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História I know he's married - Sal na ferida


Escrita por: mydarlingzayn

Notas do Autor


HOLA MIS AMORES!! Sei que demorei, mas como muitos sabem ( pelo menos os que me acompanham no instagram ) eu estava envolvida na coordenação de um projeto nacional e não tive muito tempo de se quer dormir.
Mas agora que tudo se acalmou eu vou voltar na nossa regularidade irregular, mas vou tentar não demorar tanto. Mil perdões, sei que ficaram curiosos.
Não vou me adentrar em pormenores, mas só gostaria de agradecer novamente aos comentários e favoritos!! Já li alguns e não tive tempo de responder, mas vou respondemos ainda essa semana prometo kkk.
Enfim, espero que gostem!

Capítulo 32 - Sal na ferida


 

O camisa 20 pela lateral direita com a bola na direção da grande área, Marcelo espreitava, a torcida fazia a festa na arquibancada logo atrás. Mas ele ouviu algo além dos gritos de comemoração, insultos e não eram para eles. Assim que Marco se virou para trás prendendo a bola nas travas da chuteira ele viu Mia deixar o campo cabisbaixa. Seus olhos buscaram ampliar a cena para ajudar o cérebro a entender o que estava acontecendo. Uma mulher se apoiou na murreta e gritou algo que ele não conseguia entender na direção da doutora que apressou mais ainda os passos para o túnel. 

Marcelo que não percebeu o que estava havendo tomou a bola do meia e disparou na direção contrária. O espanhol não se importou, na realidade nem sentiu a bola sendo roubada, ou ouviu os amigos xingando por isso. Ele apenas deu as costas para o campo e foi atrás da brasileira. 

Marco só achou ela no estacionamento atrás das arquibancadas e assim que a chamou a fez parar de andar depressa. 

Mia cobriu a boca com a mão e tentou limpar as lágrimas com as costas da mão antes de se virar.  

— Não devia ter saído do treino — ela falou fungando. 

Marco deu um passo adiante se aproximando, vê-la mal assim o incomodava demais. 

— Eu não podia te ver mal assim e te deixar sozinha — Mia sentiu o coração apertar e as lágrimas subirem, mas se controlou. 

— Agora você se importa Marco? Todos pensam que eu sou sua amante. Sabe porque eu saí de lá? Porque estavam me xingando, me humilhando por achar que eu te fiz trair Marina — despejou já não conseguindo conter as lágrimas. — Estou passando por isso a semanas, e você não desmente essa merda! Qual é sua intenção? Me fazer sofrer? 

O jogador merengue ficou apático enquanto ela falava. Ele não fazia ideia que Mia estava passando por isso, pelo contrário imaginou que o empresário já havia esclarecido tudo. Claro que teria que dar uma entrevista sobre isso, mas Jamirez falou que se já tinha resolvido que não se preocupasse com isso agora. 

— Não, nunca. E-eu fazia ideia de que isso estava acontecendo com você — ela fungou limpando as lagrimas. — Para mim meu agente já havia esclarecido tudo — ele não sabia nem o que dizer. Ela estava passando por tudo isso por causa dele. — Desculpa Mia, nunca foi minha intenção.

Ela pensou que ele estava fazendo isso por maldade, para lhe dar o troco, mas ao olhá-lo nos olhos vendo a forma culpada que ele a olhava...Marco estava falando a verdade. 

Envergonhada de estar chorando na frente dele ela abaixou o rosto. 

— Eu juro, juro que não foi por mal — insistiu ele com a culpa o dominando. 

Mia respirou fundo, tentando controlar as lágrimas. Mas todos os últimos acontecimentos misturados tinham virado uma grande bola que destruía tudo pela frente e ela não conseguia mais fingir que não estava doendo, que não estava destruída por dentro. 

Marco então notou que nunca tinha a visto chorar antes, nunca a viu tão indefesa e sensível. E dentro do seu peito veio a vontade de protege-la, de cuida-la. 

Talvez tenha sido pela surpresa, pela culpa ou até pela junção de tantos sentimentos que o jogador se aproximou dela e a puxou para um abraço. 

A doutora sentiu todo o corpo ficar tenso pelo contato inesperado, mas ao sentir o aconchego do peito de Marco novamente, o calor do seu abraço, a sensação de proteção que ele passava, não conseguiu resistir. 

Ambos ficaram um tempo ali em silêncio. Ele a afagando, a acalmando, era o mínimo que podia fazer. 

— Olha, eu prometo que vou sair daqui e desmentir tudo — falou baixo o atacante, o queixo apoiado na cabeça dela, a sentindo estremecer e as lágrimas molharem sua camisa. Por isso a abraçou com mais força. 

— Mas e os jogos? — Fungou erguendo o rosto. — Ele disse que você não podia sair do foco. 

— Dane-se o que Jamirez disse Mia. Não é justo você passar por isso por mais tempo — a olhou nos olhos determinado 

Mia sentiu o coração disparar, ele estavam tão próximo e o que ela sentiu por Marco ainda não havia morrido. Ele também sentiu aquilo, tanto que prendeu a respiração por alguns segundos na expectativa do que podia acontecer. 

— É melhor você ir, vão estranhar se você não voltar logo — tentou ser racional abaixando o rosto.

Ficar perto dele já a deixava sensível e depois de tudo o que aconteceu parecia que tinha piorado. 

O jogador comprimiu os lábios e se afastou dela meio sem jeito. Era estranho ficar tão perto depois e tudo. 

— Me desculpa, sério — pediu coçando a nuca já um pouco distante, uma distância segura segundo a morena 

Ela sentira falta do calor dele, mas já bastava de homem comprometido na sua vida. Chega! James já foi terrível o suficiente.  

Então Mia anuiu e lhe ofereceu um sorriso fraco apenas. 

O camisa 20 devolveu o sorriso e deu as costas devagar seguindo o caminho de volta ao treino.

 

"Profissionalmente foi errado eu ter saído daquela forma do treino, mas por mais profissional que eu tentasse ser eu não tenho esse sangue frio para aguentar calada, então preferi me retirar antes que eu me excedesse e aquilo tomasse uma proporção maior do que deveria ter."

Ela respirou fundo e olhou para o relógio do seu celular, faltava pouco tempo para terminar o treino. Mas não tinha mais coragem de voltar, não com cara de choro, não com tantas pessoas a olhando. Mia estava torcendo que nada sério acontecesse, mas ia ter que prestar esclarecimentos a Santamaría pela ausência de qualquer forma. 

A doutora seguiu para umas das salas de recuperação onde o fisioterapeuta chefe estava e bateu na porta pedindo um segundo do seu tempo.

— Já acabou o treino? — Perguntou direcionado um olhar rápido para seu relógio de pulso, enquanto fechava a porta atrás de si. 

— Na realidade não — respirou profundamente. — Acabou acontecendo algo que me fez sair mais cedo — o médico franziu o cenho. 

— Está se sentindo mal, é isso? 

— Não — ela negou. — Sabe a situação com Marco tomou proporções enormes e estavam me xingando nas arquibancadas. Eu até tentei ignorar, mas foi impossível. 

Ele piscou surpreso e com pena ao mesmo tempo. "Devia ser horrível."

— Tudo bem, não tem problema algum ter deixado o treino e você também nem devia ter ficado lá aturando aquilo — Mia sorriu de canto.

— Bom, eu vou adiantar alguns trabalhos. Obrigada por entender. 

Assim eu foi até seu consultório e ali passou o resto da manhã, até a hora do almoço tentando se afundar no trabalho e esquecer todo o horrores desses últimos dias. 

 

Marco voltou ao campo metade culpado, metade com raiva por toda essa situação. Como se já não bastasse a confusão que foi com Marina por causa daquelas fotos ( não por uma traição, porque nisso ela não acreditou ), mas porque ela descobriu sobre um envolvimento que o jogador ainda não havia mencionado a ela. Agora ele descobre que suas fãs estavam caindo em cima de Mia sem motivo nenhum dele sabia como a mídia podia ser cruel, tão cruel que fez a doutora chorar e se desvirtuar do seu trabalho ( que era sagrado para ela ). 

O camisa 20 realmente tinha que se posicionar sobre isso e indagar o seu agente porque não fez nada do que disse que ia fazer. Ele entrou na beira do campo com isso em mente. 

— Como você sai assim do treino Asensio? — Zidane o interrogou na frente do campo de reservas, mas não demostrando nenhuma expressão em sua face, existiam câmeras demais ali para ele dar um carão em Marco. 

O jogador massageou as têmporas e depois apoiou as mãos na cintura.

— Desculpe Zizou, houve um problema urgente que eu tive que resolver — Zidane respirou fundo e com os olhos no jogo falou pacífico:

— Vamos conversar com isso depois do treino, você fica no banco agora — Marco anuiu. 

Enquanto o técnico seguiu até o Lopergui Marco foi até o banco e sentou-se entre Vazquez e Carvajal. Apesar da raiva de não participar do resto do treino a sua parte mais racional sabia que era melhor assim, já que sua mente estava trabalhando em outro âmbito. 

 

James não sabia se dava graças a Deus por voltar aos treinos no CT ou se ficava puto por ainda ser o Dr.Pires que o acompanharia. Mas tentou olhar pelo lado positivo, mais alguns dias e voltaria aos treinos e então aos jogos antes dos feriados de final de ano. 

Nos dias que se passaram ele tentou se focar somente na sua recuperação, tirar um tempo para si, mas nem preciso dizer que ele não conseguiu. O jogador foi assombrado pelos fantasmas das suas lembranças, Mia e a noite que tiveram eram constante na sua cabeça, as vezes sentia até o perfume dela no ar, mas tratava de afastar tudo rapidamente. Juana com pena do irmão o fez companhia, não o deixava ficar muito tempo parado em casa, sozinho. Ela imaginava o quão ruim devia ser o que ele estava sentindo, lutar contra um sentimento, gostar de alguém que não é sua própria esposa, ainda ter toda a mídia envolvida, uma filha pequena, carreira. Por isso ela o ajudou, não queria que o irmão se afundasse. 

Na terça-feira de manhã James acordou especialmente entusiasmado, ele passou a noite conversando com a irmã que o animou para esse dia. Ele estava animado, mas depois da ultima semana, de tudo, ele ficou mal novamente. 

O camisa 10 tomou um bom banho e desceu até a cozinha onde o café da manhã estava posto. María, Fatima, Júlia e Juana o receberam com sorrisos e desejos de boa sorte e bom treino. Ele comeu, agradeceu ao maravilhoso café preparado e seguiu com a irmã para a garagem. A deixou na agência e se encaminhou para Valdebebas.

James desceu do carro depois de postar uma foto do seu nome na vaga do CT anunciando que estava de volta. Ele deslizava pelo feed do instagram quando viu uma foto que o fez hesitar no caminhar. 

Marco abraçava Mia na primeira e na próxima ela tinha o rosto erguido tão próximo do dele que parecia que...que eles estavam prestes a se beijar. James tentou até deslizar para ver a próxima foto, mas não havia mais outra. Com o coração em baixíssima frequência ele desceu para a legenda. 

 

Flagrados!

Marco Asensio e Mia Saton não vistos juntos pela primeira vez depois das alegações de que o jogador madridista havia traído a atual namorada ( Marina ) com a fisioterapeuta do time. 

Mesmo após as fotos onde o supostamente o camisa 20 estaria traindo a Miss Baleares, ambos não pareceram se abalar, continuaram postando fotos juntos, gravando vídeos fofos. E só ontem o espanhol negou o caso com a brasileira no seu instagram. 

Bom, será que depois dessas fotos o relacionamento da jóia madridista com a Miss das ilhas continua firme?  

 

 

O colombiano rangeu os dente, o coração disparou dentro das costelas, ao mesmo tempo apertado por elas, mãos que envolviam o aparelho o apertaram com tanta força que podia tê-lo quebrado. Ele subiu os olhos novamente para as fotos. 

" UMA SEMANA! Bastou um semana para ela voltar para ele. 

Ela disse que não tinha mais nada com ele. Que era mentira o que falavam.

E agora estavam quase se beijando? 

Como posso acreditar? Como posso saber que tudo o que ela me disse era verdade?

E também, se fosse, parece que não é mais. "

James sucumbiu ao ódio observando cada detalhe daquela foto, a forma que se olhavam, as mãos dela no peito dele, as dele na cintura dela...a dias atrás era ele no lugar do espanhol. A dias atrás era ele que Mia queria ter perto, a abraçando, a beijando...agora é Marco.

" Argh! Era óbvio que Marco não ia deixá-la assim. Mesmo com a porra de uma namorada ele ainda dava em cima dela. E devia estar se aproveitando da fragilidade dela, insistido até que ela cedesse, se feito de carinhoso, atencioso, amigo. Eu sei bem o que um homem é capaz de fazer quando quer uma mulher. 

Dios! Só de imaginar eles dois... " 

Um sentimento forte que fez todo o corpo do jogador formigar. O ímpeto junto a adrenalina correndo pelas suas veias o fez seguir na direção do interior do CT,  mas sequer estava pensando direito, pois uma nuvem de raiva anuviava toda a sua parte racional. 

" Como ela podia?! Depois de tudo o que aconteceu, de tudo o que me disse, tão rápido, ainda mais com ele. " 

James passou tão rápido pela recepção que nem ouviu o bom dia da recepcionista, seus passos o levaram até a ala médica, mais especificamente até a frente do escritório de Mia. Mas assim que ele levantou a mão para bater na porta uma lufada de ar limpou sua mente com um estalar de dedos e o fez hesitar. 

O jogador pensou em tudo, lembrou do que disse a ela, lembrou das suas atitudes com ela. Ir ali e pedir uma satisfação faria parecer que sentia algo por ela, e mesmo que houvesse algo, ninguém poderia saber. Ela não poderia saber. 

Ele estava girando nos calcanhares, engolindo toda sua raiva, quando ouviu atrás de si:

James? 

 

P.O.V Mia

 

— Como está o tratamento do James? — Questionou o galês enquanto eu observava fazer isometria de joelho.

A maioria dos jogadores ainda não sabia sobre meu afastamento dos tratamentos de James, ainda mais Bale que estava lesionado ( de novo ) e longe do CT na maior parte do tempo. 

— Eu creio que o Dr.Pires está cuidando bem dele, soube que volta hoje para o CT — o jogador franziu o cenho parando o exercício no meio. 

— Não é mais você que está cuidando dele? — Neguei. 

— Não, voltei em tempo integral ao CT — Bale anuiu devagar e pareceu um pouco pensativo.

— Acho que sorte a minha então — sorriu por fim e eu devolvi o sorriso.

— Agora volte ao exercício mocinho, sem papo de dispersão — o loiro riu e voltou a isometria. 

— Certo doutora. 

Supervisionei e coordenei o treino todo, ele estava nas últimas seções já para voltar então foi bem tranquilo. Assim que terminamos segui para o escritório de Sarah para irmos almoçar ali perto. 

A brisa gelada de outono exigia um bom casaco, as árvores com folhas em tons alaranjados que hora ou outra se desprendiam dos galhos dançando no ar até o chão formando um tapete ao seu redor. 

Inspirei o ar buscando o cheiro da folhas, o cheiro do frio que se aproximava enquanto enfiava as mãos nos bolsos do meu sobretudo.

— Puta que pariu Mia — Sarah soltou de repente ao meu lado, olhei na sua direção. Seus olhos claros estavam fixos na tela do celular.

— O que houve? — Não dei tanta atenção, ela sempre era dramática, podia ser só um mime muito engraçado ou um spoiler de alguma série que estivesse assistindo. — Se for spoiler de Grey's eu não...

— Olha! — Me deu o celular e foi aí que eu vi uma foto minha com Marco.

— Porra! — Levei a mão a cabeça bufando. — Foi ontem, lembra que eu te falei que ele pediu desculpas? Algum fotografo deve ter seguido ele quando saiu do campo. 

— Caralho que merda! — Ele estalou a língua. 

— Eu pensei que essa merda fosse acabar, que eu ia ficar em paz — olhei para a foto, era extremamente insinuante para quem acha que nós tínhamos algo. 

Puta que pariu! Será que não podiam nos deixar em paz? 

Depois que Marco esclareceu tudo eu pensei que ia ficar tudo bem, que não ia haver mais fofocas e meu nome ia sair da boca do povo. Pelo visto eu estava errada. 

— Calma! Olha, liga pra ele. Marco é o único que pode resolver isso de uma fez por todas.

Respirei fundo. 

— Tem razão — a entreguei o celular e cacei o meu na bolsa. 

— Mas vamos andando, porque eu estou morrendo de fome — pediu e eu lhe ofereci um pequeno sorriso enquanto era puxada rua a baixo. 

Marco demorou a atender, demorou tanto que chegamos no restaurante.

— Não vai pedir nada? — Perguntou a ruiva enquanto olhava o cardápio com gula das íris. 

— Não, perdi a fome — sequer abri o cardápio.

— Ah não amiga! Não! Você tem que comer alguma coisa. Uma saladinha, algo leve, mas coma pelo amor de Deus! 

Humedeci os lábios com os olhos ainda na tela do celular onde a conversa com Marco estava aberta e eu tomava coragem para falar com ele por ali. Imagina só se a namorada dele visse, ainda mais agora...melhor não, mas eu realmente precisava falar com ele. 

Esfreguei o rosto. 

— Come e depois vamos resolver isso. Já está na internet, não vai piorar daqui a quarenta minutos. 

Mordi o lábio e bloqueei a tela do celular. 

— Beleza.

Foi difícil degustar, até engolir a comida. Sarah tentou me distrair, até pegamos uma mesa longe do maior fluxo para não ter chance de passar por nenhuma situação constrangedora como ontem.

No fim voltamos a Valdebebas mais rápido do que o comum, eu estava agoniada em ficar parada ali e sei que estava sendo uma péssima companhia também. Mas eu precisava resolver isso. 

Na recepção eu me despedi de Sarah e ela pediu para a manter informada, no tempo de almoço que eu ainda tinha eu ia tentar contato com Marco, sei que alguns deles teriam treino a tarde, só não lembro se ele estava na lista dos convocados. 

Segui até o campo onde Mallo me falou que seria o treino, mas quando cheguei descobri que era apenas para os reservas e Marco seria titular no próximo jogo. Caminhei de volta ao meu consultório com dor de cabeça de raiva. 

No entanto ao chegar no corredor da ala médica vi alguém na frente da minha porta

 

P.O.V James 

 

Respirei fundo e me virei.

— Ta fazendo o que aqui? Achei que seu treino era no campo — formulei um sorriso. 

— Pois é — cocei a nuca.

Que desculpa eu poderia dar por estar ali? 

— Eu vim fazer uma visita a minha antiga fisioterapeuta — não menti. Santamaría arqueou as sobrancelhas enfiando as mãos nos bolsos da calça. Parecia intrigado, embora não tão surpreso. 

— Ela está tratando de Bale agora — comprimimos lábios e anuí.

Salvo pelo gongo. 

— Bom, então deixa pra outra hora — o médico sorriu de canto. 

— Quer deixar algum recado para ela, ou que eu a avise que veio? — Neguei fimatose expressão suave. 

— Não precisa, mas obrigado — ofereci um sorriso grato e estava virando para ir embora quando o fisioterapeuta falou: 

— Bom te ver aqui de novo James — virei o rosto e meu sorriso de alargou. 

— É bom estar de volta. 

Será que ele achou estranho minha visita? Quer dizer, eu já liguei atrás da Mia uma vez, vir aqui parece um pouco de desespero demais. 

Carajo! Que merda eu fiz? 

Espero que ele não desconfie de nada, mas se desconfiar pelo menos seja discreto pra ficar de bico calado. 

Caminhei até o vestiário tentando raciocinar e esquecer que talvez eu tenha feito uma merda falando a verdade para Javier. Mas o que mais eu falaria se estava parado na frente da porta dela? Eu ainda não descobri como ser tão safo, uma pena. 

Esquece isso James! Esquece a Mia! Esquece tudo e foca no treino. Foco.

 

P.O.V Mia 

 

— Marco? — O jogador se virou para mim surpreso. 

— Oi, e-eu vim atrás de você — falou um pouco sem jeito. 

— Notei, estava parado na frente da minha porta — apontei para a placa com meu nome. Ele virou para a porta e depois para mim sorrindo sem graça. 

Parecia der uma parede grossa de gelo entre nós.

Devolvi o sorriso. 

— Vi sua ligação e vim para te tranquilizar — gesticulava. — Sim, já vi as fotos e já falei com meu empresário, ele vai marcar uma entrevista para mim hoje mesmo com um daqueles sites de fofoca. Dessa vez vai ser bem rápido e vou fazer se espalhar mais do que essas fofocas. Finalmente vão parar de nos encher com essa história e vai estar livre de mim — eu formulei um sorriso. 

Mas porque eu não estava feliz? Marco agiu rápido como eu queria não foi? Ele ia desmentir tudo e explicar novamente o motivo de estarmos junto ontem. Mas porque eu não me sentia aliviada? 

Parei por segundos nos meus devaneios que me puxavam para o mais profundo da minha psique. Talvez porque no fundo eu tivesse gostado ser vista com ele, não do que a mídia transformou nossa história, mas do que as fotos transmitiam. Algo que nem na época eu conseguia enxergar. Que estávamos felizes, que eu estava bem, que ele me fazia ser a melhor de mim. 

Sim, eu odiei toda essa merda, mas no fundo eu olhava para as fotos e imaginava se o que tivemos tivesse tido continuidade, se eu estivesse no lugar de Marina, se eu não fosse retratada como a amante e sim como a namorada dele. Se tudo o que tivemos não tivesse sido reduzido a um caso. No fundo eu fantasiei sobre isso. Eu sei que é tolisse, mas...

Agora o ouvir ele falar assim que acabou ao mesmo tempo que me deixa aliviada ( grande parte ), também deixa um pequeno buraco vazio. O pior é que ele parecia tão aliviado, e não era para menos, devia ser horrível para ele estar namorando em meio a tudo isso. Mas de certa forma me doeu saber que ele não queria estar sequer associado ao meu nome.

Merda! Porque eu estava tão mal? 

Eu sou uma idiota por me contentar com tão pouco? 

Voltei a realidade.

— E você vai se ver livre de mim também, imagino que Marina deva estar adorando essa história — Marco sorriu de canto.

— Ela não está se importando muito, confia em mim. 

Eu não sei porque esperava que ele falasse algo diferente. Imaginei que a Miss Instagram devesse estar odiando ser chamada de corna aos 4 cantos. Pelo visto estava enganada sobre ela ser uma mulher fútil. Ah que ótimo! Então ela era perfeita mesmo.

Enfiei as mão nos bolsos traseiros. 

— Que bom então. Não queria atrapalhar nada — o camisa 20 negou. 

— Imagina, não foi culpa sua. Esses paparazzi que fazem de tudo por um furo, transformam até amizade em caso — revirou os olhos.

Forcei o sorriso. 

— Pois é, pelo menos tudo isso vai acabar logo — suspirei.

— Pois é — ficamos nos olhando com aquele clima estranho, um pouco desconfortável de quem não sabia como agir ou o que dizer. — Bom, eu vou indo. Aliás, acho que a entrevista sai amanhã. 

— Ótimo, até o fim da semana estamos livres — o espanhol me ofereceu um sorriso ameno.

— Tchau Mia — acenou e eu lhe direcionei um sorriso pequeno.  

— Tchau Asensio. 

Eu não o espero ir embora para entrar no consultório. E assim que escuto o click do trinco tento ignorar a parte que atingiu minha vulnerabilidade, esquecer que me machucou ver o quão perfeito era o relacionamento dele com Marina e o quanto ele queria se livrar disso também. Eu não sei porque depois de ontem eu esperava menos repulsão dele. Ilusão achar que Marco pode sentir algo por mim quando namora outra mulher. Idiota. 

Respirei fundo e massagem as têmporas. 

Esquece essa história Mia! Esquece Marco. 

Preciso colocar uma coisa na minha cabeça: gostar não vale a pena, ainda mais quando não se é correspondido. 

Bola pra frente, Mia. Agora é foco no trabalho

 

P.O.V James 

 

Voltar ao CT foi bom para sair de toda aquela pressão de casa, ver os caras e desviar pensamento dos eventos emocionais da minha vida nas ultimas semanas. Apesar do fisioterapeuta ridículo, só de estar de volta em tão pouco tempo, saber que se eu me esforçasse ia voltar aos campos em breve me fez ficar mais motivado e feliz. Mas ao mesmo tempo que eu queria esquecer os assuntos que me perturbavam, só o fato de estar aqui me lembrava que isso tudo só aconteceu por causa de Mia, que agora era para ela estar aqui comigo. Era uma merda eu sei. Também sei que devia esquecer ela, estou trabalhando nisso. Mas o que eu podia fazer de tudo me lembrava ela?

Treinei no campo, corrida com obstáculos, chutes a gol, controle de bola, exercícios com elástico. Era cansativo, porém revigorante. 

Mallo assistiu todo meu treino, ele era preparador físico sabia bem se um jogador tinha chances de voltar aos campos ou não. Durante os exercícios ele chamou Dr.Pires, seu olhar cético me deixava em dúvida. Teve medo que ele me aconselhasse mais uma semana de exercícios fora dos treinos regulares, mas continuei tentando fingir que não me importava para as caras e bocas, tentando fingir que não estava tentando traduzir nenhuma delas. 

Bom, não consegui nada

No final eu segui até a beira do campo e peguei a garrafa de água espirrando na minha boca. Pires chegou ao meu lado e disse:

— Foi ótimo James, manhã na mesma hora — anui batendo minha mão na sua.

— Até doutor.

O fisioterapeuta foi embora, mas eu fiquei. Sei la, só queria observar aquilo tudo e sentir que estava de volta. Então me sentei no banco de reservas.

Daqui eu tinha uma visão ampla esse campo e dos outros, os caras treinando em um deles, Lucas e Navas em outro. 

Parecia que eu nunca havia saído.

Madrid é minha casa. 

Eu preciso continuar aqui. Eu quero continuar aqui. Esse é meu sonho. Não vou desistir dele. Mesmo que leve mais uma semana para voltar. 

Fui desperto por Mallo sentando ao lado do meu acento. Ele ficou em silêncio observando assim como eu até que com os olhos ainda fixos nas linhas horizontais do campo de futebol disse: 

— Estou te esperando terça-feira que vem no lá no outro campo — algo dentro de mim se abriu e eu me virei para ele. — Bem-vindo de volta, filho — um sorriso cresceu nos meus lábios e inexoravelmente dos dele também. Batermos as mãos em um cumprimento amistoso. 

— É bom demais voltar, Mallo. 

Sabe, eu fiquei feliz em perceber que eu sou capaz, que eu ainda posso ser bom como eu era. Pelo menos a forma física estava quase lá.

Caminhei pelos túneis até o vestiário. Estava vazio assim que eu entrei, segui até o meu armário entre o de Benzema e Bale. Os sapatos abaixo da acento, a roupa no cabide, meu nome com o número 10 do lado. Sentei e comecei a me desfazer das chuteiras então a cacofonia das vozes se aproximou na entrada, a fila de jogadores veio em seguida. 

— Eai Jamizito? Como foi o treino? — Cris perguntou no seu armário até próximo.

— Foi bom, Mallo falou que volto a treinar com vocês semana que vem — ele sorriu. 

— Aê garoto! Boa — bateu a mão na minha. — Sabia que ia conseguir — sorri de volta. 

— Parabéns James, vai voltar com tudo — Benzema sentou ao meu lado também tirando as chuteiras. 

— Vou fazer de tudo pra ajudar o time, essa champions é nossa.

— Assim que se fala muleque — Marcelo falou diante do seu nicho . — Vamo botar pra quebrar — bagunçou meus cabelos rindo. 

Ri também abaixando a cabeça. 

O clima com eles era bom, eu senti falta disso, do vestiário, do clube. 

Depois da ducha voltei ao armário para me trocar, mas não pude deixar de notar Marco do outro lado todo sorridente ao telefone.

Não que eu quisesse ouvir a conversa, mas o silêncio do vestiário fazia as palavras chegarem ao meu ouvido. 

— Eu to indo para aí agora — ele falava. — Relaxa, só o tempo de me trocar e eu chego — riu. — Eu também te amo. 

De costas eu me vestia e assim permaneci. Deve estar conversando com a namorada ou não...esquece isso James! 

Os outros foram começando a voltar do chuveiro e eu penteava meu cabelo quando Marcelo cochichou ao meu lado:

— O que você acha dessa história da Mia e do Marco? — Virei surpreso para ele. Não esperava isso agora, logo eu que estava fugindo disso tudo.

— Como assim o que eu acho? — Melhor me fingir de idiota. 

— Acha que é verdade? Ele e ela juntos? — Respirei fundo. 

— Eu não faço ideia, mas e você? — Não consegui me segurar. 

Marcelo suspirou passando a camisa pela cabeça. 

— Bom, eu acho que não. Pelo pouco que conheço a Mia, ela não parece o tipo que se submete a esse tipo de relação — ele se olhou no espelho passando a mão no cabelo húmido.

Minha vez de suspirar. É, eu sei bem que ela não é. Não fez isso nem por mim, nós tivemos um envolvimento, mas nunca foi minha amante. 

— Mas... — fez uma pausa, o olhei atenciosamente esperando o que ia falar. — Eu sei que ela gosta muito dele por um episódio que presenciei, talvez por gostar tanto... — deu de ombros jogando a possibilidade real nas minhas costas e só atiçando o que acabara de adormecer.

— Que episódio? — Indaguei sem segurar minha curiosidade. 

O que Marcelo poderia ter visto que o fez ter certeza desse sentimento? 

— Prefiro não comentar, é algo particular dela.

Porra! Agora Marcelo vai dar uma de boca de túmulo? 

Mas eu também não poderia insistir, seria arriscado parecer interessado. 

— Entendo, quando a gente está apaixonado faz muita coisa que não devia — o camisa 12 ri sarcástico. 

— Nem me diga — sentou se para colocar o sapato. — Só não quero que ela sofra, gosto dela. 

Olhei para os cadarços dos seus tênis, minha visão ficou anuviada enquanto meu cérebro trabalhava. Eu queria refutar os indícios de que ele poderia estar falando a verdade, mas se ela está com ele, se submetendo a isso, é porque gosta dele. Gosta realmente. 

Será que era com ela que ele estava falando? Dizendo eu te amo? 

Respirei fundo e novamente fiz um exercício mental para esquecer desse assunto. Eu estava bem, queria continuar assim. 

— É — foi a única coisa que disse depois de notar que fiquei um tempo atônito. 

Arrumei o perfume, sabonete e shampoo dentro da mochila e conversando com Cris, que estava ansioso para o nascimento da sua filha e Marcelo. Falamos sobre a situação do time, estávamos bem, pelo fato de ainda estarmos nas principais competições, mas não tão bem assim porque não estávamos tranquilos em nenhuma delas. 

Foi então que de canto de olho vi Marco se despedir de Vazquez, Nacho e sair apresado. 

Pensei e repensei em segundos. Hesitei em ir, mas eu sabia que se ficasse aqui, mesmo sendo o certo, aquela dúvida me acompanharia até a cama hoje a noite e provavelmente amanhã também. Eu precisava, só para tirar essa agonia de mim.

Então eu respirei fundo, joguei a mochila nas costas e me despedi dos caras com a desculpa de que iria almoçar com Juana. 

Marco estava no fim do corredor, eu o segui com o celular na mão, fingindo ter minha atenção voltada a ele. Bom, todo o caminho que ele fez parecia comum para quem iria até o  estacionamento, mas aí ele dobrou em um dos corredores. 

Esse caminho...ou ele iria para a academia ou para ala médica. O treino já acabou, então...

Mordi o lábio com força, mantive a distância de forma segura. Eu só acreditaria se visse, ainda existia uma possibilidade. 

Mas foi ai que ele adentrou o corredor dos consultórios e da esquina o vi parar na frente da porta da sala da brasileira.

Não! Não! Não é possível. 

Eu nem quis ver o resto. Já sabia o que ele ia fazer com ela. Lembrei das fotos, da forma como ele falava com ela no celular. 

Ela estava tendo um caso com ele. Mas se ela o amava, porque ficar comigo? Porque mentir? Porque fazer aquele showzinho se nem era a mim que ela queria de verdade? Carência? Vingança? 

Me apoiei na parede tentando me acalmar respirando fundo várias vezes. Talvez devesse ir embora, eu já tive minha comprovação, já vi o que queria ( o que não queira na verdade ). Então ouvi passos seguindo para longe. Eles deviam estar saindo para almoçar juntos, talvez já fossem assumir né? Melhor. Mas quando eu virei só vi Marco indo embora e quanto a Mia, ela não estava mais lá. 

Respirei fundo. 

 

P.O.V Mia 

 

Afastei a minha cadeira para sentar quando ouvi o barulho da porta sendo fechada. Virei-me assustada vendo James ali dentro. 

Meu coração acelerou tanto que parecia que ia saltar. A última pessoa que esperava ver hoje era ele.

— O que...? 

— Não foi almoçar com seu ex...ou melhor, seu amante? — Sibilou. 

Amante...então ele viu as fotos. 

Respirei fundo, não podia parecer hesitante agora. 

— Você realmente não sabe bater na porta, não é? — Cruzei os braços. Ele ficou calado, mas o olhar incisivo exigia uma resposta. — O que você quer aqui James? Já não deixei claro que não queria mais te ver? 

O camisa 10 não parecia nada satisfeito, pelo contrário, parecia furioso. 

— Eu vi as fotos, vi vocês juntos. Você mentiu para mim — franzi o cenho. Meu estava cérebro tentando entender o porque de estar tão chateado ao ponto de vir tomar satisfações comigo. 

Chateado, James parecia com ciúmes isso sim. Meu peito de ouriçou com a ideia. 

O olhei nos olhos buscando algo, novamente me vi buscando sentimento neles, mas aí eu lembrei de tudo moquenco aconteceu a uma semana. 

— James, vai embora ta bom — falei após um suspiro já me colocando atrás da minha cadeira, as mãos sobre o encosto. 

Ele fungou sarcástico e negou. Parecia incrédulo comigo, como se eu tivesse cometido um crime.

— Uma semana Mia, só uma semana bastou para você voltar correndo para ele — fiquei atônita. — Porque se submeteu a isso se não gosta dele? Porque é amante dele

Me enfureci.

— Está perguntando porque eu sou amante dele e não sua, não é? Está perguntando porque ele e não você? — Rugi e imediatamente vi os olhos castanhos do jogador ficarem vítreos em mim em seguida o pomo de Adão desceu e subiu. — Não é isso James?

Ele ergueu a cabeça me olhando nos olhos, o maxilar cerrado. 

— Não, eu só quero entender porque fez isso. E se foi porque gosta dele, porque mentiu para mim? 

— Porque quer saber? Pra que? — Rosnei entre dentes.

— Não acha que eu mereço? — Foi a vez dele rugir também se aproximando ao um ponto que só a mesa dos separava.

Eu estava tão magoada, minha tristeza se transformou em raiva. 

— Não — respondi friamente e ele só ficou com mais raiva.

— Porra Mia! — Bateu o punho da superfície de madeira e meu corpo se sobressaltou no susto. — Você esqueceu de tudo o que tivemos? Tudo o que fizemos? Esqueceu o que me disse? O que me prometeu? — E se inclinava para cada vez mais perto. A cada palavra eu me sentia mais frágil, mais meu coração apertava dolorosamente pungente, mais meu corpo encolhia intimidado. 

Porque ele estava fazendo isso? Porque ressuscitar isso? 

Mas como fiquei calada ele sorriu cínico e impulsionou-se para longe da mesa. Só foi o tempo se suspirar precipitadamente de alívio para que o visse contornar o objeto entre nós e seguir na minha direção de fato. 

— Então me deixe refrescar sua memória — a voz era um rouco macio, como só ele sabia fazer e que me deixava completamente refém. 

Tão felino quanto um jaguar ele se aproximava, eu tentei me manter ereta e firme ali, mas só foi o calor do seu corpo tocar o meu que senti tudo estremecer e arder. Prendi a respiração, os lábios dele roçaram na minha orelha nua pelo cabelo amarrado.

 — Primeiro eu te fiz minha mulher — sussurrou. — E depois... — esfregou a cabeça na minha, sua respiração soprando na minha pele, despertando arrepios e calafrios. —... quando estava irrompendo nos meus braços... — apertei os olhos pedindo razão aos céus. —...você prometeu que seria só minha. — Então rumou para baixo, como se fosse descer até o meu pescoço, mas eu o impedi de continuar.

Virei o rosto para ele, milímetros nos afastavam, um sussurro de distância. 

Eu não posso ser de quem nunca vai poder ser meu James — assim ergui os olhos para ele e vi as chispas incandescente serem consumidas pelo ar e sumirem, dando espaço ao vazio profundo. 

Olhei para baixo e percebi que minhas unhas estavam fincadas no tecido da cadeira. Respirei fundo e me afastei de um James apático. Segui até a porta e a abri, ainda com o interior do corpo em ebulição.

— Melhor ir embora — ergui o rosto sem o olhar fixamente, o nó na minha garganta só parecia crescer. 

De canto de olho o vi abaixar a cabeça, bufar e aí seguir para fora. James ainda hesitou, ensaiou um virar, mas eu fechei a porta antes. 

O ar deslizava entre meus lábios e adentrava minhas narinas gradativamente, um exercício para acalmar os batimentos descompassados do meu coração. Tentei esvaziar minha mente, deixar os pensamentos escorregarem para dentro de um baú.

Eu fiquei um bom tempo ali, mas não importava quando tempo eu passasse. Eu só não queria mais sentir essa dor, eu só não queria desenterrar o que eu passei dias enterrando. 

 

P.O.V James 

 

Eu não fui para casa, porque estava com raiva o suficiente para precisar descontar em algo. Então me encaminhei de volta o campo, Zidane estava com os reservas e eu passei direto por eles na direção de outro campo vazio. 

Chutes a gol. Bolas de futebol perfiladas paralelamente às traves. 

A cada bola que eu chutava era como se me libertasse de uma partícula de toda a confusão furiosa dentro de mim. A força que eu colocava nelas não as fazia acertar o gol, geralmente voar a metros dele. Mas eu não ligava, não naquele momento. Só queria canalizar tudo em um objeto, um movimento na tentativa de que quando acabasse voltaria a ser vazio. 

Vazio. 

Esquecer. 

Apagar. 

Ela correu pra ele. 

Cerrei o maxilar. 

Ela se entregou a ele. 

Fechei os punhos. 

Mesmo depois de tudo, mesmo depois que ela me sentiu, que ela foi minha, ela voltou para ele. Voltou dizendo que o ama. 

Bati na bola com o lado interno do pé com toda força, ela atingiu o travessão voou longe.

Para James! 

Chega! 

As imagens deles dois se sucediam como a porra de um filme massacrante. Como se meu ego já não estivesse fodido.

" Ele é muito mais homem que você." — Foi o que ela disse uma vez. 

Chutei a próxima bola e essa nem passou perto das barras. 

" Você usa de jogos de sedução para ouvir o que quer. Um homem não precisa tocar entre as pernas de uma mulher para tê-la." 

Eu só queria gritar com ela. Exigir respostas. Saber porque ele. Saber o quão bom é Marco. Perfeito pelo visto, já que até aceitar ser sua amante ela aceitou.

Outra bola voa atingindo acima do travessão. 

— James! — A voz sou longe, parecia até um sonho.

Porra! Eu tinha que tirá-la da minha cabeça. Eu devia. 

Mas era impossível quando meu corpo estava quente formigando de raiva, como uma máquina sobrecarregada. 

Mais uma bola. 

— Pare! — Ela vinha atrás de mim, mas eu não dei ouvidos. Não quando eu sentia cada célula do meu corpo borbulhar como água em ebulição. 

Ela me negou tanto, mas para ele não. 

O que ele tem que eu não tenho? 

O que a faz gostar mais dele do que de mim?

— Pare agora Rodríguez — berrou Mallo. 

E eu estava com tanta adrenalina que não obedeci, eu só queria que aquelas bolas fossem Marco e a cada chute ele parasse mais longe e longe. 

Ele a roubou de mim. 

— Quer por a baixo todo seu esforço? Então continue — hesitei na bola seguinte, então percebi mina respiração alta, meu corpo tenso como se carregasse um peso enorme. Olhei para a bola sob meus pés e depois para o gol. 

Todo o trabalho que tive com ela e eu queria apagar aquela merda da minha mente. Melhor, eu queria queimar cada boa lembrava que resisti em guardar daqueles dias. Daria tudo para arranca-la de mim. Nem Daniela com todas suas brigas me humilhou tanto, nem ela sendo minha mulher vez doer tanto. 

— Mas saiba que se estiver machucado não vai poder voltar aos treinos, quem dirá jogar novamente. 

Parei e naquele instante minha mente clareou. 

Não vale a pena. 

Respirei fundo algumas vezes e então virei, mas não falei com ele. Só segui meu caminho na direção do vestiário. 


Notas Finais


EAI? O QUE ACHARAM? Me C O N T E M T U D O!!! O que odiaram? O que amaram? O que acham que vai acontecer nos próximos capítulos. Novos casais? Casais antigos ressuscitarão das cinzas? Aiai... Quero saber de tudo, não me poupem dos detalhes sórdidos. Kkk
Ps: Zizou voltou pra nós pela glória de Jesus, a única parte ruim disso é que a possibilidade que James voltar também agora é mínima ( quase nula ). Mas é a vida né.
Ps: Como foi o carnaval de vocês? Eu mesma nem dormi direito.

Instagram: @sofiahunka
Tumblr: badounjcornio.tumblr.com


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