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História I know he's married - Tradição de vestiário


Escrita por: mydarlingzayn

Notas do Autor


HOLA MIS AMORES! Voltei até mais rápido do que imaginava, maaas aqui está mais um capítulo quentinho, saindo do forno pra vocês. Minhas aulas estão voltando amanhã, ou no caso, mais tarde, então acredito que o próximo capítulo possa demorar mais, mas vou me esforçar pra não ser tanto assim.
Obrigada por todos os comentários!! Espero que gostem!!

Capítulo 83 - Tradição de vestiário


P.O.V Mia

 

Acordei com meu celular vibrando na mesa de cabeceira. Pisquei monotonamente ainda embriagada de sono içando o aparelho acima de mim, para fazê-lo parar. Então foi aí que eu lembrei:

Porra!

Levantei-me com um pulo.

O voo. O voo. O voo caralho!

Mas foi apenas quando estava no banheiro já tirando a roupa que olhei para trás. A cama estava vazia.

Ok. Banho Mia. Banho agora!

Pulei no chuveiro.

Toalha enrolada no corpo abri a mala e tirei a roupa intima, a calça, o moletom e me vesti.

Pronta, fechei a mala, peguei minha bolsa de mão e enfiei o celular lá dentro.

Batuquei o pé contra o granito marrom no piso do elevador enquanto descia andar por andar até o lobby e...

— Ah, que bom! Você ta aí! — Leon falou abaixando o celular onde digitava bem na frente nas portas. — Eu já ia te acordar.

Suspirei saindo do elevador, ele veio ao meu lado.

— Ainda dá tempo de tomar café?

— Tem uns 30 minutos — ele olhou o relógio no pulso e nós viramos na direção do salão onde o time comia junto.

Mas ver Leon era estranho. Número um porque eu me lembrava que a gente tinha se beijado ontem. Número dois porque depois disso eu não lembrava mais de muita coisa.

Através das portas de vidro era possível ver equipe ainda comendo metros adentro e ouvir o barulho abafado das vozes e talheres. Mas antes que entrássemos envolvi o braço do camisa 8 com a minha mão. Leon franziu o cenho.

— Sobre ontem, a gente... — um sorriso brotou no canto dos lábios dele.

— Foi bom pra caramba, Mia — ele empurrou a porta, abrindo para que eu passasse e em seguida passou também.

Deus! A gente transou então? E foi bom?

Comecei a me servir. Pouca coisa, eu não estava com muito apetite, mas também não estava enjoada. Assim que terminei segui direto para o lugar vago ao lado do meia.

— Foi bom mesmo? — Indaguei mais baixo, para que apenas ele ouvisse, embora não houvesse tanta gente nessa mesa.

Leon me olhou divertido.

— Você não lembra de nada né? — Abri a boca, mas fiquei morrendo de vergonha em admitir. Era horrível pra outra pessoa. Eu me sentiria horrível se fosse ele.

Ai que droga!

— Bom, se quer saber foi uma das noites mais divertidas que já tive — sorri fraco. — A gente se beijou — levei a torrada a boca, mordendo um pedaço com geleira de amora — Ficamos muito bêbados — o canto da minha boca se curvou. — E quando fomos para o seu quarto...

Engoli o que mastigava enquanto ele pegava uma mini cenoura no meu prato. Olhei para ele esperando o resto.

Jesus homem! Desembuche!

— A gente capotou.

O que?

Joguei a cabeça para trás gargalhando. Leon começou a rir também.

— Ent... então...— eu tentava falar mais não conseguia parar de rir. —...a gente não...?

O alemão negou sorrindo.

— Não foi por falta de vontade, mas a gente tava bêbado demais pra isso — levei as mãos ao rosto. — Só acordei quando levei uma mãozada sua na cara.

— O que? — Arregalei os olhos, as mãos ainda no rosto.

— Sério, minha cara ainda ta doendo — ele apontou para todo o rosto e eu afundei mais o meu entre as mãos tentando não rir mais falhando miseravelmente.

— Meu Deus Leon! — Cobri o rosto. — Por que não me acordou?

Ele deu de ombros pegando outra cenoura.

— Eu fiquei com pena, queria que você dormisse um pouco mais. Aí fui tomar um banho e acabei descendo pra comer quando Kimmich acordou.

Neguei com a cabeça.

Meu Deus! Que loucura!

— Agora precisa me contar sobre tudo o que aconteceu — Leon inspirou fundo como se estivesse prestes a contar uma história muito boa, mas muito complexa.

E ali nós dois ficamos comendo enquanto ele falava sobre o que aconteceu desde o terraço, quando a maior parte da noite tinha apagado. Conforme o jogador contava eu lembrava de algumas coisas e mesmo quando eu não lembrava, nós riamos.

— Sério, você é muito divertida quando bebe.

— Meu Deus! Todo mundo diz isso. Eu me sinto a mais chata de todas — ele negou.

— Você é divertida sóbria, mas bêbada...você fica hilária e com um pouco menos de noção, o que é uma combinação incrível pra alguém tão racional.

Fiz careta e sorrindo ele pegou a última mini cenoura do meu prato.

— Vai roubar mesmo toda a minha comida? — O camisa oito, ainda me fitando, insistiu com a cenoura, levando lentamente a boca.

O fulminei com os olhos.

Enquanto nós dois riamos de cada situação penosa que tínhamos nos metido na noite passada eu não pude deixar de notar o colombiano sentado duas mesas de distância.

...

Depois de conversar com os meninos percebi que ninguém sabia que eu e Leon sequer tínhamos nos beijados, o que foi um alívio. E no fundo, no fundo eu também tinha ficado bem aliviada pelo fato de não ter transado com Leon. Depois de tudo o que já aconteceu em Madrid e toda a confusão que deu...eu não queria me envolver com outro jogador, e principalmente não queria que ninguém soubesse do meu envolvimento com um.

Após do café subi de volta para o quarto e peguei minha mala. Quando desci o ônibus já estava parado na frente do hotel, segui para o punhado de bávaros que entrava, entregando minha mala ao carregador. Subi no ônibus, mas em algum momento o olhar do camisa onze encontrou o meu. Foi rápido porque ele desviou, virando para a janela. E isso se repetiu no avião também.

Era um bom sinal, na verdade, porque meu plano louco de beijar Leon na frente dele surtiu o efeito certo. Eu não queria que tivesse sido daquela forma, não era desse jeito que eu gostava de fazer as coisas, mas depois daquela dança...James jogou muito, muito baixo ali. Eu sabia que aquela música tinha sido a do nosso primeiro beijo e sabia que a forma que ele tentou me beijar era uma recriação daquele momento. Então eu entendi tudo. Entendi que ele fez aquilo para me amolecer, para me fazer mudar de ideia sobre o “nunca mais vai acontecer”. As provocações, a forma que ele falava comigo, me chamar de “mi amor” e a forma que dançou comigo ontem...devia ter sido a bebida porque eu me senti tão viva, leve e... brilhante! Pra começo de conversa foi um erro enorme, gigante, ter transado com ele, e eu tive certeza disso ontem. James ainda continuava sendo o mesmo homem que manipulava e seduzia para conseguir tudo o que queria, não se importando com os sentimentos, as necessidades e a vida de ninguém além da dele. E pra piorar, fazia tudo isso ainda sendo casado, tendo uma família, uma filha. Droga! Ele já tinha se separado da Daniela no passado, ele não tinha medo de perder ela de novo? Não tinha vergonha de trair alguém que o amava? Porque eu tinha vergonha do que fizemos e eu me culpava muito por fazer parte disso. Então, eu me arrependia de ter usado Leon, mas não completamente. No final das contas alemão beijava bem, e tinha uma pegada que...eu não tava esperando aquilo tudo. Mas aquilo pelo menos faria James parar, faria ele entender que eu não era uma opção, que meu não era definitivo.

...

Depois que chegamos em Munique eu fui direto para casa. Uma banheira quente me esperava e eu imergi nela por algumas horas antes de me afundar dos meus lenções. Foram boas, na verdade, ótimas horas de sono.

Tivemos aquele dia livre então eu aproveitei para descansar bem, fazer minha skincare, fazer uma massa e conversar com minhas amigas por horas.

— Sua safada! Você dormiu com o Leon! — Sarah soltou assim que atendeu a ligação de vídeo, meu celular apoiado na cesta de pães enquanto eu comia meu Fettuccine Alfredo.

Parei de mastigar imediatamente.

— C-como q-que... — suspirei pesadamente.

Se tinha uma única pessoa que poderia saber era Kimmich, afinal ele estava dormindo no mesmo quarto do camisa 8, e eles eram melhores amigos.

— Kimmich seu fofoqueiro! — Eu falei alto o suficiente, mesmo sem saber se ele estava perto o suficiente para ouvir.

A ruiva tinha um sorriso enorme no rosto.

— Me conta tudo! Eu quero todos os detalhes!

Inspirei fundo, soltando o talher no prato e foi aí que comecei a contar tudo, exceto o motivo pelo qual as coisas aconteceram. No final nós estávamos gargalhando.

— Sinceramente, eu super apoio esse casal — fiz careta. —  Ué? To só jogando pro universo. Vai que né? — Revirei os olhos sorrindo.

...

A manhã começou com musculação. Todos estavam animados dado ao resultado do jogo e dos primeiros exames, a maioria tinha ganhado músculos e os que não tinham perderam gordura. Se já estávamos assim eu só esperava o resultado dos 3 meses, quando teríamos uma reunião com a presidência e os sócios sobre o andamento do investimento. Mesmo assim que pedi para que Gerry mandasse o resultado para todos. Era sempre bom os manter atualizados.

Inclinei para ajudar Josip com o exercício, mostrando a ele como mover o braço do jeito certo para não provocar uma lesão.

 — Assim fica bem mais difícil — ele brinca e eu sorrio.

— Quando queima é porque ta dando certo.

Mas o treino foi diferente dessa vez. Não, não aconteceu nada de errado. Absolutamente pelo contrário. Perto do bebedouro eu ria com Leon e Gnabry sobre algumas memórias da festa quando James passou por nós, dando um simples aceno, mas sequer olhando na minha cara. Na verdade, durante todo o treino não houve olhar dubio, comentário malicioso, nenhuma provocação sequer. James simplesmente me ignorou.

Era ótimo não era? Era isso que eu queria afinal. Quer dizer, não exatamente isso, mas algo próximo, então eu não podia reclamar. Se bem que depois do que aconteceu já não poderíamos ter uma relação profissional amigável. Então daquele jeito era melhor. O melhor para mim.

Depois do treino voltei para sala, tinha algumas coisas para resolver antes da sessão com Thiago. Terminada a sessão era hora de comer.

— Tinha mais de 100 fotos de vocês, bêbados, no meu celular, vocês têm noção disso? — Questionou Lewan.

— Quem mandou deixar o celular com o Kimmich — o capitão deu de ombros.

— Você apagou? — O defensor indagou em um pulo, arqueando as sobrancelhas loiras.

— Claro, pra que eu ia querer aquilo?

— Droga! Devia ter cada perola ali, eu poderia fazer até umas figurinhas — disse em uma frustação penosa digna de tragicomédia.

— Vamos agradecer por isso então, porque eu tenho quase certeza que tinha uma foto da minha bunda lá — Leon cochichou para mim e eu gargalhei.

— Não tem como olhar os apagados, não? — Virei para o atacante polonês.

Senti quando o joelho do alemão bateu no meu por baixo da mesa e eu sorri.

— Ah não, no meu celular exclui de vez — disse inocentemente.

— Que pena — suspirei pesarosamente e virei para o camisa oito sem consegui esconder um sorrisinho no canto da boca.

— Eu mataria você — ele disse, me olhando de canto de olho e eu levei as mãos aos lábios para esconder o riso. — É, sério eu mataria.

Mantei um beijo para ele, mas quando me virei de volta para a mesa... eu não sei por que, não me pergunte por que, mas meu olhar encontrou o de James do outro lado na mesa. Lá ele estava, comendo, enquanto conversava com Coutinho, sequer olhava para cá.

Claro que não. Por que ele olharia?

Me virei de volta.

— Eu não sei como estamos aqui hoje, mas eu definitivamente tenho orgulho de nós por isso — Sane falou erguendo o copo de água para fazer um brinde entre os guerreiros que ficaram até o final daquela festa louca.

Afinal por volta de uma, duas da manhã mais da metade do time já havia ido dormir, o que dá em quase 100% dos comprometidos. Pelo menos foi o que me disseram, porque aquela hora eu já não me lembrava mais desses detalhes.

Ainda sim eu sorri e ergui meu copo também, saudando os meus companheiros de festa. Quem diria, até a pouco tempo nem beber perto deles eu queria.

Eu criava as regras e pisava nelas tão rápido, eu tinha que parar com isso.   

...

No dia seguinte o treino do campo foi sob uma garoa fina. Em pé na grama com os braços cruzados e capuz sobre a cabeça eu observava os movimentos, Saltos, corrida com bola e obstáculos, exercícios mais interativos, nós sempre variávamos porque os músculos e a mente não podiam se acostumar demais com aquele esforço, se não, não teria o efeito desejado.

— Isso! Pernas a 90 graus! — Schlosser berrou conforme os jogadores saltavam nos círculos perfilados.

— Mais impulso Abala! — Ouvi Gerry pedir enquanto ele saltava.

Meier estava voltando de uma complicada lesão que havia o tirado da temporada até agora, ele e Gerry trabalhavam por meses e vê-lo de volta me deixava muito satisfeita.

— Boa cara! — O vice-chefe incentivou quando ele terminou o exercício e o austríaco sorriu, batendo a mão com a dele.

— Ele foi bem — comentei com Gerry assim que o treino terminou. — Ta de parabéns.

O homem sorriu de canto e olhou para o defensor conversando com os colegas de equipe no intervalo.

— Ele se esforçou bastante, queria muito voltar antes do fim da fase de grupos.

Humedeci os lábios.        

— É... vamos fazer de tudo pra isso acontecer.

Quando terminamos o treino físico eu fiquei para assistir o técnico com Huhn. Nos sentamos no banco e ali ficamos, observando as táticas de Hansi e Ben, mas aparentemente havia mais outra coisa que meu companheiro estava atento também:

— Tenho que confessar que ver eles assim, na chuva, com essa camisa coladinha no corpo, é realmente um perigo enorme para o meu profissionalismo.

Os jogadores em seus uniformes pretos de treino corriam pelo campo. Diferente do treino físico, estavam sem moletom porque era mais fácil de jogar assim, então de fato a camisas ficavam mais justas aos corpos e agora que eles estavam malhando mais então...o visual era completo por cabelos molhados e bagunçados.

O canto da minha boca se curvou sutilmente.

 — Bom, o que é bonito é pra ser observado — dei de ombros. O nipo-americano suspirou.

— Sinceramente, no mundo dos sonhos que todo mundo fosse bi e solteiro... — os olhos dele eram como um raio-x, saindo do modo fisioterapeuta e indo para o modo caçador. — ...eu pegaria muito o Lewandowski, o Pavad e o Leon.

Sorri.

— Bom, dois da lista estão solteiros, então...nunca diga nunca — Huhn fez careta.

— Mas e você? Se fosse pra escolher? — Eu abri a boca e ele sabia que eu ia me negar, então adicionou:

— Vou facilitar sua vida, escolhe um. Só um — fez o número um com o dedo, como se aquilo fosse uma coisa boa.

Suspirei e passei um olhar mais fino pelo campo. Observei Leon sinalizar para Muller, seus quase um e noventa, ele tinha tudo para ser desajeitado, mas era bem firme em campo na verdade. Os cabelos ondulados estavam escondidos agora por uma touca cinza, o rosto era bonito, com certeza, as sobrancelhas cerradas, o nariz reto era marcante de perfil e harmonizava muito bem em sua face, malares suavemente proeminentes, barba baixinha, olhos profundos e castanhos...ele podia muito bem ser modelo. Eu devia responder que era Leon, porque na verdade o fato já aconteceu. Mas a minha mente as vezes conseguia me pregar mais peças que o universo e meu campo de visão foi tomado por outro jogador.

James veio na nossa direção, os cabelos castanhos escuros, quase negros devido a humidade, estavam bagunçados e algumas mechas caiam ocasionalmente pela testa, gotículas de água deslizando pela face mais madura no auge dos seus 28 anos, a mandíbula travada, expressão séria e seu olhar eram duas adagas. O camisa 11 era o exato tipo de homem latino que deixaria as pernas de qualquer mulher bambas, ainda mais com aquele uniforme molhado colado ao corpo, aquela cara de poucos amigos...era quando ele perdia totalmente a cara de bom moço que eu me lembrava do quão bruto e voraz ele podia ser, e aquilo era um ponto muito fraco na minha personalidade. E a cada vez que ele se aproximava mais eu pressionava o corpo contra o banco e as pernas uma outra a outra inconscientemente, meu coração disparando, ideias loucas, completamente insanas me vindo a mente. E lá ele estava cada vez mais e mais próximo, como se viesse mesmo na minha direção.

O-o q-que que ele ta...

Minha pergunta interna foi respondida pelo instante que ele parou diante do cooler, que estava na minha frente, e se abaixou para pegar sua garrafa.

Só percebi que prendia a respiração quando meus ombros caíram pesados enquanto virava o rosto de volta ao campo.

— Nem precisa responder...— a voz de Huhn soou entre dentes e de soslaio notei os olhos dele desviando discretamente do camisa onze também.

O que? Não!

— Não é isso... — olhamos de canto para o meia e vimos quando ele se afastou de volta para o treino e apenas quando estava a uma distância segura que o moreno começou:

— Ah relaxa Mia...quem nunca teve um crush em um colega de trabalho que atire a primeira pedra — disse com um sorriso ameno.

Pelo amor de Deus!

— Não, mas eu não tenh...

— Tem tudo pra dar certo, você é mulher, ele é hetero, ele é solteiro, você também.

É mas eu trabalho com ele e ele é casa...pera aí! Ele disse o que?

— O-o que...o que você disse? — O fisioterapeuta franziu as sobrancelhas.

— Que ele é hetero e solteiro...?

Solteiro? Mas eu vi Daniela com ele naquele dia.

— Achei que você sabia. Ele não trabalhou com você em Madrid antes?

Também a vi outra vez no CT vindo buscar ele com Salo no carro, mas isso já faz um tempo.

— É! — Respondi voltando a realidade quando percebi que estava tempo demais em silencio e já devia estar mais do que estranho. — É, agora eu to lembrada — formulei um sorriso e revirei os olhos. — Eu sou péssima com fofoca, me conta uma coisa e um dia depois eu já esqueci.

Não era tudo mentira. Eu realmente tinha uma memória péssima para coisas irrelevantes. Mas algo como aquilo, bom, eu jamais esqueceria.

Huhn riu.

— Bom, eu como bom pesquisador que sou, tenho curiosidade sobre tudo, inclusive sobre a vida alheia — ri. — Sério, na primeira semana eu já tinha pesquisado toda a vida de todo o cartel e da equipe médica. Achei muito mais coisas sobre os jogadores, é claro — ele revirou os olhos.

E sobre mim...ele omitiu essa parte por gentileza. Porque a verdade era que minha vida, ou melhor, uma parte dela, estava toda na internet, para quem quisesse ler. Era essa a parte terrível de se envolver com pessoas públicas, sua vida acabava virando domínio público junto com a delas.

Continuamos conversando sobre as fofocas que saiam na internet sobre famosos em geral e eu fiz questão de desviar do assunto James, para que não parecesse mais suspeito. Mas assim que cheguei no meu escritório a primeira coisa que eu fiz foi pesquisar sobre ele e Daniela. Algo que eu tive medo de fazer até então e ver a aterradora verdade de que de novo eu havia me envolvido no meio na família dela e que de novo eu fui filha da puta de propósito.

As notícias da separação eram velhas, é claro. Um ano atrás, quando aconteceu de fato. Vasculhei os sites de fofoca buscando qualquer notícia, qualquer indício, por menor que fosse, de que poderia ter havido uma volta. Mas as notícias recentes que havia sobre ele, raras eram sobre sua vida pessoal. No máximo fotos do aniversário dele com um bolo simples e Salo no colo, e outra do aniversário da menina, ela fantasiada de princesa, muitos balões, decoração e um bolo enorme. Então James, que já era discreto antes da separação, havia se tornado mais discreto ainda após toda a confusão.

Claro, fazia total sentido que Daniela estivesse por perto, afinal eles tinham uma filha juntos e sempre seriam família. Então sim, tudo o que eu vi poderiam ter sido momentos esporádicos nos quais os três se encontravam e não momento esporádicos dos quais eu os encontrava.

Joguei o corpo contra o encosto na cadeira e bufei levando as mãos ao rosto. Aquilo mudava tudo.

Eu não havia me envolvido de novo com um cara casado. Não havia nada de errado do que fizemos, exceto é claro, TODO o resto. Mas isso significava que toda aquela culpa que senti durante aquela cena...

Suspirei pesadamente.

Significava que eu não era culpada. Mas também significava que eu era, porque eu transei com ele, mesmo achando que ele estava casado. Bom, é claro que era um problema muito mais para minha consciência do que para Deus ou qualquer entidade superior.

Olhei para as janelas, os campos verdes e a chuva fina caindo sobre eles, as árvores nuas como ossos escuros contra um céu pálido.

Meu Deus! Por que foi mesmo que pedi por emoção na minha vida?

          P.O.V Narrador

A risada dela soou nos seus ouvidos como se estivesse sentada ao seu lado. James tinha visto Mia desde que entrara com Leon no salão minutos mais cedo, a presença dela magnética a ele como dois imãs de lados opostos. Ele a encontraria em qualquer lugar, e foi-se o tempo que isso era uma coisa boa.

Sentado em sua mesa ele observou discretamente a forma que eles interagiam. Pareciam tão à vontade um perto do outro, falando e gesticulando muito, e rindo mais ainda. O que só confirmava as suspeitas do camisa onze sobre eles terem dormido juntos. Bom, a forma que se beijavam no terraço já deixava bem claro que desejo era o que não faltava entre eles e juntando as peças...pareceu bem obvio.

Na verdade, desde aquele dia ele percebeu o quanto os dois se aproximaram. Eles até cochichavam e riam entre si, como trocassem piadas internas, na mesa do refeitório do CT. Era visível, mesmo dela forma de se portar, a linguagem corporal dela...completamente solta na presença dele, com ele. Desarmada. Ela ficava assim quando eles dançavam, quando transavam, mas nunca além disso. Sempre tensa como as cordas de um violão que ele não podia tocar. Que ele jamais iria tocar.

James desviou o olhar e voltou a conversa com Coutinho e Muller. Mesmo assim sua mente ainda estava inundada por ela. Agora não era mais uma questão de querer, ele precisava esquecer Mia, de uma vez por todas. Precisava porque mesmo depois de não a esquecer enquanto ela ia se casar, na primeira oportunidade que teve, a tomou em seus braços, se entregou a ela como nunca tinha feito com nenhuma, então e tentou se declarar, e depois de ter levado não um, mas dois foras, ainda continuou tentado. Ele precisava a esquecer porque nunca se sentiu tão ridículo, tão idiota, tão bobo. Precisava porque se sentia assim e ela não sentia nada.

— James! — Ouviu a voz longe. — James! — Ele piscou abobado voltando a realidade com o meia e o atacante o olhando como se esperassem uma resposta.

O jogador sorriu.

— Desculpa, eu estava pensando em umas coisas.

Os colegas sorriram.

— To começando a achar que é algum problema psicológico. Já faz uma semana que está assim todo avoado — o mais velho estreitou os olhos, embora o tom fosse claramente cômico.

— Acho que ele bateu muito forte a cabeça naquele lance na semana passada — Coutinho balançou o indicador para ele, como se estivesse solucionando um mistério.

Rodríguez revirou os olhos.

— Ou é isso, ou tem mulher na história — Muller continuou e James percebeu que era hora de intervir.

— Ta seus manés, repitam logo a pergunta! — Disse sem paciência, mas bem-humorado.

...

Allianz Arena estava pintada de vermelho, vermelho sangue, vermelho bávaro. O jogo era contra o Leverkusen, uma das equipes mais competitivas da Bundesliga na temporada passada, e que estava indo muito bem nessa também, então não, aquele jogo não estava sendo fácil.

Retrucado, como se o objetivo fosse cansar os jogadores bávaros o time adversário buscava uma maior posse de bola na própria área e no meio de campo, fazendo o jogo ser tedioso e exigindo o dobro de atenção do Bayern. Era como se tivessem estudado o último jogo do time, e estavam fazendo o que o Ajax tentou fazer, mas de uma forma pior, porque os alemães conseguiam ser extremamente irritantes quando queriam.

A torcida silenciosa observava aos 30 minutos do primeiro tempo, o placar de zero a zero, os goleiros mal trabalhando. O banco tenso, Hans Flick e Benjamin acompanhavam tudo da beira do campo, olhos atentos, eles sabiam que os jogadores teriam que ter o máximo de atenção possível e sangue frio. Mas o jogo anterior já havia sido tão pesado, o técnico tinha confiança sim em Mia e sua equipe, mas o preocupava que os jogadores cansassem e o Leverkusen acabassem vencendo pelo cansaço. Tinha 3 alterações possíveis, as guardaria para o segundo tempo, depois do intervalo quando poderia avaliar os pontos mais fracos e substitui-los.

Mia sentada na segunda fileira do banco ao lado de Peter e Gerry, assistia ao jogo fazendo avaliações constantes sobre o desempenho de cada um em campo, sabia que no intervalo Hansi poderia precisar de um relatório, e provavelmente faria algumas alterações para preservar alguns jogadores e tentar furar a retranca do Leverkusen. Fora as vezes que levava sustos quando um ou outro jogador no Bayern era derrubado.

— Falta! Falta! — Gritava o banco, a torcida, gritava Hansi, mas raramente era marcado algo.

O clima no vestiário não estava no intervalo, jogadores sentados em seus brancos, camisas jogadas, a energia era densa embora não houvesse falatório. Era Hansi quem falava mais, no centro, mostrando exatamente sobre a tática que estavam usando e fazendo perguntas a jogadores específicos sobre suas posições e como sentiram o jogo dentro de campo.

— Eles não estão deixando a gente jogar. Já eram para ter levado vários cartões! A entrada que aquele idiota deu em Sané...qual é! Toda vez essa palhaçada — reclamava Gnabry visivelmente irritado.

— É sempre assim com a gente — resmungou Leon, este havia ficado no banco naquele dia.

Neuer respirou fundo, apoiado na parede.

— A gente precisa desfazer essa linha de 4 zagueiros deles — disse o goleiro.

— Na verdade são 6, os laterais estão trabalhando quase como defensores adiantados — James falou sentado no canto, os cotovelos apoiados nos joelhos, o torso inclinado para frente. Alguns dos outros assentiram, concordando.          

O meia havia suado muito naquela noite e especificamente por ter atuado como meia armador, sendo ele responsável por criar as jogadas a partir do meio de campo. E por isso fora ele um dos alvos de muitas das chegadas dos adversários. Seu uniforme todo sujo e as meias um pouco rasgadas eram a prova disso.        

 — Então a gente vai precisar de velocidade — Hansi disse e olhou para Mia, a fisioterapeuta já tinha passado a lista dos visivelmente mais exauridos e era a partir dali que ele faria as mudanças.

O técnico começou a falar sobre as alterações que faria, a maioria na área ofensiva e meio de campo, que sofreu mais naquele primeiro tempo.

— E Goreztka, você vai entrar no lugar do Rodríguez — anunciou e Leon assentiu.

O meia colombiano que estava trocando as meias ergueu a cabeça.

— Hansi eu to bem pra jogar — ele interveio e o técnico o fitou cético.

— James...

— Eu aguento — insistiu, se levantando já com um uniforme novinho.

Hansi suspirou pesadamente.

— Se você diz... — voltou o rosto para a prancheta. — Mas saiba que ao mínimo sinal irei substitui-lo — avisou, os olhos nas páginas diante de si.

James assentiu.

— Temos 20 minutos, vá para recuperação com Mia! — Mandou e o camisa onze inspirou fundo.

A doutora estava com Lewandowski e assim que concluiu, James substituiu o atacante na maca.

— Não faz isso — ela disse e ele a olhou um pouco surpreso, um pouco confuso. — Não volta pro campo hoje — havia um pedido suavemente implícito ali, mas James não percebeu. Aquilo, na verdade, só havia o deixado irritado.

— Agora você se importa? — Ele cortou e as palavras foram sugadas da boca da brasileira.

Ela pesou em mil coisas que poderia falar, mas nenhuma delas caberia aquele momento, na situação que estavam, então se calou, enrolou o short dele para o alto nas coxas e começou a massagem padrão.

...

O segundo tempo começou com mais energia. O Bayern decidido a quebrar a barreira do Leverkusen, decidido a ganhar. E obviamente o time adversário não resistiria tanto, não eram tão fortes para aguentar 90 minutos na defensiva impenetrável, falhariam uma hora. E era nessas falhas que os bávaros se aproveitariam.

— Cansem eles — disse Hansi no vestiário.

Tática reversa. Estava dando certo, a torcida havia se animado, e por volta dos 13 minutos já cantava, empurrando o time. Defensores apostos, meio de campo criando, atacantes atacando. Perfurar o bloqueio era o objetivo, e depois conseguir chegar ao gol e deslocar o goleiro.

James atuava como o maestro no meio do meio, seus olhos estudavam as brechas, as fraquezas, os caminhos e pensavam na melhor forma de chegar até o gol. Tudo em uma velocidade tão rápida que era como se uma voz sussurrasse em seu ouvido, um tipo de hiper consciência, ou talvez Deus..., mas o fato é que existiam muitas posições cansativas. O meia armador, no entanto, era uma das mais exigentes dela, precisava de rapidez, inteligencia, sagacidade, físico, pontaria, chute potente e um pouco de malicia para enganar o adversário.

E lá estava ele, criando as jogadas, triangulando, gesticulando, armando do seu ponto de vista privilegiado lá do meio. Ouvira o que o técnico pedira, e estava fazendo de tudo para cansar os leões em cada jogada. O time fazia dribles, fintas, trocas de lado, mantendo a posse de bola, brincando tanto quanto brincaram no primeiro tempo.

Dessa vez ficaram mais perto do gol, e tiveram mais chutes a gol em 15 minutos do que em todo o primeiro tempo. Mas infelizmente nenhum efetivo o suficiente para deixá-los a frente. Era um pouco frustrante, mas eles não desistiam.

Alphoso pegou o rebote de Neuer e disparou, chutando a bola para Kimmich que driblou um dos jogadores do Leverkusen jogando a bola para James mais adiante do campo. O camisa 11 disparou para o lado direito, o lateral adversário veio na sua direção, e um dos jogadores da defesa também, tentando o encurralar, irritado ele recuou e chutou com o calcanhar para Muller que deu uma recuada inicialmente tão inofensiva.

— Eles estão marcando ele — observou Hernandez do banco. — Já perceberam que as jogadas começam ali.

A jogada deu errado de novo, parando antes do gol no pé de um volante ágil. Mas eles continuaram tentando, de outras formas. E em várias dessas outras vezes o camisa onze se viu encurralado, ou fortemente marcado. Paciência, era necessário um nível alto de paciência para não explodir quando o número 5, Bakker, quase respirava no pescoço dele toda vez que pegava na bola.

— Vai cheirar sua mãe babaca — rosnou empurrando o jogador conforme se afastava.

Hansi se mexeu inquieto na beira do campo, sabia que James estava fazendo um bom trabalho, as excessivamente marcado não adiantava de nada.

— Calma! — Dizia ao jogador, abaixando e levantando a palma para abaixo.

Iria tirar ele...

Vinte e dois do segundo tempo, a torcida cantava alto, a jogada começou na grande área, mas teve que recuar para o meio para não perdessem a bola. Tudo planejado. O meia colombiano disparou pelo meio fugindo da lateral, e avançou pela área adversária. mas percebeu o quão obstruídos estavam todos os jogadores na grande área. Gnabry estava mais livre, com chance de gol e estava na lateral. Habilmente ele desviou dos marcadores que vieram à medida que seguia para a lateral.

 ...assim que aquela jogada fosse concluída.

Mas aí ele veio. Mitchel Bakker viu exatamente o que James queria fazer, viu que ele havia achado um ponto fraco na defesa do time e pior, viu que iria conseguir armar a jogada no gol. O lateral esquerdo disparou na direção do meia armador, as palavras do técnico gritando em seu ouvido:

 “— Marque James Rodríguez, eu quero ele desarticulado.”

Mia viu quando James corria pela lateral e viu quando o camisa 5 dos Leverkusen desembestou contra ele. Foi muito rápido, Bakker escorregou pela grama e o pé esticado atingiu a perna do meia, o desequilibrando. A bola rolando para fora do limite da linha.

A morena sentiu o coração hesitar e se levantou junto com o banco quando o número onze caiu. Por um momento ela achou que James tinha se machucado, todos a acharam. Tanto que houve um silêncio do estádio. Mas a situação piorou quando ele se levantou e furioso e empurrou o lateral loiro dos leões. Dali não conseguiram ouvir, mas pela expressão do rosto dele nada de bom estava saindo dos seus lábios.

— Seu filho da puta! Você vai pagar por isso! — Rosnou o meia dando um passo na direção do neerlandês.

— Quer bater em mim Rodríguez? Vai! Bate! — Incitou o loiro.

A torcida gritava, os reservas se agitavam.

 — Bate em mim como você bateu aquele arbitro! — Provocou e James inflou de raiva, totalmente cego, a adrenalina em seu sangue o deixando animal, porque aquela memória o atingiu mais do que um soco.

A morena viu os jogadores indo na direção da confusão. Hansi viu o arbitro correndo.

Merda! Merda! Merda!” — A mente de Mia gritava, e gritou ainda mais alto quando o arbitro se enfiou entre as equipes que tentava afastar os dois jogadores e 10 segundos depois levantou o cartão amarelo para cada um.

Mas aquilo não foi o pior. Ah, não. O juiz então levou a mão ao bolso traseiro do short preto e de lá tirou o cartão vermelho, esticando acima das cabeças dos jogadores, não para o lateral do Leverkusen, mas para o meia do Bayern.

A torcida bávara foi a loucura. Hansi começou a gritar na beira do campo, o banco seguiu para a borda da linha, reclamando também. O time em si já reclamava. Inconformado James tentou falar com o arbitro, mas Neuer segurou pelo braço, enquanto Muller ia conversar com o juiz conforme ele se afastava.

— Mas que merda! Eu não fiz nada carajo! Aquele imbecil que deu um carrinho em mim — rosnava o meia para Neuer e Kimmich, os dois jogadores tentando acalmá-lo. Sabiam que não adiantava nada, e que ele tinha que sair de campo imediatamente.

— Isso é ridículo! — Odriozola disse quase xingando, assim como a maioria dos jogadores a beira do campo.

          Hansi fez sinal para Muller pedindo que o arbitro fosse conversar com ele. Mesmo assim James precisava sair do campo, e os jogadores começaram a encaminhar Rodríguez para fora, como Ben, assistente técnico havia pedido para fazerem. Irritado o homem fez o que pediram, não queria prejudicar o time, mas odiava injustiça, odiava tê-los prejudicado sem querer.

Mia viu James passar pelo banco sem nem olhar para o lado, indo direto para o túnel. Quando olhou a diante percebeu que o jogo começava a se organizar, ao redor os reservas voltavam a se sentar nos bancos, mas a torcida ainda fazia barulho claramente irada com a expulsão do colombiano, ainda mais quando o que causou a falta voltaria ao jogo tranquilamente, quando Bayern tinha um jogador a menos.

Mesmo assim ela se sentou com os demais. No entanto enquanto o técnico e o assistente tentavam bolar uma estratégia para aquele jogador a menos não ter fatal ao jogo, ainda mais com mais de 30 minutos pela frente, ela só conseguia pensar no que estava acontecendo no vestiário.

Inquieta e indecisa, a fisioterapeuta ponderava sobre dois pensamentos que lhe vinham à cabeça naquele momento. O pé batucando no piso, o jogo retornando, a torcida fazendo barulho.

         

James andava de um lado para o outro do vestiário, aquela raiva ainda latejando pelo seu corpo, despertando seus sentidos, ardendo sob a pele, pulsando forte do seu peito. Pedira para Hansi deixá-lo jogar e agora o time estava em desvantagem em uma partida difícil, graças a ele. Graças ao seu temperamento.  Por que sempre era tão irracional? Por que sempre se descontrolava quando provocavam?

Culpa, ódio, irritação. Ele queria descontar tudo isso, mas agora estava ali, preso naquele vestiário, sendo obrigado a se acalmar, quando tudo parecia estar desabando. Quando tudo que ele tocava dava tão terrivelmente errado que parecia uma maldição.

De repente o barulho da porta o tirou de seus pensamentos coléricos. James estava pronto para dizer a quem quer que tivesse vindo perguntar que estava tudo bem, mas quem mergulhou daquele pequeno corredor não foi Ben, Thomas, Schlosser, Gerry ou Peter. Era ela.

O coração dele parou por um segundo no peito, tão surpreso que não soube o que falar conforme ela imergia para a luz do cômodo revestido por armários. Mas se esforçou para não parecer tão idiota, já não bastava toda a humilhação dos últimos dias.

— Diz ao Hansi que eu to bem, não precisava mandar ninguém vir me checar — disse o mais direto possível.

No entanto ela parou bem no meio, uns 2 metros de distância dele e sorriu.

— Ninguém me mandou aqui.

O jogador não esperava por aquilo, também não quis se deslumbrar demais. Mas antes que ele falasse algo a morena continuou:

 — E você não me parece bem.

O colombiano inspirou fundo e estreitou os olhos, pronto para retrucar, mas ela o interrompeu de novo:

— Na verdade... — Mia então levou uma das mãos a barra da camisa, puxando o tecido para cima e tirando aquela peça. O jogador perdeu as palavras. —...você me parece péssimo. — Ela prosseguiu deslizando os polegares para dentro do elástico da calça, a empurrando para baixo.

James piscou diante do corpo seminu da médica, de repente toda aquela energia explosiva da raiva transformada no mais puro e latente desejo, tão rápido quanto um piscar de olhos.

Ele apertou a mandíbula sentindo seu pau começar a apertar a cueca.

A poucos dias atrás ela estava com Leon. Ele a viu beijar Leon e imaginava que tinham dormido juntos. Ele não podia ser tão facilmente convencido. Ele não podia ficar excitado depois de ela ter deixado bem claro que não queria nada com ele. Não devia ser tão fraco.

— É, eu nunca saio de casa sem uma boa lingerie — ela deu de ombros sentindo o olhar do jogador percorrer nada polegada de seu corpo, inclusive a renda italiana vinho contrastando com a pele alva.

Mas ela começou a caminhar na direção dele, desfilando como uma gata na noite. Elegante, esguia e letal.

Não James! Lembre-se do que prometeu a si mesmo! Lembre-se que prometeu esquecê-la. Lembre-se de como ela o fez se sentir.”

— O que você ta fazendo? — Perguntou o meia, como se tentando despertar aquela Mia de volta nela, a Mia que o dispensou. Porque aquela não era a realidade.

Mas a morena sorriu de novo, tão felina e diabólica quanto poderia ser, deu o último passo, ficando a poucos centímetros de distância, e então olhou para baixo. O volume completamente marcado na bermuda.

— Bom, parece que seu amiguinho já sabe.

O meia atacante inspirou fundo, se punindo mentalmente por ser tão suscetível a ela, por não conseguir esconder o quanto a desejava, por mais que quisesse.

— Mia... — ele tentou argumentar, mas sentiu a mão dela.

A brasileira deslizou pela extensão coberta, ele estava tão duro quanto rocha e ela mal havia tocado nele.

— É assim que você diz não, James? — Indagou, massageando a região, o fazendo provar do próprio veneno.

O colombiano puxou o ar, a face se contraindo pelo latejar tão forte que o deixou zonzo.

— Se quiser que eu pare... — ela começou, a voz aveludada conforme esfregava e esfregava. — ...é só pedir — Mas o jogador, com o coração disparado, àquela altura já não conseguia pensar em mais nada que não fossem ela ali, tocando nele, vestindo aqueles pequenos pedaços de pano que chamava de lingerie.

Quando ele não se opôs ela entendeu o recado.

— Se senta — apontou com o queixo para o banco atrás dos dois.

James piscou um pouco inerte nos primeiros segundos, mas logo depois fez o que ela mandara.

Mia encarou aquele homem se sentando um pouco adiante, o corpo másculo e forte ainda coberto, as pernas relaxadamente abertas naquela costumeira prepotência masculina. O corpo da morena todo vibrou em uma resposta clara.

Ele a fitou enquanto ela caminhava e quando a médica parou diante dele, bem entre suas pernas...

          “Deus! Essa mulher...”

Então ela dobrou os joelhos e ali, perante ele, se ajoelhou. 

Rodríguez a acompanhou conforme ela descia, seu membro pulsando de puro desejo com a visão. Ainda mais quando ela o olhou nos olhos e delicadamente o empurrou para trás, até que as costas dele encostassem na parede. O meia inspirou fundo sentindo as mãozinhas dela descendo do peito até a barra da camisa, lentamente, e em seguida levantando o tecido.

Os olhos da brasileira cobriram cada palmo do abdômen malhado à medida que ele ia sendo revelado, mas não eram os olhos que ela queria passar ali. Mia se inclinou sobre o colo dele e com a boca despejou um beijo bem no meio entre o umbigo e a virilha. Um suspiro se desprendeu dos lábios dele, e o olhar dela se ergueu até o dele.

— Me deixa te fazer esquecer tudo — ela sussurrou, olhando nos olhos dele, mal sabendo que ele já havia esquecido até o próprio nome no momento que ela começou a tirar a própria roupa.

 James sentiu o coração acelerar, ele não se importava se estavam no vestiário e nem sequer se lembrava do jogo que acontecia logo acima. O risco só o deixava mais excitado, e a ter ali, o chupando. Quantas vezes ele sonhou com isso. O quanto desejou exatamente aquilo.  

— Por favor — a voz dele foi um sussurro necessitado contra a meia penumbra do vestiário.

O canto da boca da fisioterapeuta se curvou, as mãos dela desceram até a barra do short, se enroscando na boxer e ela puxou para baixo, revelando uma parte da virilha dele. Mia ergueu os olhos de novo enquanto beijava aquela região, passando a língua bem devagar em seguida.

O ar foi sugado entre os dentes do jogador, a cabeça dele tombando contra parede. Mia roçou o nariz por toda borda, puxando mais o short, e ele apenas ergueu um pouco o quadril para que ela se desfizesse daquela peça, mas ainda o deixado de boxer.

A morena desceu os olhos para a boxer branca, o tecido fino de algodão quase sendo rasgado pelo membro grosso do jogador. Seria tão fácil fazer ele gozar na situação que estava, mas ela não queria que fosse rápido.

James inspirou devagar, tentando se controlar conforme as mãos dela deslizaram pelas suas coxas, acariciando e despertando, exatamente como ela sabia que ele gostava. E enquanto uma das mãos permaneceu ali, a outra subiu e subiu...

O camisa onze inspirou fundo, apertando a mandíbula ao sentir a mão dela sobre si, apenas o tecido fino da cueca os separando.

Porra...” — Ele xingou assim que ela começou a brincar.

E ele estava tão quente, pulsava na mão dela, como se pedindo para sentir seus lábios, sua língua, implorando para ser engolido.

Mia adorava como ele se desarmava para ela, o seu desejo tão exposto que gritava pelos seus olhos, pelo cheiro, em seu corpo inteiro.

Mordendo o lábio inferior ela deslizou até a cabecinha e girou o polegar sobre ela, sentindo imediatamente uma leve humidade e ouvindo um xingamento, que foi abafado pelos lábios do moreno.

— Mia... — ele pediu, a voz sôfrega, as sobrancelhas comprimidas.

— O que você quer? — Provocou, descendo pelo comprimento e o massageando.

James mordeu o lábio, apertando os dentes antes de responder, sabendo exatamente que ela queria que ele falasse:

— Quero sentir sua boquinha — uma das mãos dele foi até o rosto dela, o polegar deslizando pelos lábios cheiros e rosados. — Tava morrendo de saudade dela — sussurrou, o peito subindo e descendo, o rosto dela na altura perfeita.

A médica sentiu o corpo todo vibrar, cada partícula dela desejando, em pura luxuria, aquele homem. Então ela piscou os olhos como uma bonequinha e lambeu o dedo dele, chupando todo.

— Assim? — Incitou ainda mordendo a pontinha no final.

O número onze queimava por dentro, tão necessitado dela que mal conseguia respirar, ainda mais quando ela o olhava daquele jeito, de baixo para cima.

Aqueles malditos olhos...aquela maldita boca...”

— Por favor Mia — suplicou com o folego que restava, suas bolas doendo pelo tanto que se segurava.

Satisfeita a mulher deslizou os dedos pela barra da boxer e então puxou a peça para baixo.

O membro do camisa 11 pulou para fora, batendo com um estalo contra a barriga dele, tão duro que as veias saltavam pela extensão, a cabeça rosada levemente húmida.

A boca da médica encheu de água, entre as pernas pulsando fortemente, como seu corpo confirmasse o quão ansiosa estava para senti-lo.

Ofegante o jogador a filmou, a forma que ela o olhava, os lábios entreabertos, os olhos levemente arregalados, mas havia um brilho...um lindo brilho felino naquele olhar. Ele pulsou apenas com aquela imagem.

O coração do colombiano disparou, e mais ainda mais quando ela se afundava e afundava mais.

Mia começou dar pequenos beijos nas coxas dele e James apertava a borda do banco a cada vez que ela subia e subia, até que...

— Minha boca sentiu sua falta também — sussurrou um segundo antes de deslizar os lábios da base ao topo do pau do jogador.

O toque, embora tão suave, levou o jogador ao céu. E quando ele olhou para baixo viu o exato instante em que a fisioterapeuta lambia o fio de pré-gozo que havia liberado. O meia não aguentou levando a mão a nuca dela, pressionando suavemente em um pedido silencioso por mais.

Mia ergueu os olhos, vendo o rosto dele, sua face agoniada de desejo, desejo que latejava bem diante dela. Assim, olhando naqueles olhos mel, ela o segurou pela base e lambeu todo o comprimento antes de enfiá-lo na boca.

James não conseguiu segurar, o gemido preso na garganta rolou para fora como um urro gutural. A cabeça tombando contra parede, os olhos se fechando conforme sentia aquela boquinha macia.

A morena se afastou e sorriu com puro deleite ao ouvi-lo gemer o seu nome, então ela sugou a cabecinha, girando a língua enquanto ele subia a mão dentre os cabelos dela, os dedos se entrelaçando, os olhos se abrindo para filmá-la.

E foi aí que Mia mostrou o quanto a maturidade a vez bem. A mulher afundou o rosto no colo dele, enfiando todo o comprimento dentro da boca, arrancando um palavrão da boca do colombiano no exato momento que ele sentiu sua garganta.

Ela quis sorrir com a surpresa dele, mas sua boca estava bem ocupada. Foi assim que começou os movimentos, indo e vindo fundo.

A visão dela o engolindo por inteiro, chupando seu comprimento como se fosse um pirulito, nem rápido, nem lento demais, no ritmo perfeito, com a bunda arrebitada e aqueles olhos...quando ela o olhava parecia que ele ia explodir.

Aquela era a porra do paraíso!

— Oh Mia... — ele gemeu, segurando mais firmemente os cabelos dela, a sentindo comprimir os lábios contra ele, a língua deslizar deliciosamente, a garganta o apertando. — Puta merda! — Ele levou a mão livre ao rosto, seu corpo todo respondendo a ela tão rápido.

Ele queria se controlar, mas conseguia. Já estava ébrio.  

Inferno! Nenhuma mulher o deixou assim tão rápido. Queria que durasse, queria aproveitar mais ela. Não podia gozar. Não agora.

Mas antes que ele pudesse falar qualquer coisa a fisioterapeuta o tirou a boca, continuando os movimentos com a mão, agora um pouco mais devagar.

— Relaxa, eu sei o que eu to fazendo — ela disse e, ofegante, ele respondeu:

— Com certeza sabe.

A morena sorriu e abaixou mais. James a observou um pouco tenso conforme ela descia, mas no momento que língua tocou suas bolas raios de prazer dispararam pelo seu corpo. Ele puxou o ar entre dentes, mordendo o lábio em seguida pra conter o rugido conforme ela se dedicava aquela parte, tão comumente esquecida, do corpo.

Ela realmente sabia o que estava fazendo.” — Pensou.

Mia lambeu as bolas dele, dando pequenas sugadas que faziam o jogador inspirar profundamente, como se tentasse se controlar. A mão permaneceu no pau dele, o ajudando a prolongar as sensações conforme ela brincava. E a brasileira estava amando cada momento daquilo, principalmente a erupção visivelmente contida dentro dele. Ela então subiu a língua de volta para cima, lambendo e chupando a extinção como quem saboreia um picolé, passando a língua lentamente com os olhos fixos dos dele.

A cena dele ali, tão imponentemente sentado, como um macho dominante, a deixava tão molhada, ainda mais quando ela sabia que ele, na verdade, estava na palma de suas mãos. E assim ela fazia, chupando até o fim, largando, lambendo do topo às bolas, então chupando de novo, o fazendo ficar sempre no limiar do orgasmo até que uma hora o corpo dele começou a dar sinais claros de que não conseguia mais se controlar.

— Mia...— ele tentou, tremulo, ofegante, o rosto contorcido e sôfrego, a mão na nuca dela a puxando para cima, para que sentasse nele.

— Não — ela sussurrou contra ele, seus lábios já vermelhos e húmidos pela lubrificação roçando na cabeça igualmente vermelha e húmida.

Ele apertou a mandíbula, que de tão rija parecia prestes a se quebrar, a respiração tão forte que ecoava por todo o cômodo.

— Eu quero gozar em você, por favor — suplicou, digno de pena.

— Não quero que goze — não era um pedido, ela beijou a glande dele e o jogador puxou ar apertando a cabeça contra a parede.

— Não faz isso comigo, amor, por favor — pediu quase em delírio, o corpo todo eletrizado, cada toque dela era uma onda que o jogava contra a parede repetidas vezes.

— Sh... — ela lambeu de novo a extensão, feliz ao vê-lo tão necessitado. — Só quando eu deixar.

E não esperou uma resposta. A médica o colocou de novo na boca e dessa vez ela não se poupou, não o poupou. Ela ia e vinha como se fosse incansável e insaciável, o tomando mais, mais e mais, se deliciando com o sabor da pele lambuzada, com a rijeza pulsante.

James agarrava-se o banco, ao fio fino de racionalidade que ainda pendia em um canto esmo, tentando, com todas suas forças obedecer. Tentando, mesmo, conter aquela avalanche sob sua pele. E ele tremia, espasmos o atingindo a cada segundo, o pau latejando tão forte que a cada pulsada ficava mais zonzo e o saco...estava pesado de tão cheio.

—  Mi amor... — ele tentou suplicar de novo, agarrando os cabelos dela com mais força que o normal, sem conseguir se conter.

Mia propositalmente gemeu, e o som reverberou por todo o pau dele até o saco.

A visão do jogador escureceu e seu corpo tensionou forte.

— Mia p-por...por favor...

A brasileira ergueu os olhos para ele, aquele homem tão másculo, tão refém, e o encarando pressionou a palma contra o saco dele. Foi o estopim. Uma avalancha atingiu o camisa onze tão forte, o revirando tantas vezes que ele urrou alto, sequer se lembrando de onde estavam, mas olhando bem nos olhos dela ao se liberar.

— Amor... — ofegou ao a ver se afastar e o masturbar enquanto os jatos brancos espirravam na língua dela, na boca dela.

Se melhor sexo da sua vida foi em um escritório no CT. O melhor boquete, certamente, tinha que ser no vestiário.

Ofegante James levou alguns segundos para voltar a realidade, porque Mia, ali, ajoelhada entre suas pernas, com o a boca melada com sua porra... parecia um delírio.

Ainda mais depois daqueles últimos dias, de tudo o que aconteceu na festa, de tudo o que viu no CT.

Sua vontade era de beijá-la e fazê-la dele ali mesmo, no chão, nos bancos, contra os armários, no chuveiro. Mas ele precisava entender. Ele precisava saber por que ela voltou atrás, e ele precisava saber que aquela não era mais uma das últimas vezes.

 — O que é isso Mia? O que que ta acontecendo entre a gente? 

"Afinal por que ela voltaria atrás se não sente nada? Por que ela faria isso tudo se não se importa comigo?"


Notas Finais


Eai??? O que acharam?? O que será que a Mia vai responder pra ele agora que ela sabe que Daniela não esta mais na jogada? Teremos Jamia de volta? Ou será que vai dar Leon e Mia? Teorias? Desgostos? Gostos? Quero saber de TUDO!
Besitos bbs, até o próximo.


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