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História I Must Be Dreaming - Capítulo VII - Segredo.


Escrita por: P_Imperatrix

Capítulo 8 - Capítulo VII - Segredo.


E o céu está cheio de sonhos

Mas você não sabe voar

Eu não tenho uma resposta simples

Mas sei que eu poderia responder

Algo melhor

Esse sentimento não irá passar

 

The Killers – This Is Your Life

 

Ele puxou um de seus braços, ela virou a cabeça, desviando o olhar quando ele tocou no fecho de metal de seus braceletes.

Hinata soltou um lamento incapaz de puxar o braço de volta.

Ele sorriu.

Lá estava, a leitosa e semitransparente pele do pulso dela, coberta por sua finas cicatrizes brancas, riscos vermelhos e marrons.

Ela apertou os olhos para não chorar, com o rosto ainda virado o máximo possível para longe de Neji.

– Olhe para mim Hinata-sama... – a voz dele era suave como veludo e baixa como o som do bater das asas de uma borboleta.

– P-p-p-or favor! – ela suplicou, lágrimas escapavam por entre suas pálpebras apertadas.

Mas ele não precisou dizer mais nada, logo ela estava abrindo os olhos e virando rosto na direção que ele queria.

Os olhos dela se arregalaram, havia uma lâmina tocando sua pele e ela nem ao menos percebeu, era seu punhal, o mesmo punhal que era a chave da porta de saída de seus desesperos, agora lhe traia, transformada em instrumento de tortura nas mãos dele.

Neji amou cara linha da expressão horrorizada no rosto dela antes de fazer um longo risco vermelho na superfície branca da pele da prima.

Hinata soluçou, o sangue pingou no carpete.

Ele beijou a ferida, tingindo seu sorriso cruel de vermelho, a respiração quente dele balançou os fios negros do cabelo de Hinata lhe causando arrepios.

Os lábios dele tocaram sua orelha manchando-a também de vermelho.

– Eu não me importo.

Ela sufocou um grito quando sentiu a ponta fina da lâmina atravessar o tecido de suas roupas e penetrar em seu tronco.

Os olhos brancos de arregalaram horrorizados, sufocando com o sangue em sua boca, Hinata piscou antes de levantar o olhar buscando o do assassino, mas só encontrou uma luz cegante vinda da janela.

Demorou um pouco para perceber que estava deitada e não de pé, que o gosto metálico em sua boca era do lábio que ela mordeu enquanto dormia e que graças a Deus ninguém havia lhe tirado os braceletes.

Ela sentiu vontade de chorar, mas essa vontade não tinha nada haver com o grito de terror trancado em seu peito, ela havia chegado tão perto de se livrar daquilo tudo e no final havia sido só mais um sonho.

oOo

– Hinata-chan?

Com muito custo ela esboçou um “Hã?”

Parecia que ela tinha engolido ácido, seu estômago doía daquele jeito que ela sabia que não tinha nada haver com comida, Deus, suas mãos tremiam tanto, sua cabeça pulsava sem doer, mas seus pensamentos não conseguiam fazer conexão um com o outro. Ela piscava os olhos e via tudo nublado, a cor havia desaparecido e seu coração pesava, cansado de bater.

– Você ‘tá legal? – havia realmente preocupação na voz dele, ela sufocou um grito que ficou preso em sua garganta crescendo como um tumor.

Ela o olhou ferida, como se ele a houvesse xingado, nos olhos toda a dor do mundo, é claro que ela não estava bem. Ela nunca estava.

– Alguém fez alguma coisa pra você ficar assim? – perguntou assustado, ela negou, mordendo o lábio com força e fechando os olhos, ele não merecia conhecer aquela dor - Tem alguma coisa que eu possa fazer?

Ela soluçou violentamente, agora o corpo todo tremia.

Ele a abraçou com força, quase tão confuso quanto ele estava quebrada.

Ela afundou as unhas nas palmas da mão, se recusando a abraçá-lo, ele não a entendia, jamais iria saber, não era culpa dele, ela desejava de todo o coração que ele nunca soubesse o que ela sabia para poder entendê-la, porque ela conhecia muito bem esse preço, mas esse mesmo coração queria poder comparar suas cicatrizes, desejar o bem de Naruto não diminuía sua raiva, sua solidão. Ela não o abraçou de volta, ele não se importou.

oOo

– Olá. – ela lhe saudou com um sorriso nos lábios e uma pergunta nos olhos – Você não é o garoto dos Uzumaki? O rapaz que sempre traz a Hinata-san?

Naruto sorriu meio sem jeito para a estonteante morena a sua frente.

– Sou sim’ttebayo – e riu nervosamente, afinal, ele só tinha dezessete anos e ela era mesmo muito bonita.

– Er... Hoje não é dia de consulta da Hinata e você não parece estar aqui para trazê-la numa consulta de emergência, então, o que deseja?

Naruto respirou fundo antes de começar.

– Eu gostaria de conversar com você, não quero que Hinata-chan saiba que eu vim aqui, pelo menos não agora’ttebayo...

– Você sabe que eu não posso te dizer nada sem a autorização dela não é mesmo?

– Eu não quero que você me conte nada... quero contar algo a você dattebayo.

– Você tem certeza? Você pode ficar mal com a Hinata-san. Ela pode se sentir traída se foi algo que Lea te contou.

– Hinata-chan não me contou nada dattebayo... E eu tenho certeza sim... Eu... –ele titubeou – Eu preciso fazer alguma coisa! E a falar com você é a única coisa que consegui pensar dattebayo...

– Se não foi algo que ela te disse fico mais tranqüila... O que você quer me contar? – Ele mordeu os lábios. – Eu prometo fazer tudo que tiver ao meu alcance para ajudar a Hinata-san. – Ele a olhou hesitante, como se avaliasse se devia ou não continuar com aquilo. – É melhor que conversemos lá dentro.

Ela abriu a porta branca da sala por onde Naruto sempre via Hinata desaparecer e ambos entraram. Kurenai fez um gesto para que ele se sentasse na poltrona branca que havia lá e assim Naruto fez.

Ela puxou a cadeira que ficava atrás de uma escrivaninha que havia na ela e se sentou na frente dele.

– Vamos lá, - começou ela desabotoando a manga de sua blusa social antes de virar a correntinha do relógio para conferir a hora - você está com sorte, meu paciente desse horário ligou cancelando hoje.

– Er... – ele limpou a garganta antes de começar – Pois é, aconteceram umas coisas esses dias que me fizeram perguntar a minha mãe sobre o que aconteceu a Hinata-chan, então eu sei da morte dos pais dela e coisa do tal primo que tinha a guarda dela ter sido acusado de assassinato e tudo mais dattebayo...

– Sim... – ela o incentivou.

– Mas eu acho que aconteceu mais do que isso’ttebayo. Acho que ele fez alguma coisa com ela também, ameaçou ou sei lá o que.

Ela franziu o cenho.

– Porque você acha isso?

Ele respirou fundo e com um olhar decidido narrou os acontecimentos das ultimas semanas para a bonita psicóloga que escutava tudo atentamente.

oOo

– Ih... - ele fez uma careta enquanto jogava o capacete em cima do sofá – Não ‘to’ gostando da cara de vocês’ttebayo.

Kushina lhe deu um sorriso estranho. Ele buscou o olhar do pai, mas o sempre sorridente Minato, se mantinha sério.

– Naruto, nós precisamos conversar. – disse o mais velho tomando gentilmente a xícara de chá das mãos da esposa e colocando a peça de porcelana sobre a mesinha de centro.

– O que aquela porquinha fez dessa vez e colocou a culpa em mim dattebayo?

Kushina suspirou pesadamente.

– Não tem nada haver com sua irmã, querido, é a minha afilhada Hinata-san’ttebane...

Naruto franziu o cenho.

– Filho, se sente, por favor. – pediu Minato, Kushina lhe lançou um olhar de agradecimento.

O garoto se jogou de qualquer jeito no sofá olhando os pais com curiosidade.

- Como você sabe, o primo que tinha guarda da Hinata-san antes de nós, está senso acusado de assassinato dattebane... – começou Kushina

–E nós notamos que você e a Hinata-san ficaram muito próximos ultimamente... – completou Minato que uma vez os pegara aos beijos no pomar.

– O júri acha que a Hinata viu alguma coisa e querem que ela vá testemunhar’ttebane... – Kushina mordeu o lábio – Eu preferiria que ela não fosse, ela não tem base emocional para uma coisa como essa... – o aborrecimento estava claro na voz da ruiva.

– Então porque vocês estão deixando ela testemunhar dattebayo?! – perguntou Naruto com revolta, Kushina fechou os olhos com uma ponta de irritação, sabia que seria daquele jeito seu filho, além de exatamente como ela usar a educação que recebera somente em raras ocasiões, também sofria da “síndrome do herói rebelde”.

– É uma ordem judicial Naruto. – esclareceu o pai, mas a expressão de Naruto não suavizou.

– E como ela não tem uma base emocional boa, – continuou Kushina como se nunca tivesse sido interrompida – seria muito nobre de sua parte que desse um apoio maior a ela agora’ttebane.

– Ainda acho que vocês não deviam deixar ela ver aquele monstro do primo dela nunca mais dattebayo! E é óbvio que eu vou apoiar a Hinata-chan! – e revirou os olhos, Kushina precisou de muito autocontrole para não pegar de volta a xícara e jogar na cabeça do filho. – Era só isso? – E se levantou com o capacete em uma das mãos.

– Era sim, pode ir. – disse Minato louco para tirar o filho da presença da aura assassina da esposa. – Nosso Naruto é um bom garoto. – comentou.

– Pena que prefere ignorar a educação que eu dei a ele dattebane!

Minato prendeu o riso, não era como se sua esposa se portasse como uma dama.

oOo

Às vezes era difícil até mesmo abrir os olhos.

Não que ela se sentisse sonolenta, mas é que o brilho, as cores, ela não conseguia agüentar. Seus olhos se recusavam a enfrentar tudo aquilo, pareciam incapazes de enxergar a vida em todo seu esplendor, era como se um véu negro cobrisse seu rosto, véu negro de viúva, de luto pela vida que nunca pôde ter.

Ele afastou os cabelos dela que caiam bagunçados pela cama, as mãos estavam pálidas e arroxeadas pela violência com as quais as fitas roxas foram presas com nós apertados em volta dos pulsos dela, ele teve vontade de desatá-las, mas sabia que ela não gostava que tocassem nos enfeites.

– Acabaram de me contar’ttebayo... - Ela se encolheu acariciada pelo calor reconfortante os dedos dele enquanto o loiro afastava os fios negros que lhe cobriam ralamente o rosto. – Eu sei que rolou uma coisa errada entre você e esse seu primo dattebayo... Se você quiser, eu te coloco na minha garupa a gente foge para as colinas e você não precisa dizer nada a juiz nenhum’ttebayo!

Como sempre, ele conseguiu a façanha de fazer com que ela tivesse a estanha vontade de rir. Notando que ela parecia mais relaxada, Naruto virou o rosto dela delicadamente de forma que pudessem manter contato visual.

– O que acha?

Ela riu fracamente, ele sorriu, o corpo dela relaxou por completo antes de ela se sentar na cama onde antes estava deitada.

– V-você sugerindo uma f-fuga?... Acho q-que é mesmo o fim do mundo! – mas o tom dela era tão leve que quase não dava para captar a ironia que a sentença deveria ter.

Ele se sentou ao lado dela, a abraçou pela cintura e lhe deu um beijo casto na testa, ela estremeceu meio corada, se aconchegando melhor ao abraço e abaixando o rosto com o fim do beijo. Mas o tremor não tinha nada haver com sua timidez.

O silêncio entre os dois reinou por um tempo, era um silêncio de antecipação que o coração pesado de Hinata desejava e ao mesmo tempo hesitava em quebrar.

O abraço dele era quente, as mãos dela tremiam e as lágrimas acumulavam nos olhos perolados.

– Hinata-chan... – chamou preocupado quando notou que as ela havia lhe molhado a camisa – Porque está chorando’dattebayo?

Ela fungou, ainda agarrada ao tecido laranja da blusa dele.

– E-e-u quero te c-c-contar uma c-coisa... O-o que eu vi o n-nii-san f-fazer...

Ele a olhou surpreso, mas não interferiu. Emocionado e surpreso com o fato que ela realmente confiava nele para tanto, apenas a abraçou mais forte a moça encolhida em seu peito.

Hinata ainda se deixou ser acolhida por alguns momentos enquanto lutava para controlar o choro. Ainda tremula, mas com o choro cessado, ela secou as próprias lágrimas com a manga do casaco e se soltou dele, tentando olhá-lo. Era engraçado aquilo, antes sua ausência de sentimentos era tanta que ela não sorria, não chorava, raramente tinha alguma reação humana era como um robô, uma boneca, agora tudo que fazia era chorar, não sabia se aquela era uma mudança boa, mas só de ser uma mudança já a fazia se sentir mais humana.

Tentando demonstrar seu apoio, Naruto, agarrou uma das mãos de Hinata que lhe respondeu com um sorriso lacrimejoso.

– E-eu estava tocando p-piano na s-sala, - ela começou coma voz tremida – H-hanabi-chan estava graças a Deus tentando ficar s-surda com aqueles fones dela no quarto... – ela começou a respirar muito rápido como se fosse chorar de novo – E-eu os ouvi b-brigando... – quando as lágrimas começaram a cair novamente, as palavras começaram a sair mais rápido num ritmo embolado que Naruto com alguma dificuldade conseguia entender – E-eu segui o som, e vi... – ela soluçou – Ela estava gritando tanto! N-neji-nii-san a jogou no c-chão com m-muita f-f-força... E-ele... – outro soluço – V-virou a cabeça dela daquele jeito h-horrível – ela chorava com força agora, tremendo por inteiro, o loiro teve que ter muito autocontrole para não abraçá-la e pedir que ela parasse com aquilo se doía tanto, mas não ira traí-la daquela forma, sabia o quanto estava custando ter coragem para narrar o que viu, então se contentou em apenas secar as lágrimas que caiam em abundância marcando o rosto bonito - E... E e-ele me viu... Ele m-me viu! E-eu fiquei com t-tanto medo... Tanto m-medo...

Alguma coisa agarrou o coração de Naruto com força, ela a segurou pelos ombros fazendo com que ela o olhasse.

– Ele fez alguma coisa com você depois disso dattebayo?

Ela balançou a cabeça num não mudo, o alívio se espalhou pelo rosto de Naruto enquanto ele voltava a abraçá-la pela cintura. Ainda soluçando ela passou os braços em volta do pescoço do loiro, escondendo o rosto em seu ombro.

Ela rezou para que todo aquele choro expurgasse todo o peso em seu coração, que todo o mal que Neji fizera para ela, toda a tortura a qual ele submetera seu cérebro defeituoso perdesse seu efeito como o feitiço quebrado do vilão derrotado de um conto de fadas.

Não era como se ela fosse ficar saudável sem isso, não era como se ela fosse aprender a viver e não simplesmente continuar em sua caminhada em direção a morte, mas aquela cruz, que com certeza era uma das mais pesadas, Hinata não precisava mais carregar.

Naruto a apertou mais forte, murmurou que iria ficar tudo bem. E mais uma vez ela desejou que seu coração fosse capaz de produzir esperança, que ela fosse capaz de se iludir com as palavras dele, com os sonhos dele, com aquele calor incrível que ele emanava e acreditar pelo menos uma vez que havia uma cura, que ela tinha concerto.

“Eu sei como é querer morrer. Como dói sorrir. Como é tentar se encaixar, mas não conseguir. Como é se machucar por fora, para tentar matar a coisa por dentro.”

Girl, Interrupted (fragmento) – Susanna Kaysen

 


Notas Finais


N/A: E então, esse é o fim. Eu sei que vai ter um monte de gente reclamando desse final, mas eu nunca disse que o Neji era a razão de todos os problemas da Hinata, esse é o final que eu imaginei desde o começo e ele parece bom o bastante para mim, sinto que a fic cumpriu seu propósito.

Muuuuuuuuito obrigada a todos que me acompanharam até aqui. Fico muito agradecida, mesmo.

Até a próxima!

Kisu no Kokoro


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