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História I Need a Doctor - Past Tense


Escrita por: Pixunga e venus89

Notas do Autor


Oi, Tia Vênus aqui.
Espero que gostem do capítulo!
Beijinhos, comentem plz. Eu e a Pix amamos comentários!! <3

Capítulo 13 - Past Tense


Fanfic / Fanfiction I Need a Doctor - Past Tense

Capítulo 13

Past Tense

29 de Julho de 2000

Olhou aquela porta de madeira sentindo um ligeiro incômodo dentro de si. Uma euforia e algum medo. Olhou ao redor, observando os móveis com os olhos atentos. Não esperava encontrar pessoas ali, naquele momento, para ser sincero. Duvidava que Gainsborough se arriscaria a ficar muito tempo na cidade. Não com ele solto. Mas de certa forma, sim, esperava encontrar algo ali. Algumas pessoas que só viviam em um passado que até pouco tempo atrás ele nem sequer tivera muita certeza de que tinha acontecido.

Contar todas aquelas coisas para Harley parecia ter sacudido alguns esqueletos adormecidos. Fizera com que seu cérebro borbulhasse. Fizera com que Jack Napier começasse a implorar como nunca antes. Ele queria vê-las de novo. Mas ele mesmo não sabia o que queria. Talvez, se simplesmente atirasse nas duas... Tudo voltaria ao normal.

E isso lhe arrancou uma risadinha. Ele, logo ele, cogitando algo assim. Algo como o normal. Não direi normal. Direi que as coisas voltariam a ser como eram. Isso. Ponto.

Não achava que a terapia de Harley estivesse funcionando. Só planejava ganhar a confiança dela para o caso de algum dia precisar de ajuda para sair do Asilo. Além disso, os olhos dela lhe fizeram uma promessa silenciosa de devoção. Vez ou outra causava isso nas pessoas. Não se importava de fato com a médica, mas de certa maneira se decepcionou mais do que julgou que se decepcionaria quando ela não apareceu para sua última sessão. Ainda colocaria um cano na boca de Hugo Strange.

Andou passando a mão pelo corrimão da sacada. Seus homens vasculhavam a casa vazia. Mas não havia nada para eles acharem. Ou ao menos achava que não. Talvez, só o fato de ter vindo ali fizesse com que elas não voltassem mais. E isso provavelmente era bom. Quem sabe com isso Napier calasse a boca. Assim poderia se concentrar em quem era verdadeiramente importante.

O Batman.

Mas aquela porta parecia chamá-lo. A casa não mudara nada desde que, muito tempo atrás, um rapaz jovem tinha vindo pedir emprego ali.

Andou até o escritório de Gainsborough e abriu a porta. Parecia um cômodo menos intimidador do que o outro que ele deixara para trás. O cômodo estava mais ou menos como achava que se lembrava. Mas haviam panos brancos escondendo os móveis. Andou até um móvel grande e puxou o pano, revelando o piano. Fechou os olhos com força para poder ver aquele mesmo cômodo, anos atrás. Em outra vida...

Ele tinha ido entregar algumas cartas para o senhor Gainsborough, pois a Madame estava doente e era difícil para ela subir as escadas. O rapaz entrava ali, com as cartas nas mãos. O cômodo brilhante, com carpete vermelho, as paredes de madeira avermelhada, com móveis escuros, bonitos. Hubert estava sentado em sua poltrona, fumando um charuto e bebendo Whisky, enquanto ela tocava o piano. O rapaz se impressionava com a agilidade dos dedos dela, assim como a voz encantadora. Uma voz forte e firme, um pouco incompatível com a silhueta mirrada.

“O que foi, Jack?” Perguntou o fantasma da voz de Gainsborough. O rapaz desviou o olhar da menina e estendeu as cartas.

“A Madame pediu para que eu entregasse a correspondência.” Disse o rapaz mostrando os envelopes.

“Ah, sim. Deixe-os aqui em cima.” Ele estava de bom humor naquele dia. Lembrava disso “Você pode sair agora, descanse. Eu vou querer que você dirija hoje à noite. Não pretendo voltar cedo e você precisará estar desperto para nos trazer de volta.”

O rapaz concordou e saiu do escritório, dando outra espiada na menina. Ela era mais nova que ele alguns anos, mas ainda assim despertava sua curiosidade. Gostava dos sorrisos dela. E ela gostava de seu senso de humor. O rapaz saiu do escritório, mas deixou a porta apenas encostada, assim ainda podia ouvir o som do piano.

Coringa abriu os olhos, olhando para as teclas de marfim. Tocou três notas e sentiu que o piano estava desafinado.

“Assim é o dó maior, Jack.” Sussurrou o fantasma de Jeannie.

“Eu acho que já esqueci todas as outras notas que você acabou de me ensinar. Não levo jeito com isso, senhorita Jeannie.” Lamentou o rapaz e Coringa fez uma careta. Seu sorriso não enfeitava seu rosto e seu corpo ficou pesado. Tocou o acorde de novo e o som pareceu ecoar pelas paredes do escritório.

Havia algo ali que o fazia se sentir triste. Detestava se sentir daquele jeito. Fechou os olhos de novo e aquele escritório escuro e poeirento tomou vida e se clareou em sua mente. Em lembranças que pareciam marcadas dentro de si. Antes eram apenas linhas perdidas em uma folha cheia delas. Mas agora parecia que alguém as tinha grifado com um marca-texto laranja berrante, tornando-as impossíveis de se ignorar.

“Se você acertar os três acordes, eu vou te dar uma surpresa.” Prometeu ela e ele tentou não pensar naquilo. Mas sua mão moveu sozinha. “Dó maior.” Ele tocou o acorde, mesmo que em sua mente parecesse mais bonito do que o que seus ouvidos mostravam. “Ré menor, agora.” Ele apertou o novo acorde, mesmo que quisesse pensar em qualquer outra coisa. Mas Jeannie olhava para aquele rapaz patético como se aprovasse o som “Mi menor, agora.” E ele subiu a nota a apertando como se fosse aquele mesmo rapaz, anos atrás. “Viu? Conseguiu.”

“Não foi nada de demais... Acho que qualquer criança conseguiria isso.” Lamentou ele sem animação, mas Jeannie sorriu assim mesmo.

“Eu prometi uma surpresa. Feche os olhos, Jack.” Pediu ela e Coringa abriu os olhos. De repente, aquele lugar lhe pareceu sufocante. Pegou o banco do piano e o jogou contra o instrumento, sentindo a cabeça doer. Saiu dali e escorou-se contra a parede, do lado de fora do escritório.

-Isso é ridículo. – Resmungou sozinho. Sentiu-se pesado e com frios na espinha. Aquela lembrança o atormentou e ele se viu tocando os próprios lábios. Da última vez que a vira, a acertara com uma coronhada na têmpora. Precisava parecer real que ela não estava lhe entregando a garota de bom grado. Precisava parecer um sequestro. Ela insistira nisso. Seus olhos percorreram o chão, fazendo o caminho de volta até a porta que não tinha aberto – O que essa desgraçada fez na minha cabeça? – Perguntou para si mesmo, pensando tanto em Jeannie quanto em Harley – O que os garotos vão pensar? Vão pensar que eu amoleci. – Rosnou andando até o quarto. Não era nada de demais, no fim das contas. Eram apenas lembranças de um passado que não significava mais nada. Tinha interesse na menina não por conta do sangue que compartilhavam, mas nos poderes dela. Usar a própria criança para destruir o Morcego seria divertido, afinal, agora ele tinha uma criança o ajudando a combater o crime. Nada mais justo do que ele arrumar uma também. Chutou a porta com violência e ela se abriu – Não me afeta em nada. – Disse simplesmente, olhando ao redor. E foi desconfortável ver como o quarto tinha mudado. Não havia nenhum pôster do Elvis ali. Lembrava que ela gostava do Elvis. Não haviam pelúcias pelo quarto. Não haviam cadernos com canetinhas coloridas sobre a penteadeira. Não era o quarto da jovem que conhecera. Definitivamente não. O quarto outrora tinha sido colorido. Mas agora, apenas panos brancos cobriam os móveis e aquela mansão, mais do que nunca, pareceu um triste fantasma. – Talvez eu devesse colocar fogo em tudo aqui. – Disse puxando um lençol e descobrindo a poltrona preta.

“Jeannie, seu pai pode nos ver.” Disse o rapaz, preocupado enquanto ela o beijava. A tinha em seu colo, com os joelhos um de cada lado de seus quadris. Mas ela sorriu, segurando seu rosto.

“Ele não está em casa. Somos só nós dois...”

“E a madame...”

“Ela não está por aqui.” Garantiu ela.

“E como você pode saber?” Perguntou o rapaz, temendo perder o emprego.

“Você se preocupa demais, Jack.” Disse ela tirando a blusa e Coringa largou o lençol, andando por ali.

-O que está procurando? – Perguntou uma voz grave e absolutamente conhecida. Saltou de susto e se virou. Era o Batman. Se sentiu como um homem que traía esposa se sentiria ao ser pego no flagra. Deu um sorriso culpado e deu de ombros.

-Baaaatz... Não é o que você está pensando. – Disse gracejando e se perguntando se atirava nele ou não. Batman deu dois passos em sua direção e olhou ao redor – Quantos dos meus homens ainda estão acordados?

-Se Robin tiver lidado com todos lá embaixo, então... Nenhum. – Respondeu o Morcego e Coringa suspirou – Eu vou te levar de volta para o Arkham. – Deu de ombros, apesar de Jack Napier implorar por mais alguns minutos ali. Havia muito para se lembrar. Mas o que aconteceria se o alimentasse demais? Se tornaria menos de si mesmo? Cada vez menos dele mesmo e cada vez mais daquele homem infeliz? Piscou dando uma risada ruidosa.

“Jack...” Jeannie o chamou enquanto estavam deitados na cama. O disco de vinil tocava alguma melodia das favoritas dela. O Dr. Gainsborough estava viajando e a Madame estava lá embaixo gritando com os funcionários “Eu amo você...”

-Prenda-me, então. – Sacou a arma e apontou para ele, mas seu dedo não estava no gatilho. Não... Não ali. Não lutaria ali – Ah, que se dane. Quando foi que isso deu certo de qualquer maneira? – Perguntou jogando a arma em cima da cama.

-Por que você veio aqui? – Perguntou Batman.

-Pela garota estoura-miolos, é claro. – Resmungou dando as costas para ele e cruzando os braços. Mas em seguida puxou o pano de cima da penteadeira e viu um porta-retratos caído. Jeannie e Emily sorriam para ele.

-Não foi por Jack Napier?

Coringa piscou e se virou para ele, para rir depois.

-Jack Napier? – Perguntou ele com um sorrisinho – E quem seria esse? Um homem morto há muito tempo, imagino.

-Você é Jack Napier.

Fechou a cara, realmente zangado com aquilo. Como um esposo ficaria caso sua esposa falasse o nome do vizinho durante o sexo.

-Não sou. Eu sou o Coringa. – Apontou o dedo para ele, simplesmente indignado – E não se esqueça disso.

-Você costumava ser Jack Napier. – Insistiu o Batman e ele tentou dar um soco no vigilante, mas o Morcego desviou sem muita dificuldade – Há muito tempo. É isso que você veio buscar aqui. Confirmações. – Tentou socá-lo novamente, mas ele esquivou mais uma vez – Veio buscar lembranças de um passado que teve. Não foi?

As vezes odiava o quanto ele o conhecia tão bem.

-Já disse que vim pela garota.

-Você foi feliz aqui, não foi? Com ela? Com Jeannie Gainsborough? – Perguntou Batman e Coringa negou com a cabeça.

-Eu nunca tinha vindo aqui antes. Pare de se iludir achando que algum dia eu não fui apenas eu. Eu sempre fui eu! – Rosnou e Batman se atreveu a sorrir.

-Não adianta mentir pra mim e nem pra si mesmo. – Ele olhou ao redor e Coringa rosnou novamente – Eu me pergunto como foi... Me pergunto o que precisou acontecer pra te levar até Gotham... O que te levou a aquela fábrica. Não foi apenas o ácido, foi? Houve mais... – Perguntou ele e repentinamente estava no hospital, olhando um corpo completamente carbonizado. Nem mesmo um pedaço que pudesse reconhecer.

-Cale-se. – Disse fechando os olhos. Aquilo não costumava acontecer. Todas aquelas lembranças. Não quando estava com o Batman. Quando estavam só os dois ele era simplesmente ele mesmo. Não havia um foco antes do Morcego aparecer em sua vida e dar um rumo a ela. Batman era a outra parte de si mesmo. E era assim que as coisas deviam ser. Era uma queda livre sem paraquedas. Emocionante. Mas agora... – Cale essa maldita boca. Não há nada aqui. Acha que eu me importo com alguma coisa aqui? Ou com qualquer coisa que não seja eu e você? Nossa dança? – Pegou uma segunda arma e colocou o dedo no gatilho, mirou e atirou. Napier se encolheu em lágrimas, mas ele não se importava. Ele era apenas o arauto do caos. Sentimentos? Lembranças de beijos escondidos, brincadeiras junto ao piano, segredos no banco de trás? Isso não era nada para ele. Mirou o Morcego e então o porta-retratos. O objeto estava destruído. A foto destruída. Cacos de vidro tinham voado pelo quarto. A bala fincara na parede cor de creme. Olhou para o buraco de bala na parede e aquilo doeu. Não deveria doer. Aquilo não era ele. O que ela fez comigo? O que elas fizeram comigo? Se colocasse os olhos sobre Jeannie de novo, faria um buraco igual a aquele, na testa dela. Ficou olhando para o buraco na parede e ele pareceu crescer e puxá-lo. Como o tanque de ácido há tantos anos atrás. Caiu dentro dele e sentindo-se sem ar, sufocado e queimado. Mas então tudo pareceu andar ao contrário. Não estava caindo lá dentro, estava voando para fora. Para longe da fábrica. Para um apartamento que fedia a gente velha e a gatos. Para um sofá puído, com um lado quebrado. Alguém deitado em seu colo com cabelos dourados e olhos azuis. Uma barriga redonda e inchada.

“Querido, não se preocupe tanto. Eu ainda te amo, sabia? Empregado ou não...” O sorriso dela era uma tortura “Você sabe como me fazer rir.”

Sentiu-se furioso consigo mesmo e atirou novamente no maior pedaço do porta-retratos. Atirou de novo e de novo, em todos os pedaços que conseguiu enxergar. Atirou até que não restasse mais balas. Ouviu o click seco quando ficou sem munição e então jogou a arma contra a parede. Depois olhou satisfeito para o Morcego e gargalhou querendo pensar que tinha provado seu ponto.

Quando ele colocou a mão sobre seu ombro, não hesitou em se deixar conduzir. Apenas gargalhou insano. Fantasmas de memórias passeavam pela casa enquanto andava. Olhava para eles e ria de descaso. Não se importava. Não se importava nem um pouco.

“Jack, vamos! Não posso me atrasar para a escola!”

Não se importava.

“Vamos, Jack...” Disse ela em um sussurro “Vamos aproveitar para ficarmos sozinhos!”

Não se importava.

“Quando eu terminar a escola, você promete me tirar daqui?”

Não se importava.

“Jack!” Ela gargalhou e pulou em seus braços.

Gargalhou, porque não se importava. Não se importava. Não se importava!

Gargalhou quando um dardo lhe acertou o pescoço. Ficou lento e zonzo. Caiu no chão empoeirado e quando caiu, as cores tomaram o lugar. As cores e o sol. Jack Napier olhava a filha do patrão descer as escadas. Trocaram um olhar cúmplice, cheio de segredos.

“Jack. Pode me levar ao shopping depois da aula? Quero comprar um vestido novo.”

“Claro, senhorita Jeannie.” Respondeu sabendo o que aquilo significava.

Foram juntos até o carro e a levou para a escola.

“Te vejo mais tarde, Docinho.” Sussurrou ela lhe dando um beijo estalado nos lábios.

“Não me chame assim, Jeannie...” Resmungou constrangido. Ela lhe mordiscou a orelha e sorriu.

“É que você adoça a minha vida.”

**

1 Agosto de 2000

Quando o Batmóvel atravessou os portões do Arkham todos pareceram segurar a respiração. Então o Batman apareceu trazendo o Coringa, este sem nem mesmo um arranhão, e todos acharam aquilo muito suspeito. Ou ao menos foi o que Harley ouviu na sala dos médicos na segunda feira. Elliot estivera no Asilo para uma cirurgia de emergência por causa de uma briga entre dois detentos (um homem do Moroni e outro de Falcone) e vira quando o vigilante chegou.

Já era dia, o que era estranho. Batman normalmente trabalhava a noite, o que significava que, provavelmente, ele fora buscar o Coringa em algum lugar mais longe. Harley colocou um torrão de açúcar no café e começou a misturar para que ele derretesse. Elliot contava o que vira para ela e para a Dra. Leland. Olhou o relógio e viu que ainda tinha meia hora até sua próxima sessão.

Pegou um copo de plástico e colocou café ali. Depois embrulhou oito torrões de açúcar em um guardanapo e os colocou no bolso do jaleco. Em seguida, sem dizer palavra aos colegas de trabalho, andou até a ala de segurança máxima. O corredor onde os supercriminosos ficavam, atrás de suas paredes de vidro grosso e blindado. Passou pela Hera Venenosa, pela ainda vazia cela do Espantalho. O Sr. Frio lia o jornal com seu mesmo semblante sério, mas levantou a cabeça quando ela passou.

Por fim parou em frente à cela dele. Do Coringa. Ele levantou os olhos e a mirou, parecendo muito sério, algo estranho para o Coringa. Barnes, um guarda que ficava rondando o corredor a olhou curioso.

-Quando eu bater na porta, abra-a para mim. – Disse ela.

-Espera... Você vai entrar aí? – Perguntou ele e ela simplesmente digitou seu número de identificação abrindo a porta. Coringa a observou fazer isso. Mais do que nunca ele parecia um homem quebrado, apesar que, dessa vez, ele não tinha nenhum hematoma.

A porta se fechou e ela se sentou na cama ao lado dele, lhe estendendo o copo de plástico, cheio de café.

-Dia difícil? – Perguntou ela e ele aceitou o copo. Ofereceu os torrões de açúcar e ele colocou quatro deles em seu café – Tudo isso? – Perguntou, surpresa. Ele deu de ombros – Como se sente, Mister J? – Ele fechou o cenho e não respondeu, virando o rosto.

O observou misturar o café e suspirar parecendo até mesmo triste. Os cabelos estavam despenteados, a maquiagem não estava no rosto. Ele parecia mais pálido e realmente abatido. Bebericou seu café enquanto ele fazia o mesmo. Respeitou o silêncio dele, o observando. Terminou de tomar o café e colocou seu copo no chão, do lado oposto ao que ele estava sentado. Ele terminou o café também e então jogou o copo no chão, sem parecer se importar com os respingos. Coringa suspirou e apoiou os cotovelos nas coxas, baixando a cabeça e passando as mãos pelos cabelos verdes. O viu apertar a própria cabeça com as mãos e o afagou nas costas.

-Não! – Rosnou ele, se desvencilhando. Harley tirou a mão imediatamente. O olhar dele parecia perdido e furioso – Não toque em mim, Harley!

-O que houve, Mister J? – Perguntou calmamente. Ele se levantou de uma vez, ficando do lado oposto do quarto.

-O que você está fazendo aqui? Aqui dentro? Da minha cela? Não tem um pingo de amor próprio?! – Perguntou ele, furioso – Não tem medo do que eu posso fazer com você?

-Eu sei me defender sozinha. – Disse tranquilamente – Ou ao menos tempo o suficiente para chamar a atenção do guarda, que viria aqui me salvar de você. Mas não acho que nada disso vai ser necessário. Você não vai me machucar. – Disse tranquilamente pegando um torrão de açúcar e o colocando na boca. Sorriu, confiante e ele rosnou parecendo indignado. Ele gritou, chutou a cama, e avançou como se fosse machucá-la. Harley não se moveu, controlou o rosto e apenas o encarou calmamente. Ele a empurrou e colocou as mãos em seu pescoço, a sufocando, mas não entrou em pânico. Levantou as mãos, sem oferecer resistência e continuou o olhando. Ele pareceu ainda mais furioso, mas a soltou, para socar a parede – Por que está tão zangado? – Perguntou calmamente.

-Você! – Rosnou ele lhe apontando o dedo – Você veio e me deixou num buraco negro de confusão e raiva! – Acusou ele e Harley sustentou o olhar – Mexendo com todas essas memórias! Coisas de uma vida que não foi minha! Que não me interessam! No que você quer me transformar? Naquele garoto fraco, covarde e sem graça?! – Perguntou ele e Harley suspirou sem cortar o contato visual – Isso não vai acontecer, Harleen! Eu sou eu! Eu sou eu, ouviu?! Você ouviu?! – Ele gritou de novo e chutou a cama novamente, para em seguida se acocorar no chão, cair e esconder a cabeça nos braços. Harley saiu da cama e se ajoelhou ao lado dele.

-Eu imagino que deve ser difícil pra você reviver tudo isso. – Disse calmamente – Mas, Mister J. Você não precisa ter medo. Você não vai voltar a ser aquele homem de antes. Você sempre será o Coringa. – Disse calmamente e ele a olhou, surpreso – O máximo que vai acontecer é você assumir o controle de si mesmo e começar a conseguir conviver sob as regras da sociedade.

-Eu não quero ser controlado pelos fios invisíveis de uma sociedade podre! Eu sou livre. É isso o que eu quero. Ser livre! Como sempre fui. Você acha que essa maldita cela me prendeu alguma vez? Não! Eu sempre fui livre. Tanto no presente, quanto no futuro quanto no passado. Mas agora ela me prendeu. Me prendeu em uma única linha e eu não posso mais fugir dela. E você está me fazendo ler a maldita linha, sem parar.

Harley piscou e segurou o rosto dele entre suas mãos.

-Se você não quer ler a linha, Mister J, não leia. Você é livre pra isso. Se é difícil demais falar sobre as coisas que você passou, podemos falar de outras coisas. – Explicou ela e ele a olhou – Podemos falar do futuro ao invés de falar do passado.

Ele colocou as mãos sobre as suas e as retirou do seu rosto. Mas então ele olhou para uma das mãos e sorriu.

-O que aconteceu com aquele diamante grandão?

-Eu devolvi ao Guy. – Disse calmamente – Nós terminamos. – Ele sorriu, satisfeito.

-Oras, e por que?

-Porque nós, obviamente, tínhamos objetivos diferentes. – Respondeu e se levantou – Por onde andou, Mister J?

-Por onde você andou? Mandando aquele idiota do Strange vir me ver na nossa terça feira... – Acusou ele sentando no chão e cruzando as pernas e os braços, como uma criança birrenta.

-Strange tentou te roubar, para ficar com o crédito. Mas eu já resolvi tudo com o Dr. Arkham. Voltaremos a ter nossas terças feiras, já que ficou com tanta saudade de mim. – Brincou e ele a olhou como se tentasse descobrir se estava mentindo ou não. Ele sorriu e pareceu ficar mais relaxado e descontraído.

-Oh, Harley. Sabia que não desistiria de mim. Ainda mais agora que está solteira. Hehehe... – Ele riu e então gargalhou por um momento e Harley riu também.

-Então, me diga. O que foi fazer nesses dias de fuga? – Perguntou curiosa e ele se levantou indo até a parede.

-Fui atrás da garotinha da foto. – Murmurou ele – Pelas minhas contas ela já está com uns doze anos. – Ele parecia triste ao falar aquilo. Harley se aproximou, ficando ao seu lado e mirando o seu rosto. Até mesmo o tom de voz dele estava diferente, como se fosse outra pessoa ali. Ótimo. Múltiplas personalidades... Transtorno bipolar...

-Você a encontrou? – Perguntou cautelosa. Ele negou com a cabeça – E a mãe dela? – Perguntou num sussurro. Ele socou fracamente a parede, encostando a testa ali, mirando o nada, parecendo perdido.

-Não.

Harley olhou para seu paciente favorito e foi pegar os copos de café. Mas deixou os torrões de açúcar restantes para ele.

-Conversaremos amanhã, então, Mister Jay. – Disse ela prestes a dar dois soquinhos no vidro – Todas às Terças, como costumamos fazer.

-Não invente compromissos, Harley, ou posso ficar irremediavelmente zangado.

O guarda abriu a porta e ela saiu, sem olhar para trás. Podia sentir o olhar do Coringa em sua nuca. Finalmente o tinha recuperado. E ele estava são e salvo.   


Notas Finais


E ele volta para os cuidados da nossa querida Harleen <3
Ele tava de péssimo humor até notar que a Harley terminou com o Guy xD
Prévias do próximo capítulo!
"-Harley... Você se lembra que me deve um favor? – Perguntou ele e ela piscou, surpresa.
-S-sim...
-Bem. Eu vou cobrar. – Rosnou ele a olhando, parecendo zangado. Algo nele a lembrou da noite em que ele contara sobre o primo Steve. Havia ódio, rancor e derrota nos olhos dele.
-O que houve, Mister Jay? – Perguntou, receosa. Ele a olhou nos olhos.
-Eu preciso de uma metralhadora.
Piscou, em choque. Deveria ser uma brincadeira, ou então não tinha escutado direito.
-Uma... Desculpe... Uma o que? – Perguntou atenta. Ele sorriu, mas foi um sorriso cruel.
-Harley. Eu preciso de uma metralhadora."

Será que nossa Dr. Quinzel vai ajudá-lo a fugir? hohohoho

Vejo vocês no próximo episódio! Comentem por favooooor <3


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