“Você me deixa doente
Porque eu te adoro tanto
Eu amo todos os truques sujos
E os joguinhos perturbadores que você explora
Em mim
Demência espacial nos seus olhos e
A paz surgirá
E nos separará"
E ficaremos sem sentido novamente”
Muse – Space Dementia
O verão havia iniciado e dias quentes davam vez a noites castigadas por fortes chuvas torrenciais como a que fustigava as janelas da casa dos Uzumaki.
A mesa estava posta, e o cheiro de terra molhada enchia a sala assim como o agradável frescor proporcionado pela tempestade.
Naruto e Minato conversavam animadamente e Kushina, num comportamento atípico, remexia a comida em seu prato e volta e meia, lançava olhares furtivos a Hinata.
A morena se sentia mais vazia de significado do que de costume e a espessa neblina que só ela parecia sentir, cobria todo seu corpo tornando todo e cada movimento exaustivo, uma respiração, uma mudança na expressão facial. Era como se aquela atmosfera de felicidade e normalidade da família Uzumaki tentasse expulsar a presença de Hinata, forçando-a a lutar para continuar a existir, de forma que o delicado equilíbrio do seu mundo interior era facilmente abalado.
– Hinata-san? – seu universo foi perturbado, era como se pudesse sentir as ondas sonoras das palavras de Kushina a atingindo violentamente, levanta o olhar do prato e dirigi-lo a ruiva exigiu uma força descomunal.
Kushina sorriu docemente ao sentir que tinha conseguido a atenção da menina, ela nada iria dizer, bem sabia, raramente o fazia, o único que conseguiam mais do que olhares opacos, movimentos lentos de afirmação ou negação e resmungos quase mudos era seu filho. Naruto parecia emanar uma luz que contaminava a todos, até mesmo a estranha criatura que Hinata era, a garota parecia sugar a cor a sua volta, toda a alegria.
– Minato-kun e eu andamos conversando... – começou após tomar um gole de suco – e concordamos, e acho que você também vai concordar, que você não pode ficar ser se instruir. Sua mãe me disse que no seu clã é costume ser educado em casa, mas na situação atual isso não será possível, então achamos que seria bom para você freqüentar a mesma escola que Ino e Naruto, o que acha’ttebane?
Hinata piscou tentando digerir as informações que recebera, já havia imaginado milhares de vezes como seria freqüentar uma escola regular e nunca lhe pareceu uma boa idéia.
Vendo que todos na mesa esperavam uma resposta, ela engoliu em seco e sorriu nervosamente – não era como se tivesse uma escolha.
– T-tudo bem...
Notou o garoto Uzumaki sorrir em sua direção e sua tez pálida se tornou corada.
Escola... Estava aí um tipo de tortura medieval que ainda não havia experimentado.
– C-com licença. – e saiu arrastando a cadeira, se sentia um tanto enjoada.
Alguns meses antes.
Seu nome foi proferido em meio a um sussurro, a respiração quente tocou seu pescoço e orelha.
– Neji... nii... san... – pausado e sussurrado o nome dele escapou por entre seus lábios secos.
A língua quente desceu pelo alvo pescoço alcançando a clavícula e quando se aproximava dos seios se afastou.
Os fios dos cabelos castanhos caiam pelo rosto bonito, escondendo fragmentos do sorriso cruel.
Hinata prendeu a respiração, o beijo incestuoso era selvagem e sujo, parecia sugar-lhe a alma, a lucidez, as mãos famintas machucavam sua pele enquanto não só a despia de suas roupas, mas de toda a vergonha, de toda a moral.
As unhas cobertas pelo esmalte descascado entraram na pele branca dos ombros masculinos buscando um contato maior. Sem esperar mais, ele afastou os joelhos femininos, o corpo dela arqueou-se em direção ao dele, as pernas o abraçando pela cintura, o gemido rouco preso em sua garganta.
Sentia pavor de Neji, sabia o quão perigoso ele era, mas nunca disse não, nunca diria, não poderia se tentasse e se tentasse não adiantaria. Não era ela, era ele, eram dele os toques, os beijos os sussurros. Ele sabia onde tocá-la e sabia como fazê-lo.
Hinata não passava de sua boneca preferida, brincar com Tenten era divertido, mas Tenten tinha vontades, não era como Hinata. Cordões invisíveis prendiam suas mãos, pernas, dedos, pálpebras, lábios e todo o resto. E os sorriso cruel mais cruel ficaria se ousasse desobedecer ao mestre da marionete Hinata.
Sorri boneca, e ela sorriria.
Era dono das ações da boneca quebrada que não sabia chorar.
E então, quando se cansava de brincar, a boneca quebrada não podia a liberdade suportar.
Cordas soltas não dão ordens e a deixava cair.
Mais alguns cortes lhe enfeitariam os pulsos livres de amarras, ele ria deles, zombava, a boneca sem vida precisava sentir, não sabia chorar, que sangrasse então! Precisava ver o sangue, prova de que estava mesmo viva, lembrete de que a morte ainda não havia lhe levado para cavalgar.
Outra noite sem dormir, olhos abertos na escuridão e volta o mestre da marionete Hinata, boneca quebrada que não sabia chorar.
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