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História I know he's married - Não nadei, mas dormi na praia


Escrita por: mydarlingzayn

Notas do Autor


HOLA MIS AMORES!!
Finalmente esse capítulo saindo do forno, tive diversos problemas desde a última vez que postei, fiz duas viagens de trabalho, fiquei doente em e meu iPad bugou, mas para a honra e glória do senhor Jesus ( como diz minha diva Inês Brasil ) estou aqui!
Aliás, fiquei transbordando de alegria com os comentários no capítulo passado, até chorei sério. Vocês não tem ideia do quanto é importante pra mim essa troca e eu sempre repito isso porque é real. Ler cada um deles me deu mais vontade de continuar e me animou para me engajar mais, por isso to toda fudida postando de 4:30 da manhã, com o sol nascendo, pra vocês.
Mas eu amo tanto.
Enfim, espero que gostem.

Capítulo 35 - Não nadei, mas dormi na praia


Olhei para e ela me olhou também, ambas atônitas. Bahia? Ano novo? Lewis Hamilton? Era muita coisa pra abstrair. 

Primeiro porque minha ideia de ano novo seria virar com minha família e depois encontrar uns amigos na praia pra pular as ondinhas e jogar flores praia Yemanjá. Nada muito fora do comum, mas especial depois do tempo que passei longe deles. 

Segundo porque, Deus, eu mal conhecia Lewis e pode me chamar de antiquada e velha, mas eu me sentia estranha aceitando viajar para passar ano novo com um estranho. Por mais que ele fosse o melhor estranho, mais educado, fofo e gente boa que já conheci, mas ainda sim um estranho. 

Ainda mais que por mais interessante que fosse a ideia...e minha mãe? Eu vim para o Brasil ficar com ela, matar as saudades e desvirtuar isso parece errado. Por mais tentadora que a proposta fosse. 

Esses pensamentos todos não duraram mais de 20 segundos, mas Sarah já estava silabando para eu repondes logo Lewis. 

— Ah Wis, eu adoraria — o ouvir suspirar baixinho do outro lado da linha e a ruiva ao meu lado me olhou com cara feia. 

— Mas...? — Parecia que o piloto já esperava pela minha recusa. 

— Mas deixar minha mãe agora, parece meio errado sabe? Já que eu não passei a virada passada com ela. — Falei a verdade, ele merecia mais que desculpas esfarrapadas. 

Sarah fez careta de: quê? 

— Eu entendo, Mia. 

— Mesmo assim, obrigada pelo convite. 

— De nada. Bom, se a gente não se falar até o ano que vem. Feliz 2018 pra você e sua família.

Tão gentleman, tão inglês. 

— Pra você também, Wis.

No momento que desliguei a ligação minha amiga grunhiu me fulminando e apresentando suas garras vermelhas em stileto.  

A ignorei jogando meu corpo contra o colchão e suspirando. 

— Como você pode dar um fora nele Mia? — Explodiu. 

— Não foi um fora — a fitei e seus olhos eram a epítome da incredulidade. — Ah! Qual é Sarah? Procura me entende vai, eu passei tanto tempo sem minha família. E outra, eu mal o conheço. 

— Amor, se você quer o conhecer vai em na Wikipédia, tem a vida dele todinha lá. Quanto a parte da sua família, beleza, mas você já passou natal com eles. Vai mesmo deixar de ter um réveillon incrível com um gato na Bahia porque quer ficar com seus tios e tias olhando os fogos de Copacabana? 

Suspirei e ponderei. Mas meu coração ainda pesava em cogitar deixar minha mãe mais rápido do que o esperado. 

— Vou, já dei preferência a muito homem e olha no que se transformou minha vida emocional! — Neguei mesmo com Sarah revirando os olhos ao meu lado. 

— Ta bom! Você quem sabe — ela pegou o controle e tirou o filme da pausa. 

 Enquanto as imagens se sucediam na minha frente eu não conseguia parar de pensar se tinha feito a escolha certa ou não.

 

 

No dia seguinte, o último de Sarah no Rio acordamos cedo para ir dar uma breve volta na cidade. Uma passada no centro a cidade rendeu muitas fotos, assim como nossa ida ao museu do amanhã e ao parque laje, onde paramos para fazer um lanche antes do almoço. Minha mãe acabou nos encontrando lá, porque estava em uma reunião por perto. 

— Uma pena não ficar mais tempo Sarah — a ruiva sorriu de canto. 

— Pois é, queria ter mais dias aqui, mas já incomodei demais vocês — minha mãe e eu fizemos careta. 

— Você me aguentou na sua cada o mínimo que podemos fazer é aguentar você também — brinquei e Sarah me deu língua. 

— Querida, você podia passar semanas e eu nem me importaria — ginger sorriu para Beatriz. — Você é muito bem-vinda. 

— É mesmo — retifiquei. 

— Vocês são uns amores, muito obrigada. Mas eu realmente tenho coisas a resolver em Floripa — trocamos um sorriso fraco.

— Ver a família né? Vai lhe fazer bem — ela bebericou o café. 

Sarah suspirou. 

— É, eu espero. 

Senti uma vibração na mesa e pensei que fosse meu celular, mas era o da minha mãe. O ato teria passado em branco se de canto de olho eu não tivesse visto um sorriso brotar nos seus lábios. 

— Ih! É ele é mãe? — Ela estava digitando com um sorriso tão vovó que já dizia tudo.

— Ele quem? — A ruiva ficou curiosa e até endireitou-se na cadeira para ouvir uma possível resposta. 

— Ah ginger, ela está de rolo com um boy — a espanhola arqueou as sobrancelhas e sorriu maliciosamente. No mesmo instante minha mãe ergueu os olhos para nós.

— Não é um boy, e nem um rolo. O nome dele é Ricardo, ele é gestor econômico de uma rede hotéis e estamos nos conhecendo melhor — eu e minha amiga trocamos olhares cúmplices. 

— É! Isso aí. 

— Ele é gato? Mostra foto — animou-se Sarah.

Minha amiga e esse instinto para ser cupido. Da última vez não deu muito certo.

Beatriz sorriu dando uns toques no celular antes de virar a tela para nós duas. Ela tinha me mostrado uma foto dele antes, mas essa era diferente. O tal Ricardo tinha cabelos loiros meio grisalhos, embora bem cortados, barba aparada e olhos castanhos um pouco puxado para o mel. Para um coroa, era bem interessante e fotogênico.

— Carajo... arrasou! — Ginger bateu palmas e minha mãe sorriu dando de ombros. 

— O gosto para homens bonitos é hereditário — falei e nos rimos. 

Eu estava muito feliz por ela, era o primeiro homem que ela gostava de verdade depois do meu pai. Só espero que minha mãe tenha mais sorte dessa vez.

— Mas que bom que você está aproveitando as oportunidades, porque não posso dizer o mesmo de Mia...né amiga? — Me olhou incisiva e eu fechei a cara. 

— Como assim? — Minha mãe se mostrou curiosa. 

— Ah na...

— Sabe o Lewis Hamilton? O corredor de fórmula1? — Me interrompeu.

Eu não acredito que ela ia dizer isso. Essa filha da mãe! 

Pela cara de confusão da minha mãe ginger foi obrigada a pesquisar para mostrá-la. 

— Hum...bonitão. O que tem ele? — Disparou dividindo o olhar entre nós duas.

— Ele chamou sua filha para passar o Réveillon com ele na Bahia e ela não aceitou — fuzilei a espanhola e minha mãe me olhou indagadora. 

— Ué? Porque não Mia? 

— Ah mãe, eu já não passei o ano novo passado com você, não queria me despedir agora.

— Oh meu amor, eu sei que passamos muito tempo separadas, mas pense no seguinte: você ainda pode me ver outras vezes, até porque eu vou te visitar lá em Madrid e ainda vamos passar muitos anos novos juntos, mas você acha mesmo que esse rapaz vai te chamar de novo ano que vem? — Fiquei atônita e olhei para Sarah que anuiu em concordância com minha mãe. — Se você estiver afim de ir, não deixe de aproveitar por achar que não vai me ver mais. Não pretendo morrer esse ano e nem o ano no próximo. 

Não consegui não sorrir e a abracei.

— Sua mãe é maravilhosa, Mia — Sarah falou.

— E eu não sei? 

 

 

— Ta esperando o que que não ligou pra ele avisando que vai? 

— Eu vou ligar, mas com uma condição — ela franziu o cenho. 

Estávamos esperando o uber para seguir nosso passeio matinal pela cidade maravilhosa.'

— Você vai comigo.

— Gatita, primeiro que o convite foi a você e segundo que você sabe que eu tenho que ir pra Floripa. 

— Uma a menos não vai fazer diferença nenhuma, e você tem até dia 7 pra ficar em Floripa. Cinco dias não sou o suficiente la? — Ela me fitava inexpressiva. — Imagine o que vai perder se não for, imagine o quanto vamos aproveitar juntas — cruzou os braços. — Ah! Vamos ginger! Eu vou me senti sozinha e deslocada lá sem você. 

— Puta madre! Isso é muito baixo sabia? — Controlei o sorriso, ela ainda não disse que ia. — Eu já quero adiar esse encontro e você ainda me oferece praias paradisíacas, festas e tudo o que eu queria para essas férias? Você é muito baixa Dra. Mia Saton — comprimi os lábios.

— Isso é um sim? — Sarah respirou fundo e fez careta analisando minha cara de cachorro pidão. 

— Carajo! Sim, é um sim.

— Ahh!! — Gritei em comemoração passando o braço ao redor dos seus ombros em um abraço.

— Eu só espero não segurar vela nessa porra — resmungou.

— Já disse que somos só amigos — cantarolei. 

— Sei, então muda logo o trajeto desse carro.

— Ué? Porque? 

— Porque eu precisamos arrumar minha mala e resolver as passagens né? 

— E quando ao turismo carioca ginger? 

— Posso fazer isso da próxima vez que vier aqui, agora minha mentalidade está em chegar na Bahia bem maravilhosa. 

Gargalhei sacando o celular para mudar o caminho do uber para casa. 

 

 

Liguei para Lewis e ele ficou super feliz por eu ter voltado atrás, e me disse que mandaria o motorista nos pegar no aeroporto só precisaria lhe enformar a hora que chegaríamos. Até tentei falar que não precisava, para não dar trabalho, mas ele insistiu. 

Fiz uma bagunça enorme no quarto ao desarrumar e arrumar as malas, ainda mais quando Vânia desenterrou roupas e biquínis meus que deixei em casa. Por sorte, ainda tinha alguns que cabiam. Roupas de banho não foram priorizadas na minha viagem para Chicago.

Arrumar passagens com bons preços foi o mais difícil, essa época o Brasil — principalmente o Nordeste — estava em ápice e tudo relacionado e eles estava três vezes mais caro que o normal. Por sorte eu tinha milhas e Sarah conseguiu transferir a passagem dela para outra data. Sua mãe, ainda bem, não ficou chateada com o breve adiamento da chegada da filha. 

No dia seguinte pela manhã foi uma correria, acordamos cedo e tomamos um café reforçado antes de checar as malas. Minha mãe nos deixou no aeroporto, que por sinal estava lotado de gente. A parte boa era que o voo era curto e logo chegamos em Salvador. 

No portão tumultuado de desembarque Sarah bradou apontando para algum ponto entre as pessoas atrás da barreira. 

— Ali, olha ele! — O homem que vestia camisa social branca e calça preta estava com uma placa na mão com meu sobrenome e o da minha amiga.

Seguimos até ele que nos recebeu com um sorriso. 

— Bem-vindas a Bahia senhoritas — sua voz carregada daquele maravilhoso sotaque baiano.

— Obrigada — falamos em uníssono enquanto ele nos ajudava com as malas. 

O aeroporto da capital da Bahia estava tão cheio quanto o Galeão, tinha até uma banda de axé fazendo uma apresentação para os turistas. Eu e Sarah dançávamos enquanto caminhávamos até o lugar onde o carro estava estacionado, era impossível ficar parado com a batida do tambor. 

Adelson colocou a bagagem na mala e nós entramos no sedan prata. Estava bem ensolarado, mas não tão quente quanto o Rio. Ficamos com as janelas abertas enquanto o vento batia contra nossos rostos e os cabelos chicoteavam para trás. O bambuzal como um arco se fechava ao nosso redor na saída do aeroporto e assim que o sol pode incidir por mais que algumas frestas eu coloquei o rosto para dentro do automóvel e comecei a postar o vídeo que gravara.

— Quanto tempo leva daqui pra o destino? — Ginger indagou ao senhor. 

— Ah, vai ser rapidinho viu? Dez minutos e estamos lá — franzi o cenho e trocamos olhares. 

— Achei que Barra Grande fosse uma praia mais longe da região metropolitana — comentei com uma pergunta implícita. 

— Cinco horas de Salvador — não tão longe. — Mas olhe, não se preocupem não, de helicóptero são só duas horas — falou com ar risonho. 

A ruiva e eu trocamos olhares cúmplices novamente. 

— Helicóptero… — foi um gritinho de entusiasmo e surpresa totalmente estrangulado para nós duas. 

Sarah sorriu animada e apoiou a cabeça no encosto da poltrona com um suspiro de quem diz: Tragam o champanhe e os morangos. 

— Isso sim é recepção digna — ri jogando as costas contra o banco. 

Nunca andei de helicóptero, mas sempre tem a primeira vez. 

Mordi os lábios enquanto observava a cidade se erguer ao redor do carro.

Chegamos rápido ao heliporto, o piloto nos recebeu na frente da aeronave, ajudando com as malas em seguida. Nos despedimos de Adelson e embarcamos. 

Pedro, nos ajudou com o cinto de segurança e nos entregou os fones de ouvido. 

— Esta firme? — Perguntou ele ao puxar as alças deixando meu corpo preso ao acento.

— Completamente — falei segura e ele apenas sorriu fraco me entregando o fone. 

Viajar de helicóptero era bem diferente de avião, primeiro porque é algo bem mais particular e compacto, segundo porque as janelas eram enormes e dava para ver tudo do lado de fora. Um pesadelo para os que tem medo de altura, um paraíso pra quem odeia as janelas minúsculas do avião.  

Enquanto sobrevoávamos Salvador o Pedro, simpaticamente, nos apontou vários pontos turísticos da sua cidade. Era incrível, mesmo de longe dava já me deu vontade de voltar para conhecer melhor. 

Aproveitei a paisagem ainda mais quando ele partiu para a rota pela costa, quilômetros de praias, coqueirais, areia branca, piscinas naturais que mais parecia Maldivas de tão azul que era a água. 

— Da vontade de mergulhar — falou Sarah.

— Acho lindo, mas tenho um certo medo do mar. Parece que pode me dragar a qualquer momento — confessei. 

— Pode ficar tranquila, Taipu é uma das praias mais tranquilas do sul baiano — explicou o piloto por cima do som das hélices.

— Ta vendo amiga? Relaxa, vamos tomar banho de mar até o cabelo ficar loiro de sal e sol — gargalhei. 

— Só se for o seu, o meu no máximo vai ficar seco e duro — ela riu. 

— A gente faz um tratamento intenso em Madrid. 

— Fechado — pisquei. 

Meu cabelo ia voltar parecendo uma bucha com toda certeza. 

As duas horas passaram voando (literalmente), quando eu dei por mim Pedro estava avisando que estávamos prestes a pousar. 

— Não era a casa de um amigo dele? — Perguntou Sarah olhando para a janela dela na direção da costa. Rumei os olhos para lá. — Porque, puta merda, isso parece um hotel.  

Ela não estava exagerando. A casa, vulgo mansão, era enorme se estendendo pela ponta da praia sozinha por alguns km de distância das demais mansões imperiosas.

O nível de riqueza daqui é você ter uma praia privada, quadra de tênis, campo de futebol, heliporto e uma piscina que mais parece um complexo aquático. 

Quem é o dono disso aqui? Bill Gates? 

— Acho que não vamos ter problema de dividir o quarto — brinquei e ela riu.

— Com certeza não, gatita. 

Logo o helicóptero começou a abaixar gradativamente, se aproximando do heliporto em uma área de campo aberto mais a oeste. 

— To me sentindo uma celebridade chegando assim — comentei e fingi acenar para um público fictício a minha espera. A espanhola riu e fez o mesmo. 

— Oh my fans! Thank you for everything — mandou beijos. 

— Thanks for comin, I love you. 

Rimos como retardadas durante o pouso, a terra ficando cada vez mais próxima. Assim que a aeronave atingiu o solo em um pouso suave eu tirei os fones e desafivelei o cinto de corpo inteiro. Pedro apertou alguns botões no painel agilmente e desceu para nos ajudar. 

Ele abriu a porta e eu desci digitando no celular o aviso a Lewis que já chegamos. Ele logo respondeu com uma carinha feliz, e depois escreveu que estava a caminho. 

— Lewis disse que já estava vindo pegar a gente — avisei a Sarah que descia. 

— Maravilha, vou procurar sinal já que vai demorar um pouquinho — ela saiu andando pela plataforma com o celular no alto e eu ri. 

— Vou pegar as malas — avisou Pedro tímido. 

— Vou te ajudar — fui junto com ele para outro lado do veículo. 

Eu só tinha levado uma mala pequena e uma frasqueira, mas Sarah inventou de levar duas malas uma só para os sapatos. Então ele ia precisar de ajuda. 

Em alguns minutos Lewis chegou em um carinho de golfe comandado por um homem de uniforme branco. Não deixei de rir internamente, era tão grande que precisava de carros para andar pela propriedade. 

O piloto vestia uma bermuda e uma camisa bem florida com os primeiros botões apertos, deixando o peitoral visível e as tatuagens nele também. Seus cabelos em um topete curto e o óculos redondo dava todo o charme e estilo. 

— Bem-vinda — ele bradou saltando do carro para me abraçar. — Como foi a viagem? 

— Obrigada. Foi ótima e rápida — ele sorriu erguendo mais um dos cantos especificamente.

— Que bo...

— Eai Lewis — bradou minha amiga surgindo como o mestre nos magos com o celular na mão. 

— Sarah! Bem-vinda — eles se abraçaram. 

— Obrigada por me convidar — piscou ela se ponto ao meu lado. 

— Imagina — sorriu simpático. — Vamos indo, vou mostrar o quarto de vocês. — ele nos conduziu até o carrinho onde o motorista no carro e o Pedro já tinham colocado nas malas. 

O inglês foi na frente com o motorista e eu e Sarah atrás e assim o carrinho desceu a rampa do heliponto seguindo o caminho de cascalho pela grama e coqueirais.

— Ainda bem que tem carrinhos imagina se tivéssemos que andar isso tudo. — Falou Sarah e eu e Lewis caímos na gargalhada. 

— De fato, não seria nada confortável.

— Wis, só para eu me situar, quem é seu amigo mesmo? — Essa pulga ficou na minha orelha durante todo o pouso assim que coloquei os olhos na mansão. 

— Ah! É o Ney.

— Ney, tipo o Neymar? — Sarah perguntou o que eu queria perguntar, mas estava apática demais para isso. 

— Ele mesmo — falou naturalmente. 

Lógico. Além do Bill Gates quem podia ter uma casa dessas né? 

Vamos passar o ano novo na casa do Neymar, tranquilo. Como fingir costume? 

Jesus! devem ter trezentos famosos aqui. 180 só jogadores de futebol, esse povo me persegue. 

A medida que o nos aproximamos da mansão percebemos o quanto era grande de fato, o carrinho parou em frente a uma ponte que cortava uma passarela de água e dava em uma das entradas. Descemos pegando as malas, embora Wis com toda sua educação tivesse ficado com o mais pesado junto com o rapaz de branco. 

Ultrapassamos a ponte de madeira e entramos na casa por um corredor longo. Eu só via funcionários em seus uniformes brancos passando e gente com roupa de praia durante nosso caminho até os quartos. Alguns rostos conhecidos claro.

E eu poderia dizer que me surpreendeu, mas já era de se esperar que uma casa dessa tivesse um elevador. Subimos até o primeiro andar e cortamos alguns corredores enquanto conversávamos animadamente sobre esses dias de férias. 

Ficamos em um quarto com vista para o coqueiral e em seguida o mar e com duas cama grandes e bem confortáveis. 

— Vou deixar vocês a vontade, estamos todos na área da piscina. É só descer do elevador e ir a esquerda e depois esquerda de novo — falou Lewis.

— Valeu Lewis — Sarah disse se deitando na cama dela e enfiando o celular na cara.

Sorri e segui com ele até a porta.

— Passa lá em baixo depois, tenho uma galera pra te apresentar — enfiou as mãos na bermuda enquanto saía. 

Me apoiei na moldura da porta e cruzei os braços. 

— É só o tempo de tomar um banho e desço. E novamente, obrigada por me chamar — ele sorriu de canto e piscou. 

— Te vejo daqui a pouco, doutora.

Assim que fechei a porta ouvi minha amiga dizer atrás de mim:

— Tenho a sensação que esse réveillon vai ser maravilhoso. 

Apenas ri.

— Zero expectativas.

O medo de quebrar a cara era maior.

— Vou tomar banho, acha que devo colocar um biquíni? — Coloquei a mala em cima da cama e abri para dar uma olhada nas roupas. 

— Já que eles estão na piscina e o dia está lindo, acho digno — ela rolou para ficar de bruços. — Usa aquele vermelho, ele de deixa com a bunda linda. 

— Boa — puxei a bolsinha só de biquínis e o tirei junto com um short jeans. 

 

Me olhei no espelho ao lado da porta checando se minha bunda ficava realmente bonita e depois coloquei o short por cima. Sarah saiu do banheiro com um biquini branco que ficou simplesmente perfeito no bronze dela. 

— Carajo ginger! — Encenei um resfolegar e ela se virou para mim dando uma giradinha. Bati palmas. — Arrasou, arrasou! 

— Só venho se for pra arrasar amor — ela se pôs ao meu lado passando balmlip nos lábios. — Nós só vimos né! — Reformulou me dando uma olhada pelo reflexo enquanto eu amassava meu cabelo para das uma aparência mais natural/praiana selvagem. 

Descemos e seguimos o caminho indicado por Lewis, o corredor já dava para ver a grande sala com vários ambientes que dava para a área da piscina. Várias pessoas ocupavam desde a sala até o gramado curtindo o pagode ao vivo no deck. 

A medida que caminhávamos para fora, meus olhos em busca da única pessoa que eu conhecia de fato vi vários rostos famosos. Por mais que não acompanhasse o brasileirão em Madrid reconheci alguns jogadores de grandes times, mas nem só de jogadores de futebol se fazia os convidados. Cantores, alguns esportistas de outras áreas e as chamadas subcelebridades ( as famosas blogueiras e youtubers ). 

Achei Lewis apoiado ao lado de uma daquelas camas com cortinas na área de grama após o deck, ele conversava com um grupo de homens que bastou um olhar rápido para saber quem eram. O anfitrião, Gabriel Medina e outro que eu não lembrava o nome, mas conhecia de algum lugar. 

Sei que ele pediu para descer e falar com ele, mas achei meio chato chegar perto e falar ainda mais quando ele estava no meio de uma conversa. Ia parecer que eu estava indo até ali só parar forças uma apresentação e eu não queria aquilo. Nem pensar. 

Sarah concordou comigo e por isso seguimos até o bar, e pedimos alguns drinks refrescantes. 

— To adorando que tem mais homem que mulher nessa festa — Sarah comentou passando os olhos amendoados pela área como um gavião visualiza a caça. 

— Viemos para o lugar certo — meus olhos também sobrevoavam o local, embora não com a mesma ferocidade de Sarah, mas tão objetiva em alvos quanto. 

— Você tem várias opções, no zero a zero não fica — falou. 

— Tenho que virar o ano beijando na boca, nem que seja de um estranho. 

— Você vai, vai mesmo. Nem que eu tenha que te empurrar até esse consagrado — ri.

— Só vamos combinar uma coisa, nada de transar na cama da amiguinha — Sarah sorriu maliciosamente. 

— Pode deixar gatita, to até pensando em realizar uns fetiches entro desse mato, no mar...sei lá.

Mordi o lábio. 

— Você até me deu uma ideia hein?! — A ruiva pisca e em mais uma de suas varreduras de canto de olho noto que ela para em ponto. 

— Eita, alerta britânico — cantarolou sem desviar o olhar e como eu estava de costas, de costas permaneci. Pelo menos até ela dar um sorriso e acenar. 

Me virei e Lewis já estava a poucos metros, agora sua camisa totalmente aberta revelando mais do que o peitoral. Simplesmente todo o tronco malhado e tatuado. 

É eita atrás de eita! 

— Eai meninas?! — Nos cumprimentou passando os braços ao redor de nosso ombros. — Tudo certo lá em cima? 

— Tudo perfeito — a ruiva respondeu.

— Tudo ótimo — Wis sorriu satisfeito. 

— Então já que está acomodadas vou apresentar a vocês algumas pessoas — ele dividiu olhares dentro nos duas esperando um consentimento que demos rapidamente quando visto que necessário. 

Hamilton puxou na direção de onde ele estava. Sentia os olhares das pessoas sobre nós a quando passávamos juntos. 

O camisa 10 do Paris Saint-Germany tinha uma long-neck apoiada no joelho e ri ao lado do amigo surfista sem camisa por sinal e do outro rapaz quando nos aproximamos. 

Assim que chegamos o papo se transformou na atenção silenciosa a nossa presença.

— Caras essas são as meninas que eu falei: Sarah — apresentou aos rapazes que direcionaram sorrisos simpáticos a ela, mas não deixei de perceber que o olhar de Medina ficou um tempo mais no corpo da minha amiga em relação aos demais. 

— Eai — falaram em uníssono. 

— Eai — ela os cumprimentou com um sorriso.

— E essa é a Mia — mais olhares, agora sobre mim.

— Eai, prazer em conhecê-los — tentei não parecer a tímida que eu não era.

Os três sorriram para mim. 

— Meninas esses são Neymar, Medina e Scooby, acho que vocês não os conhecem então — brincou fazendo todos rirem. 

Pedro Scooby! Surfista também. Sabia que o conhecia de algum lugar. 

— Imagina, completamente desconhecidos — falei. 

De repente uma criança loira passou correndo entre mim e Sarah e seguiu até o camisa 10 da seleção brasileira. 

— Papai você não vai acreditar no que eu achei — falou o pequeno fazendo o jogador abrir um sorriso.

O filho dele óbvio. 

— O que? — Indagou e o menino alcançou o ouvido dele para sussurrar. 

Minha curiosidade teve que se contentar com olhos arregalados e uma risada que saiu dele.

— Vem pai! Vou te mostrar — pulou do colchão puxando Neymar pela mão para fora.

De pé sendo puxado pelo filho Neymar parou antes de nos deixar. 

— Meninas sejam bem-vindas, aproveitem e fiquem a vontade. A casa é de vocês — Neymar falou simpático com aquele sorriso alvo e os olhos verdes, mas logo disparou com o filho para dentro da mansão. 

Eu sempre imaginei ele meio boçal, ainda bem que estava errada. 

— Então, vocês duas trabalham no Real Madrid? — A pergunta veio de Scooby.

— Sim, eu sou fisio e Ginger mídias socais — expliquei.

Ginger? — Gabriel indagou com um sorriso e olhos vertidos a espanhola. — Gostei — um sorriso malicioso repuxou meus lábios, mas Sarah apenas semi-cerrou os olhos e deu um mínimo sorriso. 

— Olhe! Só eu chamo ela assim — avisei logo e o surfista ergueu os braços demostrando rendição. Pedro fez careta estalando os dedos soltos. — Mas eu posso abrir uma exceção, agora o resto é com ela — brinquei e todos riram. 

Posso usar então? — Direto, gostei. 

Sarah riu. 

— Não, é só para os mais íntimos — eu levei a mão a boca para esconder a risada, delicadeza que o amigo surfista não teve a descendia de fazer. 

Medina não murchou, pelo contrário, sorriu e aceitou com um aceno. 

— É justo, é justo — ela sorriu. 

Notei que Lewis estava meio perdido coitado, até esqueci que estávamos falando português. Então cheguei perto dele e fiz um pequeno resumo do que foi falado e ele riu. 

— Desculpa cara, saiu naturalmente — pediu em inglês Medina ao piloto quando me viu fazendo a tradução. 

— Sem problemas, irmão — Wis não parecia se importar, mas ele costumava ser tão educado então pode ser isso. 

— E vocês se conheceram como? — Scooby sensato perguntou em inglês. 

Surfistas que nem eles vivem no Hawaii e na Indonésia, inglês é cotidiano. 

— Ah! Foi em uma bar rooftop quando eu fui comemorar a pole position em Madrid.

— E nós também fomos comemorar uma vitória com um rapazes — Sarah acrescentou. 

— Quem conhecia ele eram os meninos do Real, aí nos apresentaram e nos demos muito bem de cara. 

— Quem fez propaganda do Brasil foi ela. 

— A gente chama há anos e ele não vem, olha que era pra São Paulo na época. E você consegue convencer em uma noite? — Gabriel pareceu perplexo. 

— É porque ela soube vender o lugar melhor que vocês — Hamilton disse e nós rimos. 

— E vendeu melhor mesmo viu? Pro cara ainda vir pra o interior da Bahia — gargalhou Scooby e eu ri fingindo que não entendi o que ele quis dizer.

— Ah meu bem, meu país eu boto lá no alto — tirei onda. 

— E está certa — apontou o dedo da mão que segurava uma cerveja.

— Eu sei.

— Minha amiga é boa mesmo, até a mim ela convenceu — Sarah brindou o copo com o meu e rimos. 

— Que bom que ela fez isso — o surfista falou olhando nos olhos da ruiva e ela não moveu sequer o canto do lábio para sorrir. 

Será que ela não ta afim dele? Poxa, o cara é gato e ta parecendo interessado. 

Vai entender essa doida.

Ficamos conversando ali por um tempo, os meninos eram legais e no decorrer do papo mais pessoas foram se juntando. Rapha a irmã de Neymar era super gente boa, nos apresentou várias amigas, algumas das quais eu já conhecia da internet. E no meio da conversa nos puxou para perto da pista para dançar avisando que nos roubaria por instantes.

Logo era meio dia, o sol estava a pino, mas nós estávamos dançando maravilhosamente um pagode na beira da piscina. 

Deixa acontecer naturalmente

    Eu não quero ver você chorar — cantamos enquanto sambávamos juntas. 

Dei uma giradinha com as mãos na cintura.

Deixa que o amor encontra a gente

     Nosso caso vai eternizar — cantou o vocalista abaixo da área coberta de madeira e logo emendou com outra clássica. — O que mais quero é te dar um beijo...

E seu corpo acariciar 

     Você bem sabe que eu te desejo 

     Está escrito no meu olhar

     O teu sorriso é o paraíso 

     Onde contigo eu queria estar 

     Aí quem me dera se eu fosse o céu 

     Você seria o meu luar — cantamos em coro e nesse momento o cantor puxou Neymar pelos ombros e direcionou o microfone para a boca do jogador.

Eu te quero só pra mim

    Como as ondas são do mar — entoou parte do refrão, meio desafinado, até Rapha fez careta, mas depois rimos. 

 — Não da pra viver assim 

     Querer sem poder te tocar — completou Lucas Lima do outro lado.

Enquanto dançávamos churrasco rolava, me senti em uma daquelas festas típicas de jogador brasileiro que vive no Brasil. Aliás, descobri que tinha uma galera nessa festa que não estava dormindo aqui e sim no condomínio ( sim, era um condomínio ), ou em algum hotel no centro próximo. 

O problema é que dançar da fome demos uma paradinha pra comer algo. Na fila do churrasco virei para ginger ( agora que estávamos sozinhas ) e perguntei:

— Amiga, e o surfista hein? — Ela sabia a quem eu me referia, mas se fez de idiota.

— Qual dos dois? 

— O único que deu em cima você e você nem deu bola — chispei entre os dentes e ela revirou os olhos.

— Gatita, esse cara da em ascensão, todas caem nos pés dele antes mesmo que pisque e eu quero ser diferente — fiz bico. 

— Ui! Ainda bem, se você perdesse esse dai eu ia achar que está doente — Sarah gargalhou.

— Jamais amor, jamais. 

Depois de comer foi nossa vez de ficar deitada em uma daquelas camas/espreguiçadeiras e nos recuperar da quantidade de carne que ingerimos. Eu não sei ser fina quando o assunto é churrasco.

Gravei um vídeo cantando insegurança de pixote para o grupo das meninas e fiquei respondendo as mensagens quando escuto alguém gritar meu nome.

Lewis acenava da área gramada, na sua frente uma mesa parecida com a de Ping Pong só que com as bordas curvas.

— Vem! — Chamou. 

Me levantei e perguntei a Sarah se ela ia querer ir, ela aceitou e seguimos juntas até a mesa onde o piloto, Neymar e Medina estavam. 

— Querem jogar futmesa? — Perguntou Lewis. 

— Se vocês quiserem alguém que nunca jogou antes...? — Falei enfiando as mãos nos bolsos traseiros do short.

Eles se olharam. 

— A gente te ensina — o inglês solucionou.

— É fácil — garantiu o surfista.

— Você tem que jogar a bola por cima da mesa sem bater no chão, os pontos são iguais ao Ping-Pong, mas nesse caso não pode usar os membros superiores. O ser vai até 18, em caso de embate até 22 quem fizer 23 primeiro ganha. 

— Eu fico de árbitro, sou péssima em esportes — a espanhola já definiu com uma careta de eu não consigo fazer isso durante toda a explicação do jogador. 

— Arregona! — Cerrei os olhos e ela me deu língua seguindo para o meio da mesa.

Então olhei para o campo de madeira e respirei fundo.

— Okay, vamos la! 

— Acho melhor dividimos as duplas na sorte — sugeriu Neymar. 

— Esperem! — Sarah varreu o chão com os olhos, se abaixou e voltou de costas. 

Quando enfim virou tinha um quatro galhos vinhos partidos na mão fechada.

— Quem pegar os dois menos forma uma dupla, os demais fazem outra — anuímos juntos e pegamos um de cada vez. 

— O meu é o menor — mostrei e os três colocaram os pedaços de galho juntos para comparar. 

Os de Neymar e Gabriel eram os maiores. Portanto minha dupla era Hamilton. 

— Aeh! — Os brasileiros comemoraram com um soquinho. 

— Já perderam, já perderam — falou Medina e eu fiz careta.

— Se eu fosse você eu não cantava vitória agora não — avisou o inglês se posicionando em um lado específico da mesa e eu fui atrás. 

— Vai com calma baby, posso surpreender — provoquei e eles ergueram os braços, mas eu ainda senti o deboche. 

— Isso aí — meu parceiro me endossou confiante. — Acho bom você surpreender mesmo Mia, se não seremos massacrados — Lewis sussurrou no meu ouvido segundos depois e eu ri. 

— Mais fé tetra campeão mundial, mais fé — bati no seu peito e foi a vez dele respirar fundo. 

— Fé, okay — anuiu. 

Eu estava até tentando me concentrar, Lewis tira a camisa se juntando ao grupo dos tórax pelados e acaba me tirando levemente do foco.

A pele de tom café brilhava com a incidência do sol dourado, tatuagens cobriam o peito forte, um leão de um lado e uma bússola no centro. O abdômen, no entanto, era delgado e ausente de desenhos. 

Não fazia ideia que pilotos trabalhavam tanto o corpo. 

Bem, agora entendo porque se chama a cor do pecado.

Desvio os olhos para Neymar instruindo Sarah sobre regras do jogo antes que o inglês perceba meu olhar.

— Vamos começar logo isso né! — Bati palmas para anima-los. 

— Lembrados né? 18 pontos, 23 em caso de empate. Sem mãos — relembrou a espanhola se posicionando no meio enquanto o jogador ia para o lado contrário ao meu junto com Medina. 

Todos anuímos em confirmação e assim ela tirou a sorte de quem ia sacar sem seguida sinalizando o início do primeiro set. 

Nós começamos sacando e deixei essa responsabilidade com Wis, a bola bateu uma vez não campo adversário da mesa, mas Neymar tirou com o pé para o surfista ajeitar com o joelho devolvendo para o jogador que enfim jogou para nós. Wis pegou a bola forte no peito e com o pé eu mandei de volta para o outro lado tão rápido que quase que eles não conseguiam pegar. 

Infelizmente o primeiro ponto do jogo foi deles, que comemoraram com cantarolando " Eu te avisei " .  O segundo ponto veio de um erro meu que sem querer ajeitei a bola duas vezes no joelho quando eu tinha direto a um toque, ou seja ponto pra eles. E o terceiro foi um atraso nosso. 

— Nós vamos virar! Vamos virar! — Falei enquanto os amigos comemoravam do outro lado o 3x0. 

— Agora vai! — se posicionou cerrando os olhos e eu me pus ao seu lado. 

Voltamos ao jogo e depois de uma longa ida e volta de bolas perfeitas com grandes defesas finalmente conseguimos marcar nosso primeiro ponto. Demos um soquinho na mão um do outro como comemoração, mas não saímos do foco. O nosso segundo saiu pouco depois de um descuido do surfista, e ambos gemeram com o erro. Eu e Wis fizemos uma dancinha de comemoração. 

— Fica caladinho Medina! — Coloquei o dedo na frente dos lábios para ele. 

— Ainda estamos ganhando — Neymar cantarolou. 

— Não por muito tempo — Lewis falou e eu ri batendo minha mão com a dele. 

E de fato não demorou muito, a bola bateu na quina da mesa pela segunda vez antes de ir para o pé do jogador do Paris e Sarah sinalizou ponto nosso. Ele ficaram com a cara no chão. 

Nos viramos um para o outro comemorado ao mesmo tempo, pulamos batendo um peito outra o outro. 

— Isso é injusto! Não bateu duas vezes — reivindicou o surfista com Sarah. 

— Só to seguindo as regras que seu amigo me deu — ela respondeu com as mãos na cintura e sorriso debochado. 

— Quem ia perder mesmo? — Wis perguntou virando a orelha para eles que fizeram careta. 

Sorri satisfeita.

— Parece que a fé nos ajustou mesmo, não é? — Comentei durante nosso posicionamento para o saque e Hamilton sorriu erguendo as mãos para o céu. 

Mas foi um erro achar que seria mais fácil agora. O jogo correu apertado, ponto a ponto e no 15º nós conseguimos abrir dois de diferença. 

Peguei o boné de Lewis fazendo uma dancinha estranha de comemoração. Ele ficou rindo de mim e depois me imitou. 

— Gostei desse boné, vou ficar com ele — falei. 

— E eu deixei? — Indagou erguendo uma das sobrancelhas.

— É um aviso, não um pedido — ele fez bico como se estivesse perplexo e anuiu. 

— Ta bom então — sorri. 

Até chegar nos 18 pontos foi um suplício, os meninos conseguiram empatar e depois viraram o jogo. Até chegamos de novo, mas eles marcaram o 23º ponto primeiro. 

— Tomem essa! — Comemorou o surfista. 

— Jogaram até bem, mas o bonde RXX é invencível — exaltou o camisa 10 abrindo os braços como se sentisse a glória. 

Eu e Wis sorrimos. 

— Foi uma boa partida — falou o inglês. 

— Foi sim, mas vai ter volta — avisei e todos rimos.  

— Ei! Tem espaço para mais um? — Gritou alguém atrás de nós. Me virei vendo os cabelos platinados do Lucas Lima, ele vinha na nossa direção animado.

— Chega aí! — Acenou Gabriel. 

O jogador brasileiro chegou e foram feitas novas duplas, eu preferi ficar assistindo. E admito que foi uma ótima escolha, ficar olhando homens sem camisa jogando não exigia esforço algum. 

A medida que a festa foi acabando outras pessoas foram chegando e formando duplas para jogar. Foi divertido ver, até as meninas se juntaram a mim na plateia. Rapha me puxou para mais uma partida a qual perdemos de lavada, mas valeu a pena porque foi muito divertido. A irmã do jogador conseguia ser pior do que eu de bola. Houve até um momento que ela escorregou tentando defender uma bolada. 

— Você arrasou, ganhou 3 partidas — dei uma cutucada com meu ombro em Wis enquanto caminhávamos pelo coqueiral na direção da praia. Ele sorriu de canto. 

— Lucas que mandam demais — negou. — Em falar nisso...você jogou bem. 

— Mas eu perdi todas — ressaltei e ele deu de ombros. 

— É, mas isso não significa muita coisa — sorri. 

— Ah! Aliás... — tirei o boné dele da cabeça e o entreguei. 

— Não, pode ficar. É um presente — meu sorriso aumentou. 

— Obrigada — o coloquei de volta. 

— Imagina, fica bem em você.

— Que mente a minha! Parabéns pelo tetra, eu nem vi mais soube que foi uma corrida espetacular — ele sorriu. 

— Obrigado, quem sabe você vá em um nesse ano. 

— Eu adoraria, mas não posso prometer nada. Sabe como é em Madrid né? — O piloto assentiu. 

— Vai chegar uma hora que não vai mais conseguir fugir de mim hein! — Eu fiz careta. 

— Eu não estou fugindo.

— Ta bom — virou o rosto descreste para o horizonte limpo da praia deserta. 

As ondas do mar quebravam suavemente na costa, um degrade de azul lindo e as piscinas naturais em um tom azul turquesa entre os corais a esquerda. 

— Bem que você disse que era lindo demais — suspirei admirando a vista. 

— To louco por esse lugar — admitiu. — E a culpa é toda sua — ri.

— Foi por uma boa causa. Mas agora, vamos aproveitar esse marzão. 

— Achei que nunca fosse falar — girei ficando de frente para ele e de costas para a praia. Tirei o short e disse:

— Acho que essa vai ser a primeira corrida que vai perder — ele franziu o cenho e apenas dei um sorrisinho antes de sair correndo na direção do mar. 

Oh fuck! — O ouvi rosnar já longe de mim. 

Gargalhei sentindo a areia fofa se transformar de em algo mais firme e molhado. A água salgada espirrou para todo lado sob meu pés aos poucos fui imergindo até a água ficar no meu quadril. Foi aí que um jato passou ao meu lado se jogando na água e me dando um banho. 

Assim que ele emergiu eu com as mãos na cintura falei:

— Perdeu. 

— Aquilo foi uma injustiça dona Mia! — Ele apontou o dedo para mim se aproximando. Eu ergui a sobrancelha desafiadora. 

— Vai chorar porque perdeu, vai? — Provoquei e ele cerrou os olhos. 

— Você é uma peste sabia? — Mordi o lábio. 

— Que isso! Sou uma santa — tirei o boné e mordi a aba para prender o cabelo e o colocar por dentro. 

— Então seria pecado se eu estivesse com pensamentos impuros com relação a você agora? — Eu senti minhas bochechas queimarem, mas eu ainda podia dar a desculpa do sol. Ri para esconder o sorriso de satisfação. 

— Devia ia na igreja resolver isso — virei de costas de propósito, deixando parte da minha bunda no seu campo de visão. 

Não vou mentir, amo provocar.

Comecei a jogar água no meu corpo como se aquilo não fosse nada.

— O problema é que minha penitência ia ultrapassar o terço e acabar no rosário — falou cínico caminhado para o meu lado. 

Eita que acabou toda fachada de inglês puro! Gostei.

Não consegui segurar a risada. 

— Pobre homem, talvez seu destino seja o fogo do inferno — diminui meu tom para algo mais grave e baixo. Ele riu. 

— Só vai valer a pena se eu cometer o maior dos pecados — de canto de olho o vi morder os lábios e também jogar água no tronco. Não consegui segurar meus olhos no ímpeto de deslizar pelo corpo do corredor.

Admito, estava bem sexy com aquele abdômen pingado e a bermuda um pouco mais baixa deixando o seu V amostra. 

Me chama de maçã proibida e vem me comer! 

Calma Mia! Calma que você acabou de chegar! 

— Olha o sacrilégio! — Ele deu de ombros com um sorriso safado nos lábios e

 

… 

 

Depois de curtir o pôr do sol com a galera começamos a nos arrumar para a festa que ia rolar aqui próximo, o Réveillon dos Mil Sorrisos. Vi no Instagram e parecia incrível, localizada a beira da praia no meio de um coqueiral com altos Dj's e cantores badalados. 

Optei por um cropped azul de dar um nó na frente e mangas bufantes e uma saia curtinha, nos pés sandalhas mesmo.

— Ginger, você tem opções: Lucas, Medina ou algum gatinho da festa — falei enquanto passava o lip tint nos lábios para dar um rosado natural. — Mas se fosse pra escolher, entre os dois, qual você pegaria? 

Minha amiga espanhola passava máscaras se cílios e ponderou por alguns segundos. 

— Assim, os dois são muito gatos. Medina é mais menino, sabe aquele estilo pegador da época da escola? Já o Lucas é mais maduro, pode ver que o flerte dele foi muito suave, nos momentos certos — ela parou de passar a mascara e se olhou no espelho. — Eu admiro que tenho uma queda filha da mãe por esses estilos embuste adolescente sabe? É um mal que não consigo controlar. Imaturidade — fez aspas com os dedos — é meu fetiche.

Eu gargalhei. 

— Então ao envés de ter daddy's você prefere ser a mommy — fiz uma careta sexy e ela riu safada.

— Digamos que sim. 

— Aí que delicia. 

— Mas, o surfista se acha tanto que to afim de ficar com o jogador na frente dele só pra ver se ele abaixa a bola — sorri em negação. 

— Que maldade com o pobre rapaz, com os dois rapazes na realidade — ela deu de ombros voltando a passar, agora, blush nas maçãs. 

— Maldade é a obviedade de que nenhum dos dois aceitar um menage — arqueei as sobrancelhas. — Não vou mentir, queria. 

— Gulosa você hein! Dois

— Se você provasse não ia me julgar — apontou o pincel para mim e eu fiz careta. Não era o tipo de coisa que eu tinha parado para pensar sobre. — Ah vai! Imagina, você é dois caras que você tem muito, mais muito tesão. Eles se dando toda a atenção, você é a estrela da foda, dois maravilhosos paus só pra você, quatro mãos te explorando, dois corpos para você explorar, fora a parte da dupla penetração que... — ela morde os lábios e balança a cabeça. — Minha Nossa Senhora dos Prazeres! É muito bom. 

Se eu disser que imaginei esses dois caras sendo James e Marco isso faz de mim uma pessoa com algum problema? Não me julguem, cada um com seu pensamento perverso reprimido.  

— Se isso não é o paraíso, eu não sei o que é — revirei os olhos. 

— Uma pena que eles não vão aceitar, mas você pode arrumar alguém que queira na festa. Viu quanta gente gata vai pra lá? Eu não vi uma barriga de cerveja em todas as fotos! — Isso era algo digno de surpresa e incompreensão, porque só tinha gente bonita, bronzeada, sarada. 

— Será que eles fazem uma seleção na hora da compra? 

— Será que a gente vai conseguir se encaixar no padrão de beleza? — Viramos uma para outra.

— Ah! A gente ta com o Neymar e Lewis Hamilton, não se importarão com nossa beleza e sim com nossa fama — deu de ombros voltando a sua maquiagem.

— Que é inexistente — ressaltei. 

— A minha sim, mas isso não importa. Se a gente ta com eles já somos automaticamente importantes.

Apesar de ser tudo uma brincadeira ela não estava errada, era assim que funcionava o mundo da fama. 

— Em falar em Lewis, vai rolar hoje? — Passei iluminador no malar e na ponta do nariz.

— Se pintar um clima — dou de ombros. — Sem pressão e nem nada. Somos amigos, sabe? 

— É claro, mas faça como eu e deixe suas opções abertas. Embora eu ache que vá rolar de certeza entre vocês — ela me olhou de soslaio com um sorriso cheiro de segundas mensagens. — Você precisava ter visto a quantidade de vezes que ele te secou durante o futmesa. Quando você estava jogando com a Rapha então...amiga teus peitos balançavam e os olhos dele iam junto — ri alto. 

— Sério isso? Nem reparei. 

— Juro gatita! — Neguei levemente corada. 

— Ai ai! 

 

 

Duas vans nos levaram pelos 4 km até o local da festa. Eu e Sarah fomos na van de Rapha foram minutos cantando e dançando funk, só as meninas que nem loucas por cima dos bancos e no corredor. 

Vai treme o bumbum tam tam tam tam tam tam tam — cantávamos em coro rebolando. 

Em vinte minutos o carro parou e o motorista desceu para abrir a porta deslizante. 

Todas descemos e na nossa frente os rapazes também desciam. Seguimos juntos na direção de uma entrada que creio que não fosse a principal, porque não havia grande trânsito de pessoas. Devia ser porque existem muitos famosos no grupo e podia causar tumulto na entrada. 

No portão duas pessoas da produção distribuíram pulseiras de papel para todos nós e assim entramos. 

Era um espaço enorme, a decoração bem praiana com casinhas de madeira imitando uma vila caiçara e lá na frente no meio do coqueiral o palco com leds que mudavam de cor conforme a música. O Dj já estava no palco e a música era daquelas que controlava a frequência do coração. 

Fomos caminhado por um corredor entre conteiners até chegar onde a multidão estava. Luzes em tons diferentes iluminavam alguns coqueiros, ao redor da "pista" vários lounges com aquelas camas, sofás e puffs. Vi um backdropp de palet e todos os patrocinadores do evento e em uma olhada mais próxima notei que as casinhas caiçaras eram as casas de cada bebida patrocinadora além de restaurante para comidinhas. 

— Adorei a vibe desse lugar — Sarah falou ao meu lado. 

— Vocês vão amar a festa meninas. 

 

… 

 

— Agora, descendo meninas! — Ordenou Rapha, nossa capitã ( até cap ela tinha ), a nós cinco que formávamos uma fila única e com os corpos colados descemos no ritmo da música. 

— Bora goxtosas! — Gritou Bi, existiam dezenas de pares de olhos mirados em nós. Mas sinceramente estava me lixando para eles, queria mesmo era me divertir.

Rebolamos juntas, mãos pelos corpos uma das outras, riamos achando graça de tudo.

— Chega de moleza! Pra cima moças — urrou e assim nos erguemos devagar.

— E essa capitã hein?! — Berrei e Rapha abaixou a aba do boné e gingou o quadril. 

O lounge foi tomado por todos nós, bebidas iam e vinham com os garçons. Ciroc, Aperol, Corona, Absolut. Dançamos, rimos, descemos até o chão. A música pulsava sob nossos pés, fazia os corpos vibrarem. Vídeos, fotos loucas e brindes. Eu não queria que a noite acabasse, aquela com certeza estava sendo a melhor festa da minha vida. 

As 2:40 da manhã Vintage Culture entrou para o show em meio a gritos. No meio da multidão a música começou a soar baixinha gradativamente aumentando mais ainda calma até ele gritar:

— Boa noite Barra Grande! 

— Lindo! — Gritou uma menina ao meu lado. 

E então soltou o drop fazendo todos pularem juntos. 

Ginguei erguendo meu copo, Bi e eu dançando juntas. 

— Achei ele gatinho — ela berrou no meu ouvido.

— Até é hein! — devolvi. — Sobe no palco depois do show, não perde a oportunidade não — falei e ela me olhou hesitante. 

— Ai, será? — Dei de ombros. 

— Você tem o que a perder doida? Vai lá — ela mordeu o lábio e depois abriu um sorriso.

— Tem razão, vai comigo? — Sorri dando um gole no meu drink. 

— Se você me achar... — pisquei e gargalhamos juntas. 

— Vamo no bar? Preciso abastecer — A espanhola tilintou as unhas no copo. 

— Vamo sim — falei me pondo ao lado dela, meu drink já estava no final mesmo. 

— Vou ficar, trás um pra mim por favor — pediu Bianca e apenas fiz um sinal de positivo pra ela.

Cortamos a multidão até as casinhas de bebida e nos entranhamos entre as pessoas para chegar até a bancada nas janelas e fazer os pedidos. 

— Gatita, eu tinha me esquecido como as festas no Brasil eram maravilhosas serio — eu ri. 

— Pois somos duas, fazia mais de 3 anos que eu não ia para uma dessas. Foi da faculdade para Chicago, então era meio "sem tempo irmão" — ela me olhou com cara de pena. 

— Por isso ficou tanto tempo em sexo, coitada — ela deu tampinhas nas minhas costas. 

Dark times, old times — garanti estalando os dedos. 

— Velhos mesmo gatita. Agora você vai viver sua solteirísse com qualidade. 

— Ah sim, vou mesmo — acenei para o barman que finalmente passou os olhos em nós. 

Ele pede um minuto e continuar atendendo o rapaz. Faço bico e olho na direção do palco na intenção de me divertir mesmo com a demora. 

Fico remexendo junto a Ginger, mas noto em um momento que seus olhos se focam em algum ponto atrás de mim e ficam ali por um tempo. Sigo o olhar dela curiosa e demoro um pouco para achar o que exatamente a espanhola estava olhando até que vejo Gabriel com o braço ao redor do pescoço de uma loira a beijando perto do lounge. 

Puta merda...

— Logo agora que você estava pensando em dar uma chance pra ele — gemi virando o rosto para minha amiga, mas ela apenas suspira e da de ombros. 

— Amor, tem trezentos homens aqui, você acha mesmo que eu vou ficar preocupada com um? — Ela ri. — Ele que perdeu toda essa gostosura — mostrou o corpo com uma das mãos e eu ri. 

— Perdeu mesmo — falou um cara meio bêbado atrás dela, nos fazendo rir.

Quem é Gabriel Medina mesmo? — Batemos as mãos uma na outra. 

— Quem? 

Conseguimos fazer os pedidos e assim que chegou senti uma mão deslizando pelas minhas costas. 

— Eai meninas! — Neymar nos cumprimentou animadamente. 

— Eai amore! — Devolvi e Sarah se limitou ao sorriso após um gole de sua bebida. — Curtindo a festa? 

— Ei rapaz! — Chamou o barman. — Mais uma Ciroc aí — e se pôs entre nos apoiando-se no balcão de costas para o bar. — To achando a festa do caralho mano, e vocês? 

— Tava comentando com a Mia que tinha esquecido como as festas do Brasil são incríveis — ele anuiu com um sorriso. 

— A vibe daqui ta demais.

— Pois é, por isso que eu sempre volto. Aqui tem esse climinha que nenhum lugar do mundo tem. 

— Não da pra explicar, só sentir — ele apontou para mim como se dissesse: É isso. 

— Aqui cara — o barman anunciou entregando a garrafa ao jogador. 

— Valeu campeão — agradeceu com um sorriso. — Lá o povo só trabalha com garrafa — comentou mostrando a enorme garrafa transparente. 

Rimos. 

— Vamo simbora? 

Acabamos indo com ele na direção do lounge. Lá la visão do show era boa e tinha um lugar confortável para sentar, e eu não sabia que estava precisando até o fazer. 

Procurei Lewis entre as pessoas mais por instinto, não foi como se eu tivesse de olho nele. Enfim, ele não estava ali. 

Bom, tranquilo

Fiquei conversando com a galera que não tinha descido, bebendo, curtindo a música. Dando um tempinho necessário para a pernas né? 

— Amiga, aquele não é o Griezmann? — Indagou Sarah no meu ouvido me indicando a onde olhar com os próprios olhos.

Franzi o cenho achando simplesmente aquela ideia impossível.

— O francês? — Segui seu olhar e vi um cara a 10 metros de boina encostado na meia parede fumando rodeado por Neymar, alguns dos meninos que estavam na casa e outros que eu não conhecia. Bom, ele era o único que podia ser o jogador. — Ele ta de boina, como tu reconheceu o cara?

— Deixa ele levantar o rosto carajo! — Rosnou entre dentes. 

Fiquei de olho discretamente, embora totalmente descrente.

— Acho que você bebeu demais — ela me deu dedo, mas foi aí que ele ergueu o rosto e sorriu. 

Eu reconheceria o sorriso de um dos caras mais gatos da copa de 2014 em qualidade lugar. 

— Puta que pariu! É ele mesmo — ela sorriu satisfeita. 

Era difícil acreditar que era ele aqui, ainda mais por estar fumando. A maioria dos jogadores que eu conheço no máximo bebem, mas fumar acho é a primeira vez que vejo. 

Bom, mas até fazia sentido porque Neymar joga na França e é bem amigo do Mbappe que joga com o Griezmann na seleção francesa. 

— Acho que você bebeu demais gatita — revirei os olhos. 

— Desculpa, ta?

Bom, meu momento de razão não demorou muito, logo eu já estava dançando que nem louca. Aproveitar né mores? 

— Porra! Eu amo essa música — gritou Igor ao meu lado totalmente louco na vibe da música. 

Fechei os olhos e procurei destrinchar os ritmos e automaticamente meu corpo começou a segui-los. Levei a mão aos cabelos e depois deslizei pelo corpo todo gingando, sentindo os graves do som consoar com meu coração. 

Senti o ritmo mudando algo mais dançante. 

— Gasolina! — Eu e Sarah berramos ao mesmo tempo. 

A ella le gusta la gasolina 

     Dame más gasolina! 

     Como le encanta la gasolina 

     Dame más gasolina! — Cantamos juntas enquanto dançávamos. 

E logo a música se fundiu com Save me. Rapha e eu descemos até o chão com direito a paradinhaa e tudo, depois gargalhávamos. 

Quando eu virei para o lado em um determinado momento a vi aos beijos com um moreno, bronzeado, magrinho porém musculoso. 

— Uhh! — Eu, Bi e Rapha uivamos melódicas e depois rimos. 

— Arrasa amiga! — Berrei e a vi sorrir entre o beijo. O cara também sorriu.

Ai! Ele tinha sorriso de cafajeste. 

Mas o sorriso era um sinal de bom humor ao menos. Ponto! 

Continuamos na pista, curtindo a música até que me deu uma puta vontade de mijar. Sai louca no meio de um dropp na direção das cabanas banheiro mais afastadas da área de trânsito. 

E por incrível que pareça o local não estava cheio e nem sujo como a maioria dos banheiros de festa. Isso devia ser por causa dos 300 funcionários de limpeza que eu vi circulando. Os produtores estão de parabéns. 

Lavei as mãos e segui para fora da cabana feminina. Andei pelo caminho de areia com casca de coco seco na direção da festa quando ouvi um barulho atrás de mim que me fez virar assustada. 

Apoiando em uma barra de tronco de coqueiro lá estava o jogador francês. A boina fazia cobria metade do seu rosto naquele ângulo, a fumaça saia lentamente da sua boca e ondulava do cigarro entre os dedos apoiados na barra ao lado do corpo. 

Eu te observei a noite toda — falou em espanhol em um tom baixo e então ergueu o rosto.

Meu coração deu um salto e fique imóvel por alguns segundos. 

Seus olhos pareciam verdes na luz amarelada das lâmpadas incandescentes penduradas nos coqueiros e árvores, o contraste perfeito com as suas sobrancelhas grossas e escuras. Isso, ademais a sombra de uma barba e o um bigode lhe davam um certo charme adicional emoldurando a boca fina e pequena. 

Ele era de fato lindo. 

— Antoine Griezmann me observando? — Um dos cantos do meu lábio se ergueu maliciosamente e a sobrancelha foi em conjunto. 

Ele sorriu da mesma forma soltando o cigarro no chão e pisando em seguida. Quando meus olhos desceram visualizei sua roupa, uma camisa branca de mangas curtas que deixava suas tatuagem amostra, para compor calça jeans clara e botas de cadarço marrons.

De fato, ele chamava atenção. Não só por ser bonito, mas por ter um estilo independente dos demais. 

— Eu não tenho culpa se você é tão linda — deu um passo a frente. — E sexy — sussurrou.

Mordi o lábio tentando esconder um sorriso. 

— Cantada francesa? — Ele riu. 

— Com uma pitada de estilo espanhol — piscou e foi minha vez de rir. 

— Claro, onde mais poderia ter aprendido esse modo direto envolto em charme? 

— O charme é meu, quanto ao modo direto...bem, você está certa — eu tive que gargalhar. 

— Você é tão modesto, como consegue viver no mesmo corpo que seu ego? 

— Fácil! Como você consegue viver no mesmo corpo que sua sagacidade? 

— Touché — ele sorriu sem dentes, satisfeito.

— Qual seu nome mon cher? — Mais um passo adiante. 

— Se não perguntou antes é porque já sabe — o sorriso aumentou.

— Sagaz e inteligente, acho que meu olhos captaram um diamante negro — funguei. — Não esperava encontrar nada igual por aqui, admito. 

— As pessoas não costumam conversar muito por aqui, é mais como um acordo — ele mordeu o lábio fungou. 

— Eu achei que você não fosse desse tipo que assina um acordo sem provar o produto — deu mais um passo durante a fala. 

— Percebeu isso só me observando? — Ergui a sobrancelha, já estávamos a centímetros de distância e foi aí que pude sentir seu cheiro. 

O odor do cigarro era muito suave o que invadiu minhas narinas foi o perfume amadeirado, mas ao mesmo tempo suave e frescante. Cheiro de homem que acabou de sair do banho. Deus! Delicioso

— Ficaria surpresa em tudo o que descobri te observando — mordi o lábio e para quebrar sua estratégia deslizei até a barra onde ele estava, apoiando-me nela. 

— Me diga então — ouvi o corte da sua respiração oriunda de um sorriso e em seguida o jogador se virou devagar, usando o charme do olhar de baixo para cima. 

Ah filho da mãe, eu conheço esse truque. Embora isso não signifique que eu não fique balançada por ele. 

— Você é brasileira, mas não mora aqui. Algo me diz que é Espanha, pelo sotaque espanhol perfeito — cruzei os braços.

— Você pode ter perguntado a alguém, muitos sabem disso — dei de ombros, mas ele não se desanimou. 

— Você ama dançar e a audição para você é quase como se as notas tocassem no seu corpo o fazendo se mover de acordo. 

Okay, fiquei impressionada, mas não vou deixar que ele descubra. 

— Você não é muito de festas, mas quando vai a uma vive intensamente — anui para que continuasse. — Sua bebida favorita é gim e você trabalha com algo relacionado a dança, arte.

— Errou só um, sou fisioterapeuta — ele gemeu. 

— Não acredito! Você parece o tipo de pessoa que ama tanto o que faz que nem parece trabalho, por isso achei que fosse dança — sorri. 

— Já foi a um tempo, mas eu amo fisioterapia. 

— E você trabalha com físio aonde para conhecer todos aqueles marmanjos? — Se pôs do meu lado. 

— Futebol — o jogador francês sorriu como se já tivesse adivinhado antes de eu falar. 

— Tem sotaque de madrilenha, não vai me dizer que trabalha para o Real Madrid!? — Comprimi os lábios e ele gemeu jogando a cabeça para trás. — Todo mundo tem seu defeito né!? — Ri. 

— De fato — Enfatizei o olhar para ele. 

— Posso te dizer uma coisa Mia? — Anui e ele abaixou o rosto na minha direção como se fosse contar um segredo. — Vermelho, branco e azul iam ficar lindas em você — neguei rindo. 

— Só uso branco, não ouso me sujar com outras cores — sussurrei da mesma forma que ele.

— Olha que você vai se arrepender de dizer isso. 

— Jamais — neguei com veemência. 

Eu conhecia duas famas de Antoine Griezmann, uma é que ele era um grande jogador, artilheiro do Atlético e considerado o verdadeiro diabo dos adversários ( não é a toa que o chamam de Le Petit Diable ). Mas a outra fama era a de badboy, conhecido pelas suas polêmicas tanto no meio futebolístico, quando na vida pessoal. O francês já criticou prêmios por não tê-lo indicado, já teve brigas famosas com outros jogadores inclusive do próprio time. Lembro de tê-lo visto em uma entrevista a beira do campo certa vez falando sobre essa tal briga, o repórter perguntou se ele não tinha medo de ser afastado do clube e o camisa 7 respondeu na cara de pau:

"— Eu sou um atacante, artilheiro do time. Acha que eles vão afastar quem?"

Fora das brigas com os adversários, por causa dos dribles e roubadas de bola consideradas falta de frair play por alguns. 

— Mas vamos pensar pelo lado positivo, os maiores romances da história eram entre rivais — franzi o cenho. 

— Eram? 

— Cleópatra e Marco Antonio, Romeu e Julieta, Sr e Sra.Smith — ri no final com a discrepância do último exemplo.

— Se dois dos casais de sua lista terminaram mortos eu acho que não devemos arriscar — argumentei e ele negou. 

— Por isso coloquei Sr e Sra.Smith na lista, um casal mais moderno. Hoje ninguém mais morre por ser rival, isso é coisa do passado bárbaro — garantiu e eu ri mais. 

Eu tinha que admitir que a má fama de Antoine Griezmann era equivalente ao seu charme. 

— Creio eu que as torcidas espanholas ainda tem esse estilo mais bárbaro — ele meneou a cabeça. 

— Isso só me deixa mais encorajado a continuar — suas íris eram metade escuras metade translúcidas naquele momento, o dando um olhar felino e predador de certa forma. Não vou mentir que minhas pernas já estavam levemente tremulas.

— Você não gosta do que é fácil, não é? — Devolvi a mesma intensidade dos seus olhos e o camisa 7 sorriu de canto. 

Nous n'apprécions que ce qui est en sueur mon cher — sempre achei espanhol sexy, mas francês é encantador. — É o provérbio francês para: Nós só damos valor ao que é suado. 

Estreitei os olhos.

— To te fazendo suar muito? — O jogador sorriu mordaz e virou o corpo para mim, uma das mão se apoiando sorrateiramente na barra ao lado do meu corpo. Meu coração deu uma boa descompassada, mas mantive a postura.

— To suando desde que te vi dançando — mordi o lábio de propósito o deixando deslizar entre os dentes devagar aos olhos de Griezmann. Lentamente o corpo dele foi se aproximando, os olhos claros faiscando sobre mim. 

— Dei tanto trabalho assim? — Sussurrei olhando nos olhos dele. 

— Não tem ideia de como foi difícil conseguir afastar todos os caras de você e me destacar entre eles — joguei a cabeça para trás e dei uma risada, quando eu voltei Griezmann já tinhas ambas as mãos me cercando contra a barra de madeira, o corpo bem próximo do meu.

Opa!

Começou a ficar difícil resistir.

— Foi por isso que me pegou aqui no escuro longe de todos? — Ele sorriu com malícia.

— Eu tenho meus artifícios.

— Talvez tenha sido desleal com a concorrência — brinco e ele da de ombros.

— Ser certinho não é do meu feitio, ainda mais em uma competição — o francês desceu o rosto deixando lábios próximos ao meu ouvido. — Cujo prêmio é a personificação do meu desejo. 

O corpo dele próximo ao meu traspassava calor, e não é de clima que estou falando. E aquilo só me fazia desejar que ele chegasse mais perto, que seu corpo encontrasse o meu, que suas mãos me tocassem...

E tudo ficou como larva dentro de mim quando senti seus lábios roçarem no lóbulo, pela bochecha.  

— Está jogando baixo Griezmann — ele riu baixo e me deixou toda arrepiada. 

— Eu sempre jogo — disse, mas recuou. 

Hijo d...

Olhei nos seus olhos, eram azuis não verde como a luz sugeriu. O mais intenso e profundo azul celeste, totalmente hipnotizantes em meio a escuridão daquela noite de lua cheia. Analisei sua face, carinha de encrenca e confusão. Mas meu olhos movidos pelo desejo que cantava melodicamente dentro de mim, me convencendo a ceder, desceram na direção dos seus lábios entre abertos, só me dando vontade de encaixar com os meus. 

— Eu não devia me envolver com o inimigo — ele apenas sorriu safado e segurou meu queixo ente os dedos. 

Tão confiante e cheio de si. 

— Me deixa te convencer que esse lado é bem mais interessante — e então foi diminuindo a distância até ficarmos a milímetros, quase roçando um no outro. 

Deus! Porque eu to perdendo tanto tempo? 

— Me convença então — sussurrei um pouco antes juntar nossas bocas. 

O jogador me imprensou contra a barra colando nossos corpos, uma das as mãos seguiu para minha nuca enquanto outra envolveu minha cintura. O beijo era quente, cheio de desejo e com mordidinhas fogosas. 

Um francês não podia mandar mal em uma coisa criada pelo povo dele, não é?

A festa bombava a meros metros, mas sinceramente tínhamos coisas melhores para fazer. Minhas mãos a princípio estavam em seu peito, subiram em determinado momento para nuca me permitindo sentir que seus cabelos eram raspados bem baixinho, no entanto a medida que as coisas foram esquentando eu quis explorar mais. Escorreguei os dedos pelos ombros até largos, voltei ao peito, desci pela barriga, encontrando-a lisa e trabalhada então segui até as costas. 

Griezmann também não ficava atrás, ele tinha umas mãos bem bobas que tal qual eu foram se sentindo mais livres para me tocar a medida que o beijo foi esquentando. Dedos entre meus cabelos, os agarrando de forma deliciosa enquanto nossas bocas colidiam famintas. Mãos deslizando pelas minhas costas, despertando cada músculo e em seguida traçando uma linha reta dela até minha bunda, a quão apertou com tanta vontade que me fez gemer entre o beijo. 

E só para provocar ergui uma das pernas dobrada deslizando lascivamente pela dele enquanto uma de minhas mãos também alcançou sua bunda. Ele mordeu meu lábio e deu um sorriso safado. 

— Te convenci? — Sussurrou prestes a encaixar nossos lábios mais uma vez. 

— Devia tentar novamente — sussurrei e sorri, fazendo o jogador também sorrir. Ele não perdeu um segundo para me beijar novamente, a mão deslizando pela minha perna devidamente dobrada na altura do seu quadril. Aquele toque na minha pele nua me fez estremecer internamente. 

O puxei mais para mim provocando mais contato conforme meu corpo pedia, mas a posição e o lugar não favoreciam isso. Subi as mãos novamente para sua nuca, enquanto as ele me arrancavam arrepios e suspiros estrangulados pelos nossos próprios lábios.

Não sei quanto tempo passamos ali, naquela loucura de desejo e frenesi, mas em um momento nos separamos devagar, deixando nossas feras se acalmarem e finalmente nossos olhos se reencontraram. 

Ele alisou minha cintura e colocou um mecha do meu cabelo para trás da orelha deslizando essa mesma mão até meu queixo. 

— Vou ficar apenas essa noite aqui, vem comigo para o hotel? — Pediu. 

Isso mudaria bem meus planos. Talvez não fosse uma boa ideia. Se eu estivesse vivendo minha vida normal, provavelmente não iria. Mas eu estava vivendo essas férias, e que se dane as regrinhas bobas que eu me forcei a seguir com medo de parecer uma "garota fácil". Eu quero, eu faço. 

— Tenho uma ideia melhor — mordi o lábio. 

 

Transar no estacionamento de uma festa/dentro de um carro/em cima do capô do carro, anotado. Também está a anotado quase ser pega no flagra pelo vigia. Mas ficamos bem, satisfeitos e não fomos presos por atentado ao pudor. 

E glória a Deus pelas saias que fazem tudo ficar mais prático. 

— Você é louquinha sabia? — Foi o que ele me disse quando saímos correndo do estacionamento e eu gargalhei achando tudo aquilo um máximo. 

Dora aventureira versão só para maiores de 18.

— E você nunca vai se esquecer disso — ele sorriu. 

Com certeza quando eu olhar para trás vou lembrar dessa noite e dessa loucura. Suas mãos apertando minhas coxas, meu corpo sobre o metal, o quadril dele se chocando com o meu, nossos gemidos contra a noite e as tentativas de abafa-los. 

O vidros do carro embaçados, nossos corpos finalmente nus suando e roçando um no outro, as bocas mal conseguiam se juntar entreabertas devido a busca de ar. O deixei louco quando quiquei no seu pau, contraindo meu interior nele. Foi assim que conheci alguns palavrões em francês e recebi umas palmadas.

Ele fumando ( pode falar o que quiser, acho fumar meio sexy ) enquanto com os olhos azuis estreitos me fitava rebolando sobre seu mastro. Ah! Me senti em um daqueles filmes de máfia. Até ousei dar um trago também, o deixando surpreso.

Très belle très sexy — sussurrou rouco me filmando com as mãos espalmadas nas minhas ancas.

Beijos no pescoço, sussurros no ouvido, meu corpo trêmulo no ápice e o vestígio do meu prazer: minha mão deslizando na janela do carro em busca de algo para descontar. 

Aiai...

— Jamais, o dia que eu quase fui deportado — gargalhei e ele me puxou pela mão em seguida rodeando meus ombros com o braço. — Valeria a pena — sussurrou no meu ouvido e depois mordeu a pontinha. 

Virei o rosto para ele, segurei seu queixo e o selei. 

— A gente podia transar na cadeia também — murmurei e ele gargalhou.

— Mais com toda certeza. 

Caminhamos na direção da festa e a medida que nos aproximados mais pessoas pessoas foram povoando o caminho antes vazio. Assim que chegamos no meio da festa, entre os lounges e a pista ele avisou e questionou:

— Vou pegar uma bebida, você quer alguma coisa?

— Não precisa, vou falar com as meninas — sorri e ele anuiu. 

— Foi demais, adorei te conhecer — meu sorriso se repuxou para um lado.

— Eu também adorei, Griez — disse e o beijei, inicialmente um selinho, mas se transformou em um senhor beijo. Uma despedida caso não nos víssemos mais. 

E assim eu segui meu caminho na direção da multidão. O outro show já havia começado então com certeza as meninas estavam por ali. Caralho já devia ser umas quatro da manhã.

Mas antes que entrasse no burburinho senti uma mão no meu ombro, virei e vi Sarah. 

— Garota, onde você estava? — Indagou em espanhol sobre a música. 

— Longa história — falei revirando os olhos durante um suspiro e ela sorriu maliciosa. 

— Dios! Vamos la pra frente — e me puxou pela multidão.

Um remix de Lean on tocava quando encontramos todos ali próximo ao palco. Neymar e Scooby pulando de um lado, Medina com outra garota, Bi com...era o cara do Vintage Culture? 

Boa garota!

Sarah foi logo recebida pelo cara que a vi beijando anteriormente, Rapha me puxou pelo ombros para dançar, Igor esbarrou em uma menina com um copo de cerveja, olhei pro lado, voltei e já estava se pegando. 

Eu e Rapha nos olharmos e rimos.

Deus! Que festa louca

Teve dança, teve shot na boca de vodka, teve tremzinho agora não só mais das meninas. 

Devido a quantidade de vodka que bebi em menos de duas horas eu lembro apenas de alguns momentos do resto da festa. E um momento estava na "corcunda" do Ney berrando Sexy Bitch - Akon , em outro descendo até o chão ao som de vai Vai Malandra e em outro aplaudindo o nascer do sol. Também lembro de sentir alguém me puxar quando estava no meio da galera ( acho que não tinha rolado o nascer do sol ainda porque estava meio escuro ), quando virei era Griez e ele me beijou...na frente de todos, dos gritos eu recordo bem. Tenho certeza que ele falou alguma coisa, mas eu não lembro bem o que foi então...

Agora eu estou sentada na areia da praia na frente da mansão hotel porque minha amiga linda se trancou com o boy no quarto e pelo barulho que estavam fazendo ali eu não ia conseguir dormir mesmo. Então decidi contemplar o ascender o sol, o mar prateado, enquanto meus neuróticos pareciam mergulhados em uma banheira de tranquilizante. 

— Mia? — Virei visando o camisa 10 só de bermuda e boné. — O que ta fazendo aqui? 

— Minha colega de quarto trouxe um acompanhante e eu estou presa do lado de fora — ele riu e se sentou ao meu lado. — E você, aposto que seu quarto está livre. Sem sono? 

Ney meneou a cabeça, olhei dos seus olhos por um tempo e soltei:

— É a cabeça ou o coração que está de perturbando? — Ele abaixou a cabeça e coçou o alto do nariz sem graça. 

—  Os dois — chiei. 

— Tem mulher na história né? — O jogador riu com os olhos no horizonte. — Desculpa se...

— A gente voltou a se falar a um tempo — me interrompeu e então me calei. — E eu nunca deixei de amá-la, olhando para trás nem sei porque terminou mesmo, mas ela terminou e eu...

— Não quer dar o braço a torcer de dar o primeiro passo? — Os olhos verdes do jogador me fitaram confirmando minha pergunta. Respirei fundo. — Sabe, se hoje véspera de ano novo a pessoa que eu amo estivesse falando comigo dando todos os indícios que está aberta a uma volta eu não pensaria tuas vezes em ir atrás — ele ficou em silêncio ruminando. 

Olhei para o mar, ele estava no outro lado com outra pessoa, feliz com outra pessoa porque eu o deixei esvair pelos meus dedos, porque eu fui burra demais. 

— Sério, o orgulho já me fez perder tanto. E se eu tivesse a oportunidade de uma segunda chance, eu não dispersaria.

O olhei e ofereci um sorriso, ele sorriu de canto.

Agora ficamos em silêncio, cada um em seu próprio devaneio longínquo, porque apesar de isso tudo estar sendo demais, incrível mesmo, a pessoa que queríamos não estava aqui então no fundo estava faltando algo. 

— Você tem razão — quebrou o silêncio e de repente já estava se levantando. — Obrigado — sorri estreitando os olhos pelo sol que começava a ficar mais forte. 

— Imagina. 

— Eu vou entrar, quer vir comigo? O sol ta começando a ficar forte — eu olhei ao redor. 

— Nah. Quero curtir mais um pouco disso, daqui a pouco eu entro — Ney anuiu. 

— Tudo bem, mas cuidado hein! — Avisou já partindo para a casa.

— Vai atrás dela — berrei e só o ouvi rir. 

Então fiquei ali, sozinha, sentindo a brisa matinal, o cheiro gostoso da maresia, o sol moreninho na minha pele, a areia fininha e gelada entrei meus dedos. Afastei os pensamentos ruins, fechei os olhos e na minha mente veio uma música de Ella Fitzgerald, Dream Little Dream Of Me.

Entrei no ritmo lento que soava dentro da minha cabeça e aos poucos meu corpo e mente começaram a ser ninados por ele. Até que senti uma mão passar pela minha cintura outra abaixo das minhas pernas e meu corpo ser suspenso. Eu estava tão cansada, meus olhos tão pesados que não consegui abri-los, então só gemi em protelação.

Eu just want quedarme ali! — Eu queria dizer que queria ficar lá, mas o que saiu da minha boca mais se assemelhava a russo do que português. 

O fato é que logo meus gemidos sumiram, sem energia nem para reclamar eu só consegui apoiar minha cabeça no que imaginei ser um ombro e desmaiar de novo. 

 

… 

 

Acordei ainda com os olhos pesados ainda mais quando senti a luz incidir na minha retina, foi como se estivesse a queimando. Fechei-os com força e me encolhi apertando o lençol por causa do frio do ar-condicionado. 

Mas ao ouvir o barulho da porta no trinco o despertar foi mais rápido, virei o rosto na direção dela e com os olhos estreitos consegui ver o vulto alto e grande, nada parecido com Sarah. 

— Pelo visto já acordou — abri mais os olhos e pude ver o piloto com uma bandeja de café da manhã na mão. 

Puta merda! 

— Bom dia — tentei agir naturalmente ao o oferecer um sorriso e me sentar na cama puxando o lençol sobre meus seios, que não, não estavam desnudos. Na realidade eu estava muito bem vestida com uma camisa masculina que presumo ser dele. 

Mas isso não me ajudava muito no trabalho de adivinhar o que aconteceu. 

Porra, dois em uma noite Mia? 

Wis colocou a bandeja diante dos meus pés e se sentou na ponta da cama. Eram comidas leves, frutas, torradas e um copão com um líquido mais grosso de cor duvidosa e nada atraente. 

Eu não estava enjoada, na realidade, estava morrendo de fome e ao olhar aquilo meu estômago gemeu.

— Acho que chegou em boa hora — falei levando a mão a barriga e ele riu.

— Já é uma hora da tarde, imaginei que fosse acordar com fome — eu parei de mastigar. 

— Meu Deus! Todos já acordaram? — Wis negou.

— Os caras só acordaram porque eu os expulsei para te trazer pra cá e tiveram que dormir no sofá — o quarto realmente tinha mais uma cama de casal. Ri achando graça ao imaginar a cena, mas fiquei ruborizada pelo mesmo motivo. 

— Eles devem me odiar agora — pus a mão na boca para falar de boca cheia, eu estava com fome demais para ser educada.

— Não, eles também já me expulsaram, então está tudo certo — e eu só sentia minhas bochechas ficarem mais e mais quentes. 

Se Lewis percebeu ele era educado demais para comentar então ligou a televisão e ficou roubando umas uvas da tigela enquanto assistia um canal esportivo qualquer. Fiquei em silêncio, alimentando meu bebessauro, mas não consegui permanecer sem respostas pó muito tempo.

— Eu espero não ter te chutado enquanto dormíamos — soltei, eu não era lá muito espaçosa, era apenas um verde. 

— Ah, nem se preocupe. Eu dormi na outra cama — eu quase suspirei de alívio. 

Não que eu não quisesse, mas eu queria me lembrar caso acontecesse.

— Que tratamento V.I.P, me trazer no colo até o quarto, trocar minha roupa e ainda trazer café da manhã. Já pode casar Lewis Hamilton — ele riu. 

— Eu sou um príncipe, baby — deu de ombros e eu revirei os olhos. — Quanto a casar, não está nos meus planos, mas se abrir inscrições te aviso — ergueu ou olhos da bandeja com um sorriso indecente e dei uma gargalhada.

— Por favor — teatralizei levando a mão ao peito e ele riu levando agora um pedaço de abacaxi a boca.

Joguei uma uva nele. 

— Ai! Que agressividade Mia!

— Pare de roubar minha comida — fiz cara feia puxando a bandeja mais para mim. 

— Eu trouxe pra você, sua egoísta — estreitou os olhos para mim e eu lhe devolvi uma careta de deboche. 

— Duas coisas que eu não divido, comida e... — pensei melhor e engoli a última palavra. Seria estranho falar na frente dele.

— E...? — Ergueu a sobrancelha curioso. 

— De que é feito isso mesmo? — Peguei pela primeira vez o copo de suco, só para fugir daquele assunto. 

— Ah é! A senhora que trabalha na cozinha fez uma jarra, diz ela que é bom para ressaca e acho melhor você beber porque ainda temos um segundo round mais tarde — aproximei a boca do copo do nariz e afastei em seguida. 

— Jesus! Isso é pra vomitar? — Wis revirou os olhos. 

— Bebe logo, sem reclamar — respirei fundo e fiz mais uma tentativa, com careta dei os primeiros goles. 

Chiei na metade do copo e o coloquei de volta na bandeja. 

— Ta bom, chega — limpei a boca com o guardanapo e logo enfiei outras frutas pra dentro para tirar aquele gosto da língua.

Lewis negou rindo e voltou a se virar para TV. 

— Em falar na festa, eu não te vi a noite toda.

— Nem eu você — trocamos olhares e sorrisos cúmplices cresceram nos nossos lábios. 

Se eu passei bem acompanhada, Lewis com certeza estava do mesmo modo. 

Desviamos novamente para a TV e voltei a comer. 

Terminado o café da manhã, com minha barriga completamente saciada me indaguei alto: 

— Será que Sarah já desocupou o quarto pra eu poder tomar um banho? 

— Bom, ela desceu pro café da manhã então... — falou ele, distraído com a matéria dos nadadores. 

— Ai! Glória a Deus! — Ergui as mãos para o céu. — Obrigada por tudo Wis — dei um beijo na sua bochecha e me levantei pegando a bandeja. 

— Imagina, eu não podia te deixar dormir na praia. 

— Ai nem me fale — ri ao imaginar a cena. — Enfim, até daqui a pouco.

O deixei no quarto e segui para o meu. E, graças a Deus, como combinado, minha cama jazia intacta. 

Tomei um bom banho demorado e depois vesti um biquini e uma saída de banho. Encontrei a galera no deck da piscina. Lewis bebia cerveja com Medina na borda da piscina, mas não vi Neymar. E assim que me viram fui recepcionada pelas meninas com um grande:

Griezmann hein!! 

Corei comprimindo os lábios para esconder o sorriso, embora todas elas estivessem me olhando com malícia.

Enquanto vinham para mim perguntar sobre os detalhes ergui os olhos para Hamilton o vendo desviar na direção do surfista. 

Definitivamente não me arrependo de ter ficado com Griezmann, mas imagino que isso acabou com qualquer chance entre mim e Lewis. Sei lá, ele me chamou pra la e eu meio que fiquei com outro cara. Não eu fosse obrigada a ficar com ele, mas estava nas minhas intenções e imagino que mas dele também. Agora, bem...duvido muito. 

— Aha! Mas a senhorita não pode falar nada, eu bem vi você com o Dj — falei para Bianca e ela piscou os olhinhos jogando o cabelo pra trás. 

— Segui seu conselho bebê — bati minha mão com a dela. 

You rock girl! 

Por muita insistência contei como ele chegou em para elas, mas meu olhar insistiam em ir até o piloto em busca de alguma reação que me ajudasse a compreender o que ele sentia sobre isso. 

Será que ele ficou chateado? Não demostrou para mim, mas...


Notas Finais


Aviso importante: escrevi o capítulo antes do Scooby começar a namorar a Anitta e de sair o babado da conversa do Neymar então o uso de suas imagens no momento de ápice delas foi mera coincidência. Kkk né razões da minha libido.
Aviso importante 2: Quero deixar claro que o Griezmann tem uma personalidade completamente fictícia, embora eu saiba que ele se acha, exagerei um pouco porque queria dar esse ar de badboy nele. Para uma diferenciar dos demais né?! Aliás, teve até uma leitora que me perguntou quando a Mia ia ficar com ele...TOMA AÍ MANA! Seu momento de glória!
MAS ENTÃO!!! ME CONTEM T U D O!! O que acharam? QUEM GOSTOU DA PARTICIPAÇÃO HOT DO FRANCÊS?
Será que ainda existe esperanças com o piloto?
Será que ele não gostou da atitude da nossa doutora?
Quem ta puta comigo porque curtia o casal?
Mas calma ainda tem mais um dia no ano e muita coisa acontece entre dois nascer do sol.


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