esperou nem que ela a empregasse e já foi tomando o copo, virando-o em seguida.  

— Que cede hein! — comentou antes de virar o próprio copo. 

— Nunca quis beber ao ponto de esquecer uma noite toda, mas juro que hoje eu quero — a ruiva sorriu de canto. 

— Para com isso, ignora ele, ignora ela. Finge que eles não existem e aproveita pra se jogar — a doutora respirou fundo e de repente a música mudou de uma latida quente de reggaeton para uma flauta. Ela parou e aguçou os ouvidos, tinha a impressão que já tinha ouvido aquilo antes. 

— Ah! Não acredito — berrou. Bum bum tam tam começou a tocar e a pedido de Sarah ao Dj.

— Arrasa gatita! — Berrou por cima da música. 

Mia se animou ao ouvir uma música da terra dela, para quem não está longe da sua terra parece estranho, mas o tempo fora faz você se animar até com uma foto do seu lugar de origem. Ela rebolou no ritmo da flauta e no primeiro grave flexionou um joelho, depois outro rebolando a bunda em seguida. 

A tequila já corria por todo seu corpo a dando mais energia e fogo, Mia desceu, subiu, fez quadradinho apenas mostrando todo o diferencial de uma Brasileira. Sarah a acompanhou, tinha frequentado muitas boates no Brasil e saber rebolar é uma matéria exigida. Ambas dançavam juntas, uma sensualizando com a outra tanto que chamava atenção as pessoas ao redor, dezenas de pares de olhos. 

 

Na mesa Lewis e Nacho boquiabertos observavam as duas dançando, não só eles como J.L. e Daniel. 

— Puta madre! — O espanhol chiou, babando pela ruiva. Só ali pensou em mil formas de como ia tê-la durant a noite.

— Dawn! She so hot — Lewis não conseguia tirar os olhos da doutora. 

— Preciso dela para o clipe, fazendo exatamente isso — Daniel falou. 

Mais próximo delas Marco, mesmo com Marina rente ao seu corpo rebolando nele, mesmo com as mãos nela, a sentindo ali, também observava a cena. Lembrou-se do dia que a viu dançar assim na casa de Marcelo e da mesma forma que ficou ali naquele dia estava agora, totalmente hipnotizado. 

Mia desceu até o chão quicando. E naquele momento ela olhou para Marco e que a fitava discretamente. Propositalmente subiu e rebolou bem devagar mordendo o lábio inferior. 

 

Que tas' con otro ya yo me enteré

Dime sí como yo lo sabe hacer

 

" Porque ela tinha que ser tão gostosa e tão sexy?" — Questionou-se. 

 

Ambas riram quando a música acabou e bateram as palmas no ar. 

— Estão todos olhando — Mia falou, olhando ao redor delas. 

— Adoro, pode olhar mesmo — ela riu mais.

— Sua louca, foi você eu pediu essa música não foi? 

— Claro, só precisava nesse impulso — a morena sorriu. 

— Obrigada ginger — a abraçou pelos ombros. 

 

Marina pegou Marco desviando o olhar de Mia, ela então se controlou para não dizer nada. Sabia muito bem para onde ele estava olhando porque havia mensurado o lugar perfeitamente para que Mia a visse marcando seu território. Mas sua técnica falhou, e por isso a loira passou os braços pela nuca dele e aproximou seus rostos devagar. Marco já havia fechado nos olhos quando ela olhou de canto de olho para onde a doutora e a amiga ruiva estavam, notando o olhar da morena ela não pestanejou em beijar o jogador. Não um foi um selinho, foi um beijo de verdade.

 

— Agora essa vadia passou dos limites! — Sarah rosnou olhando aquela cena consternada. Mia respirou fundo, era difícil de ver ali presencialmente, mas ela não se sentia no direito de ficar chateada como a amiga estava. Ainda sim, ficava.

— Vou ignorar, uma ou outra isso ia acontecer — ela deu as costas clamando ao seu autocontrole, a sua paz interior.

— Nada disso, se ele pode ficar esfregando na sua cara essa projeto de Missericórdia você tem todo direito de aproveitar aquele pedaço de mal caminho que não para de te olhar — ela apontou com o queixo para Hamilton. 

Sarah sabia que a amiga estava precisando de alguém, só pela carne mesmo, para se satisfazer e com Marco desrespeitando os limites de um fim recente, ela já não precisava mais respeita-los também. 

Já o piloto só estava esperando que ela desse uma olhada, algum sinal para se aproximar, só para não ser rude. Hábitos ingleses nunca morrem. 

A doutora suspirou, o álcool não a deixava ter uma linha de raciocínio coerente, mas o que Sarah falou pareceu bem correto naquele momento. Afinal se Marco estivesse fazendo aquilo para provoca-la mesmo ela não poderia ficar por baixo. 

— Tem toda a razão, mais que isso, você é a própria Atena — a ruiva riu. 

— Sabedoria é uma dádiva de poucos, agora jogue um charme — empurrou a amiga com o ombro. 

Sobre o próprio ombro Mia olhou para trás, lá estava Lewis a fitando enquanto girava o dedo no gelo do copo sobre o braço da poltrona. Ela sorriu para ele de forma sexy e provocadora, mas ao mesmo tempo discreta, então fez o sinal com a cabeça. 

— Já sei o que farei — Mia piscou para a espanhola, que suprimiu um gritinho de animação. 

Então olhou uma última vez para Marco e Marina ainda dançando juntos e seguiu na direção do bar. Ao chegar lá, sentou-se no banco alto e apoiou o queixo com a mão enquanto a outra tamborilava em uma contagem automática sobre a bancada.

Oye mami — a voz grave soou atrás dela, a fazendo enrijecer a coluna no susto. Com um sorriso divertido virou-se para o piloto da Mercedes.

— Seu espanhol é péssimo — álcool e seu poder de tirar verdades. Lewis gargalhou, havia gostado da sinceridade dela.

— Eu me esforço, o sotaque britânico atrapalha para aprender qualquer língua latina. 

— Pode falar em inglês se quiser, aliás acho o sotaque britânico um charme — o sorriso dele se repuxou mais de um lado e os olhos estreitaram-se levemente. 

— Então já me conhece doutora Mia? — Falou em sua língua mãe. Ela imaginara de antemão que algo os meninos já deveriam ter falado, então não ficou surpresa quando citou seu nome e título. 

— Claro, curto esportes e você é um dos maiores pilotos da atualidade — o sorriso do inglês aumentou, no entanto apenas deu de ombros. 

— Me lisonjeia saber que me conhece — ela sorri, os olhos capturando imagens dos detalhes do seu rosto. O sorriso belo, olhos expressivos, charme evidente.

— Mas e você, o que já falaram sobre mim ali na mesa? — Apontou com o queixo para a mesa onde agora a amiga estava sentada com Nacho, Isco e outros dois homens. 

— Porque acha que falamos sobre você? — Apoiou-se na bancada com um sorriso sorrateiro. 

— Bom, já sabia meu nome e minha profissão quando me abordou e como não sou nenhum a estrela, imagino que tenha me conhecido hoje e com as únicas pessoas aqui que sabem de tudo isso a meu respeito — apontou para a mesa com o polegar. 

O corredor abaixou um pouco o rosto e riu. 

— Me pegou, mas deixe eu me apresentar como as boas maneiras pedem. Lewis — ele pegou sua mão delicadamente em cima da bancada e despejou um beijo suave. — Mas pode me chamar de Wis — ergueu os olhos de baixo para cima e o coração dela deu uma leve saltitada. 

— É um prazer Wis — disse com um sorriso enquanto o moreno se erguia. — Aliás, gin e tônica foi uma ótima pedida. 

— Perguntei ao garçom o que você bebia, ele disse que tequila, mas achei que mandaria a mensagem errada se mandasse um shot — a brasileira riu. 

— E que mensagem você gostaria de passar? — Perguntou o olhando nos olhos. Lewis sentiu o coração acelerar na caixa torácica, ela tinha o olhar mais felino que ele já vira antes. 

— Que eu gostaria de te conhecer melhor, caso estivesse interessada — Mia gostou da resposta, mas ficou curiosa.

— E o que a tequila significaria? — Ele mordeu o lábio. 

— Que eu queria pular toda a parte de nos conhecer — a fisioterapeuta riu. 

— Que bom que disse, agora se um cara me oferecer tequila vou estar ligada — o corredor sorriu.

 

Marina não viu mais Mia ali na pista e sorriu internamente acreditando que ela ou já havia ido embora ou desistiu de tentar seduzir seu namorado e o resto do bar com aquela dança ridícula. Ela não iria brigar com Marco por aquilo, seria burrice ficar perdendo tempo e desgastando o relacionamento por algo que ela podia resolver o mostrando que ela melhor para ele. 

Eles ficaram dançando na pista, o reggaeton fazendo os corpos queimarem, o calor fluir em meio a aquela noite de outono. Marina rebolava nele, deslizando as mãos pelos seus ombros, pelas costas. Ela sabia fazer como Marco gostava, foram anos de relacionamento afinal. O jogador sentia perfeitamente o corpo dela contra o dele, sentia algo despertar dentro de si, mas...

Mas no momento em que seus lábios se descolaram dos de Marina, ele discretamente procurou a doutora, entretanto ela já não estava lá. Ele suspirou de certa forma de alívio e de decepção. Alívio porque não ficava mais correndo o risco de fazer uma besteira e decepção porque queria mostrar mais que já havia esquecido ela. 

Então ele agora era todo de Marina, Mia já não perturbaria sua mente e seus impulsos. Deu assim toda atenção a loira, dançando com ela, com olhos apenas para ela como nos velhos tempos. Até porque ela foi a única mulher que ele amou, apesar do relacionamento conturbado, o que eles tinham sempre foi forte.  

Eles estavam voltando a mesa quando Marina recebeu uma mensagem. 

— Ah não! Tenho que ir embora, amor.

— Porque? O que houve? 

— Lembra aquele ensaio que eu ia fazer em Barcelona? — Marco anuiu. — Eles mudaram o horário do meu voo para amanhã de 7:30. 

— Jura? Achei que ficaria mais tempo. 

— Eu também, mas trabalho é trabalho. 

— Tudo bem, vou com você — a loira sorriu. 

Quando ambos chegaram na mesa para pegar a bolsa dela e se despedir os meninos insistiram que Marco ficasse. 

— Mas o trabalho é dela, você não precisa ir — Nacho falou e Sarah perguntou-se onde estava o filtro dele. 

— Fica aí Marco, não te vemos faz tempo, tempos que aproveitar — Daniel insistiu. 

O jogador olhou para a namorada e ela respirou fundo formulando um sorriso. 

— Se você quiser ficar, tudo bem — assegurou. 

Ele até pensou em ir com ela, mas Marina precisava descansar e faz tempo que ele não curtia com esses amigos que estavam aqui. 

Então se despediu da loira que o roubou um beijo antepões de ir, fazendo Sarah revirar os olhos. 

— Lewis foi embora? — Perguntou assim que percebeu a ausência do corredor ao se sentar no banco acolchoado. 

— Quem sabe? Ele disse já voltava e não voltou mais — J.L respondeu. 

— Olha não é ele ali — Sarah fez questão de apontar com o queixo para Lewis e Mia no bar.

Marco seguiu a indicação dela e enrijeceu assim que viu a morena gargalhando ao lado do piloto. Eles parecia estar se divertindo demais. 

Isco deu um gole largo na sua bebida e Nacho mordeu o lábio observando o amigo. O camisa 20 apenas travou o maxilar e desviou. 

J.L. riu ao ver a cena. 

— Parece que alguém vai sair do zero a zero essa noite — comentou. — E eu vou procurar fazer o mesmo, se me dão licença senhoritas — então se levantou e os caras riram o desejando boa sorte enquanto seguia na direção da pista. 

Naquele momento Marco se arrependia de não ter ido com Marina, assim não precisava ver Mia nos braços de outro, não quando estava tão recente. 

— Caballero! Un whisky — pediu. 

 

Lewis e Mia se estenderam no papo, e descobriram um no outro uma boa conversa e companhia. A mulher já levemente bêbada falava o que lhe desse na telha e o piloto se divertia com seu bom humor, ao mesmo tempo hipnotizado pelo magnetismo que ela tinha. Hamilton podia passar a noite a deixando falar, ouvindo sua risada e rindo com ela. Mia definitivamente era uma ótima companhia e sentia o mesmo por ele. Tanto que até se esqueceu de Marco e a namorada de tão bom que o papo estava. 

 

P.O.V. Mia 

 

— Estou começando a falar besteira, melhor recorrer a água — fiz sinal para o barman.

— Que besteira? Não pensei que fosse me divertir tanto hoje, sério — sorri de canto. 

— Nem eu — suspirei. Para ser bem sincera, Wis salvou minha noite de uma tragédia emocional. — Ainda mais com um inglês, olha eu carreguei uma péssima fama de vocês por causa de um colega de pôs graduação. Ele era um absurdo de chato, não sorria nem pra um bebê — ataque de sinceridade, com certeza é meu maior problema quando bebo. Ainda bem que Wis tem senso de humor.

— As vezes morar em uma ilha fria e sem sol deixa as pessoas um pouco maçantes, mas juro que nem todos são assim — um sorriso brotou nos lábios meus lábios. 

— Vou confiar em você — ele sorriu também. 

Silêncio se vez por um momento e ambos ficamos se olhando. No meio desse papo todo rolou um clima muito sutil, acho que nós dois queriam ir devagar, ver se daria certo, se funcionaria, teria química. 

O fato é que sim, me senti atraída por ele e pela forma que ele conduziu a conversa, mas algo ainda me impedia. Eu não sei se era a confusão emocional que eu me encontrava, ou a presença de Marco ainda me assombrando. Era como se aquilo fosse errado. O problema é que Lewis Hamilton não era um homem de se jogar fora, até seria um pecado fazer isso. 

E eu já estava tão a vontade que quando ele deu um passo para frente, diminuindo nossa distância fiquei tensa pela surpresa, mas não como se fosse algo ruim. Wis olhava para mim perscrutando todo meu rosto e eu sentia meu coração acelerar a medida que sua mão deslizava na direção da minha no balcão.  

— Pode confiar — sussurra prestes a me tocar pela primeira vez. 

— Ah! Vocês estão aí! — Marco brada e nesse exato momento o piloto recolhe a mão e eu enrijeço no banco com o coração disparado quase na boca.

— Eai Asensio! — Lewis virou o rosto bem devagar para o jogador, respirando bem fundo como se pedindo paciência por Marco ter atrapalhado a situação toda. 

Olho para o jogador sem entender o que ele estava fazendo aqui. 

— O pessoal estava procurando por vocês, venham vamos voltar pra mesa — falou distribuindo o olhar esperançoso entre mim e Wis. 

Lewis olha para mim quase como se perguntando qual era a de Marco, e antes que ele dissesse não para o espanhol eu pego sua mão. 

— Vamos Wis! — O puxo na direção da mesa sem dar muita atenção a Marco, mas de canto de olho o vejo fitar a minha mão e de Lewis entrelaçada. 

Se ele queria assim, era assim que seria.   

Ao chegar na mesa todos os pares de olhos se vertem a nós, mais ainda nas nossas mãos unidas. No entanto há uma excessão, Isco olha para um ponto atrás de nós, Marco.

Eu ainda não entendia o que estava havendo, mas eu decidi pagar com a mesma moeda.

— Ora, ora, bem-vindos — Nacho fala com um sorriso que me deixa um pouco tímida. 

Sentamos no sofá e Marco se senta na poltrona logo na minha frente. 

— Está tudo bem? — Wis me perguntou próximo ao ouvido, seu braço agora passava por trás de mim no encosto do sofá. 

— Sim — sorri para ele. — E pra você? 

— Também. 

— Daniel, essa é Mia — Isco me apresenta a um homem de seus quase trinta anos, cabelos negros e barba cheia. O tal Daniel sorri para mim e estende a mão para tocar a minha em um cumprimento. 

— Mia esse é Daniel, produtor musical — arqueio as sobrancelhas em surpresa. 

— Nossa que legal, é um prazer — aperto sua mão. 

— O prazer é todo meu, aliás você dança muito bem — sorrio. Ou seja, todo mundo me viu? Que ótimo! 

— Obrigada.

— Ela é brasileira Daniel, descobri de onde vem aquele talento todo — Lewis comenta e eu ri para ele. 

— Assim você me deixa envergonhada — o piloto sorri.

— Na realidade, ela é bailarina, mas vocês se conheceram só agora, não teria como saber — me virei para Marco e ele olhava para Lewis quase que com um olhar sarcástico. 

O que ele estava tentando fazer? 

— Então você é profissional? — O piloto ignorou a acidez do comentário do jogador me fazendo voltar a atenção para ele. — Mia me fez acreditar que era um talento divino de nascença. Você me enganou — fingiu decepção e eu sorri balançando a cabeça. 

— Para, eu só omiti os fatos. Ia te contar depois — ele cerrou os olhos. 

— Agora muita coisa faz sentido — Daniel falo. — Mas estava comentando aqui com Sarah que estou produzindo um clipe e adoraria que você dançasse nele.

Quê? 

Fico atônita por alguns segundos. 

— C-como assim? — O barbudo se endireitou na cadeira. 

— É do Maluma, para o próximo single dele. Rola cachê e tudo mais — eu não estava surpresa, estava estarrecida. Apática.

Maluma. Clipe. Eu. Dançando. 

Parece mentira.

— Uau! — Mas algo me puxa para realidade. — Mas eu não sei se meu trabalho me permite, preciso conversar com meu chefe primeiro. 

Real Madrid era bem rigoroso com a imagem pública nos funcionários e eu devia respeitar as limites, apesar de que seria uma ótima experiência dançar em um clipe. 

— Bom, fique com meu número — ele enfiou a mão no bolso e tirou a cadeira e dela um cartão. — Se ficar interessada e disponível, me ligue — sorri. 

— Tudo bem, obrigada pelo convite — guardei o cartão na bolsa e ele sorriu para mim. 

— Espero que o Florentino te libere, porque você iria arrasar — Sarah falou. 

— Eu concordo, aliás você deve ser Sarah. É um prazer conhecê-la — ele apertou a mão dela que sorriu. 

— Sim, o prazer é meu. 

— Bem, vamos ver o que acontece — dei de ombros. 

— Sabe, nós estávamos falando sobre os feriados de inverno. O que vocês pretendem fazer? — Isco perguntou para mim, Marco e Lewis. 

— No natal, família, quanto ao ano novo...bem, acho que Alpes suíços — Hamilton falou. 

— Como é passar ano novo nesses lugares frios? Nunca parei para imaginar — perguntei despretensiosamente e ele me olhou. 

— Bom, montanhas cheias de neve, as lareiras para afastar o frio, vinho, de dia esquiar. Se você não for com uma turma acaba se tornando bem romântico — mordi o lábio.

— Deve ser demais, tenho vontade de conhecer um lugar frio assim um dia.

— Eu tenho uma casa lá se...

— Achei que não gostasse de frio Mia — Marco falou me olhando cético. Cerrei os olhos para ele. Um clima estranho se instalou na mesa, os olhares se dividindo entre mim e ele.

— Eu não estou acostumada com frio, é verdade. Mas morando aqui, vou ter começar a fazer isso — tentei soar o mais leve possível para quebrar aquela tensão que se formou. 

— Hum... — ele fez e juro que para mim soou tão debochado que eu tive que respirar fundo para engolir a vontade de brigar com ele. 

— Bom, como eu estava dizendo, eu tenho uma casa lá e estão todos convidados quando quiserem passar uma temporada — Wis disse.

Sarah ergueu seu copo. 

— Um brinde a Lewis, isso que é amigo — ele riu ao meu lado e ergueu seu copo. 

Forcei um sorriso me juntando a eles. Mas de canto olhei para Marco. O que deu nele? Se não estivesse namorando eu acharia que era ciúmes. 

Bêbado, Marco só faz essas merdas quando bebe demais. Então vou ignora-lo que é o melhor que eu faço. 

Todos começaram a falar sobre os melhores destinos para o feriado e um momento eu comentei: 

— Mas juro que não consigo imaginar ano novo sem praia, acho que é mania de brasileiro. 

— Gosta mais de praia? — Wis perguntou.

— Eu sou carioca, ta no sangue. Mas é mais uma tradição mesmo, lá no Brasil todo mundo veste branco, entregamos oferendas no mar para a deusa das águas salgadas, fogos e as festas duram dias e mais dias, depois é só praia — só de falar sinto saudade. 

— Um amigo já tentou me convencer de passar lá na casa dele uma vez, quem sabe. Mas e você, vai para lá? 

— É provável. 

— Bem, eu estou cada vez mais convencido — sorriu maliciosamente e eu ri. 

— Não irá se arrepender — não falei com malícia, mas soou como se tivesse essa intenção. Wis olhos nos meus olhos e uma sombra perpassou suas íris escuras. 

— Sei que não — então vi seus olhos desviarem para meus lábios que tremeram com a ideia que ele me beijasse ali. 

Duvido que acontecesse, ele não parecia o tipo de cara de beija uma garota com todos olhando. Mas o álcool muda as pessoas e então eu desviei antes. Eu devia me deliciar em fazer isso na frente de Marco, mas não conseguia chegar a esse ponto. 

— Ta calor aqui ou só eu? — Sarah comentou se abanando. 

Corei, entretanto de canto vi Marco virar um shot de vodka com uma cara não muito boa. Eu não entendia porque ele estava assim? Será que brigou com Marina? Porque não devia ter nada haver comigo já que ele estava apaixonado por outra mulher o suficiente para que namorassem. Aliás, em falar em Marina...onde ela estava? 

— E você pisha, já decidiu para onde vai? — Perguntou. 

— Natal em Maiorca, ano novo...ainda é uma incógnita. 

Não que tivéssemos planejado nada juntos, mas lembro de Marco falar uma vez que queria ir a uma praia da América central e que me levaria consigo e seus amigos de infância também. Hunf! Nada feito. 

— Passa com a família da sua namorada, é o que eu sempre faço com minha mulher — Daniel sugeriu. 

— A família de Marina é de Maiorca também, então no natal estaremos todos juntos — explicou sem muita emoção. 

Um namoro de verdade, família se conhecendo, natal juntos, compromisso...a ideia disso antes me assustava, mas agora eu fico triste de imaginar ele fazendo isso com outra. Será que poderia ter sido eu? Será que ele gostou de mim o suficiente para que chegássemos a esse ponto? Ou eu só fui um caso? Algo que ele nunca admitiria publicamente. Alguém que não conquistou seu coração como Marina.

— Então quer dizer que ninguém vai passar aqui com a gente, triste — Nacho falou fazendo bico. 

— Vai ter que se contentar comigo — Isco passa o braço pelos ombros do companheiro de time. 

— Eu prometo que volto logo Nachos — falo e ele pisca para mim. 

— Ai de você se não voltar mocinha.

— Ui! 

— Já viu né! — Sarah estalou os dedos e eu ri. 

Continuamos conversando, o clima bom volta a reinar, mas em alguns momentos eu sentia olhar de Marco cair sobre mim e Wis. Principalmente quando conversávamos baixinho, só entre nós dois. 

Uma hora Lewis soltou uma gracinha no meu ouvido e eu gargalhei então Asensio falou: 

— Conta a piada pra gente também Hamilton — e eu vi um olhar assassino silvar nas suas íris, como uma lâmina de uma foice.

Lewis mordeu o lábio, o perscrutando quase que lendo suas intenções. 

— É, conta aí — Isco insistiu. 

Que isso? Um complô? 

Porra Isco! Eu te chamei para sair desgraçado! 

— Vocês são muito curiosos, não precisam saber — tomei as rédeas, olhando para os dois, mas de modo mais enfático para Marco. 

— Ah! Qual é? Eu quero rir também — ele era tão cínico quando queria ser. Aí que ódio! 

— Eu estava falando para Mia que se ela não fosse contratada pelo Real poderia ser pela Mercedes. Lesões em F1 são mais raras, mas quando acontece algum acidente geralmente precisamos de fisioterapia intensiva. Aí falei que ela teria que se especializar em fisioterapia motora — explicou e ninguém riu.

Claro! Era péssima!

— Essa piada foi a pior que eu já ouvi na minha vida — comentei. 

— Mas você riu! — Me olhou incrédulo. 

— Porque foi muito ruim — ele riu. 

— É foi bem ruim, nem tem como defender — Nacho goleou sua bebida. 

— Okay! Acabei com meu estoque de piadas para te conquistar, a partir de agora só sai coisa ruim daqui — admitiu e eu corei. 

O camisa 20 riu sarcástico. 

— Vai precisar bem mais de um estoque de piadas pra conquista-la, alguns tentaram de tudo não conseguiram, não é Mia? — Soou amargo e seu sorriso me doeu no peito. 

O silêncio tomou a mesa. Olhei nos seus olhos e ele desviou virando mais um shot de vodka. 

— Se me dão licença — me levantei e segui na direção do banheiro. 

Eu não sei se foi a porra do álcool que me deixou mais sensível, ou a sucessão de todos esses acontecimentos, mas queria chorar de raiva. 

Que inferno! Porque ele estava fazendo aquilo? Porque não me deixava continuar vivendo minha vida? Porque sentia raiva de mim a esse ponto? Ele já não estava bem, namorando, feliz? Porque desfruir minha noite? 

Mas antes que eu passasse pela porta eu senti uma mão envolver meu pulso. Olhei para trás em um impulso de fúria e lá estava ele. 

— Vai ficar com ele? — Sua pergunta só fez meu sangue ferver mais. 

— O que você tem haver com isso? — Senti o aperto no meu pulso aumentar.

— Mia... — rosnou.

— Não foi você mesmo que disse que quanto mais a gente se afastar melhor? Só estou dando o que você queria. — Ele desviou os olhos para o lado e comprimiu os lábios.  

— Então vai ficar com ele? É isso? — Seus olhos procuravam algo nos meus, pareciam desesperados. Podia me perguntar tanta coisa.

— Qual é a sua Marco? Você não está namorando? — Queria tirar algo dele, qualquer coisa. Busquei em seu olhar, busquei algo nele, mas então ele diz: 

— Tem razão, eu estou sendo um idiota de novo

Me solta e sai o corredor em segundos, deixando-me sozinha. 

Podia dizer tanta coisa e fala isso. 

Senti as lágrimas subirem, mas as engoli respirando fundo várias vezes. 

Eu não tenho ideia de quanto tempo fiquei ali, me recuperando, montando a imagem da farsa para voltar a mesa como se nada tivesse acontecido. Como se aquilo não tivesse me abalado, não tivesse me deixado mais confusa. 

Depois de checar minha maquiagem no espelho eu voltei, mas não mais com intenção ficar nem um minuto no mesmo lugar que Marco. Pra mim a noite já acabou. Ele conseguiu o que queria. Acabar com minha graça dessa merda toda.

— Gente eu já vou — anunciei com um sorriso ameno. Todos me olharam surpresos, menos Marco, ele parecia estar entretido olhando para o lado contrário.  

— Ue! Como assim? Já? — Sarah indagou em um berro.

— É! Eu já passei nos limites e to um pouco cansada, mas obrigada pela noite — peguei minha bolsa perto dela e dei-lhe um beijo na testa. A ruiva me olhava com preocupação. 

— Vamos levar ela Ignacio — falou batendo na coxa de Nacho. 

— Ah não! Não precisa, eu peço um taxi lá em baixo — assegurei. 

Ela já passou a noite toda comigo, eu não ia acabar com o resto a obrigando a me levar para casa. O mesmo para Nacho. 

— Posso te levar se quiser, Mia — Isco se ofereceu.

— Não, por favor. Aproveite sua noite. 

— Eu te levo, já estava pensando em ir mesmo — Lewis disse e pela primeira vez olhei para ele. Estava morrendo de vergonha depois do que Marco fez. 

— Jura? Eu não quero atrapalhar — ele abriu um sorriso já se levantando. 

— Claro, só me ajudar com o caminho e tudo certo — sorri de canto e Sarah me olhou quase implorando que eu fosse com ele. 

Eu não aceitaria, mas Marco ainda estava ali e ele merecia ter essa dúvida, não ter o gostinho de me deixar na merda.

— Tudo bem — ele sorriu satisfeito.

Começarmos a nos despedir de "todos" e Sarah me fez prometer que pelo menos pegaria o número dele. Então seguimos para fora do bar em um silêncio estranho, e assim pelo elevador até o térreo. 

Paramos no valet fora do prédio e Lewis pediu o carro. Eu me encolhi só então sentindo o frio na noite outonal. Acho que o álcool começou a diluir do meu organismo. 

Puta merda! Esqueci meu blazer lá em cima!

De repente senti um peso aconchegante nos meus ombros. Olhei para o lado e Wis sorriu para mim. 

— Obrigada — agarrei as bordas da jaqueta as fechando um pouco mais ao meu redor. A barreira de calor era muito bem-vinda.

Como já era de se imaginar o Mercedes parou na frente do prédio da prefeitura. O manobrista desceu do carro e entregou as chaves para Lewis, que abriu a porta para mim antes de entrar também. 

No carro enquanto ele dava a volta respirei fundo pensando em como seria o resto da noite. Eu já não estava mais no clima para ficar com alguém, apesar de Wis ser incrível. E justamente por isso eu não sei como falaria isso para ele. Na realidade, nem se ele estava esperando algo mais depois de tudo o que aconteceu. 

Enfim, assim ele se sentou no banco do motorista e deu partida eu tomei coragem e falei:

— Wis, me desculpa por toda aquela situação. Não queria estragar sua noite — eu realmente estava desconfortável com tudo o que aconteceu. 

Não devia ter voltado para a mesa com ele, não devia ter cedido a provocação de Marco. Foi idiotismo minha querer pagar com a mesma moeda, não ganhei nada com aquilo e ainda deixei todo mundo em um clima estranho. 

— Que isso! Minha noite foi ótima Mia — eu o olhei e sorri fraco. — Mas você e Marco tem alguma coisa? Ou tinham? Porque ele pareceu um pouco incomodado comigo perto de você. 

Não foi só eu que percebi isso, então pode ser verdade.

Respirei fundo. 

— Bom, nós ficamos por um tempo — Lewis anuiu com os lhos na pista. 

— Então ele não superou teu fora ainda — fiquei tensa e o fitei curiosa.

— Porque acha que eu dei um fora nele? — o corredor suspirou.

— Bom, era ele que estava com uma namorada tapa buraco te olhando dançar a noite toda — não consegui prender o riso. 

Ele estava me olhando a noite toda? 

— Ela é gata demais para ser tapa buraco — revirei os olhos com voz de tédio e ele riu.

— As tapas buraco sempre não gatas, ficamos buscando sempre uma mulher que supere a que reais,merda queremos mas que não podemos ter. 

— Algo me diz que tem experiência nisso — estreitei os olhos. 

— Não sabe como, já sofri muito com isso.

Quem diria? 

— Como ela pode perder um homem desse? Burra ela — ele sorriu. 

— Também me pergunto isso, talvez porque o marido dela fosse bem mais rico que eu, na época pelo menos. 

— Mulher mais velha — Wis dá de ombros. 

— A única que eu gostei, pra ser sincero. 

— Já tive uma paixonite por professor uma vez, te entendo. Experiência é sexy — sua gargalhada explode pelo carro. 

— Se eu soubesse que já me divertir tanto com você teria dando um jeito para que Marco parasse de nós importunar, ou de ir embora antes. 

— Essa eu queria ver — mordi o lábio e ele parou no sinal vermelho.

— Adorei de conhecer Mia, sério — falou olhando nos meus olhos.

— Eu também — fui completamente sincera. 

No caminho continuamos conversando até chegar ao CT. 

— Está entregue, ainda acho louco você morar no centro de treinamento do Real — falou assim que estacionou na frente do prédio onde ficava mais alojamento, enquanto olhava ao redor.

Eu ri.

— É estranho mesmo, mas é por pouco tempo — admiti tirando o cinto e então Wis olhou para mim tamborilando o volante, durou apenas algum segundos antes de esticar a mão e pedir: 

— Me da seu celular — franzi o cenho e tirei o aparelho da bolsa. — Esse é meu número — falou enquanto digitava. — Quando tiver afim de conversar, de sair e eu estiver no mesmo lugar de você, é só me mandar uma mensagem — me devolveu e eu sorri de canto. 

— E você quando estiver na cidade de novo, me liga — apontei o dedo para ele. — Não vai me esquecer hein mocinho — Lewis riu. 

— Não tem nem como, doutora Mia — meu sorriso aumentou e suspirei me aproximando dele para um abraço. 

Lewis retribuiu. 

Algo me dizia que isso iria virar uma grande amizade. 

 

(…)

 

No dia seguinte minha ressaca só não foi pior do que a que tive por causa do Orujo na festa de Marcelo. Passei o dia no sofá com três garrafas de água que eu enchia de instante e instante para me manter hidratada, enquanto isso fiquei pesando em tudo o que aconteceu. As lembranças estavam anuviadas, não acho que cheguei a me esquecer de nada, mas elas estavam se apagando rapidamente. Cheguei no bar achando que me divertiria horrores, dizer que não me diverti seria uma mentira, mas dizer que a noite foi só diversão também. Tentei afastar Marco de todas minhas lembranças, mas era impossível, afinal todo o desastre da minha noite foi culpa dele. 

No fim, quando me rendi a uma análise de seu comportamento Am me ligou. Ficamos conversando sobre a noite e ela quis saber sobre Isco, lhe dei os detalhes e minha amiga ficou feliz que ele tenha se divertido. Contudo ela notou algo diferente em minha voz, coisa que eu mesma não havia sequer percebido que estava fazendo. Assim pediu que me contasse o que realmente aconteceu e eu acabei — perante uma certa insistência — lhe contando tudo. 

Amanda ficou pasma, mas ao contrário de Sarah não ficou com raiva dele, ela pareceu o compreender e tentar até me dar ideias de porque ele agiu daquela forma. Todas elas envolviam sentimentos por mim que num cara comprometido não deveria ter, mas que era perfeitamente normal já que o que tivemos não acabou por falta de tensão ou coisa do tipo. Por isso só levei em conta a tese de que ele tinha ainda uma certa posse por mim e não estava acostumado a me ver com outra pessoa. Quanto à Amanda, acreditava que os sentimentos dele eram mais fortes que apenas uma selvagem posse. Eu ri e disse que ela estava viajando, porque realmente estava. 

Depois que desligamos eu resolvi fazer uma pequena pesquisa de campo, por puríssima curiosidade. Então descobri que Marina era ex de Asensio, que eles namoraram por um bom tempo e terminaram no final do ano passado. A única coisa que me veio na cabeça foi que o meu relacionamento com ele só serviu para provar que Marina era a mulher certa. Que jamais deveria tê-la deixado. Mas eu deveria estar torcendo por ele, torcendo para ele ser feliz, mas não o conhecia ver feliz com outra. 

Era egoísmo sentir isso? 

Provavelmente sim. 


Notas Finais


EAI?? Quem tava com saudade do nosso bebê Asensio, DAME esse presente ( ou talvez não ) . Confesso que também estava com saudades dele.
MAS AGORA ME CONTEM T U D O!! O que gostaram? O que odiaram? Previsões para o futuro? Mia terá novos amores? Ou alguém vai se redimir? Ê laiá! A vida emocional dessa garota sobre e desce mais que o peso argentino.
Mia e Sarah aff ❤️
Marina 😒

* O próximo capítulo será aquele famoso dividido em parte um e parte dois. Então, babado vem por aí!


Ps: Adicionei um novo personagem, se alguém descobrir quem é e o que ele fará na história me manda a teoria conspiradora nas mensagens.


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