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História I Put a Spell On You - Capítulo 33 Confused


Escrita por: Nat_Rogers

Notas do Autor


Tradução do capítulo: Confusa

Capítulo 33 - Capítulo 33 Confused


Fanfic / Fanfiction I Put a Spell On You - Capítulo 33 Confused


A cozinha do apartamento de Sarah e Joseph é grande e sofisticada. Eu me sinto como num filme de Hollywood. É linda! Cada traço, cada objeto, cada luz! Tudo isto para uma só cozinha! Não critique, Little Red. Eles são ricos. Qual seria o sentido de terem tanto dinheiro e não gastarem? Humildade? É... pode ser.

— Natasha!

A voz doce, aveludada e masculina me faz parar de tomar o copo d'água e me virar em expectativa.

— Oi, Bucky!

Seus olhos azuis estão alegres e brilhantes. Ele é tão diferente de Steve. Quase posso sentir a felicidade escapulindo de seu corpo. É contagiante!

— Que pena que já estão indo. – noto certa chateação pelo seu tom.
— Bom, isso não quer dizer que não poderemos mais nos ver. – a inocência se prolifera em minha fala. Não disse nada de mais, disse?
— Eu iria adorar! – afirma com certa empolgação. — Sei que estava um pouco rabugento ontem. Foi mal.
— Não! – uma risada esbaforida escapa da minha boca. — Rabugento? Por quê?
— Ah, eu te dei respostas curtas e rápidas. Frias. Era o cansaço da longa viagem.
— Não se preocupa com isso, Bucky. Sério. – afago seu ombro rapidamente.
— Eu quero mesmo conhecer minha cunhada! – ele brinca ao me encarar de braços cruzados.
— Cunha-nhada? – eu me engasgo com a água e descanso o copo no balcão enquanto tusso.
— Opa! – Bucky me socorre ao estapear minhas costas de leve. — Tudo bem aí?
— Tu-tudo! – aos poucos vou conseguindo me acalmar até engolir sem dificuldade. — Obrigada!
— De nada. – ele me olha risonho enquanto se afasta. — Melhor?
— Sim. – limpo a lacrimação abaixo de meus olhos enquanto ainda sinto a garganta arranhada. — Desculpe. Você me pegou de surpresa.
— É uma palavra forte, né? – Bucky ri e se senta no banquinho. — Bom, enfim, falei sério! Quero te conhecer!
— É. Eu também. – pigarreio antes de me sentar ao seu lado. — Falei sério também quando disse para nos vermos mais vezes.
— Hmmmm! E então? – ele cruza os braços em expectativa. — O que acha de hoje?
— Hoje? Hoje o quê?
— O que você vai fazer mais tarde?
— Ahn... eu... preciso ver com Steve...
— Steve?
— É. Se ele vai querer sair e...
— Sempre faz tudo o que meu irmão manda?

Apesar de Bucky ter perguntado numa risada, eu capturo a acidez escondida por trás de sua graça. SIM! Ele é meu Dominador e eu sou sua obediente submissa! Segure a porra da língua, Natasha! Eu sei, Little Red.

— Ér... não... na-não. Eu... eu quis dizer que... que nós já temos planos.
— Hmmm... – Bucky apoia o cotovelo na bancada da cozinha. — E quais planos?
— Ér... este é um problema! – uma ideia me surge na mente e eu me agarro a ela como alguém se agarra a um bote salva-vidas. — É uma surpresa.
— Surpresa? – Bucky ergue as sobrancelhas.
— Sim. Steve disse que me daria algo num lugar especial.

Eu me sinto culpada e suja por estar mentindo. Uma frase dessas se refere a um romantismo. Coisa que Steve jamais praticará. Ele já foi bem claro.

— Ah, sim. E não faz ideia do que possa ser?
— Não... – ofego. — Passei a noite tentando adivinhar, mas não deu certo. – solto um riso nervoso e Steve entra na cozinha.
— Natasha, eu estava... – sua fala é cortada no meio quando seus olhos pairam em Bucky e eu.

Nervosa, acompanho a direção que seu olhar segue até a bancada da cozinha e noto que faltam milímetros para Bucky e eu encostarmos nossas mãos. 
Arfando, afasto meu quase contato com Bucky como se ele fosse um ser de outro planeta.

— O que estão fazendo? – Steve estreita os olhos ao se aproximar.
— Nada! – Bucky e eu respondemos ao mesmo tempo. Que merda!
— Nada? – ele repete de modo descrente.
— Ér... na-nada. – minha voz falha. — Estávamos apenas... conversando sobre quando será a próxima vez em que... em que nos veremos.
— E já têm uma data? – a ironia percorre todo o seu tom.
— Não, Steve. – Bucky parece irritado. — Quer dizer, eu tentei fazer com que fosse hoje, mas Natasha disse que você preparou uma surpresa para ela.

Meu rosto entra em combustão. Penso em beliscar Steve ou lhe direcionar um olhar do tipo atue comigo, mas nem é preciso. Ele é esperto. Já sacou.

— É, sim. Será uma surpresa e tanto! – afirma e eu me encolho. A surpresa será um castigo, Steve? Porque, se for, não será surpresa alguma.
— Natasha, você está bem?
— Ahn?

Bucky está me fitando atentamente.

— Você. – repete. — Está tudo bem?
— Sim. Por quê?
— Parece brava. – comenta e então percebo que havia bufado e cruzado os braços só de pensar no possível castigo que sofrerei.
— Ah, sim. Ér... é que... eu estou com frio. – levo as mãos até a boca e as assopro.
— Hora de irmos! – Steve envolve a minha cintura possessivamente. — Se está com tanto frio, então é mais um motivo para entrarmos no carro. Assim ficará quente com o aquecedor.

Sem mais tempo de responder algo, sou puxada por Steve. Ele segura minha mão enquanto me arrasta para fora do espaçoso cômodo de ladrilhos perfeitamente limpos.
Ofegantes, chegamos à sala onde sua mãe nos espera de braços abertos.

— É uma pena que não poderão ficar para a tarde de domingo!
— Mãe! – Steve repreende num tom seco. — Já te expliquei que preciso levar Natasha para casa.

Sarah suspira diante da ríspida resposta de seu filho antes de me direcionar um olhar pedinte por ajuda. Ela sempre parece recorrer a mim. Na verdade ela sempre parece recorrer a alguém na hora de conquistar o que quer.
Steve parece perceber isso e fica nervoso ao ver sua mãe manipular a situação a seu favor. Só que ele não parece entender que Sarah faz isso em prol de uma aproximação entre os dois. Ainda que ele se sinta desconfortável com isso, é notório o esforço de Sarah em trazer seu filho para perto cada vez mais.

— Ah, eu... – engulo em seco olhando entre Steve e Sarah. — Não que seja um incômodo eu ficar na sua casa, é que...
— Nós entendemos, Natasha. – Peggy surge atrás de Sarah ao deslizar as mãos por seus ombros — Precisa voltar, descansar e se preparar para a viagem a Los Angeles, já que visitará sua mãe.
— Sim. – confirmo a contragosto. — Talvez possamos nos reencontrar algum outro dia.

Menina, o que está tentando fazer? Não estou tentando, Little Red! Estou fazendo! Não vou deixar essa mulher me colocar pressão! Ela não está acima de mim nem de ninguém!

— Eu espero o mesmo. – Bucky sai da cozinha e se aproxima de nós.
— Claro! Seria ótimo! – meu rosto cora e eu sinto o braço de Steve envolver minha cintura. — Foi um grande prazer conhecer você e o Joseph. – sorrio para o pai de Steve quando ele ressurge à sala.
— Eu digo o mesmo, Natasha. Você me parece ser uma menina muito dedicada, esforçada e doce. Tudo o que sempre desejamos para Steve.
— Obrigada. – abaixo rapidamente olhar com o rosto vermelho.
— Okay! – Steve parece perceber meu desconforto, mas fico na dúvida se ele faz o que faz a seguir por mim ou por si mesmo. — Precisamos ir agora. Nós...
— Steve, querido, vá pegando o carro com o seu pai e Bucky enquanto eu converso rapidinho com a Natasha.
— Mãe...
— Por favor, filho. Faça o que eu estou pedindo. Por favor.

Sarah o encara com olhos ansiosos e suplicantes. Steve arrisca um rápido desvio para mim e nota meu reforço à Sarah.
Ele suspira em derrota antes soltar minha cintura e se afastar com seu pai e irmão para fora da casa.

— Bom, eu vou dar licença a vocês também. – Peggy sorri e se retira com passos sofisticados e sincronizados. 

Quando ficamos apenas Sarah e eu, ela me encara em expectativa parecendo esta nervosa e ansiosa.

— Está tudo bem? – pergunto quando ela segura minhas mãos geladas.
Agora está, querida. – uma de suas mãos pressiona o lado esquerdo de meu rosto.
— Agora? Como assim?
— Steve e eu já passamos por muita coisa na vida. – ela faz uma pausa para respirar fundo antes de continuar. — Arrisco em dizer que você está sendo o melhor acontecimento da vida dele!
— O melhor? – estou quase sem voz diante da declaração de Sarah. — Mas eu só...
— Obrigada! – ela me interrompe emocionadamente.
— Por...?
— Fazer parte da vida de meu filho. – Sarah sorri rapidamente antes de prosseguir. — Eu vejo o olhar feliz que meu filho te lança, Natasha. 
— Feliz?
— Toda vez que você sorri, ele está lá ao seu lado todo contente por te ver sorrir. Você é a alegria dele.
— Sarah, nós... nós estamos apenas nos conhecendo ainda e...
— Não, Natasha, não. O brilho que Steve mantém no olhar sempre que olha para você é muito mais do que ainda estarem se conhecendo. É outra coisa! Algo bem mais forte e verdadeiro.

Temendo em perguntar que olhar poderia ser e Sarah me responder com o que eu desconfio que ela possa responder, resolvo me abster e selar meus lábios.
Não estou preparada para ouvir sua opinião. Como mãe, ela pode estar apenas se deixando levar pela emoção em ver seu filho relaxado ao meu lado. Como mãe, Natasha, ela o conhece melhor do que ninguém! Nem sempre, Little Red. E não é hora de você alimentar meu coração com migalhas!

— Você ama o meu filho?

Sua pergunta me atira de um precipício. E eu que pensei que somente Steve tinha esse poder comigo.

— Se eu... se eu... amo?
— Sim. Você ama?
— Sarah... – um riso nervoso me escapa enquanto me solto de suas mãos. — Ér... sinto muito. Não posso responder isso. Não ainda.
— E por quê?
— Porque... – minha garganta se fecha e dói. — Porque é muito cedo. Nós não... não... não dá.
— Como assim?
— É complicado de explicar, mas eu não posso responder à sua pergunta.
— Querida...
— Sinto muito. 

Sarah suspira ao analisar meu rosto corado e apreensivo.

— Como eu disse, nós tivemos uma vida difícil antes de chegarmos onde estamos. Passamos por muitas coisas e certos traumas refletiram em Steve. Antes de te conhecer, eu mal via meu filho sorrir. Ele sempre se manteve um pouco distante, frio e recluso de mim, dos irmãos e de Joseph. Principalmente de mim. – Sarah morde o lábio e pisca com os olhos marejados. — Mas eu continuo sendo sua mãe, Natasha. Posso ter cometido meus erros no passado. Erros cruciais dos quais jamais poderei me perdoar. Mas eu continuo sendo sua mãe. E eu continuo sabendo ler meu filho. – ela sorri carinhosamente para mim e segura meu ombro. — E eu digo, Natasha, que você faz o meu filho feliz. Você o faz sorrir e realmente sentir!
— Eu não sei o que dizer. – sorrio envergonhada ao balançar a cabeça.
— Não diga nada. Apenas me prometa uma coisa.
— O quê?
— Quero que me prometa que continuará ao lado dele. Eu sei que Steve é difícil, querida. Sei que você deve se sentir pisando em ovos ao redor dele em certas situações. Sei que deve estar tendo que engolir certas coisas. Mas por favor, Natasha! Por favor, por favor, por favor! – Sarah aperta minhas mãos. — Não quebre seu coração.

Nossa! Eu me sinto entre a cruz e a espada! Como posso prometer isso a ela? Como posso prometer não quebrar o coração de Steve se tenho medo de que ele quebre o meu? 

— Natasha...? Querida?
— Sim. – quando dou por mim, já respondi. Já falei, já afirmei e já assumi a responsabilidade.
— Sim?
— Sim! Sim, eu prometo.

Sarah sorri segurando as lágrimas nos olhos enquanto me puxa para um apertado e acolhedor abraço.

— Obrigada! Obrigada, Natasha! Obrigada por tudo!

▪️▪️▪️

— Chegamos, Sr. Rogers.

O carro de Steve para em frente minha casa assim que Fury termina de anunciar. Retiro o cinto de segurança e encaro o rosto do loiro sentado ao meu lado. 
Até então, eu pensava que estava nervosa. Mas agora acho que posso direcionar tal adjetivo a Steve.

— Você está bem? – ele sorri e me olha com uma expressão calma e gentil. Nossa! Como ele consegue fazer isto tão rápido?
— Sim. E você?

Sinto seu toque quente e carinhoso em meu rosto. Seus dedos acariciam minha bochecha, fazendo-me sorrir.

— Sim. Sim, eu estou.
— Mesmo? Não quero que minta para mim.
— Eu não estou mentindo. – formo um beicinho involuntário.
— Okay. – Steve aproxima o rosto do meu e captura meus lábios. — Rebby e Sam ficaram mais um pouco, então, se quiser, eu posso subir com você. – murmura ainda com a boca colada na minha.
— Eu agradeço, Sr. Rogers. Mas eu gostaria de me concentrar em tentar arranjar um emprego. Posso? – sorrio e Steve me acompanha.
— O que vai fazer?
— Acho que já começar a adiantar as malas. Pouca coisa, mas só para não deixar para cima da hora.
— Está nervosa? – ele penteia um cacho ruivo para trás de minha orelha.
— Um pouco. Na verdade nervosa não é a palavra.
— Como assim?
— Ah... não sei. – dou de ombros. — Acho que me sinto um pouco... inútil.
— Inútil? – Steve franze a testa em repreensão. — Por quê?
— Eu me sinto... não sei... não gosto de não fazer as coisas sozinha. Não gosto de precisar de ajuda das pessoas.
— Natasha, pare de besteira. Sua mãe vai te ajudar.
— Não, não será a minha mãe que vai me ajudar. E sim um amigo dela. É horrível ser dependente dos outros! –cruzo os braços. — E eu detesto me sentir assim!
— É. É, eu sei. – seu comentário me faz encará-lo com uma dúvida desenhada em minha expressão.
— Sabe? Você?
— Sim. Eu. – Steve suspira e ergue os ombros no processo. — Sei exatamente como é, Natasha, por isso que eu entendo sua força de vontade. E te admiro por isso!
— Ér... obrigada.

Oh, Deus! Abra-se comigo, Steve. Pelo o que foi que você passou, querido? O que te aconteceu no passado?

— Bom, então, a gente se vê na quinta.

Ahn?

— Ahn?
— É. – ele me encara de modo simples e frio. — Seus dias comigo não são segunda, terça e quarta. Você escolheu das quintas até o término dos finais de semana.
— Hoje é domingo. – murmuro.
— Eu sei. Mas você me pediu uma solicitação. E eu a concedo a você.
— Steve...
— Quer modificar o contrato, Srta. Romanoff?

Seu rosto relaxa em um convencido e ostentoso sorriso. Eu me esforço para resistir a tentação de beijar seus lábios e me satisfaço vitoriosamente por dentro ao conseguir.

— Não.
— Não?
— Não, Sr. Rogers. Como o senhor disse, eu escolhi os meus dias. Eu te pedi autorização e o Senhor me deu. Mas, mesmo assim, não me submeteria a ficar com você uma vez que tenho coisas mais importantes para fazer. – abro a porta do carro ao sair.
— Natasha...
— Tenha um bom dia, Sr. Rogers. Você também, Fury!

Com um sorrisinho falso, fecho a porta do carro e corro para a portaria temendo a ideia de Steve estar vindo atrás de mim para me agarrar. Nem ouso em olhar para trás e constatar se estou certa ou não. Giro as chaves na fechadura da porta de vidro e caminho até o elevador ainda sem olhar para trás.

▪️▪️▪️

A primeira coisa que ouço e sinto assim que entro em casa é meu celular tocando. Enfio a mão no bolso de meu casaco grosso e atendo à ligação.

— Alô?
— Oi, filha!
— Mãe? O que foi? – fecho a porta atrás de mim.
Liguei para confirmar nossa ida a Los Angeles.
— Como assim? Já está confirmada. – eu me jogo deitada no sofá. — Por quê?
Nada! Só queria ter certeza mesmo.
— Mãe, por acaso pensou que eu não fosse?
— Não, filha, eu só...
— Se você comprou mais uma passagem, está tentando falar com seu amigo para me ajudar, ligou para perguntar se eu vou e eu confirmei, então é óbvio que não irei te sacanear!
— Como é? "Sacanear"? Natasha, que termos são esses com sua mãe?

Cansadamente, suspiro enquanto retiro meu casaco.

— Desculpe, mãe. Eu estou exausta. Falo com você depois, tudo bem?
— Ahn... bom, okay. Eu espero você me ligar à noite, pode ser?
— Eu não prometo nada, mãe.
— Filha...
— Mãe, por favor, não estou com cabeça para discutir com você agora.
— Certo. Está certo. Então nos falamos numa outra hora.
— Okay. Tchau.

Não espero por sua resposta. Encerro a chamada e corro para o quarto antes de me atirar na cama e me debulhar em lágrimas contra os travesseiros macios.
Steve! Por que você você é assim? Por que é tão frio e misterioso? Por que não posso ouvir sua história? O que tanto te assusta?

DIM DOM

Ah, Little Red! São infinitas perguntas para zero respostas. Ele não pode me contar nada. Tudo que eu pergunto é um "não" que eu ouço. Por quê?

DIM DOM

Eu só queria que ele... só queria que ele confiasse em mim. Não é possível que sempre que eu tentar conversar ele irá me dizer Pare de tentar ter sessões de terapia comigo.
Deus! Ele realmente acha que eu quero isso? Little Red, eu... Menina! Cale a boca! Depois conversamos sobre suas neuras. Agora vá atender a porta, que já é a terceira vez que a campainha toca!

DIM DOM

Limpando as lágrimas rapidamente, levanto e apresso meus passos até a porta. Giro e puxo a maçaneta com dedos trêmulos e quase caio para trás.

— Ahn? Steve? O que foi?

Levo um segundo para processar que é ele quem está parado à minha frente. Seu cenho está franzido e ele me encara de modo atento e preocupado. Seus ombros sobem e descem rapidamente assim como seu peito. Começo a desconfiar que ele optou pelo uso das escadas em vez do elevador.

— Você estava chorando?

Volto à realidade ao piscar e fungar. Droga! Para quem poderia mentir e dizer que não estava chorando, com essas ações acabou pedindo para ser descoberta!

— O que está fazendo aqui? – solto a maçaneta da porta e cruzo os braços.
— Perguntei primeiro.
— Não perguntou, não.
— Como é? Claro que perguntei! Eu...
— Não. Eu abri a porta e perguntei "O que foi?". – mesmo sem ter intenção, provoco uma risada alta e sincera em Steve.
— Srta. Romanoff, quanto amadurecimento de nossa parte!

Meu rosto relaxa num sorriso tímido enquanto eu abro espaço para que ele entre.

— Obrigado. – Steve passa por mim enquanto eu fecho a porta.
— Bom, não importa quem perguntou primeiro. – caminho até o sofá e faço um sinal para que ele se sente. — Mas, respondendo a você, não. Eu não estava chorando.
— Mesmo?
— Sim.
— Sim o quê?
— Sim, Steve, eu não estava chorando. – ele cerra os olhos quando eu respondo num bufo.
— Acabou de fazer uma malcriação?
— Ah, por favor! – levanto do sofá e posiciono as mãos na cintura. 
— Natasha...
— Você acha o quê? 
— Como assim?
— Essas suas regras, essa sua mania de... de querer me controlar! É tudo um absurdo!
— Então por que concordou? Se está tão incomodada assim, não deveria ter aceitado. Já te disse isso. O que te falta para desistir? Coragem?

Au! Suas palavras machucam. E o que me machuca ainda mais é saber que ele está com razão e que eu não posso responder em autodefesa. Merda!
Quer dizer, até posso, mas o que eu iria lhe dizer? Ele está absolutamente certo. Eu aceitei isso. Eu optei por isso. Eu compactuei com tudo isso. E ainda continuo. Então eu não tenho as palavras certas para lhe dar uma resposta merecida! Que porra!

— Não, não me falta coragem.
— Orgulho?
— Talvez. – maneio a cabeça para os lados. — Não sei o que é, mas estou disposta a ir até o final de janeiro com isso.
— Okay. Mas precisa se lembrar que precisa chegar até o final de janeiro com isso como uma submissa, coisa que reluta em ser.
— Eu sei. É que é difícil. Mas eu estou me esforçando. Às vezes dou algumas escorregadas, mas... eu... eu tento me policiar. É sufocante.
— Nunca disse que não seria. – relembra tenso.
— Sabe, talvez essa viagem a Los Angeles tenha vindo em uma boa hora. – cruzo os braços e Steve ergue o olhar para mim.
— Como assim?
— Eu estou precisando de um tempo para pensar. Vai ser bom para clarear algumas ideias. Você e eu precisamos disso.
— Mas pensar em quê? Do que está falando, Natasha? – ele se levanta também à minha altura.
— Eu quero... – minhas palavras travam no meio da fala. Eu te disse para você não prometer, mas já que prometeu, então cumpra. Não faça isso com Sarah. Controle-se. — Ér... eu quero...
— O que você quer, Natasha? – Steve ofega contra meu rosto. — Já sei! – ele força uma risada. — Você quer mais, não é?
— Eu não disse isso. – saio em minha defesa.
— E também não desdisse. – acusa num tom amargo.
— Steve...
— Não. – suas mãos tocam meu rosto de maneira suplicante.
— Não o quê? – estranho a intensidade de seu olhar.
— Não diga.
— Mas não dizer o quê?
— Ah, Natasha! – Steve pisca pausadamente.
— O que foi? – levo os dedos aos seus pulsos. — Diga.
— Você.
— Eu...? Eu o quê?
— Você é minha primeira submissa que inverte os papeis. Porra!
— Inverto os papeis? – seus braços caem para os lados quando eu me afasto em estado catatônico. — Está de brincadeira, né?
— Não. O que eu faço não é pensando em mim. É pensando em você.
— Ah, é? Tipo me mandar, bater e fazer sexo comigo? Faz isso pensando em mim? No meu bem estar? Jura? E você quer o quê? Que eu te agradeça?
— Natasha, eu não estou te reconhecendo. O que houve?
— Nada. – tento conter meu nervosismo ao respirar fundo.
— Não parece. – ele volta a segurar meu rosto. — Conte.
— Como tem coragem de me pedir isso? – novamente, eu fujo de seu toque.
— Natasha...
— Você não me fala nada do que eu peço! Como pode...
— Eu não te falo porque tenho medo de te perder!

De repente é como se o chão de minha casa se abrisse e o mundo todo parasse de girar. E eu que pensei que só tinha tal sensação quando Steve me proporcionava o prazer de um beijo. Ou de um orgasmo. Cale a boca, Little Red! Eu não tenho boca, menina. Eu... Então cale qualquer coisa, mas fique quieta!

— Medo? De me perder? Por quê?
— Natasha...
— Você sempre me parece vulnerável com certas coisas que fala, mas eu ainda não entendi por quê. O que aconteceu? Por que acredita tanto que pode me perder, Steve?

Seu rosto se desmancha em tristeza e amargura. E, consequentemente, meu coração se vai junto, apertado e destorcido dentro do peito ao testemunhar a dor que Steve carrega.

— Eu... eu tenho uma vida miserável.
— Não, Steve. Não! Não mais! Isso ficou no passado, mas hoje...
— Não, Natasha. Eu ainda tenho.
— Por quê?
— Porque meu passado não me abandona.
— Como assim? Por que diz isso?
— Por sua causa. – responde e, antes que eu possa perguntar o que ele quis dizer, Steve completa. — Você é ruiva. – observo seus lábios tremerem e seus olhos se encherem d'água. — E eu...
— E você...?
— Ér... e eu... bom... nada.
— Diga. 
— Não! 
— Mas...
— Chega! Eu disse que não! Porra!

Au de novo! Nossa! Eu estou toda doída apenas por míseras... palavras. Só então a famosa frase Palavras machucam mais do que tudo fazem sentido para mim.

— Então é mesmo "não"? – ele assente e se afasta de mim. — Por quê?
— Natasha...
— Só quero entender.
— Mas você não deve.
— Steve...
— Eu tenho que ir embora. Sinto muito ter subido aqui. – Steve passa os dedos por seus olhos antes de abrir a porta.
— Espere!
— Até mais.

Ele se vira para mim e toma meu rosto em suas mãos. Noto que quer me dizer algo, mas nada sai de sua boca.

— O que foi? – indago com a voz calma e doce. — Pode falar. O que foi?
— Ér... bem...
— Diga.
— Posso te pedir algo? – o receio vem junto de seu cuidado.
— Claro que sim! – afirmo ainda me concentrando em estudar seu olhar. — O que é?

Ele intensifica a mirada sobre minhas íris verdes. Apenas por sua postura sinto que posso derreter. Mas agora é diferente. Não é uma questão de excitação. É de apreensão. E, a cada segundo que se passa com mais silêncio, o nervosismo só aumenta em mim.

— Não me odeie. – suplica e eu sinto lágrimas escaparem de meus olhos. — Nunca. Prometa!
— Odiar você? – indago sem entender. — Não! Jamais. – ele assente aliviado e beija minha testa com força. 
— Obrigado! 
— Steve, eu jamais poderia te odiar. – empurro suas mãos para longe de meu rosto e o aperto contra mim.
— Eu sei o quanto você precisaquer e merece mais. – pronuncia contra meu cabelo. — Eu também desejei este mais. E hoje...
— "E hoje..."? – eu me afasto o suficiente para que possa encarar seus olhos. — O que foi? Ao menos uma vez, Steve, diga o que realmente está sentindo.
— Hoje eu sei que você é o meu mais.

Antes que eu possa responder algo, Steve sai em disparado ao bater a porta e me deixar plantada em minha sala.
Não sei se sorrio ou se continuo a chorar. Eu sou o seu mais, mas ele continua a construir muros ao seu redor. Céus! Em que eu fui me meter?


Notas Finais




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