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História I know he's married - Diz que...


Escrita por: mydarlingzayn

Notas do Autor


HOLA MIS AMORES! Demorei mais que o esperado, estou coordenando um evento essas últimas semanas e não tenho tudo muito tempo de sobra pra escrever, mas tenho feito da forma que posso.
O MAIS IMPORTANTE É: obrigada por todos os comentários e favoritos, eu estou imensamente feliz por tudo e também rola interação de vocês fora daqui. É muito bom saber que estão gostando, que criam histórias, que querem saber mais. Acho que é o maia gratificante para um escritor.
Enfim, até as notas finais bebês!!

Capítulo 31 - Diz que...


P.O.V Mia 

 

Meu coração disparou ( como se já não estivesse batendo rápido o suficiente ), minha mente disparou em segundos tão cheia e confusa, porque de todas as no mundo, James era o ultimo que eu esperava que falasse isso, por motivos muito explícitos. Mas por mais que meu coração estivesse fora de controle, por mais que essas palavras me enchessem de felicidade, por mais que o que eu sentia por ele era forte e intenso, eu não consegui responder. Provavelmente por medo, eu ainda sentia medo de dizer isso a alguém, de assumir, até de sentir algo próximo ( principalmente pelas conjuntura ).

Fora que o frenesi que sentia não me deixava pensar direito. James ainda estava dentro de mim, indo e vindo, provocando meus últimos espasmos de prazer até que fincou as unhas curtas na minha cintura e se fundou deliciosamente uma última vez antes de gozar. 

— Mia... — gemeu baixinho contra minha pele e eu senti seu corpo relaxar sobre o meu. Ofegante o jogador se recuperava, a respiração forte pairando no meu pescoço, os lábios roçando ali.

Suspirei me permitindo apreciar cada partícula naquele momento, minhas mãos deslizaram suaves pelas costas dele ( elas estavam tão tensas antes ) não as judiando mais, apenas alisando subindo até a nuca e os cabelos. Meus pés desciam pelas panturrilhas dele, alisando os músculos, o induzindo a relaxar e a despertar ao mesmo tempo. Mas enquanto curtia a presença de James ali o que ele falou voltou a pesar na minha mente. 

" Eu te amo."

James acabou de dizer com todas as palavras que me ama e ainda que eu não conseguia responder , dado pelas vezes que ameacei abrir a boca de nada saiu, eu queria demostrar aquilo. 

Ele me ama. 

Díos! Em meio a tudo, depois de tudo. Ele me ama! 

Acariciando seus cabelos eu virei o rosto para o dele, que beijava meu pescoço. Olhei nos seus olhos a pouco centímetros dos meus, eu queria que ele visse, que sentisse que havia algo parecido no meu coração também. James fechou os olhos e juntou nossas testas, sua mão livre deslizando para minha nuca. Ficamos alguns segundos ali, trocando o que cada um sentia silenciosamente. Acho que palavras estragariam, era algo sensível demais, tão puro e genuíno que meu medo de sequer sentir foi embora. Nós só nos beijamos depois, como uma forma de consumar aquela troca, aquele sentimento que nos unia, mesmo que velado.  

As horas se passaram tão devagar e tão rápido ao mesmo tempo. A cama era nosso reino, as chamas das velas eram estrelas, aquele quarto o céu. Um mundo só nosso por uma noite inteira. 

Fizemos amor preguiçosamente, fodemos loucamente ou só ficávamos lá, deitados conversando até mesmo em silêncio apenas olhando um para o outro como se aquilo não fosse real. 

Contra a janela, na banheira, de lado...éramos infinitos. E Dios! Nunca foi tão bom, eu me senti tão relaxada, parecíamos que éramos um do outro a tanto tempo, que estávamos predestinados a esse encaixe tão perfeito. 

Vidro suado, mormaço e gemidos sôfregos. Eu dizia que ela toda dele enquanto James me tinha contra janela. Espuma, água e risadas. Fiz desenhos no seu rosto, ele fez bolhas de sapão com a mão e nos fizemos um novamente. Lençóis húmidos, corpos roçando no outro e arfados. Foi devagar como se não quiséssemos por um fim, entre beijos e carícias nós fizemos amor aninhados e no fim, quando já exaustos e totalmente preenchidos deitamos abraçados e la ficamos. 

Não houvera lembradas ruins do passado, não houvera críticas, brigas ou se querer menção próxima a qualquer coisa que pudesse estragar aquilo. Nós apenas conversamos preguiçosamente, as memórias boas do Brasil vindo, as confissões veladas em quatro paredes, mãos brincando uma com a outra, fazendo figuras com sombras das inúmeras velas. Nunca fomos tão Mia e James, nunca fomos tão só nós. 

Eu amei cada segundo, eu aproveitei cada segundo até que o cansaço veio e enquanto os passarinhos cantavam no raiar nublado do sol, a chuva tendo dado uma trégua, nós nos entramos ao sono pesado. 

Meu último pensamento antes de pegas num sono foi que pela primeira vez eu estava com uma sensação boa no peito, eu me sentia feliz e plena. Pela primeira vez eu estava começando a me abrir para confiar em alguém, James merecia isso, eu sentia que ele merecia. Ele me amava. Dormi com um sorriso no rosto e senti-lo beijar meu ombro antes que eu imergisse no sono mais tranquilo desses últimos meses. 

 

P.O.V James.

 

Há tanto tempo que eu buscava algo, por anos procurei exatamente o que eu senti essa noite. Mas não esperava que fosse encontrar tão perto e tão longe, nela. Foi como estar em casa, me senti seguro, completo, com uma pitada de nervosismo bom e uma longa sensação de felicidade. Era como se tudo o que eu carreguei até ali, todas as inseguranças e dores fossem tiradas por ela, e eu novamente estava livre para ser o que eu sempre fui. Naquela noite éramos aqueles jovens do Brasil, com a única pretensão: estarmos juntos e felizes. E Dios! A tanto tempo que eu não me sentia feliz assim.

Não era só sexo, claro que era incrível com ela, havia conversa também e eu poderia conversar com ela para sempre, poderia ouvir até sua risada para sempre.  Nem me importei com a tempestade destruindo o mundo la fora, eu só queria viver aquele momento nos minutos segundos e pormenores. 

E foi melhor do que eu imaginei, nos meus sonhos não chegou nem a metade de como foi estar com ela. O tesão que sentíamos um pelo outro foi algo tão velado por tanto tempo que só aumentou culminando em uma vontade, uma fome voraz. Nosso encaixe, a forma que combinávamos na cama, eu jamais tive isso com outra por mais tempo que estivéssemos juntos. Era genuinamente perfeito.

A fiz minha como desejei tanto, mas ouvi-la dizer que era minha era indescritível. E não era só por uma questão de competição machista, era porque simplesmente eu queria que ela quisesse ser minha, eu queria ouvi-la dizer com todas as palavras que me escolhia.  Assim como eu a escolhi quando deixei o quarto e vim até aqui. 

E quando o cansaço nos tomou, ela se deitou no meu peito com a respiração levemente ofegante e disse:

— Seu coração está acelerado — aquele sorriso lindo iluminando meu rosto. 

— Culpa sua, devia te odiar por isso — sorri e o sorriso dela só aumentou. — Sério, me faz parecer um adolescente — ela riu.

— Já provou que é um homem — deslizou a mão pela minha nuca. — Aliás, eu acho adorável a forma que ele acelera — nego com um sorriso ( porque eu não conseguia parar de sorrir ) e selo nossos lábios. 

Mia voltou a se deitar no meu peito, entre carícias suaves e conversas leves vi seus olhos pesarem e ela cair no sono rapidamente. Ri com o nariz, ela ainda fazia isso, e beijei seu ombro a vendo sorrir em aprovação aninhando-se a mim. 

Fiquei um tempo acordado ainda, a observei adentrar as etapas do sono, delineando seu rosto, guardando cada detalhe, me sentindo grato de tantas formas por tê-la aqui, me sentindo abençoado por esse momento, por toda a força que ele me deu e pela forma que me fez bem. 

Mal ela sabe que me deu a minha melhor noite em meses, a quem dirá anos. 

Ali a observando o sono se aproximou devagar e foi me tomando até uma hora que não dava mais para resistir. 

 

 

(…)

 

Eu acordei com um pouco de dor de cabeça, nada que incomodasse muito, mas sabia que devia ter sido pelas várias doses de uísque ontem. Abri os olhos vendo a luz branca entrar pelas janelas do quarto, já não chovia mais, embora o dia estivesse nublado. Mia estava nos meus braços e ainda dormia. 

Sorri de canto, não foi mais um sonho. 

E apesar de não querer macular esse momento imagino que ela acordaria tão faminta quando eu, e provavelmente com dor de cabeça tão pior quanto a minha ( sei que Mia não é acostumada a beber, ainda mais algo como uísque ), por isso acho que devo fazer algo para comermos e providenciar aspirinas. Mas ela estava tão plácida que fiquei com medo de me mover e acorda-la. Então fui extremamente cuidadoso ao me afastar e deixar a cama. Vesti minha cueca e a calça que achei no chão desci até a cozinha com um sorriso idiota na boca. 

Enquanto olhava as coisas que tinha na geladeira minha mente revistava alguns momento de ontem, era difícil acreditar que tudo aconteceu ainda mais da forma que aconteceu. Mas existia uma sensação tão boa me dominando agora, ela sobressaltava alguns receios e medos que agouravam de longe. E sinceramente eu ignorei todos os pensamentos ruins, porque eu queria viver aquilo sem culpa, eu queria mais do que uma noite.

Eu cantarolava enquanto arrumava a mesa, pelo menos eu tentei fazer algo bom o suficiente, quando ouvi um barulho vindo da sala. Parecia o toque do meu celular. Ontem o deixei lá para não me perturbar, mas agora eu já não poderia mais fugir, podia ser algo sério. Interrompi meu momento cozinheiro e segui até a mesinha que o deixara. 

"Mãe" — Li no visor. Franzi o cenho. 

Talvez ela tivesse visto a tempestade no noticiário internacional e estivesse ligando para saber se estamos bem. 

Atendi. 

— Bom dia mã... — parei ao ouvir soluços e eles me pareciam infantis demais. — Salomé? 

— Papá — entrei em desespero.

— O que houve minha filha? Porque está chorando? Você está bem? Vocês estão bem? — Perguntava em meio aos soluços dela. 

— O senhor e mamãe não vão se separar que nem os pais da Paloma, não é? — Perguntou baixinho e senti meu coração apertar. 

Não consegui responder de imediato, não podia imaginar em como ela chegou a essa conclusão. 

— Quem disse isso pra você? — Perguntei.

— Ouvi hoje mais cedo, mamãe estava chorando enquanto conversava com vovó Lu e falou que o senhor ia se separar dela — novamente fiquei sem palavras, eu de fato não sabia o que falar, não esperada por isso ainda mais Salomé sabendo disso. — Papá eu não quero que vocês se separem, eu não quero ficar como a Paloma com os pais em casas diferentes, eles brigam na frente da escola, ela fica triste. — Ela ainda chorava quase suplicando para que eu dissesse que não era verdade. — Vocês se amam não se amam? Porque separar papá? 

Minha boca abriu várias vezes, gaguejei mais algumas e nada saía. Como vou explicar a ela? Como faço uma criança entender? 

 

P.O.V Mia 

 

Ouvi passarinhos cantando e depois senti a luminosidade por cima dos meus olhos fechados. Suspirei me espreguiçando, não senti o corpo dele próximo ao meu então abri os olhos e me virei parar outro lado. Bom, eu estava sozinha. 

Uma sensação ruins perpassou rapidamente pelo meu eu, mas não afasto aquilo. Depois daquela noite, depois de tudo o que dissemos, que fizemos eu não devia deixar nada de ruim me perturbar. Nos entregamos um ao outro e fora mais genuíno do que nunca. Eu confio nele, confio do sentimento que compartilhamos. 

Me levantei e senti uma pressão na cabeça. Droga de uísque! Porque mesmo que eu bebi aquilo? 

Catei minhas roupas e só achei os trapos da minha calcinha. 

Obrigada por isso Rodríguez! — Bufei, mas depois sorri com a lembrança. 

Bom, valeu a pena de certa forma. 

Fui até o banheiro para dar um jeito na minha cara de acabei de acordar. Lavei o rosto e penteei os cabelos com uma escova que achei no armário abaixo. 

Com o visual menos louco saí do quarto e caminhei para corredor até as escadas. E enquanto andava pela casa me senti um pouco, era estranho estar ali, na casa dela sabendo que fizemos ontem. 

Díos! Preciso parar de pensar nisso, não quero estranhar esse momento por nada. Foi tão difícil chegar até aqui. 

Em pensar em chegar aqui... eu tinha que trabalhar! Na realidade precisava pelo menos de um carregador para meu celular (já que notei que a energia voltou), tinha que falar com Santamaría para saber se o CT abriria hoje depois dessa tempestade terrível.  

Do foyer ouvi barulhos vindos da cozinha e um cheiro bom de café da manhã. Meu estômago ronronou na hora. Estou claramente faminta. 

Segui o cheiro delicioso até a cozinha e encontrei James no fogão mexendo uma frigideira com panqueca. 

Não consegui deixar de sorrir com aquela cena. Só em meu sonhos mais loucos isso era real.

— Bom dia — falei parando na soleira da porta, era estranho porque eu estou tímida. 

O jogador se virou e me direcionou um sorriso. Tão lindo. 

— Bom dia — colocou mais uma panqueca em um dos pratos na ilha. — Imaginei que devesse estar com fome — apontou para o prato. 

— Demais! A minha última refeição foram barras de cereal — falei me sentando no banquinho. 

O jogador sorriu de canto, existia algo estranho entre nós, talvez timidez. Era normal. 

— Você já comeu? — Perguntei pegando o potinho com mel e despejando cima da pilha de panquecas. 

— Não precisa se preocupar, eu não estou com fome — sorri fraco. 

— Então senta aqui comigo — pedi sinalizando com a mão para o acento ao meu lado. 

James comprimiu os lábios e o fez. Parti um pedaço da panqueca e levei a boca. 

— Hum...Deus seja louvado. Está ótimo — tentei ser natural para quebrar o gelo. 

— Que bom que gostou — mais um sorriso vazio. 

Passei os olhos pela mesa posta e vi uma cartela de comprimidos e suco de laranja do lado. 

— Até em aspirina você pensou. 

James sempre foi muito atencioso, disso eu não podia falar. 

— É, sei que não está acostumada a beber ainda mais uísque. Deve estar com uma puta dor de cabeça — sei um gole do suco para engolir no comprimido. 

— Não sabe o quanto — ele apoiou nos cotovelos na bancada e me deu outro sorriso. 

Ta! Nós precisamos falar sobre ontem, eu preciso quebrar o gelo. 

Passei a mão pelo ombro dele, conquistando espaço aos poucos. 

— Eu não me arrependo de ontem, James — confessei de coração aberto e o jogador olhou nos meus olhos, me fitou por alguns segundos e dentro das suas íris eu só via turbulência. 

Comecei a me aproximação devagar, vi quando seu olhar desceu para minha boca e sua respiração ficou mais forte.

— Não me arrependo de nada — sussurrei contra seus lábios antes de juntá-los aos meus. 

Foi um beijo suave, mas não passou de um selinho demorado e por isso eu me afastei sem entender sua falta de ação. 

— Houve alguma coisa? — Ele formulou um sorriso, mas não negou. 

— Precisa comer para não passar mal — uma sensação estranha me perpassou.

— James — insisti já sentindo um aperto no peito.

— Por favor, coma, depois conversamos.

Agora que eu não ia conseguir comer mesmo. 

— Eu não vou comer enquanto não me disser o que está havendo — ele engoliu seco e me fitou por alguns segundos antes de anuir. 

— Ontem...nós...nós não deveríamos ter feito aquilo — meu coração parou, olhei nos seus olhos procurando um indício de que era brincadeira. 

— Como assim James? V-você...porque isso agora? 

— Eu pensei melhor enquanto você dormia, não foi certo, e-eu tenho uma família Mia e agi sem pensar nas consequências — senti o peito apertar e um nó subir pela minha garganta. — E não é porque eu briguei com Daniela que eu tenho o direito de traí-la.

— O que quer dizer com isso? 

— Que ontem foi um erro, não deveria ter acontecido — falou frio. 

Como ele podia ser tão frio depois de tudo? Depois de...

— E-eu não estou acreditando que estou ouvindo isso de novo, eu não estou acreditando que isso está acontecendo mais uma vez — pensei em voz alta. As lagrimam encheram meus olhos. 

Não! De novo não, por favor.

— Eu não pensei direito, e-eu errei com você — sua mão se aproximou para me tocar. — Me desculpa Mia — ele tentou tocar minha mão, em um afago piedoso.

— Não encosta em mim — me afastei saindo do banco. 

Eu não conseguia acreditar que tudo estava se repetindo. Que ele não mudou, que eu acreditei em uma mentira, mais uma mentira. 

— Porque fez isso? Porque James? — Tentei não chorar, tentei segurar as lágrimas. Eu não queria chorar na frente dele.

James me olhava com as sobrancelhas unidas, como se estivesse preocupado. Eu odiava quando sua boca falava algo e seu olhos ou sequer sua expressão acompanhavam, parecia que ainda restava uma esperança, ou que ele estava atuando demais. 

— Porque? — Insisti, ele me olhou nervoso. 

— E-eu... — negou. 

"Não é um erro dessa vez Mia." 

Suspirou profundamente.

— Eu não sei. 

Como ele tinha coragem de olhar para mim e dizer que não sabia? Como podia ser tão baixo? 

Fiquei em silêncio, tão cheia de sentimentos fortes e confusos que não conseguia raciocinar, não conseguia entender que tudo tinha se puído tão rápido. Como um castelo de areia. 

— Agi por impulso, sinto muito — apertei os punhos. 

Impulso? 

— Você agiu por impulso quando disse que me amava também? — Rosnei e o vi ficar apático. 

Apenas seus olhos piscaram por um tempo, nenhum músculo do seu corpo sequer contraiu. 

Foi impulso também James? — Insisti e ele abaixou o rosto negando. 

— Eu estava confuso Mia, tinha bebido demais e a ausência de Daniela me deixou carente. Sinto muito se falei algo além do que devia, algo que te deixou abalada — apertei o maxilar, mas não consegui segurar as lágrimas de descer. 

Não pode ser real, não depois de tudo, não depois do que vi nos seus olhos, do que senti no seu toque. Eu nunca me senti tão amada, eu nunca me senti tão feliz. Não era possível que tudo fosse uma mentira. 

— Pare de fugir dos seus problemas com mentiras James. Pare de fugir dos seus sentimentos — pedi.

Ele devia estar com medo. Eu sei o porquê, mas ele não precisava fugir de mim, nem ter medo de amar outra pessoa. 

— Eu entendo sua situação, mas não precisa ter medo disso. Eu posso te aju...

Eu não tenho medo — me interrompeu ríspido.

— Então porque não admite que tudo o que aconteceu ontem foi mais do que por um simples desejo? — Continuei jogando na cara dele e jogador levou as mãos ao rosto dando as costas nervoso, talvez porque a verdade doesse. — Porque não admite o que falou? Porque não admite que fez amor comigo? Que falou que aquilo não era um erro? Porque não admite o que sente? 

Porque a única coisa que eu sinto por você é tesão Mia — rugiu e virou novamente. — E se eu falei outra coisa foi no calor do momento e por nada mais. 

Olhei nos seus olhos e não vi tantas emoções que o tornava um poço de tudo e nada ao mesmo tempo. Aquele não era o mesmo homem de ontem. O que eu via aqui na minha frente era um covarde, um mentiroso, um cafajeste. Parecia que eu estava revivendo ao pior relacionamento da minha vida, com um cara que eu amava e que me usava quando estava sozinho.

Meu lábio tremeu, mas eu limpei as lágrimas. 

— Você se enganou quando disse que era um homem, homens não agem assim. Você é um menino James, um menino que engana e seduz para conseguir o que quer e depois que usa destrói e transforma em lixo — cuspo. — Parabéns — bati palmas. — Conseguiu o que queria! Me fez ceder e dizer que sou sua. Mas sabe? Isso só mostra o quando sua masculinidade é frágil para precisar usar de jogos sedução para ouvir uma mulher dizer que te quer. Um homem de verdade, não precisa tocar entre as pernas de uma mulher para ela se render a ele — limpo as lágrimas que insistiam em cair. — Eu tenho nojo de você James, não que você se importe com minha opinião, mas você me provou hoje que as pessoas não mudam, você continua o mesmo cafajestes de meses atrás e eu...— ele me olhava com o maxilar tenso e o olhar duro, sequer piscava. — Eu tenho nojo de você. 

James não falou nada e não também não esperei mais tempo para que respondesse. Eu só queria sair dali, eu não queria mais olhar na sua cara por mais nenhum segundo. 

Passei ao lado dele seguindo para fora do cômodo. Não conseguia pensar direito, tinha tanta coisa na minha cabeça que eu só lembro de ter pego a minha bolsa lá em cima, de descer direto para fora da casa e de depois estar entrando no meu alojamento em Valdebebas. 

Me joguei no sofá torcendo para que não tivesse que trabalhar hoje, não ter que fingir que estou bem quando não estou. Abraçada ao travesseiro eu deixei a lágrimas que suprimi virem, apertei os olhos e solucei alto. 

Foi diferente da primeira vez, ele fez promessas, ele falou com todas as palavras que me amava, não foi uma suposição, eu ouvi. Foi pior, foi tão pior porque eu tive esperanças de verdade, eu achei que quando ele falou que Daniela tinha ido para Colômbia que eles fossem se separar...como eu fui otária! 

Era óbvio que foi só uma briga e ela foi dar um tempo da cara dele por lá e ele me usou, usou novamente meu sentimentos para saciar uma vontade que sentia desde que eu cheguei. Tudo o que ele disse, casa olhar seu foi uma forma de me encantar e me fazer ceder cada fez mais. 

Deus! James era muito pior do que Nicolas, ele mentia, ludibriava. Eu já sabia disso antes, mas por anos me convenci que era coisa da minha cabeça porque ele nunca me prometeu nada. Mas dessa vez...dessa vez ele só me provou o quão baixo e imundo é. 

Eu prometi para mim que não ia mais me deixar levar por homens dessa forma e la fui eu cair da rede dele como um peixe indefeso. Ele parecia saber o que dizer, parecia saber exatamente como me atingir, até a forma que encantava tão deixava espaço para questionamentos e dúvidas. 

Mas eu já devia ter percebido. Eu devia ter notado e fugido, mandado ele ir embora, mandado se afastar de mim. Mas eu estava tão ridiculamente carente que quando ele começou a fazer promessas, quando beijou e olhou-me com aquela pureza nos olhos que só ele sabia forjar, eu não consegui dizer não. Eu realmente tinha um fraco por James, depois de tudo o que vivemos, depois de quase ter...o que tivemos foi muito intenso e com a mesma força que ele me ergueu ele me afundou novamente. 

Seria trágico dizer que todas as vezes que um pessoa se sentiu amada em sua vida foram mentiras e suposições de sua cabeça? É triste demais? Deprimente demais? 

Bom, eu devia ter me contentado com ideia de que o amor não foi feito para mim. Porque eu sempre busco o amor? Porque eu ainda me iludo achando que alguém pode me amar? Porque eu me iludo achando que as pessoas mudam? 

Porque eu sou tão otária quando o assunto é coração? 

Ouço o barulho do meu celular no criado mudo. Sem vontade alguma eu me sendo e tateio a mesa pegando o celular e desconectando do carregador. Olho a tela e vejo que era Javier. Respiro fundo e limpo as lágrimas.

— Bom dia Mia, você está bem? — Me assustei com a pergunta.

— Bom dia Javier, estou sim. Porque? 

— Você não viu as menagens e devido as chuvas achei que pudesse ter acontecido algo — sorri de canto.

— Não, não. Estou bem e intacta. Obrigada pela preocupação.

— Bom, estou ligando porque como disse você não visualizou as minhas menagens informando que os treinos e sessões de hoje foram cancelados devido a fortes chuvas. Muitos funcionários tiveram problemas em casa, soube que houveram acidentes, casas desabaram, carros levados pelas águas, batidas...a cidade está uma loucura. 

— Sim, eu vi... — me interrompi. — Nos noticiários, a tempestade deixou tudo um caos. 

De fato passando de ônibus eu vi muita coisa destruída, várias árvores caídas, carros dos bombeiros passando de um lado para o outro, IML e polícia. 

— Pode tirar o dia de folga hoje, fale com James por mim — anui mesmo sabendo que ele não ouviria. 

— Obrigada por me avisar doutor, espero que não tenha sido afetado pela tempestade também.

— Não, eu e minha família estamos bem. Os mais atingidos foram os mais pobres, moradores de rua e transeuntes, estou indo no hospital local, eles estão precisando de médicos de todo o tipo há muita demanda. 

Deus! Imagino a quantidade se acidentes, as lesões graves até irreversíveis. E eu pensando no meu sofrimento aqui enquanto tanta gente podia ter morrido ou estar em cima de uma cama de hospital. 

— Bom, eu já vou indo Dra.Mia. Aproveite o dia de folga.

— Espera Dr.Javier! Eu posso ir com o senhor? Disse que a muita demanda e eu não tenho nada para fazer mesmo.

Ajudas as pessoas e tirar pelo maior espaço de tempo possível James da minha cabeça. 

— Que ótimo, pode sim. Posso passar em Valdebebas, soube que mora no CT. 

— Ah não, não precisa, é uma contramão vir para cá. 

— Imagina, você já está se voluntariado. Aliás os transportes públicos não são muito indicados em dias assim. Faço questão.

Sorri. Ainda existem pessoas boas. 

— Muito obrigada Dr. Javier. Estarei esperando. 

Ao desligar a ligação percebi que havia várias mensagens de minha mãe, Sarah Am até de Isco, Nacho e Marcelo. Todas entre as nove da noite e as nove da manhã. Perguntavam onde eu estava, se eu estava bem, segura, em casa, ou em um lugar protegido. Tive paciência para responder cada uma e tranquilizar a todos que pareciam ter feito uma rede em minha busca como se eu estivesse desaparecida. Eu compreendia, desde as oito da noite meu células descarregou e da ultima vez que falei com alguém foi antes de ir a sessão com James, ou seja sabiam que eu estava fora de casa, podia estar em perigo. 

Bom, eu estava fisicamente bem, graças a Deus. 

Mas como não tinha tempo para explicar tudo o que houvera deixei um recado apenas dizendo que eu estava bem e viva. As perguntas sobre onde eu estava vindas da minha mãe, Am e Sarah eu optei por responder com mais calma e depois.

Segui até o banheiro, tomei um bom banho e me esfreguei tanto que minha pele ficou vermelha. A última coisa que eu queria era sentir o cheio daquele perfume dele na minha pele. Vesti uma roupa confortável, seria um dia longo, então calças jeans, uma camisa mais soltinha e um sobre tudo por cima. Preparei minha bolsa com os apetrechos e pendurei o jaleco nela. 

Logo Dr.Santamaría chegou e nós seguimos a um hospital na periferia de Madrid. 

 

 

 

P.O.V James

 

Ela saiu do cômodo e meu corpo permaneceu rijo e imóvel por um tempo, tão sobrecarregado de tensão que as carnes tremiam. Cada palavra sua fora como um soco. Por mais que tivesse me preparado, me treinado para vê-la chorar, para vê-la com raiva ( como na outra vez ), eu não esperava vê-la tão decepcionada e triste. Nada jamais me prepararia para aquilo, ao menos pensei que doeria tanto. Ela chorando, me perguntando o porquê, lutando contra. Pensei que fosse conseguir falar a olhando nos olhos, mas eu era covarde demais até para isso.

E quando eu soube que eu falei que a amava entrei em desespero. Não me lembrava daquilo, provavelmente alguns dos flashes que bebida tomou para si. Mas eu não poderia ter falado aquilo em sã consciência, não sabendo do quanto significava, do peso dessas palavras. Eu só podia ter falado aquilo por três motivos: eu estava embriagado, carência pela briga com Daniela, pelo tempo sozinho e frenesi do sexo. Não havia outro motivos racional que explicasse.

Mas ela não se deu por satisfeita, Mia insistiu em mim, insistiu tanto que me deixou sem desculpas e sem palavras e eu me vi sem ter o que falar mais para afasta-la de vez de mim, para parar suas perguntas sufocantes e sem respostas. Então minha saída foi falar o último dos absurdos, o que conhecendo Mia, acabaria com sua piedade e esperança, só restaria raiva. E eu o fiz, e novamente vi lágrima deslizarem pelas suas bochechas, mas foram lágrimas de raiva dessa vez.

Eu sei que mereci cada uma de suas palavras, cada xingamento, casa segundo do seu olhar de desprezo. Mas dizer que por dentro aquilo não acabou comigo...era uma das maiores mentiras que já contei. 

A última coisa que eu queria era magoar Mia, a última coisa que eu queria era machuca-la mais uma vez e aqui estou eu novamente, me apoiando na bancada da ilha me controlando para deixá-la e para não quebrar tudo ali em cima. 

Porque eu cedi? Porque eu bebi? Porque não pensei nas consequências antes de ir até ela? Teria evitado tanta coisa, tanta dor. Eu trocaria todo o sexo que tivemos por vê-la feliz de novo. 

Assim que ouvi o barulho da porta da sala fechando meu corpo relaxou um pouco e eu me sentei no banco da ilha levando as mãos entrelaçadas a nuca e bufando. 

Era o certo. Era o melhor para minha família, para minha filha. 

"As vezes nós somos obrigados a deixar o que amamos por objetivos maiores."

Na hora que Mia me falou isso, eu não entendi, mas agora parecia fazer sentido. Só não sei porque.

 

 

Como havia perdido a fome subi para meu quarto, mas antes de chegar lá perpassei pelo cômodo que dormi. A porta entreaberta relevava um pouco da cama desforrada, apenas aquela imagem me fez reviver alguns momentos e eu fechei a porta para esconde-los ali. 

Voltei ao quarto e segui direto para o chuveiro. Foram alguns minutos no banho, torcendo para que aquela água levasse meus pensamentos junto consigo até o ralo, torcendo para que lavassem Mia de mim, me fizessem esquecer ela e esse desejo todo que fodia minha mente. 

Tudo o que eu não queria aconteceu, Salomé estava sabendo e sofrendo com isso. Depois de ouvir minha filha chorando, de ouvi-la pedir para não me separar de sua mãe. Eu não soube o que fazer, eu não soube como falar. Porque a verdade era que não me planejei separar de verdade de Daniela, mas quando estava com Mia essa ideia me pareceu tão clara e óbvia, só que eu estava vivendo fora da realidade. Porque a realidade era que uma separação agora faria tanta gente sofrer, o faria descumprir algo que prometeu a Daniela, que prometeu a Deus, a si mesmo e a sua mãe. A coisa mais importante para James sempre foi sua família, ele sempre quis ter uma, era seu sonho de fato. E por mais que nesse momento seu casamento estivesse em crise, que eles estivessem dando um tempo...ele não podia desistir fácil assim. Não era justo com Daniela, depois de tudo o que ela fez ( como ela mesmo não cansa de repetir ). 

Sai do banho e vesti roupas limpas. Quando desci para a cozinha para beber água Juana sentada comendo as panquecas que fiz para Mia. 

— Estão ótimas — ela falou de boca cheia. — Você que fez ou foi...

— Fui eu — completei antes que ela terminasse. Juana anuiu e voltou a olhar para o prato engolindo o que mastigava.

Eu bebi água em silêncio, apenas o barulho os talheres eram ouvidos.

Olhei para minha irmã com as bochechas cheias de panqueca. Será que ela ouviu ontem? Será que sabia? Ou que suspeita de algo? 

Eu não tinha coragem de perguntar, mas também tinha medo de que se ela tivesse ouvido contasse a Daniela e então tudo o que eu fiz fosse por água a baixo. 

Coloquei o copo na pia, ainda pensando em como sondá-la, quando ouvi um suspiro profundo vindo de trás. 

— Eu sempre suspeitei que você fosse idiota, maninho — ela colocou o prato dentro da cuba. — Mas agora eu tive certeza — virei o rosto para ela. 

— Do que está falando? — Juana cruzou os braços e se apoiou na bancada ao meu lado. 

— Você acha que eu não sei o que aconteceu aqui ontem e durante toda a madrugada? — Ergueu a sobrancelha e eu engoli seco.

Puta madre! 

— Sorte sua que eu tenho sono pesado e não acordei por causa da sua festinha no quarto ao lado. 

Ótimo saber que minha irmã mais nova me ouviu transando!

— J-jua... — ela fez sinal para que eu parasse. 

— James eu devia estar furiosa com você, eu devia querer te matar por trair Daniela na casa dela — abaixei o rosto envergonhado. 

Eu não pensei em como isso soava ruim, em como era ruim.

Dios! O que eu fiz?

— Mas eu te vi, ou melhor, ouvi mais feliz nessas horas do que todos os todos esses dias que passei aqui — ergui o olhar surpreso. — E apesar de estar com raiva de você por motivos já esperados eu estou furiosa por você ter tratado aquela garota daquela forma. 

Ela ouviu isso também! Perfeito! 

— Jamais imaginei que fosse capaz de tratar uma mulher daquela forma, foi horrível James, eu senti nojo de você.

— Você não entende...

— Fez isso pela sua família? Para manter seu casamento? — Adiantou. — Venhamos e covenhamos, não existe mais amor entre você e Daniela. Então será que vale mesmo a pena insistir? — Fiquei apático.

Juana deu um sorriso de canto como se me encorajasse a desabafar, mas não tinha mais papo. Eu já decidi 

Além do mais ela não sabia como era. Seu pai nunca foi como o meu, ela nunca passou pelo que eu passei. Juana sequer namorou direito, quem era ela para falar de relacionamentos e amor? 

Mas eu não foi entrar nessa briga, já chega por hoje. 

— Eu não sou esse tipo de homem — falei baixo e ela fungou se desencostando da bancada.

Desejos carnais passam, eu posso tirar Mia da minha cabeça, posso lutar contra esse impulso.

Minha irmã seguiu para fora da cozinha.

Eu consigo. Já fiz isso uma vez, depois de voltar do Brasil. Consigo fazer novamente.

Mas antes que ela saísse eu a chamei:

— Não conta a ninguém, por favor — Juana respirou fundo. 

— Eu sou eu que vou estragar essa sua ideia de casamento, James. Pode ficar tranquilo — sorri de canto e ela deixou o cômodo. 

Menos um problema. 

 

 

Passei a noite toda me preparando para vê-la novamente, para ser o máximo profissional ao lhe dar toda essa situação e quando me levantei pela manhã me senti nervoso como se fosse o primeiro dia. Acordei cedo e tomei o café da manhã, estava na mesa quando ouvi a companhia tocar. María foi atender como sempre e eu já me encaminhei para a academia, as mãos suando frio e a mente tentando tirar todos os pensamos que estavam me deixando tenso.

Mas ao envés de ser ela que caminhava pela área da piscina até o cômodo era um homem que tinha, um dos fisioterapeutas tercerizados do clube, esqueci seu nome.

Pera aí. Mas o que ele está fazendo aqui? 

— Bom dia Rodríguez — ele me saudou com um aperto de mão. — Sou o Dr.Lopes.

— Bom dia doutor — forcei um sorriso. — Mas porque a Dra. Mia não veio hoje? — O homem de seus 27 anos e cabelos castanhos  bem modelados com pasta franziu o cenho. 

— Achei que Dr.Santamaría tinha o avisado. A Dra.Saton não vai mais cuidar de você. 

O quê? C-como assim? 

Meu coração apertou. 

Ela não vem mais? Como ela podia fazer isso comigo? Eu preciso dela. Ela sabe que eu preciso dela. 

— Mas ela é a minha médica — falei e ele ergueu os olhos da bolsa onde tirava alguns apetrechos. 

— Fique tranquilo, ela me passou todo os relatórios sobre as sessões, estudei muito seu caso — me ofereceu um sorriso e puxou um daqueles pesos de pé com uma bola pendurada por uma corda.

Estou vendo que estudou.

— Eu não fazia esse exercício com ela — falei.

— Bom, vamos começar então. Ele é muito bom para seu tipo de lesão — revirei os olhos. 

— Mia dizia que é um instrumento de fisioterapia ultrapassado — falei. 

Que raiva! Como ela podia me deixar com apenas duas semanas para terminar? Eu precisava dela ainda. Além do mais, eu não estava pronto para me despedir ainda, para deixar nossa rotina. 

— Mas eu sou seu médico agora, e ainda acho que será a melhor opção — falou com firmeza. 

Ela vai e ainda me deixa com esse cara? 

No decorrer do treino só noto o quanto ele era diferente dela, sua forma de conduzir, seus exercidos e instrumentos, ele não me forçava para ver até onde eu podia ir. Parecia com medo que eu quebrasse novamente. Se eu dependesse dele para me devolver em sete semanas ia ter que treinar o dobro em casa todo dia. 

Como ela podia das seu trabalho para outro? Mia sabia bem que depois que terminássemos e anunciássemos minha volta em tempo recorde nós sairíamos em todas as revistas e sites de esporte do mundo. Isso daria um BUM na sua carreira, ela estaria em outro nível. A Mia que eu conheço é ambiciosa demais para entregar seu trabalho todo nas mãos de alguém. Porque agora quem vai tomar a fama e o reconhecimento por tudo o que ela fez é esse babaca. E isso é muito injusto. 

Ele jamais deixaria seu trabalho assim.

Talvez não tenha sido ela. 

É claro! Isso tinha cheiro de chefe. 

Assim que acabou o treino eu liguei para Javier.

— Javier eu não quero esse fisioterapeuta, eu preciso de Mia de volta amanhã mesmo — disparei. Do outro lado o ouvi respirar fundo. 

— James, Mia não trabalhará mais com você. Ela tem outras demandas agora. 

— Javier você não está entendendo, eu preciso que seja ela. Não pode tirar ela do meu caso assim, ela estava prestes a se tornar mundialmente famosa pelo seu trabalho! 

— Você que não está entendendo. Não fui eu que a tirei, foi ela que pediu para sair — parei de respirar por alguns segundos. 

— Porque? — Eu quis fingir que já não sabia a resposta, porque doía demais pensar que foi culpa minha. Eu queria que fosse por outra coisa, qualquer outra coisa. 

— Ela não me disse, apenas pediu para ser transferida — fiquei em silêncio, internamente me punindo por essa merda ter acontecido. — Mas olha, o Dr.Lopes é ot... — desliguei. 

Carajo! Carajo James! 

Minha irmã estava certa. Eu sou um idiota. Eu estraguei tudo. Como ela ia cuidar de mim depois de tudo? Depois que eu a tratei que nem lixo, a reduzi ao sexo sujo para descontar pelo casamento em crise. Como ela podia querer olhar na minha cara depois do cafajeste que eu fui? 

Porra! Eu não devia ter ido atrás dela, eu não devia ter insistido e nem pedido que ficasse. 

— Que cara é essa? — Juana perguntou ao passar pela sala, ela estava toda arrumada. Devia sair para algum lugar.

— Mia pediu para sair do meu caso — minha irmã arqueou as sobrancelhas. 

— Eu faria o mesmo se fosse ela, na realidade faria até pior — ela me olhou com frieza. — Mas parece que a doutora gosta demais de você para te foder.

Abaixei o rosto. Ela podia contar a todos, até só a Daniela. Uma palavra sua e tudo acabaria. Eu estaria fodido. Mas eu conheço Mia, ela tem o coração bom demais para isso, ela jamais prejudicaria alguém por mais que essa pessoa tivesse magoado tanto ela. 

— Você vai sair? — Perguntei erguendo os olhos.

— Vou encontrar uma amiga — anuí. 

Não queria ficar sozinho. Eu precisava de colo, do mínimo de afeto porque eu me sentia um verdadeiro bosta. 

— Você precisa ir mesmo? — Ela se apoiou em uma das pernas e fez me olhou com deboche. 

— Quer que eu fique, é isso? 

— Ju, eu não quero ficar sozinho hoje. Por favor — ela revirou os olhos e bufou. 

— Então vamos pedir sushi — ela jogou a bolsa na poltrona e sentou ao meu lado. 

— O que você quiser — falei me deitando no seu colo. 

Juana podia ser mais nova que eu, e eu geralmente que fazia o papel de irmão/pai, mas hoje eu precisava que ela fosse minha irmã/mãe. Só hoje. 

 

P.O.V Mia 

 

A emergência estava uma loucura, eu saltava de leito em leito fazendo exercícios de reflexo e circulação, dando diagnóstico nos casos que não precisavam de exames maiores e encaminhando os casos mais complicados para um exame de imagem. Foi bom para ocupar minha mente, que após pensava em ossos, músculos, nervos e fraturas. Muitas fraturas e torções. 

Só saímos do hospital a noite, Dr. Javier insistiu novamente em me levar para casa e no caminho eu decidi lhe avisar da minha decisão. Havia pensado muito sobre isso, foi difícil, mas era o melhor. Talvez não fosse o lugar e momento mais profissional, provavelmente eu devia ir na sala dele amanhã e conversar sobre isso. Mas seria irresponsabilidade com todo o trabalho que fiz e com o clube, James ficaria sem treinar amanhã e ele já está tão próximo do final, uma sessão a menos faria diferença. Por isso precisava ser hoje, para Javier ter tempo te colocar outro médico no meu lugar.

Javier eu decidi sair do caso de James — ele quase freiou o carro. 

— Como assim? Já está no final, é seu recorde, seu grande trabalho! — O meu chefe parecia não acreditar. 

— É eu sei, mas eu não sinto que devo continuar.

— Mia, tem ideia de onde esse trabalho te levaria? Você tem ideia do quão bom para sua cadeira seria? Eu sei que é difícil, exaustivo ter lhe dar com atletas, a pressão do time, o emocional. Mas falta pouco, pense que falta pouco.

Eu não aguentaria mais olhar na cara de James nem por dois minutos, quanto mais duas semanas. Respirei fundo. Não podia contar para ele o motivo real. 

— Eu sei que me escolheu para esse trabalho, sou muito grata pela sua confiança em mim. Mas eu realmente pensei muito, pensei em tudo e...já está no final, James vai voltar logo de qualquer forma, ele já está muito bem— Santamaría parou no sinal vermelho. — Eu sei de todas as coisas que perderei, das consequências e ainda sim não quero continuar. 

O doutor me olhou por alguns segundos e anuiu.

— Tudo bem, você deve ter seus motivos, irei respeita-la. Amanhã encaminharei outro fisioterapeuta para prosseguir o tratamento. Eu só vou precisar que você me mande tudo o que tem sobre a situação do jogador e sobre o que planejava para resto do processo.

— Passo assim que chegar em casa.

Ele parecia decepcionado, e apesar de me deixar mal saber disso, eu não conseguia mais. Eu não tinha esse sangue frio. 

 

Assim que cheguei em casa passei os relatórios, exames e a programa de James para essas duas semanas. Queria me livrar daquilo o quanto antes, me livrar da responsabilidade e de qualquer ligação entre James e eu. 

Meu celular apitava constantemente, mas eu fiz questão de não olhar. Eram perguntas demais e para responder eu precisava lembrar de tudo. Eu não queria fazer isso agora, eu só queria um banho quente e minha cama fofa. Dormir agora e só acordar amanhã para trabalhar no meu escritório, com meus amigos. 

No dia seguinte fiquei feliz em voltar ao meu escritório e amanhã rotina comum. Nunca fiquei tão animada com papeladas. Qualquer coisa que me distraísse dos meus pensamentos. Estava analisando alguns relatórios para ficar a par do estado físico atual dos demais jogadores quando Sarah entrou pela minha porta sem nem bater. 

— Pode entrar Sarah — falei com ironia. 

A ruiva revirou os olhos e se sentou na minha frente. 

— Quando me disseram que você estava trabalhando aqui hoje eu tive que vir te ver, até porque você só respondeu minhas trinta mensagens com um " estou viva e bem" como se isso fosse o suficiente — ela berrava apontando o dedo para mim. 

Parecia furiosa. 

Suspirei. 

— Calma, ta bem?

— Calma? Você sumiu por um dia e meio durante uma tempestade que matou gente. Dizer que  está bem é o mínimo, você me deve satisfações só pela reocupação que eu passei, quer dizer, eu, Am, sua mãe e os meninos.

Passei as mãos nos cabelos. Eu estava com vergonha demais de falar o motivo do meu sumiço. Na realidade, eu ia ter que explicar muito mais a Sarah se quisesse que ela entendesse. Com Am seria pior, ela ia querer me matar, ia passar dez minutos só me martirizando por ter caído no papo de James de novo.

— Tudo bem, senta aí — apontei para a cadeira na minha frente.

— Agora fiquei curiosa, conta tudo — ela se sentou, remexendo animadamente. 

Contei tudo a ela desde o início. Sarah me ouvia fazendo caras e bocas, soltando espasmos de surpresa, xingando. 

Quando terminei ela ficou me encarando por alguns segundos, apenas os cílios pintados e cheiros piscando. 

— Puta merda Mia! Para esse trem que eu quero descer — ela soltou o ar devagar e deu uma risada Estetica típica de quem estava fora do eixo. — Você teve um caso com James Rodríguez na época da copa do Brasil, ele voltou para a mulher e três anos depois vocês se reencontraram aqui. Aí ele começou a dar em cima de você mesmo casado, vocês ficaram no dia do jantar dos sócios, mas você o dispensou e então você se tornou a médica responsável por ele. Vocês se aproximaram e antes de ontem vocês...— passou as mãos cabeça. — É muita coisa, meu deus! 

— Eu sei...

— Eu nunca suspeitei de nada. Quer dizer nunca nem vi vocês juntos em algum lugar.

— Nós nos evitávamos muito, nenhum queria deixar suspeita no ar.

— Bom, vocês eram bons — suspirei e ela chacoalhou a cabeça. — Dios! Olha...de todos os jogadores James sempre foi um dos me mais me deixava intrigada, ele é tão bonito, charmoso...sabe que a maioria desses caras são uns safados. Mas a família dele parecia perfeita, ele parecia perfeito. 

Perfeito...um perfeito cafajeste! 

— Sua suspeita estava certa então, ele não é o homem que mostra ser. 

— Nunca saiu nenhuma fofoca sobre ele em canto nenhum, jamais tivemos problemas com sua imagem. 

— É o pior tipo, pena que só percebi agora. 

— Que canalha desgraçado! Eu não consigo acreditar que ele falou aquilo para você — dei um sorriso de canto. — Acho que nem vou conseguir olhar na cara dele da mesma forma. 

— Imagine eu! Sarah eu abandonei meu trabalho porque não conseguia mais olhar para ele.

— Isso que me dá mais raiva, ele provocou essa merda toda e além de te magoar ele te fez perder uma chance de ouro. 

Bufei esfregando o rosto. 

— Haverá outras, eu preciso pensar de haverá outras, porque só isso me conforta. 

Sarah esticou a mão para mim e apertou a minha. 

— E eu com raiva de você, desculpa ta bom? — Sorri fraco. 

— Tudo bem, é bom saber que se importa tanto — ela cerrou os olhos e eu ri sem graça. 

— Eu sinto muito por tudo amiga. Eu só queria quebrar a cara desse filho da puta por você, juro. 

— Não precisa, preserve seu em emprego. Ele não merece tudo isso — a ruiva sorriu brevemente. 

— Saiba que eu vou estar sempre aqui e não precisa ficar com vergonha de mim. Acho que quem tem que ter vergonha aqui é ele, você só seguiu coração. Não é errado ser genuína e pura de coração. 

— Mas isso machuca muito.

— Eu sei, dói. Mas vai passar amiga. Eu acredito que tudo o que vai volta, ele pode está de achando o fodão agora, mas uma hora a conta chega. E ela sempre é mais salgada para quem magoa alguém. 

Respirei fundo e apertei sua mão com mais força. 

— Obrigada por me ouvir, por se preocupar. Te amo, viu? — Sarah sorriu. 

— Também te amo. Só me faz um favor? 

— O que? 

— Não se isola de novo, amiga — sorri de canto. 

— Não vou. 

— Eu também vou pedir uma favor. 

— O que quiser.

— Não conta a ninguém ginger.

 

Am quase me matou quando contei sobre tudo, xingou James até a morte e jurou que decepar o pau dele. Já a conversa com minha mãe acabou me fazendo chorar, foi mais pela junção da saudade com minha sensibilidade e carência. Mas foi bom, ela me deu conselhos ótimos que me energizaram para seguir em frente. Acho que mais do que ninguém minha mãe entendia, entendia minha dor e raiva de mim mesma. 

Os dias passaram, Sarah ficou na minha cola já que pelas regras do babaca do empresário de Marco nós não devíamos ficar no mesmo cômodo, ou seja ao menos no restaurante do clube almoçar com meus amigos eu podia. Tudo isso porque esse idiota ainda não esclareceu toda aquela fofoca sobre nós, como se já não bastasse ser chamada de amante e puta, eu realmente virei uma, mas não da pessoa de que estavam falando. 

Bom, tentei ignorar todas as merdas que estavam acontecendo e continuar vivendo da forma que podia. 

 

 

Segunda-feira foi marcado um treino aberto com torcedores em Valdebebas. Era comum, pelo menos um a cada semestre. E como assistente, já que Santamaría estava cuidando dos jogadores lesionados, eu devia ficar a beira do campo caso algo acontecesse durante o treino. 

Segui do meu escritório na direção para o campo com arquibancada do CT. Ao entrar no corredor para o túnel encontrei os jogadores saindo do vestiário. Marcelo, Casemiro e Nacho cantando ( se James estivesse aqui estaria com eles ), as risadas de Isco e Marco quando Cris deu um susto em Navas. Meu coração se encheu de alegria ao vê-los felizes, era fácil sorrir perto deles. 

Casa percebeu minha aproximação e me puxou pelo ombro. 

— Vai Mia! O jeito é... — Marcelo jogou para mim.

— Que música velha — os três reviraram os olhos. — Dar uma fugidinha com você — continuei a música. 

Foda-se que é velha! 

Eles riram e voltaram a cantar. Obviamente eu entrei na onda enquanto seguíamos pelo corredor até o campo. A vibe boa deles me fez muito bem.

Quando os primeiros jogadores começaram a sair pelo túnel os gritos da torcida chega aos nossos ouvidos. 

O sol incide no meu rosto assim que saio do túnel, o videomaker do clube gravando a entrada dos jogadores para as redes sociais. Sigo entre eles até a beira do campo.

— Bom treino meninos — falo. 

— Valeu Miazinha — dizem em uníssono e Nachito da um beijo da minha bochecha. 

— Da próxima vez trás o pandeiro — falo para Marcelo antes de ele entrar no campo. O brasileiro ri. 

— Pode deixar. 

Sorrio me posicionando próximo ao acentos dos reservas ao lado do túnel. Os jogadores em filas para cada exercício como nos dias de treino comum, se bem que alguns pareciam bem mais empenhados já que existia público ao vivo. Parece que os olhares femininos despertavam a testosterona do fundo das veias deles. 

Aiai...homens! 

Assisti tudo com um pouco de monotonia, bom, aquilo passou a ser comum para mim afinal. Parece que faz anos que eu ficava babando pelos corpos maravilhosos, mas sinceramente, não tenho cabeça para isso agora. Fiquei conversando com Mallo sobre os jogardes e performance nos exercícios de casa um. Principalmente dos que voltaram de lesões pequenas. Mas esse era mais um treino show e nós estávamos ali apenas para uma supervisão superficial, segurança também. O fato era que no decorrer do tempo fui percebendo que eu estava recebendo mais atenção do que um fisioterapeuta receberia normalmente. Notei câmeras de celular apontadas para mim, e não só elas como da imprensa também ( que infelizmente foi convidada ), além de ver pessoas me olhando e cochichando. Acho que nunca me acostumaria com isso, era tão desconfortável principalmente por saber o motivo. Mas eu preferi ignorar tudo isso, fingir que não estava acontecendo. Talvez fosse no coisa da minha cabeça e nem estivessem olhando para mim de verdade: 

Assim que os exércitos de rotina terminaram e os jogadores se reunirão no centro do campo, Tom o fotógrafo, chegou perto de mim. 

— Bem-vinda ao seu primeiro treino aberto. Como está se sentindo? — O olhei ironicamente.

— Vigiada — ele riu. 

— Perfeitamente normal — o olhei surpresa.

— Sério? — Então as pessoas também se sentem assim? Que ótimo saber que não sou a única. 

— Não — ele sorriu e eu fiz cara de poucos amigos. — As pessoas não construam das atenção para mim quanto tem tantos gostosos fazendo exercícios na frente delas. 

Dei batidinhas nos seus ombros para reconforta-lo. 

— Quer trocar? 

— Talvez não fosse uma má ideia, eu ia proveitos a fama toda e ficar bem mais famosa e bem rica — revirei os olhos rindo. 

— Você não presta — Tom gargalhou. 

— Eu aproveito o que a vida me dá, por isso sou bi. Tenho mais opções e posso aproveitar tudo o que o abençoando Deus colocou na terra, sou um verdadeiro amante do seu trabalho — gargalhei. 

— Só você pra me fazer rir assim. Aliás, não sabia que ficava com mulheres também.

— Já namorei algumas, acredito que vocês são os seres mais divinos natureza.

— Eu e você temos isso em comum — ele me fitou os olhos arregalados e disparou: 

— Já namorou com mulheres? — Eu ri da sua reação. 

— Não, a outra parte.

— Ah ta! 

— Ih! Parece vai começar — notei quando os circulo se partiu e um dos ajudantes começou a distribuir camisas e bolas assinadas anteriormente pelos jogadores para jogar para as arquibancadas.

— Aff! De volta ao trabalho — fez careta já puxando a máquina fotográfica. — Bem que poderia ter um gay né? Aí eu podia me iludir — falou enquanto começar a partir na direção aposta a dos acentos onde teria uma visão mais central para as fotos. 

— Devia ter ido para o Bayer então, o Neuer é um gato — falei com a mão sobre a boca. Ele gargalhou. 

— Quem sabe ano que vem. 

Fiquei observando os caras jogarem as camisas e as bolas até tirarem foto e darem autógrafos aos torcedores. Depois desse momento interação começou o treino com bola. Essa parte do treino era mais animada, fiquei os assistindo até torcendo internamente. Eles realmente estavam dando um show de gols e defesas para a torcida que ia à loucura. 

Em um determinado momento eu me levantei do banco e segui para a lateral a estruturada que o cobria, seria esticar as pernas. Naquele instante os meninos já faziam um jogo mais brando e recreativo. Estávamos no final. 

A arquibancada era muito próxima ao campo aqui no CT e por isso que entre as vozes da torcida e dos jogadores eu ouvi:

É ela assim! — A voz era feminina. 

— Não, ela parecia bem mais gostosona na foto, essa deve ser outra — mais uma voz feminina se sucedeu. 

— Não! É essa sim, só tem uma mulher na equipe médica do time. Essa é vadia — a terceira foto falou em alto e bom som, parecia querer que eu ouvisse. 

Meu corpo que já estava todo tenso, estremeceu. 

— Como uma mulher se passa por isso? Uma médica? 

— Haha! Meu amor, aposto que entrou no clube fazendo o teste do sofá, tão bonitinha e novinha demais para o cargo. 

O ódio foi me consumindo. Eu não acredito que estou ouvindo isso.

— Tem razão, ela deve ser mais uma daquelas Marias chuteiras atrás de um jogador para enricar. 

Se controle Mia. Há câmeras por todos os lugares, a olhos por todos os lugares. Se controle por favor.

— Seduziu o Marco para ele trair Marina, ainda bem que não conseguiu separar esse casal lindo. Mari é mulher demais para deixar que uma vagabundinha dessa acabasse com o amor deles. 

Tentei me controlar, meu eu já estava tremendo de ódio. 

— Não sei como ainda não demitiram ela. Manter uma médica dessa estirpe é péssimo para o clube.

Foi aí que eu perdi a cabeça e virei na direção das três vozes. Eram três mulheres empoleiradas na murada da arquibancada, vestiam roupas normais ( diferente a maioria dos torceres que vieram hoje ) e me olharam surpresas. Não estavam esperando que eu tivesse a coragem de virar. Cerrei os olhos ergui uma das sobrancelhas em desafio.

— Vocês não deviam falar sobre o que não sabem — rebati.

Mas uma delas, a do meio, me peitou. 

— Nós falamos sim, afinal todos sabem que você é uma vadia mesmo — falou olhando nos meus olhos. Notei que os torcedores do lado já olhavam para cena e se já havia chamado a atenção deles provavelmente logo chamaria ambos fotógrafos também. 

Mas eu não pensei nisso. Não quando estavam me chamando de vadia na minha própria cara. 

— Isso que você está fazendo é crime de calunia e difamação — eu ainda estava sendo racional. Eu estava estava me segurando muito. 

Ela cruzou os braços e me durou com deboche. 

— É mesmo? Me processe por estar falando o que todos queriam falar. Aliás o Real Madrid devia te demitir, é um vexame manter uma médica que dá em cima dos seus pacientes mesmo eles já tendo compromisso. 

Vagabunda! — Xingou a outra. 

Você está transando com mais alguém para manter o emprego também? 

Eu não sei se foi toda a merda da instabilidade emocional que eu mergulhei na ultima semana ou se tem outro motivo, mas eu a raiva inchando entro de mim se liquefez em tristeza e magoa. Eu senti todo meu corpo amolecer, aquela armadura que eu construí prestes a cair e para não despencar ali na frente de tantos eu apenas abaixei o rosto e caminhei na direção do túnel. Não conseguia mais ficar aqui. 

— Isso! Vai mesmo, é difícil ouvir a verdade — berrou para minhas costas. 

Com passos rápidos eu entrei no túnel e segui pelos corredores para o mais longe possível. 

Deus! Eu desmoronei rápido demais, as lágrimas vieram em seguida, junto com um aperto no peito e um nós sufocante na garganta. Era tão ruim sentir aquilo, o peso, a tristeza que me preenchia. Eu me sentia como tudo fosse verdade, todas as merdas que ouvi hoje, ou que li na internet. 

Vadia. 

Vagabunda. 

Incompetente. 

Burra.

Interesseira.

Destruidora de relacionamentos.

Nunca será boa para ser primeira. 

Ele nunca te amará. 

Você é só sexo. 

Ele só sente tesão. 

Você era só um passa tempo. 

Uma forma de ele descobrir que quem ele ama é ela.

Mia! — A voz soou longe, mas eu podia reconhece-la em qualquer lugar. 


Notas Finais


EAI? O que acharam? ME C O N T E M TUDO!!
NÃO ME MATEM POR FAVOR!! Confesso que esse capítulo partiu meu coração de gelo.
Se alguém que ia ter romance de Jamia nesse capítulo, sinto muito, não foi dessa vez. Não podia ser tão fácil assim né? Tinha que ter uma pitada de drama.
Agora só nos resta esperar pelo próximo. Quem será essa pessoa atrás de Mia? Haha! Aguardem amores, aguardem...
TEMOS TEORIAS? RAIVAS? ÓDIOS? ESPERANÇAS? FÉ? AMORES?

Capítulo inspirado em: DISK ME - PABLO VITTAR

Instagram: @sofiahunka
Tumblr: badounicornio.tumblr.com


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