História I love you, too, Will. Love you so much! - Único;

— Mike?

— Oi Will. - O menino que procurava por algum filme interessante na gaveta da estante da sala se virou com um pequeno sorriso logo voltando seu olhar aos DVDs. -

— Eu queria... Ehr... - Will mexia nas suas mãos meio desconfortável pelo assunto que iria começar. - Perguntar uma coisa.

— Pode... Perguntar. - Disse com certa dificuldade por estar quase entrando dentro do armário. - O que acha desse? Pode ser? - Perguntou mostrando o DVD na sua mão. Will assentiu com a cabeça e Mike foi até ele. -

— Mas primeiro pode falar. O que você queria perguntar? - Ele sentou em cima de sua própria perna ao lado do menino. -

— ... N-não, nada não. Ehr, deixa pra lá. - Deu uma risada nervosa, deixando Mike mais curioso. -

— Não, pode falar. O que era?

— É que... - Ele desviou o olhar para as mãos novamente. - Promete que não vai rir de mim? - Perguntou fazendo Mike dar uma pequena risadinha. -

— Eu nunca riria de você. - Disse bagunçando os cabelos do menor que ficou levemente corado. - Vai, fala, tá me deixando curioso.

— É que eu... Eu... Eu tô gostando de alguém. - Ele finalmente levantou a cabeça olhando para Mike que estava com a boca levemente aberta e de olhos arregalados, estava bem surpreso. Will gostando de alguém? Nossa, que... Estranho. -

— ... A-ah. - Ele disse antes de dar uma curta risadinha soprada. - Sério?

— É-e, sim. E... e eu... Eu queria saber como... Sabe? Como... - Ele engoliu em seco e pigarreou antes de continuar. - Beija. - A palavra saiu tão baixa e rápida, que achou que Mike não fosse ouvir, mas ao escutar o amigo começar o tossir, já sabia que, sim, ele tinha ouvido. -

Mike arregalou os olhos mais ainda e se engasgou com sua própria saliva, logo começando a tossir, deixando Will ainda mais envergonhado.

— É-e que eu nunca beijei ninguém, e nem nunca gostei de alguém. - Ele se atrapalhava nas palavras enquanto Mike ainda tossia. - Deixa pra lá, esquece. - Levantou do sofá indo até a cozinha. -

— Não, espera. - Mike foi atrás dele e segurou seu pulso. - Quem é?

— O quê?

— A pessoa... Quem é? - Will engoliu em seco novamente. Mas que ideia de girico, era óbvio que Mike iria querer saber quem era, e a última coisa que ele poderia dizer era: "Ah, você!" -

— E-eu não posso dizer.

— Eu conheço?

— ... Não...

— E você quer... É... Pedir ela em namoro ou... Só beijar? - Arqueou a sobrancelha esperando a resposta do menino, que com certeza, o faria queimar mais por dentro do que já estava queimando. -

— Eu... Eu não sei. - Will ficou meio incomodado pelo fato de ele ter dito "Ela". - Acho que... Beijar. - O estômago de Mike pareceu se revirar inteiro só de imaginar a cena de Will beijando qualquer uma por aí. Sabia que era errado, mas a única coisa que queria fazer agora era descobrir quem era a menina e inventar alguma história para Will não ter mais interesses nela, depois procurar a garota e manda-la para o outro lado do mundo. Ao perceber seus pensamentos, viu que estava sendo bem exagerado, isso tudo eram ciúmes? A questão é que, nunca imaginou Will nem se quer gostando de alguém, quanto mais beijando. -

— Então não gosta dela! - Ele cruzou os braços e foi até a cozinha. Will franziu o cenho confuso pela reação de Mike. -

— Por que não?

— Se só quer beijar é porque não gosta dela de verdade! - Ele abria o armário pegando um copo calmamente, nem ao menos estava se ouvindo. - Nem namoram ainda pra você sair beijando assim.

— Então... Eu preciso pedir ela em namoro pra depois beijar? - E de novo, o estômago de Mike se revirou todo. Will namorando alguém? Ai como isso era estranho, sabia que tinha que ficar feliz pelo amigo, não tentar atrapalhar, mas não conseguia, seu ciúme falava mais alto. -

— Você não precisa pedir ela em namoro, Will. - Isso deixou Will ainda mais confuso, Mike dizia uma coisa e depois dizia outra totalmente diferente. -

— Então...

— Deve ser só uma paixãozinha passageira, já já você esquece. - Ele bebeu a água deixando o copo em cima da pia, parecia nem se importar, e seu "conselho" nem ao menos fez sentido para Byers, já estava com essa "paixãozinha" pelo Wheeler à dois anos e até agora não passou. Nenhum de seus planos mirabolantes para se afastar de Mike e esquecer isso de vez funcionaram, e com a sua mudança para indianápolis isso só piorou, ficou ainda mais apaixonado ao ver Mike novamente depois de meses e agora que voltou para Hawkins percebeu que não ia se livrar disso tão cedo. -

— Por que está me falando isso? - Ele foi até Mike que o olhava sério. -

— Isso o quê?

— Você não deveria me ajudar? É meu amigo, não é?

— E é por isso que eu estou te dizendo isso. Você não está pronto para uma decepção amorosa! - Isso ofendeu um pouco Will, se Mike soubesse o quanto ele já tinha sofrido com uma decepção amorosa, não estaria falando isso. E ele o achava fraco assim? Achava que não tinha nenhuma chance de "a menina", que Will dizia gostar, o aceitar? -

— Eu não sou nenhum bebê para você me dizer o que fazer!

— Você pediu minha ajuda não pediu? Eu estou falando a verdade, você só vai se machucar e eu não quero ver você chorando por culpa de uma Va-... Menina qualquer.

— Então você está dizendo que eu não tenho chances de conseguir uma namorada?

— Não é isso Will...

— Tá bom, você tem razão. Quem ia querer namorar um estranho que nem eu, não é? - Ele deu as costas para Mike e voltou para a sala, se ajoelhando na frente da televisão. -

— Não foi isso que eu quiz dizer, Will. - Ele foi até a sala. - E você não é estranho!

— Sou sim! Você mais do que ninguém sabe disso. Deve ser por isso que tem tanta certeza assim de que eu não conseguiria uma namorada. - Ele dizia ainda de costas para Mike colocando o filme na TV. -

— Eu não disse que você não conseguiria uma namorada. Só falei que você não estava pronto pra se apaixonar.

— A é? - Ele deixou o filme de lado e se levantou, virando para Mike. - E por quê? Você me acha fraco assim, Mike? Na sua cabeça eu não teria nenhuma probabilidade de dar certo com alguém, não é?

— Will...

— Eu passei aquele ano todo vendo você e o Lucas beijarem suas namoradas enquanto eu e o Dustin só olhava-mos e ficávamos servindo de vela para iluminar vocês. - Seu tom soava meio ácido, ele se aproximava de Mike que dava passos lentos para trás assustado com o repentino surto de raiva do amigo. Parabéns Mike, com seus ciúmes você conseguiu estressar Will, a pessoa mais calma da terra. - Daí depois o Dustin vai embora e eu fico sozinho com os bobos apaixonados que fizeram o favor de me esquecer, e quando finalmente ele volta para a minha salvação, vem com uma história de que também tinha uma namorada, e há que legal, - Levantou as mãos parando de andar. - Eu ainda não tinha. E quando finalmente eu começo a gostar de alguém, você que poderia me apoiar já que é o meu Melhor amigo, fica aí dizendo que eu só ia me machucar e que eu não sou forte o suficiente para quebrar o meu coração. - Seus olhos agora estavam se enchendo de lágrimas e ele aumentava a voz cada vez mais, deixando Mike ainda mais surpreso. - Mas olha, mais uma coisa que talvez você não saiba... ele já está quebrado! - Os dois ficaram em silêncio por exatos três segundos até Mike em um tom extremamente baixo falar alguma coisa. -

— O-o quê? - Sua voz saiu falha, seus olhos agora estavam quase iguais aos de Will, mas não pelo mesmo motivo, odiava brigar com Will, não sabia que chegaria a esse ponto. -

O Byers só comprimiu os lábios cerrando os olhos com um olhar que dizia "Pois é!".

— Will... - Mike colocou a mão delicadamente em seu rosto. -

— Esquece o que eu falei, não é verdade! - Ele desviou da mão do amigo e foi até a porta. -

— Will, volta aqui. Me fala por favor. - Mike correu atrás dele e segurou seu braço. -

— Você não quer saber, Mike. Não quer mesmo!

— Eu sou seu amigo. De verdade, me fala.

— Não, vai estragar tudo. - Ele abaixou a cabeça deixando uma lágrima cair. -

— Will... Eu posso te ajudar. Lembra? Eu terminei com a On, também estava doendo, mas passou. - Ele segurou o rosto do menor novamente, estavam tão próximos, uma das mãos de Mike estavam no ombro de Will e a outra no rosto, fazendo com que o outro o olhasse nos olhos. - Me conta, por favor.

O menor só ficou em silêncio olhando as orbes castanhas de Mike, enquanto seus olhos verdes se enchiam de lágrimas ainda mais. Estava decidido, ia fazer isso agora, não aguentava mais guardar isso dentro de si por tanto tempo.

— Por que faz isso comigo, Mike? - Perguntou baixo deixando suas lágrimas caírem descontroladamente. -

— Isso o quê?

— Você ainda não percebeu? É tão cego assim? - Ele tentava conter as lágrimas mas elas ainda saiam sem controle algum. -

— Quê? Por quê?

— Quer saber quem quebrou meu coração, Mike? Você quer mesmo saber? - Mike o olhava confuso, o que não sabia que deveria saber? Por que tinha que ser tão lerdo? -

— Foi você! - Sua voz saiu falha, Mike só franziu as sobrancelhas com a boca levemente aberta. Por que ele? Tinha magoado ele tanto assim? Quando? Como? - Você quebrou meu coração! - Ele parou por alguns segundos encarando o outro. - Porque eu gosto de você, Mike! Ainda não percebeu? Eu te amo! - Ele disse quase gritando antes de sair correndo para fora da casa deixando o amigo paralisado com os olhos cheios de lágrimas e completamente sem reação. -

Como assim Will gostava dele? Não estava dizendo agora a pouco que queria uma namorada? Então ela era realmente gay? Eram tantas dúvidas na cabeça do garoto, só queria ir pra casa e tomar um banho para tentar esfriar a cabeça e depois chorar com a cara enfiada no travesseiro. -

Passou as mãos pelo cabelo ainda nervoso. Por que Will estava perguntando tanto sobre como arranjar uma namorada ou como beijar se ele gostava de Mike? A quanto tempo ele sentia isso? Por que não contou antes? Será que já gostava dele quando Mike começou a namorar Onze? Eram tantas perguntas para serem respondidas, será que Will achava que ele não iria mais querer ser seu amigo se soubesse disso? E a mais confusa de todas, por que Mike gostou de saber disso? Por que estava feliz pelo fato de saber que agora não precisaria sentir ciúmes já que o Byers gostava dele e não de outra garota qualquer? Se sentia mal por achar isso, mas não conseguia não se sentir feliz.

Saiu da casa dos Byers e pegou a sua bicicleta rapidamente. Para onde Will iria sem o castelo Byers? Mesmo sabendo que não teria sentido algum o menino ir para onde estavam agora os destroços do antigo forte, ele foi ao lugar onde antes era o lugar de refúgio onde Will ia sempre que estava triste, mas ele não estava lá, como esperado. Passou na casa de Lucas que estava junto de Max, mas de novo, nada. Na casa de Dustin ele também não estava, e já que On tinha saído com Joyce, nem fazia sentido passar na casa da menina.

Procurou o amigo por quase Hawkins inteira, estava começando a ficar preocupado, e se acabasse se perdendo novamente? Ou se machucando? Resolveu ir no único local que Hawkins que ainda não tinha ido, tinha quase certeza de que ele não estaria lá, mas foi mesmo assim.

Ao chegar na pedreira viu alguém sentado ao lado de algumas rochas, nossa, no lugar menos esperado.
Se aproximou devagar do menino que estava abraçando as pernas com o rosto escondido nos joelhos. Estava soluçando de tanto chorar, o lugar onde estava deixou Mike com um frio na barriga, tinham tantos outros lugares para ir, por que logo um que ele poderia morrer se caísse de lá? Will não faria isso...Faria?

— Will? - Chamou baixinho se ajoelhando ao lado do menino que depois de alguns segundos levantou a cabeça devagar. - Tudo bem? - O menino assentiu com a cabeça devagar e desviou o olhar rapidamente para o lado. - Sabe... Aqui não é um dos melhores lugares para se vir no inverno. Não está com frio?

— ... Não... - Seu tom saiu extremamente baixo, ainda olhando para o lado, sem nenhum contato visual com o amigo, que suspirou antes de continuar. -

— O que você disse... É verdade?

— N-não. - Ele passou a mão no nariz. - Esquece isso Mike.

— Esquecer o quê? Que o meu melhor amigo me ama? - Ele sorriu e Will o olhou confuso, então ele não tinha entendido que ele o amava de outro jeito? Que não era como amigo? -

— É-e... Então....?

— Não, eu entendi sim o que você quiz dizer. - Ele se sentou ao lado dele olhando para as mãos. - Por que não me contou antes?

— ... Eu não queria perder a sua amizade, Mike. - Seus olhos se encheram de lágrimas novamente. - M-me desculpa, por favor.

— Pelo quê?

— Por gostar de você, logo de você. Por favor não deixe de ser meu amigo. - E de novo, lá estava ele sem conseguir conter as lágrimas que saiam sem controle. -

— Eu não vou deixar de ser seu amigo, e não precisa pedir desculpas. Eu que tenho que pedir desculpas.

— Pelo quê? - Ele tentava enxugar as lágrimas, mas as mesmas ainda insistiam em cair. -

— Por... - Ele suspirou. - Por não ter respondido suas perguntas e ter dito que você não era forte o suficiente pra aguentar alguma decepção amorosa. - Ele parou e virou o rosto para Will que olhava para o chão. - Você é a pessoa mais forte que eu conheço sabia? - O garoto olhou para ele com uma cara que dizia "Fala sério, que mentira.". - Sério! Olha tudo o que você já passou. Você sobreviveu sozinho no mundo invertido, Will! Sozinho! No mundo invertido. Conseguiu ser forte o suficiente para aguentar um mostro dentro de você, teve que aturar todas aquelas visões enquanto era zoado na escola por várias coisas que sempre te magoaram. Depois teve que passar por tudo isso de novo, mas ainda assim, depois de todos esses traumas... sempre está com um sorriso no rosto, mesmo que muitas das vezes fosse falso só para não nos preocupar, porque você sempre coloca a felicidade dos outros em cima da sua não é? - Ele olhou para o menor que encarava o chão ainda segurando as pernas. -

— Vai ver seja por isso que eu estivesse com tantos ciúmes de imaginar você beijando ou namorando alguém. Acho que eu estava com medo de perder você... De você me esquecer.

— Hã, - Ele deu uma risadinha sem ânimo. - O que é um baita egoísmo da minha parte já que eu fiz a mesma coisa com você, não foi? - Ele parou o olhando antes de continuar. - Eu fui o maior babaca, me desculpa Will. - Ele tirou uma das mãos da perna do baixinho e a segurou olhando para ele que ainda mantinha o olhar no chão. - Você me perdoa? - Ele encarava fixamente o garoto que devagar levantou a cabeça para encarar o mais alto. -

— Claro... - Respondeu baixinho com a voz ainda falha. Mike sorriu fazendo Will dar um sorriso ladino e virar o rosto para a frente de novo. -

— Promete que vai me contar da próxima vez que sentir alguma coisa desse tipo?

— Pra quê? Pra ser zoado por todo mundo que nem eu era antes? Pra você dizer que não gosta de mim? Eu não deveria ter falado aquilo, só esquece, tá bom... Já passou. - Ele soltou a mão do amigo voltando a segurar os joelhos. -

— Então você deixou de gostar de mim em uma hora? - Mike queria rir do jeito que Will tentava esconder que o amava mesmo depois de ter revelado seu próprio segredo. Mas ao mesmo tempo sentia pena dele por ter tido que aguentar isso por tanto tempo. -

— Sim...não, Argh, sim. - Mike riu de como ele realmente não queria admitir mesmo depois de já ter admitido. -

— Eu também te amo, Will. Te amo muito! - Essas únicas palavras fizeram o Byers quase ter um infarto ali mesmo. Seu coração ficou tão acelerado que pareceu quase sair pela boca, parecia ter tomado um susto de tanto que seu corpo gelou. Estava tão vermelho, mas fez o máximo para não demonstrar essa felicidade toda para o menino ao seu lado, não queria se iludir, Mike poderia só estar dizendo que o amava como amigo, não do jeito que ele queria. Mas ainda assim deixou escapar um pequeno sorrisinho, que não passou despercebido por Mike. Que deu um sorriso fechado também. -

Os dois ficaram lá em silêncio olhando o lago e o céu. Era tão bonito, logo começaria o pôr do sol, e ao mesmo tempo que Will queria correr dali, ele queria ficar lá com Mike, a presença dele era tão boa, nem precisavam falar nada, só com o silêncio já estava perfeito, a presença um do outro já servia.

Will olhava para o lago e o céu, mas Mike olhava para ele. Como nunca percebeu o quão bonito era seu melhor amigo? Como nunca percebeu que o amava? Tudo em Will era praticamente perfeito, pelo menos aos olhos de Mike. Os olhos verdes sempre brilhantes brilhavam mais ainda quando o sol batia em seu rosto. Sua pele tão branquinha e macia, parecia a de um anjinho, sendo pincelada apenas com um tom rosado em suas bochechas, assim como seus lábios vermelhinhos. Queria poder toca-los, saber o gosto que tinham.

— Will? - Chamou o menino que virou o rosto para encarar suas orbes castanhas. O cabelo voando por conta do vento, os olhos brilhantes sendo apertados por conta do sol. Era simplesmente lindo. -

Mike se aproximou rapidamente e depositou um selinho em seus lábios. Foi tudo tão rápido, Will nem teve tempo para raciocinar o que tinha acontecido. Só arregalou os olhos surpreso e Mike sorriu para ele, o sorriso mais lindo do mundo. Os cabelos negros voando assim como os de Will, as sardas sendo iluminadas pelo sol, juntamente de seus olhos, tão lindos que agora brilhavam mais que tudo.

Mike levou sua mão até o rosto do menor, afastando delicadamente sua franja para o lado, a impedindo de cair em seus lindos olhinhos, logo a descendo para a bochecha do mesmo. Os dois se aproximaram devagar, os corações acelerados, as respirações ofegantes já se misturando.

— Você é a pessoa mais especial para mim no mundo, sabia? - Mike sussurrou, os lábios roçando nos do menor, os olhos fechados só sentindo a sensação da respiração um do outro tão perto, o calor, se misturando. Mas precisavam de mais, muito mais. -

E em fim selaram seus lábios um no outro. Fogos pareceram explodir dentro de Byers, tudo dentro de si parecia dizer: "Finalmente", começando por seu coração que parecia estar fazendo uma festa de tão rápido de batia. O de Mike com certeza não era diferente, nunca pensou que sentiria isso, não pelo seu melhor amigo, nunca imaginou que estaria beijando Will.

Depois de cinco segundos Mike abriu os lábios, Will mesmo ainda totalmente envergonhado levou uma das mãos até a bochecha do maior, pousado a outra na sua nuca em seus fios de cabelo.
Era tudo muito tímido, desengonçado e lento, mas bom, transmitia amor, paixão, era um desengonçado que de alguma forma agia em sincronia.

O primeiro beijo de Will, um dos muitos beijos de Mike. Mas, não era só mais um, era diferente! Nunca sentira nada daquilo em um beijo com Jane, agora, estava beijando Will, seu melhor amigo, seu mais novo amor.

Mesmo com quinze anos, pareciam crianças de doze, em um beijo doce e inocente, tão especial como quanto o primeiro beijo da vida de uma pequena garotinha romântica, calmo e delicado. Mike sabia que aquele era o primeiro beijo de Will, então sabia que tinha que ir com calma. Mas, isso não era um defeito no beijo, não o deixava ruim ou sem graça, pelo contrário, era bom, como já disse: O tornava ainda mais especial. Único.

Depois de alguns minutos, talvez segundos, era difícil saber a hora quando tudo a sua volta parecia desaparecer. Will começara a colocar em sua cabeça que aquilo era errado, que não deviam fazer aquilo, amigos não podiam, se beijar. Garotos não deviam, se beijar.
Descolou os lábios bruscamente, fazendo com que um pequeno estalo ecoasse pelo local. O ato fez com que Mike se assustasse, o olhando confuso enquanto Will só o encarava ofegante e um tanto quanto, assustado.

— O que foi? - Questionou vendo o amigo desviar o olhar. Mike não queria ter separado o beijo, não agora. Para ele estava bom, muito bom, mas será que Will estava sentindo o mesmo? Será que para ele estava tão bom assim? -

— Não devíamos fazer isso, Mike. - Murmurou friamente encarando o chão. -

— Por que não?

— ... É errado! - Foi a última coisa que disse antes de se levantar, deixando Mike virado para o nada, nada além de um enorme penhasco. Mas antes que o garoto desse mais passo, o Wheeler se levantou, logo segurando seu pulso. -

— Espera. Por que é errado? Você gosta de mim... Não gosta? - Will desviou o olhar para o chão, queria tanto que a resposta para aquela pergunta fosse "Não". - E eu gosto de você!

— Você não gosta de mim! - Interrompeu o amigo. -

— Gosto. Gosto sim... e muito! Você sabe!

— Então quer dizer que do nada você começou a gostar de mim?! Deixou de ser hétero?! - Agora foi a vez de Mike suspirar desviando o olhar. Não sabia como responder aquilo. Não começara a gostar de Will agora, sabia disso, sempre sentira amor demais pelo baixinho, talvez agora, todo esse amor, tenha se transformado em paixão. - Você só está confuso, Mike. Só porque eu disse que te amava, não quer dizer que me ame também... - Suspirou com os olhar cabisbaixo. - Não desse jeito. E... E não precisa fingir. Não precisa fingir que também gosta de mim-- Mike cortou sua frase. -

— Não estou fingindo! Eu te amo, de verdade! Sempre amei. Mas agora eu percebi que também te amo de outro jeito... Não só como amigos. - Segurou as mãozinhas frias do pequeno, delicadamente. - Então... Já que nós dois sentimos o mesmo... Não tem nada de errado em nos beijarmos.

— Tem, Mike. Tem sim! Somos dois garotos! Garotos não se beijam! - Agora sim, Mike entendeu o porquê de todo aquele alarde. Sabia que isso tinha perseguido Will por toda a vida, sabia o tanto que tinha sofrido com isso e entendia. Toda aquela pressão de seu pai colocada em cima de uma criança de apenas seis anos, não podia fazer bem, e não fez. Cá está Will, traumatizado mais uma vez, traumatizado pelas imposições da sociedade. -

— Will... - Soltou uma das mãos do garoto para poder tocar seu rosto novamente. - Eu sei que você já sofreu muito com as pessoas te julgando por não gostar de garotas...

— Eu nunca afirmei nada!

— Eu sei, e por isso as pessoas são más. Julgam os outros por zero motivos, impondo padrões desnecessários... - Largou a mão do amigo, tirando a outra do seu rosto e segurando seus ombros. - Padrões que você não precisa seguir. Padrões que Nós - Apontou para o meio entre os dois rapidamente. - não precisamos seguir.

— Mike... Se meus pais descobrirem isso... - Suspirou balançando a cabeça. -

— Seu pai está longe agora. E tenho certeza de que Tia Joyce não vai se importar. - O garoto suspirou. -

— Mas seus pais vão!

— Não precisamos contar a eles.

— Contar o quê? Que gostamos um do outro?! Que isso aconteceu?!

— É! Ninguém precisa saber. - Will parou observando as orbes negras de Mike, não mais iluminadas pelo sol, que já acabara de se pôr, dando espaço para o brilho das estrelas e da lua, linda e visível de onde estavam. Agora, suas sardas se misturavam com as brilhantes constelações que apareciam traçando o céu. Era tão lindo, isso fez Will dar um sorrisinho e desviar o olhar envergonhado. -

— Isso é estranho, sabia?

— O quê? - Mike questionou admirando o sorriso envergonhado do pequeno e colocando uma mecha de seus fios lisos para atrás de sua orelha. -

— Você me tratando assim em vez da On... Beijar meu melhor amigo... - Mike sorriu segurando seu queixo e dando um beijinho em sua bochecha. Seus lábios eram tão macios, Will fechou os olhinhos sentindo aquela sensação maravilhosa. Logo o garoto se afastou, ainda segurando o seu queixo e próximo demais de seu rosto, os olhares cruzados, admirando as estrelas cintilantes dentro de cada um deles. -

— Acho que podemos nos acostumar... O que acha? - Sussurrou sentindo a respiração quente e serena de Will bater contra seu rosto. -

— Acho que essa não é uma má ideia... - Foi a última coisa que disse antes de fechar os olhos juntando os lábios com os de Mike novamente. -

E assim ficaram por todo o início daquela noite de inverno. Fria, porém quente, pois seus corações estavam quentinhos, aquecidos pela chama do amor, a chama da paixão. A cada vez que seus corpos se juntavam a cada beijo, a cada vez que suas mãos eram entrelaçadas, a cada vez que seus dedos se afundavam mais e mais dentre os fios de cabelo um do outro. Cada vez mais que passavam a ser um só, e não mais dois. Aquilo os fazia conhecer: O amor. A paixão.