Callie Torres
— Sabe... mais cedo eu ouvi do Mark algo tão... inaceitável. --- estavam na classe executiva de uma companhia aérea, voando para Cancún. Sofia tinha o mês inteiro de férias antes de partir para Washington, então juntando o útil ao agradável acabaram tirando alguns dias para ficarem em família. Mas alguma coisa bem lá no fundo dizia que Arizona estava aprontando alguma coisa.
— Quer compartilhar o que o seu digníssimo melhor amigo falou dessa vez? --- a poltrona das duas estavam inclinadas, e apesar do braço largo da poltrona que as impediam de estar mais próximas, não coibiu Arizona que brincava com os dedos de seu couro cabeludo. Como seu calor podia ser tão bom, e ficar cada vez melhor?
— Ele disse que vai chegar um momento... --- pausou a frase, consternada consigo mesma por conseguir levar as palavras de Sloan adiante, em consideração. Estúpido! — Que não vamos nos suportar nem nos olharmos...
— Tudo bem que já passamos por coisas piores no nosso relacionamento, mas há muito tempo é diferente e eu espero que você não esteja acreditando nisso. --- Arizona passou a brincar com o pequeno brinco de sua orelha, o rosto tão calmo e inocente.
— E quem disse que eu estou acreditando? Ele disse que depois do nosso terceiro bebê estaríamos diferentes, nosso humor seria péssimo e que lembraríamos de quem costumávamos a ser. --- soltou e Arizona parecia irritada pela primeira vez na noite, era visível porque seus dedos começaram a puxar alguns fios de seu cabelo com força e seus olhos azuis se estreitaram. Inconformada, sua esposa respirou fundo e ela tinha pena de Mark quando Arizona o encontrasse. Se pegou imaginando a cena divertida. — Bom, não tivemos um bebê de cada vez, já que temos gêmeas e nosso humor não mudou, você continua magnífica e já estamos no bebê Robbins Torres número quatro. Então nada disso irá acontecer.
— Intenso! --- a mulher inclinou a cabeça para o lado, sorrindo abertamente e explicitando quão satisfeita ficou pela escolha de suas palavras. — E caso aconteça, pode acreditar que eu vou te matar. --- apontou para ela adotando um olhar que parecia de um psicopata. Continuou imóvel. — Então eu serei uma mulher com rugas, mãe de quatro filhos, mau humorada e assassina. --- Arizona enumera nos dedos. — Será que o Mark, o homem que lhe disse todas essas tolices apoiaria a maneira como me descrevi no futuro? Irei dar dicas para a Lexie. --- riram, enquanto a loira se inclinou e passou a dar beijos na lateral de seu rosto. Arizona estava extremamente mais cuidadosa e carinhosa nesse início de gravidez. Esperava que fosse assim até o restante da gestação, pois sabia que em alguns momentos a tiraria da graça. — Mas não se preocupe, meu amor. O que temos é...
— Infindável! --- tomou o direito de selar os lábios, tendo a liberdade de roubar a última palavra.
— Sim, infindável... --- sua mulher sussurrou. Passaram um tempo com Arizona acariciando seus cabelos, mas sem dizer nada. Perdidas em suas dúvidas pessoais. — Acha que daremos conta de mais um bebê com as meninas tão pequenas? As vezes me sinto como uma menina inexperiente de tudo. Sofia não morará mais conosco. Sua ficha já caiu? Não sabemos quanto tempo ficaremos sem vê-la pessoalmente. É como se eu voltasse no tempo, o qual vocês duas viviam em Nova Iorque e eu a via a cada dois meses. Era horrível! --- a mulher revelou o que estava escondido dentro dela. Não que possa significar um problema, mas isso não a impedia de temer, certo?
— Eu também tenho esse medo, Ari. Nunca passei tanto tempo longe da Sofia como você. Vê-la adulta me assusta pra caramba. E com a chegada de mais uma criança... as vezes eu estou em êxtase outras... em pânico. --- as vezes tinha medo de se encontrar em uma encruzilhada.
— Oh, droga! Estamos parecendo duas adolescentes no dia que antecede a formatura. Depressivas, filosofando sobre o momento em que nossas vidas atingirão um novo curso. Fora que quanto mais crianças, menos sexo... --- Arizona riu de si mesma, com as mãos na boca a impedindo de gargalhar.
— Arizona, fala baixo! --- abriu um sorriso contido quando a comissária de bordo passava por elas. Era ótimo que sempre poderia ter Arizona como sua melhor amiga também. Elas estavam nas duas poltronas do canto, e as três no meio do corredor estavam Sofia, Francine e um uma única poltrona Alice e Laura a dividiam. Dormiam como duas anjinhas de testas coladas.
— Saiu sem querer... é como se eu tivesse esquecido onde estamos. --- Callie concordou em silêncio, entrelaçando os dedos de suas mãos. — Vamos dar conta de tudo como sempre. --- disse cheia de convicção, e voltaram a ficar silenciosas até pegarem no sono. Quer dizer, menos Arizona. Era muito difícil vê-la dormindo em um voo.
Estava na quarta semana de gestação, seu pequeno bebê era praticamente um grão de arroz. Arizona a tratava como se tivesse um cristal em mãos, e já era capaz de imaginar a grávida mimada que seria. Pelo menos ela usufruiria da boa paciência até de seu melhor amigo e já tramava uma pequena lista para Sloan: massagem nos pés, levar boas sobremesas, continuaria com a caminhada e Mark carregaria sua garrafinha d’água. Sua ginecologista e obstetra foi a mesma de Arizona, o pré-natal fora iniciado o mais rápido possível e não queriam perder tempo com nada. A médica receitou vitaminas e tratou de fazer também uma extensa lista de recomendações as quais já sabia, mas a deixava irritada com alguns itens.
Sofia estava radiante com a possibilidade de vir um menino e já pensava em alguns nomes. Alice dizia que iria vir uma ‘’pincesa’’ e Laura questionava o porquê de só ter um bebê dentro de sua barriga e não dois. Na cabecinha dela sempre eram dois, já que ela era gêmea. Um era muito pouco em sua concepção. Não via a hora de poder fazer o projeto do quarto assim que descobrisse o sexo do bebê. Ah se ela tivesse uma bola de cristal...
‘’Existem momentos em nossas vidas que nos vemos em uma encruzilhada. Com medo, confusos, sem mapa. As escolhas que fazemos nesses momentos podem definir o resto de nossa vida. Claro que quando se está de frente com o desconhecido, a maioria de nós prefere dar meia volta e retornar. Mas, às vezes as pessoas pressionam por algo melhor, algo além da dor de continuar sozinho. E além da bravura e coragem que leva para se aproximar de alguém, ou de dar uma segunda chance para alguém. Algo além da quieta persistência de um sonho...’’ One Tree Hill.
Arizona Robbins
Nem Arizona e nem Callie gostavam de comemorar a data do recasamento, era como se o passado fosse apagado e só existisse os míseros quatro anos juntas. Era muito pouco para tudo o já tinham vivido, não? Sem dúvidas, quatro anos podem significar muito tempo para alguns, mas pouquíssimo tempo para outros. Entretanto, nesse meio tempo tinham crescido, amadurecido e ganhado tantas coisas boas. Era o suficiente para ela. O suficiente para que soubesse com toda a convicção que Callie era e sempre foi a mulher que gostaria de dividir o restante de sua vida, com quem ela gostaria de compartilhar todas as suas vivências.
Aliás, não podia mentir, pois de certo modo soube desde o primeiro dia, quando pôde beijá-la pela primeira vez que ela seria sua mulher. Sim, ela sabia. Talvez não tenha enxergado como deveria naquele dia em específico, talvez tenha levado algum tempo para que assimilasse as coisas, mas tudo tinha mudado e agora era a certeza mais irrevogável de toda a sua existência.
Estavam juntas tempo o bastante para que desfrutassem de grandes histórias para contar e relembrar, porém insuficiente para que ela pudesse mostrar a Callie as proporções de seus sentimentos. Bom, talvez ela nunca seria capaz de tanto, visto que mal sabia definir essas tais proporções. Concluiu que algumas coisas não precisam de explicação ou definição, pois o seu mistério é a parte mais fascinante, com toda a certeza. É o que mantém acesa a chama que produz o combustível necessário e diário para que a paixão nunca se perca, para que a cumplicidade se eleve vertiginosamente com o passar das experiências compartilhadas e o amor seja sempre a força encarregada de reger os caminhos entrelaçados.
Não se surpreenda, Callie era vista como uma mulher romântica que amava surpresas e era capaz de fazer tudo por ela. Só que bem... Arizona também tinha suas artimanhas e sabia usar boas palavras. Por isso, praticamente todos os seus amigos mais a família chegariam no dia seguinte para uma belíssima festa e renovação de votos. Callie andava desconfiada de que ela estava aprontando alguma, mas duvidava muito que ela soubesse de alguma coisa daquela proporção. Quando se casaram no civil, não tiveram festa como Callie queria, então a hora tinha chegado.
Não daria para todos ficarem na casa que apesar de ser enorme, não acomodaria o número de pessoas que estava chegando. Por isso, com a ajuda de seu sogro que conhecia bem a região, conseguiu o aluguel de mais uma casa no mesmo bairro e para facilitar a locomoção de todos. A ideia surgiu quando conversava com suas amigas sobre aniversário de casamento, teve tempo necessário para bolar um bom plano por trás de Callie e espera que ela goste da surpresa.
Flashback on:
— Sábado irei para Montana com o Henry. Dar para acreditar que estamos mais de dez anos juntos? --- era horário do almoço e estavam em um restaurante na mesma rua que o hospital. Como estavam enjoadas do mesmo cardápio, resolveram buscar por mais opções.
— Vão comemorar o aniversário de casamento? --- April perguntou erguendo o olhar para Teodora. As três estavam sentadas mais ao fundo do restaurante em frente a uma bela janela que dava vista para a área externa do estabelecimento. — Ano passado eu fui para Nevada com o Jackson. Eu amo explorar novos lugares. --- sorriu.
— Já eu, não sei o que irei fazer com Callie esse ano. Gostamos de comemorar a data, mas não o pouco tempo que ela significa. --- Arizona bebericou seu suco e depois olhou para a tela do celular que estava em cima da mesa para conferir as horas. Não dava para ficar muito tempo fira do hospital.
— Acho deveriam passar a se importar mais. A data é um recomeço, você teve Sofia de volta em casa e tiveram mais duas filhas. Olha quanta coisa boa aconteceu nos últimos anos para vocês duas? --- olhou para sua amiga e clareando a mente, concordou. Mas era sempre estranho comemorar apenas alguns anos vendo a bagagem que carregavam.
— É... você tem razão Teddy! --- limitou-se. — Não sei o que Callie irá aprontar esse ano. Ela sempre me surpreende... --- tinha perdido as contas de quantas vezes fora surpreendida por Calliope. Não que ela fosse o tipo que esquecia datas ou não gostava de comemorá-las. Quando ela simplesmente pensava no recheio do bolo, Callie já vinha com pronto.
— Que tal esse ano, você surpreendê-la? --- April piscou em sua direção como se já tivesse uma ideia se formando em sua mente.
— Como o que por exemplo? --- perguntou de forma um tanto curiosa.
— O que ela gosta de fazer? Quais tipos de lugares ela de visitar? Você conhece sua esposa, Robbins. Apenas pense! --- jogou, e Arizona parou alguns segundos enumerando em sua mente o que Callie adorava fazer.
— Callie gosta de lugares quentes como praia, gosta de fazer trilhas e rapel, e inúmeras aventuras. --- disse não com tanto ânimo em sua voz, o que fez suas amigas rolarem os olhos em sua direção sabendo que ela não gostava daquelas coisas. — Por isso ela sempre faz essas coisas com o Mark. --- apontou.
— Mas ela sempre faz suas vontades. Está na hora de retribuir minha amiga. --- Teddy soou acusadora, e ela parou para pensar em alguma coisa, mas nada vinha a sua mente. — Vocês não têm uma casa em Cancún? Prepare alguma coisa, aposto que ela irá adorar. --- quando sua amiga acabou de falar, ela sorriu tendo um estalo. Callie simplesmente amava a casa e o lugar, por ela viveria naquela cidade.
Flashback off
Dora e Cassandra ficaram felizes com a chegada da família. Chegaram no período da manhã, o dia estava lindo com poucas nuvens no céu e ela já podia imaginar a bagunça que seria quando todos chegassem. As duas mais velhas ficaram encantadas com o quanto Laura e Alice estavam crescidas e como Sofia já estava uma bela jovem mulher. Ficaram emocionadas também com a notícia da gravidez de Calliope, já podia imaginar quão mimada Callie seria por aquelas duas que prometeram mil sobremesas diferentes.
Callie abriu a porta e revelou o espaço que era delas duas. O quarto estava devidamente da mesma forma que lembrava. As janelas estavam abertas deixando o vento entrar o que fazia as cortinas balançarem. Callie foi logo se sentando na cama e alisando sua superfície, enquanto ela agradecia ao jardineiro que se prontificou em ajuda-la com as malas já que não deixou sua esposa carregar peso.
— Por que você não dorme um pouquinho? --- observou sua mulher que já tinha tirado seu par de tênis e se espreguiçava no meio da cama.
— Fala sério, Arizona! Estamos no paraíso, irei dormir mais tarde. --- suas palavras não faziam jus aos seus bocejos e semblante sonolento. Ela estava cansada.
— Amor... descansa um pouco. Toma um banho, coloque uma roupa confortável e durma só um pouquinho, vai... por mim. --- pediu chegando próxima a latina e comprimiu os lábios depositando um beijo em seu ombro.
— Ari, eu estou grávida e não doente. Quero ir à praia com as meninas e aproveitar o dia! --- relutou. Então Arizona serrou o olhar e negou com a cabeça. Não tinha negociações daquela vez.
— Eu duvido muito que a Sofia queira ir à praia agora, e aposto que depois do almoço Laura e Alice irão dormir. Então não resta chance para você sair de casa agora. --- curvou-se roçando os lábios por toda a pele nua que encontrava do colo para cima. Callie fechou os olhos quando Arizona insinuou beijá-la apenas para deixa-la desejosa a respeito.
— Huuum... se eu cochilar um pouquinho, o que ganho de brinde? --- sorriu com a forma maliciosa que suas palavras soaram. E continuou provocando-a escorregando a mão pela lateral do corpo latino, delineando sua cintura até alcançar o início de sua coxa, voltando a subir e firmando as pontas de seus dedos sobre uma de suas nádegas, puxando-a contra ela ao depositar uma controlada força na área que a fez soltar um riso sugestivo.
— Quem sabe... se você for boazinha e obediente eu posso pensar em alguma coisa para mais tarde. --- Callie cheirava a uma tarde de verão, cheirava à pura necessidade desenfreada de obter amor, de fazer amor com a mais vivida paixão. — Posso presenteá-la com o melhor orgasmo que já teve. Orgasmos... melhor dizendo. --- o cheiro de Calliope a entorpecia, era seu maior estímulo.
— Ohhh Ari... eu estou cada vez mais apaixonada por você. --- a latina arfou ao dizer, visto a forma como ela ameaçava abaixar uma das alças de sua blusa enquanto mordiscava e beijava seu ombro. — Isso é possível? --- Arizona olhou-a sorrindo inconscientemente. Era impossível não sentir vontade de sorrir quando a via. Ainda mais assim de olhos fechados e tão entregue a ela. Aquilo poderia se repetir milhares de vezes em um único dia.
— Eu diria que sim, Calliope. Até porque eu me apaixono por você a todo instante. --- declarou roçando a ponta de seus narizes enquanto o ar quente expulso através de seus lábios entreabertos a embriagava. Seu hálito era delicioso, ela queria beijar sua esposa com selvageria, até que implorasse por ar. — Visto que me sinto da mesma forma em relação a você. --- moveu sua cabeça para ficar com a boca a altura do ouvido da morena, mordiscando seu lóbulo ao concluir sua fala.
— E o que faremos com toda essa paixão? --- soltou sugestivamente, respirando fundo durante os intervalos entre suas frases. O rosto de Callie estava corado, sua pele subitamente adquirindo uma temperatura mais elevada e Arizona não estava nada diferente dela.
— Hey, vocês duas! A porta está aberta! --- se assustaram com a chegada de Sofia e olharam para a entrada do quarto onde a filha estava com um olhar de repreensão para cima delas. — E acabamos de chegar, não é hora de ficarem de agarra agarra na cama.
— Por que não viemos sozinhas mesmo? --- Callie gemeu, escondendo o rosto em seu colo, só assim percebeu que ainda mantinha o corpo inclinado sobre o de sua mulher.
— Eu não vejo a hora de você ter filhos. --- Arizona disse olhando para a filha que já tinha trocado de roupa e agora subia na cama deitando ao lado de Callie que soltou uma risada baixinha.
— Não fala isso nem de brincadeira, eu estou muito nova para ter filhos. --- sorriu ao olhar o semblante assustado da filha.
— E eu muito nova para ser avó! --- declarou a latina. Arizona então a soltou e levantou da cama indo fechar a janela e depois as cortinas. Ligou o ar para deixar em uma temperatura agradável e fechou a porta do quarto antes de abrir sua mala e tirar algumas peças de roupas frescas. Tomaria um banho antes de descer e ajudar Francine com as crianças.
— Sofia, não fique de papo com sua mãe. Deixe-a dormir senão ela não sai de casa hoje. --- disse antes de pegar tudo que precisava e levar para o banheiro.
— Mandona! --- ouviu sua esposa dizer antes de fechar a porta do banheiro e sorriu. A estadia delas seria muito divertida.
Arizona deixou Sofia e Callie descansando e foi conversar com Cassandra e Dora. As duas senhoras estavam por dentro da surpresa que faria para sua esposa e estavam lhe ajudando com tudo para que saísse perfeito, nada menos do que Callie merecia. Não via a hora de poder ver o semblante de sua mulher quando todos chegassem no dia seguinte. Seu sogro tinha informado que talvez viesse durante a noite com Lúcia, mas não deu certeza. Por isso ela resolveu não fazer planos para ficar em casa. Gostaria de sair com a família para jantar em algum restaurante ao gosto de Callie já que ela conhecia tudo naquela redondeza.
— ‘’Mommy, quelo ir na picina!’’ --- Laura veio saltitante em sua direção quando se colocou para a área externa da casa, onde tinha um enorme gramado junto a piscina e outras coisas. — ‘’Pufavô, mommy!’’
— Vamos almoçar primeiro, depois a mamãe deixa você entrar na piscina. --- agachou ficando na mesma altura da filha que cruzou os braços na altura do peito e formou um bico nos lábios. Laura odiava ser contrariada.
— ‘’Não pode ser agola?’’ --- a pequena espertinha descruzou os braços e os enlaçou em seu pescoço, jogando uma outra forma para que sua vontade fosse atendida.
— Não tem como você entrar sozinha na piscina filha. É funda para você. --- a pegou no colo, e se levantou vendo Alice olhando para a água com o rosto encostado no cercado da piscina. Fran estava agachada ao seu lado e parecia explicar a mesma coisa para a filha que apenas balançava a cabecinha. Callie tinha pedido para que colocassem um cercado em volta da piscina por causa das crianças, não gostava de pensar em vê-las correndo pelo extenso quintal com essa área totalmente aberta, as deixando vulnerável a uma queda dentro d’água.
— ‘’Mas eu sei nadá, mommy. Eu nado na banhêla!’’ --- retrucou totalmente convincente do que sabia fazer. Arizona andou até chegar ao lado de Francine que conversava com uma Alice chorosa.
— A banheira é pequena e a mamãe não a enche toda, espertinha. Quando a mama acordar, ela entra com você a sua irmã. --- a colocou no chão e viu Alice erguer os olhos vermelhos em sua direção. Estavam tristonhos e suas bochechas estavam avermelhadas. — Não vai dar para vocês estrarem agora na piscina, mas que tal tomar banho aqui hein...? --- foi andando até o lugar onde ficava um belo chuveiro e abriu a torneira deixando a água gelada cair. — Que tal? --- olhou para as duas que não pareciam muito animadas com a ideia.
— Vão lá meninas, vai ser divertido! --- Francine as incentivou, e quando deram sinal que aceitariam a babá tirou suas vestimentas junto a frauda e correram com a bundinha de fora até o chuveiro. O semblante de espanto das duas quando entraram em contato com a água gelada fez Arizona e Francine gargalharem. — Irei buscar toalhas e o sabonete para elas. --- a babá informou levando as coisas das crianças.
Arizona se afastou um pouco e passou apenas a observar e sorrir vendo as filhas se divertirem. Tinham achado uma bola verde de plástico no gramado e alternavam em jogá-la uma para outra e correr para debaixo do chuveirão. Francine retornou com duas toalhas e sabonete infantil, iria ficar ali fazendo companhia para ela, porém viu o semblante cansado da mulher a liberou para um pequeno descanso até a hora do almoço.
— Hey, pessoinhas! Que tal sairmos agora para almoçar. A mamãe está com uma fominha, vocês não estão? --- depois de um bom tempo ali, Dora informou que o almoço já estava pronto, mas as duas negaram e voltaram a correr atrás da bola, rindo e conversando entre elas. As duas eram assim, e um momento eram como melhores amigas em outro pareciam não se suportar e começavam a gritar e bater uma na outra. Irmãs! — Vamos, a mamãe não disse que depois vocês poderiam entrar na piscina? Então... para isso precisam almoçar.
Antes de tirá-las do banho, as ensaboou e desligou o chuveiro as secando com as toalhas felpudas. As enrolou na mesma e pegou as duas no colo, o que não era mais uma tarefa fácil, pois a cada dia estavam mais crescidas e pesadas. A mala das duas ainda se encontrava na sala, então aproveitou e as vestiu ali mesmo, depois as levou para o andar de cima onde acordaria Callie e Sofia.
— Estão liberadas para acordar a mama e a irmã de vocês. Só não pulem em cima da mamãe. --- alertou colocando as duas pequenas em cima da cama que começaram a falar alto: ‘’acoida piguiçosas, acoida piguiçosas!’’ Sorriu ao ver Sofia abrir os olhos assustada, tirando os cabelos que caiam sobre seus olhos e Callie resmungou alguma coisa colocando o travesseiro em cima do rosto. — Vamos levantar, é hora de almoçar! --- cantarolou.
— Mãe, por que a senhora faz essas coisas? --- reclamou uma Sofia mau humorada sentando na cama e Laura aproveitou para sentar-se sobre suas pernas. — E você adora uma farra né mocinha? --- mesclou os dedos na barriga da bebê que começou a rir esticar o corpo no colo da irmã.
— Sua mãe não tem limites, eu vou começar a fazer essas coisas também com ela. --- Callie resmungou tirando o travesseiro de seu rosto e elevou o tronco se recostou na cabeceira da cama. Sorriu ao observá-la sonolenta e como se possível, mais linda.
— Oh meu Deus! Minha mulher e minhas filhas são tão dramáticas... --- soou sarcástica abrindo as cortinas deixando a escuridão do local dar lugar a luz natural que vinha entre as janelas.
— Duvido... todas elas puxaram a você. Tem tudo o seu gênio, quer dizer... menos essa aqui. --- a morena puxou Alice para seu colo e a bebê beijou seu rosto sorrindo. — `Tá vendo? Um doce como a mama aqui, né filha. --- Alice voltou a sorrir e a abraçou agarrando-a pelo pescoço.
— ‘’Não, Aicê. A mama é minha!’’ --- Laura saiu do colo de Sofia e pulou para os braços de Callie, empurrando a irmã.
— E são ciumentas também! --- a latina declarou abrindo espaço para que Laura se encaixasse também em seu colo. Ficaram as duas brigando pelo território do colo da mãe.
— Enquanto vocês discutem quem puxou quem, irei descer para almoçar, pois estou faminta! --- Sofia levantou ajeitando seu longo cabelo e depois os colocou para trás dos ombros. — Ainda quero ir à praia hoje e dar uma volta, e se liberarem o carro... eu agradeço.
— Só temos um carro aqui, então iremos sair todas juntas. --- não tinha como Sofia sair com o carro e elas ficarem dentro de casa. Pois todas dependiam do veículo.
— Ah mãe, fala sério! A Zola vem para cá amanhã e... --- a jovem arregalou os olhos vendo que tinha falado besteira. Arizona apenas semicerrou o olhar em sua direção que engoliu em seco.
— Ué? Como assim? A Zola vem amanhã? --- Callie perguntou afastando as filhas para que conseguisse se levantar da cama. Mas Laura não desgrudava, possessiva.
— É... eu a chamei para vir, mas avisei a mamãe. --- falou rapidamente, apontando para Arizona que fez uma careta. — Porém ela não pôde vir conosco, mas chega amanhã. Falar nisso ainda tenho que ver o horário do voo dela.
— Eu hein... vocês estão tão estranhas olhando uma para a outra. Estão escondendo alguma coisa? --- colocou as duas pequenas no chão. Estavam do jeito que gostavam, com roupas leves e descalças.
— Claro que não, Calliope. Desde quando eu acoberto a Sofia? Quem faz isso é você! --- apontou, acusatória. — Agora chega de papo, vamos descer para almoçar. --- mudou o foco da conversa antes que ela descobrisse alguma coisa, e assim foram almoçar para começar o dia na cidade.
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