Arizona
Não sabia o que tinha na voz de Callie, mas lhe fazia bem. A fazia sentir-se calma, segura, tranquila, e não importava a hora: sempre iria conseguir tirar sorrisos do seu rosto, o brilho dos seus olhos e amor do seu coração. Só de ver sua morena sorrir se sentia completamente realizada. Adorava acordar ao lado dela e escuta-la dizer que quer dormir só mais cinco minutos. ‘’Aquela típica rotina gostosa’’. Amava enche-la de beijos enquanto ela cozinha, ou, correr atrás dela pela casa inteira só para lhe fazer cócegas. E poderia existir mil motivos para que ela pudesse sorrir, mas ela sempre precisou e iria precisar apenas de um para ser feliz: Calliope. Sua maior satisfação é saber que tem alguém que dia após dia lhe fazia ser uma pessoa melhor, e isso a deixava cada vez mais apaixonada, mais rendida aos encantos da linda latina que chegou para mudar completamente sua vida.
Arizona aprendeu a amar Calliope do jeitinho dela, aprendeu a se importar com alguém além dela mesma. E estaria lá todos os dias da sua vida, sem medo, e a preenchendo quando ela precisasse de seus braços e do seu aconchego. Amava as mãos latinas nas suas, do seu cheiro em suas roupas, do sorrio megawatt em seu dia-a-dia, dos abraços quentinhos nas noites de frio ou dos beijos gelados nos dias de quentura. Adorava suas conversas mais idiotas que as faziam rir de uma forma inexplicável, das gargalhadas que contagiavam as dela, das palavras da latina em seu vocabulário e principalmente amava sua pele na dela.
Fazer loucuras dentro do carro de sua sogra, era uma das melhores ideias que já teve em toda sua vida. Ter Callie embaixo de si pedindo e suplicando por ela, fazia seu corpo inteiro se arrepiar e sabia que tinha feito a coisa certa em toma-la ali mesmo. Não se importava se poderiam ser pegas por alguém que passasse pelo lado do carro, não se importava se o carro estava balançando e muito menos se importava dos gemidos da latina que eram música para seus ouvidos. Agora, de pé dentro do elevador encarando o perfil da latina que ajeitava o seu vestido, sorria ao recordar dos minutos deliciosos que desfrutaram, juntas, de muita loucura e muita paixão. Seu sorriso era verdadeiro e observava a latina que tinha nas mãos suas sandálias, já que não conseguiria andar de salto, pois segundo ela as pernas estavam bambas, e tinha medo de se desequilibrar. ‘’A amava tanto...’’
Assim que entram no quarto e ela tranca a porta, Callie pega suas mãos e as duas correm e se jogam na cama com tudo. Amava fazer aquilo quando viajava com Callie, era um momento só delas que sempre virava logo após, uma guerra de travesseiro ou guerra de cócegas, e daquela vez, foram cócegas. Arizona tinha sido mais rápida e assim que caiu na cama, subiu no quadril da latina que tentou jogar o corpo para o lado, sem chance, a loira já tinha a prendido com as pernas. Gargalhadas, súplicas para que parasse e chantagens vingativas eram ouvidas enquanto brincavam uma com a outra.
— Há quanto tempo a gente não fica assim? – estavam na banheira e Arizona se encontrava sentada no colo de Callie. A morena alisava suas costas enquanto ela dedilhava seus lábios carnudos.
— eu nem lembro quando foi a última vez que tomamos um banho relaxante de banheira. – Arizona responde se aconchegando mais ao colo da morena. Era tão linda assim, natural, sem maquiagem, com o cabelo preso para não molhar, e com uma doçura incrível que era toda direcionada a ela. — nós temos uma banheira em casa e mal a usamos. – estava feliz e era engraçado como a felicidade poderia estar em detalhes tão simples.
— eu amo namorar você em uma banheira. – confessa a latina apalpando as nádegas de Arizona que se esfrega nela fazendo os seios se roçarem. — você é linda, sabia? – amava aquele jogo que a deixava envergonhada e tímida.
— nem começa. – sente as bochechas esquentarem e enfia o rosto entre o pescoço da latina que gargalha. — vamos namorar sem falar nessas coisas... – pede manhosa.
— a mulher que quis transar no meu quarto de solteira e a que disse que não sairia do carro da minha mãe sem antes transássemos, não é a mesma de agora. —a abraça forte pela cintura.
— eu estava com suco de limão e água na cabeça, amor. – a resposta faz as duas gargalharem e Arizona volta a encarar a latina que tinha o olhar cravado em seus lábios. – para de encarar a minha boca. – pede, implicante.
— eu amo os seus lábios. – faz uma cara de suspense e cochicha como se fosse contar um segredo. — aliás, os quatro. – solta uma piscadela para Arizona que arregala os olhos azuis que escurecem na hora.
— você um dia vai me matar de tanta vergonha. – espreme os lábios aos da latina que sorrir ao iniciarem um beijo apaixonado e longo.
Ficaram alguns minutos perdidas em seus mundos naquela banheira. Risadas, carícias, conversas, namoro, tudo fazia parte da madrugada das duas que estavam transbordando de felicidade. Arizona estava com as costas apoiadas na frente do corpo de Callie que tinha os braços em volta da namorada. Falavam sobre os dias que estavam distantes, dos sentimentos, dos choros, angústias e aquilo era bom, faziam se sentir leves já que tudo tinha passado e agora era só aproveitarem a companhia uma da outra. Os celulares começaram a tocar, mas nenhuma das duas queriam sair de sua belíssima bolha cor de rosa, encontravam-se entregues ao romantismo que as cercavam e sabiam que quando saíssem dali, à realidade do dia a dia iria vir à tona.
O celular da latina não parava de tocar, e depois de uma chuveirada rápida, Arizona viu Callie mesmo se enxugando caminhar para a cama onde seu celular se encontrava. Enrolada na toalha foi em direção à sua mala pegar uma calcinha limpa e outro blusão para a latina se vestir quando escutou a voz de Carla na viva voz do celular.
— já transaram e agora você pode falar à vontade? – escutam a voz debochada de Carla do outro lado da linha.
— Carla você já viu que horas são? – pega no ar a blusa que Arizona joga em sua direção. Iria ter que dormir sem calcinha, pois a sua estava molhada.
— Sofia Robbin Sloan Torres, lembra? – as duas mulheres encaram-se com os olhos arregalados.
— Meu Deus, Arizona! Esquecemos da nossa filha. – senta na cama colocando a mão no peito. — ela está muito chateada? – pergunta para a irmã.
— está com muita raiva isso sim. – comenta enquanto Arizona acabava de se vestir. — ela ficou procurando vocês por todo canto até se dar conta que o carro da mamãe não estava no estacionamento.
— Carla, me faz um favor? Se ela ainda estiver acordada fala que amanhã bem cedo passamos para busca-la para irmos para a praia. – Arizona pede para a cunhada que sorrir dizendo que queriam comprar a filha com passeio.
— aviso, mas vocês também irão levar a Clara, okay? Tenho que ajeitar tudo amanhã de amanhã para o almoço e essa pentelha não para quita. – as mulheres concordam e encerram a ligação.
Arizona foi para o banheiro escovar seus dentes enquanto Callie ficou fuçando suas redes sócias. Ainda não acreditara que tinha esquecido a filha na casa dos pais de Callie e pelo que conhece do seu pequeno serzinho, devia estar uma ferinha.
— Sofia deve estar muito chateada. – fala ao voltar do banheiro. — eu disse para ela que dormiríamos juntas hoje.
— já até sei que amanhã ela estará como você. – fica de pé indo em direção ao banheiro. — Vai ficar se fazendo o todo tempo de difícil. – fala mais alto.
— que calúnia. Eu não sou assim... – resmunga tirando os lençóis da cama para que pudessem deitar por baixo.
— quer mesmo discutir sobre isso? – murmura enquanto secava o rosto com uma toalha branca felpuda. — não, porque temos coisas melhores para fazer. – o tom de voz insinuativo faz Callie aparecer na porta.
— e o que seria? – pergunta curiosa.
— eu trouxe a lista dos doadores. Se você quiser... podemos ver se a escolha sai hoje ou outro dia. – solta uma piscadela para a mulher que fica animada quando Arizona pega na bolsa a pasta com a lista completa.
— vamos dar uma olhada no que temos aí. – desliga a luz do banheiro e juntas sentam encostadas na cabeceira da cama.
Decidir o doador era uma questão importante e difícil. As duas mulheres eram diferentes e queriam o melhor para que o procedimento fosse um sucesso, mas como escolher rápido e com paciência quando nenhuma das duas concordava com a escolha da outra? Arizona estava ficando aborrecida já que toda vez que apontava para alguém da lista, Callie colocava defeitos físicos na pessoa. Arizona não estava preocupada se o homem era muito feio ou muito bonito, estava mais preocupada com o tipo sanguíneo, se tinha alguma doença na família, qual era a profissão. Já sua namorada, avaliava o quesito beleza o que estava a perturbando.
— olha esse aqui. – Arizona aponta para o homem com cabelo baixo e escorrido. — Thomas, 45 anos, moreno, cientista.
— Arizona se nosso bebê nascer com a orelha que esse homem tem, vamos ter que pedir para o Mark e o Avery operá-lo antes de completar um ano. Capaz de depois que nosso bebê começar a andar, aprenda a voar também. – a morena fala olhando para as orelhas do homem na foto.
— Calliope! – a repreende.
— com uma orelha dessa, tá na cara que é virgem. – fala como se fosse óbvio. — qualquer homem ou mulher ficaria com medo. Próximo! – pede.
— Heitor, 39 anos, ruivo, psicólogo e gosta de assistir corrida da fórmula 1. – a loira acha interessante o hobby do homem.
— ah claro, por isso é caolha. – leva o dedo para o homem que estava de óculos. — Deus me livre meu filho nascer com um olho desse. – faz uma careta.
— Callie, você acha defeito em tudo. – resmunga olhando semblante da mulher que passava os olhos pelo restaste da lista.
— Arizona esse cara deve ter passado a vida toda assistindo fórmula um e por isso o olho dele ficou assim, só pode. – começa a gargalhar achando o homem ridículo.
— ele usa óculos. Isso é bullying, sabia? – observa a mulher que não parava de rir.
— bullying é o que nosso filho vai sofrer se escolhermos ele. – balança a cabeça. — próximo!
— Pedro, descente de italiano, loiro, olhos verdes, chefe de restaurante e adora dançar salsa nas horas vagas. – sorrir abertamente marcando o homem.
— acho que acabamos de encontrar o nosso doador. – olha a foto do homem e os olhos se arregalam. — Nossa ele é lindo!
— menos, Calliope. – revira os olhos para a morena.
— mas ele é lindo mesmo. Você não me mencionou a idade... – procura as características do homem.
— 40 anos e para de babar em cima do papel, senão eu descarto ele. – rosna entre dentes.
— Arizona você está com ciúmes de um doador? Nós nunca nem o veremos. – beija a bochecha da loira que se esquiva.
— olha esse aqui. – corta o assunto apontando para o papel. — Carlos, 42 anos, nasceu na Austrália e, é professor de literatura nos Estados Unidos. Ama correr e escalar montanhas.
— lindo também. Olha esse cabelo, é quase ruivo. – alisa com a ponta do teto a foto impressa do homem.
— não perguntei se ele era bonito, e sim se os requisitos eram bons. – bate os papéis na cabeça da morena que reclama.
— não vamos descarta-lo. E se você continuar com esse ciúme sem fundamento, eu vou estapear sua bunda. – a ameaça.
— Rá! Tenta sorte. – sente as pernas serem puxadas para frente e cai deitada na cama.
— você está debochando de mim? – semicerra os olhos para a loira que tentava escapar de seus braços.
— não, amor. Não me morde. Por favor, amor... – pede quando sente Callie morder de leve seu pescoço e depois seus queixo.
— amor, amor... quando você está em maus lençóis eu sou amor né? – encaixa-se entre as pernas da loira.
— sempre foi, meu único e para sempre amor. – exagera na declaração e Callie sorrir.
— se você não tivesse com esse sorriso sínico nos lábios, eu te beijaria agora. – comenta erguendo o corpo para cima e volta a se sentar na cama.
— se não quiser me beijar não beija, mas nós poderíamos dançar salsa. – ergue uma das sobrancelhas para a latina que nega com a cabeça. — O que acha? – faz um biquinho.
— idiota. – a ajuda a levantar e voltam para as posições anteriores.
— Mauro, 36 anos. Nasceu no Japão, advogado. – pega a lista de volta lendo as características do homem.
— Arizona você já leu a altura desse homem? – coloca o dedo bem em cima da informação. —1,65. Ele além de japonês, é baixinho e com certeza deve ter um pênis minúsculo. – mede o tamanho com as mãos.
— Callie, não seja preconceituosa. – olha feio para a morena que não se importa com a repreensão da sua namorada.
— preconceito vai ser o que o nosso bebê vai sentir se escolhermos esse cara. Não quero que meu filho seja um frustrado na vida. – reclama cruzando os braços na frente do corpo.
— Kevin, descendente de alemão e nossa fala quatro línguas, 38 anos e seu hobby é lutar Jiu jitsu. – volta sua atenção para o papel.
— Ah claro, você agora vai querer que nosso filho tenha sangue do Hitler? – dar um tapa na própria perna. — Nunca se sabe se eles são parentes. – leva a mão à boca como se estivesse pavor da informação.
— Callie, chega! Outro dia a gente continua lendo o restante da lista. – recolhe os papéis colocando-os de volta para a pasta preta.
Depois que Arizona guarda a pasta e desliga a luz, deita-se na cama ao lado da morena que a braça em posição de conchinha. Fazia dias que não dormiam daquela maneira e estavam sempre longe uma da outra. Sentiam falta do calor, do encostar dos pés embaixo das cobertas, dos toques, abraços, de tudo. Naquela noite em especial dormiriam bem e felizes depois de dias vivendo em tempestade.
— amor, acorda. – sacode Callie de leve. — anda, Calliope! Vamos nos atrasar e hoje o dia vai ser corrido. – observa a mulher resmungar virando-se de costas para ela.
— ah não, Arizona... só mais cinco minutinhos vai. – cobre a cabeça querendo dormir mais um pouco.
— nem meio. – arranca os lençóis de cima da latina que se encolhe com frio. — ainda temos que pegar nossa filha na casa da sua irmã. – avisa.
— eu dormi ainda agora. – resmunga tentando puxar o lençol de volta.
— dormiremos no avião, até porque são muitas horas de voo. – tenta fazer a mulher se levantar, mas estava difícil;
— essa cama é muito macia, por que não marcamos outro dia? – abraça o travesseiro que Arizona tinha dormido. Estava com o cheiro dela.
— enquanto você fica aí reclamando, a hora está passando... – reclama jogando os lenços de volta na cama. — levanta que eu comprei biquíni, um short e uma blusa pra você.
— hã? Você saiu para comprar roupa para mim que horas? – senta na cama observando a sacola que Arizona mostra para ela.
— Ainda agora. Acordei e como sabia que teríamos que gastar mais tempo ainda para ir até a casa de seus pais para pegar roupa para você, resolvi ir em uma das lojas aqui da rua mesmo. – começa a passar protetor solar nos braços e no rosto.
— eu odeio você. – murmura antes de levantar-se da cama. — Pensei que ia me livrar dessa. – faz uma careta ao tocar o chão frio com os pés descalços.
— eu sei... eu também te odeio. — Sorrir para a namorada que estava emburrada. — agora, vai se trocar. – aponta para o banheiro sorrindo.
— mandona! – pega a sacola em cima da cama conferindo as peças que tinha dentro.
— gostosa! – fala alto observando a bunda desnuda da mulher que estava só com uma blusa larga sua de dormir.
Arizona esperou Callie se arrumar para irem tomar café no hotel mesmo. O buffet oferecido era maravilhoso e a loira fez questão de pegar tudo que gostava para comer enquanto a morena reclamava atrás dela dizendo para ‘’pegar leve’’, pois era um hotel caro e a comida era uma nota. Arizona brincava dizendo que esse era o acordo: ‘’só vim porque você disse que iria me bancar, então estou aproveitando’’. Ela queria provocar e Callie sabia disso, e justamente por saber que tudo era provocação tinha decidido não entrar no joguinho da mulher e só fazer suas vontades, e era uma ótima escolha, pois a mesma poderia com seus joguinhos lhe levar a falência.
Depois do café da manhã, ligaram para Carla para ver se as meninas já estavam prontas porque em poucos minutos iriam pegá-las em sua casa. Segundo a latina mais nova, Clara estava eufórica, mas Sofia estava com cara de poucos amigos e lhes desejou boa sorte para lidarem com a adolescente que era igualzinha Arizona quando encontrava-se irritada.
— como vocês tiveram coragem de esquecer de mim? Sou a filha única de vocês. - reclama de braços cruzados assim que entra dentro do carro. — e olha que vocês só têm uma filha, imagina quando vier os outros... - resmunga olhando para a janela e coloca os seus fones de ouvido.
— ela está muito brava. - Arizona cochicha para a latina ao seu lado. — vamos dar doce para essa leoa, que de repente a gente consegue acalmar a ferinha.
— eu posso ouvir vocês. - olha pra frente onde as mães param de cochichar e Callie aumenta o volume do som do carro e por sorte é uma música conhecida então começa cantar com a sobrinha que estava animada para ir à praia.
Assim que chegaram na praia Clara correu pela extensão da areia sendo seguida por Callie que depois que a sobrinha tinha lhe tacado areia, lhe ameaçara dizendo que iria jogá-la na água gelada. Arizona e Sofia sentaram-se lado a lado na canga vendo a morena carregar a criança que gargalhava para o mar.
— não vai entrar na água com a sua mãe? Logo você que é igual um peixe e ama o mar. – a loira puxa assunto vendo que a adolescente não saía do celular ao seu lado.
— hoje eu não estou afim. – digitava freneticamente mandando mensagens para alguém.
— Sofia, nós já pedimos desculpas. Não tem motivos para você ficar de jeito. – a menina levanta a cabeça olhando para ela com a cara fechada.
— por que não foram vocês que ficaram as procurando igual uma maluca, e depois recebeu a notícia que já tinham ido embora e ainda mais sem mim. – reclama colocando o celular dentro da bolsa.
— nós erramos e sentimos muito, filha. É que tivemos uma discussão com sua avó e sua mãe ficou muito chateada, então ela ia me levar para o hotel e depois iria embora. – explica o ocorrido da noite passada para a filha que olhava para frente encarando o mar.
— mas o fogo falou mais alto? – exclama irônica.
— olha o respeito. – estapeia o braço da adolescente que reclama. — eu não sou suas coleguinhas, Sofia. – a repreende.
— Aí, mãe! – olha para o leve avermelhado em seu braço direito. — A sua mão pesa caramba... – reclama.
— então aprenda a segurar essa linguinha afiada na sua boca antes que eu comece a lhe castigar por isso. – avisa tirando o chapéu que a protegia do sol e passa os dedos entre os fios loiros.
— me desculpa, mas a senhora tinha falado que eu dormiria no hotel porque era um quarto lindo e tinha uma vista maravilhosa. – lembra a mãe que tinha combinado tudo com ela no dia anterior.
— e tem! Que tal quando fomos embora daqui, vamos para o hotel enquanto sua mãe busca as bagagens de vocês na casa dos seus avós? – lhe dar essa alternativa e a menina sorrir confirmando com a cabeça.
— mas na mochila eu só tenho a roupa que vim para a praia. – fica pensativa de repente.
— você toma banho e fica esperando sua mãe trazer sua mala. – fala como se fosse óbvio.
— tudo bem... – dar-se por convencida e Arizona revira os olhos. Eram tão parecidas às vezes.
— agora para de se fazer de difícil e vai fazer companhia para sua mãe e sua prima. Elas estão há muito tempo esperando por você dentro daquela água que me parece estar muito gelada. – olha para Callie e Clara que brincavam na beira do mar. A latina virava uma criança sempre que ia para a praia.
— fresca e covarde. – desdenha quando levanta e tira seu short jeans.
— mimada! – rir observando a filha correr em direção ao mar.
Passaram uma hora e meia na praia antes de irem para o hotel enquanto Callie tinha ido para casa de seus pais tomar banho e pegar as bagagens, pois depois do almoço iriam para o aeroporto. Arizona ajudou Clara a tomar banho, sua cunhada tinha preparado uma mochila pequena com toalha e outra muda de roupa para a filha. Enquanto inspecionava a menina de sete anos que não parava de falar um minuto, imagina como seria quando tivessem outra criança ou crianças na família. Depois de arrumar a menina, foi a vez de Sofia tomar banho e por último ela. Suas coisas já estavam organizadas então quando Callie chegasse era só Sofia se vestirem para partirem para a casa de Carla.
Assim que chegaram na residência da irmã de sua mulher, ao sair do carro a loira olhou para os lados e viu o carro do pai de Callie já parado em frente à casa. Enquanto todas estavam distraídas conversando, a loira olhou para suas mãos e ao olhar para um dos anéis sua mente entrou em erupção e ao fechar a porta do carro, pegou um anel e passou pela extensa lateral da porta do carona. ‘’Toma essa, sogrinha’’ queria poder escrever as inicias de seu nome ou mandar lembranças, mas já tinha se mostrado para a mulher na noite anterior e não queria arrumar confusões com a latina que já tinha lhe avisado para parar. Mas pelo menos ela tinha transado mais uma vez na casa de Lúcia, usou eu carro como uma rapidinha e ainda iria sofrer um prejuízo por conta da tintura daquele belíssimo carro. Se fizessem isso com o carro dela, certamente ficaria puta da vida, mas no de Lúcia, ela nem se importava até porque sua sogra era um amor de pessoa.
Ao entrarem na casa, foram recebidas pela família e enquanto estavam distraídos na sala conversando, observou Lúcia que estava no canto do sofá sorrindo para as netas que contavam como tinha sido a manhã na praia. Pelo menos com as netas ela era um amor de pessoa. ‘’Será que ela aceitaria se a família crescesse mais’’? Fica perdida em seus pensamentos até sentir Carla lhe puxar para fazer um tour pela sua casa. A latina mais nova tinha uma belíssima casa, e era bastante espaçosa. Ficara feliz por se dar bem com sua cunhada que há anos atrás não tinha feito questão de lhe conhecer, mas agora estava tudo bem. A morena mostrou cada pedacinho dos cômodos e inclusive o quarto que estava sendo preparado para o bebê que estava a caminho, e apesar de não saber o sexo ainda, já estava preparando o enxoval e lhe fez prometer que iria para o chá do bebê, pois no de Clara nem ela e Callie apareceram, ambas estavam separadas ainda.
De volta para a sala viu que todos ainda conversavam e a cara feia de Lúcia para ela a fazia querer gargalhar ao lembrar da noite anterior. Mas para não arranjar confusão, decidiu ir para a belíssima varanda que ficava na lateral onde dava de cara para a bela piscina que estava cheia de boias coloridas dentro. Certamente Clara deveria brincar muito naquele espaço, pena que Seattle não dava para terem uma piscina dessa, pois chovia tanto e mal fazia tanto calor assim.
— Lúcia nunca tinha sido enfrentada dessa maneira dentro da própria casa. Acho que por isso, ela nutre algo diferente por você. – escuta a voz de Carlos que para ao seu lado encostando numa pilastra.
— ódio? – sorrir de lado e encara o mais velho que abre um sorriso de volta.
— Lúcia sempre conseguiu o que queria, mas segundo ela falhou miseravelmente quanto a escolha de parceiros para suas filhas. – comenta e aquilo faz ela sentir pena da mulher que Lúcia era.
— em que ano ela vive? 1850? – exclama irritada. Todo mundo era livre para se envolver ou se casar com quem bem entendesse.
— quando Calliope entrou na adolescência e começou a sair bastante de casa, ela sempre ficava de olho e chegou a apresentar vários filhos dos amigos que ela tinha no clube. Como se Callie ligasse para dinheiro... – mais velho lembra da filha que sempre reclamava por sua mãe lhe empurrar meninos que ela não gostava, pois tudo era questão status.
— por isso ela foi estudar bem longe e morar em outro país. – era óbvio que ela queria liberdade para andar com as próprias pernas.
— e aí quando Calliope disse que iria fazer a faculdade de Medicina nos Estados Unidos, óbvio que a apoiamos. Afinal, teríamos uma doutora na família. Depois ela me apareceu casada com um jovem que eu não conheci muito bem, mas pelo que parece era boa pessoa. – relembra de George que era um homem pacato e de boa família.
— George! Casaram por impulso. – recorda de Callie falando sobre os meses que foram casados, mas não se amavam como marido e mulher.
— Lembro até hoje do escândalo que Lúcia fez quando voltei para casa dizendo que Callie tinha uma namorada loira e de olhos azuis. – homem começa a rir e Arizona se deixa levar o acompanhando.
— eu a deixo desestabilizada. – não tinha dúvidas em sua afirmação.
— justamente por não baixar a cabeça para ela. – aponta o fato da mulher ter tanta raiva de Arizona.
— sobre ontem, o senhor me desculpa por tê-lo envergonhado. A casa estava cheia... — não iria se desculpar por causa de Lúcia, mas a casa não era só dela, mas de seu sogro também.
— não se desculpe, Arizona. – coloca uma das mãos no ombro da loira que suspira aliviada. —Foi a melhor festa desde o casamento da Carla.
— o Ben disse que há séculos não tinha tido uma festa tão divertida na casa dos Torres. – o cunhado certamente tinha se divertido na noite anterior.
— ele trata a sogra com respeito, mas quase nunca vai lá em casa. Ele a acha uma chata. – faz uma careta. — quando você abraçou a Lúcia, eu jurei que ela ia te jogar para cima do bolo. Eu não poderia rir na frente dos nossos convidados. – coloca a mão na boca olhando para os lados e segurando o riso na garganta.
— agora vamos entrar e encarar a fera que está querendo me devorar. – escuta Callie chama-los para entrarem para almoçar.
— ah, pode apostar que está sim. – caminham juntos para a grande mesa que estava cheia de comidas gostosas e um cheiro maravilhoso.
Ao contrário da noite anterior, Arizona se manteve mais calada e observava mais a interação dos presentes na mesa. Sorria para a latina toda vez que sentia a mulher com a mão em sua coxa lhe passando carinho e ela tentava manter a calma, pois Lúcia não parava de encará-la um segundo. Sabia que se não fosse pelas crianças sentadas à mesa, ela já teria feito alguns de seus comentários desnecessários, e ainda bem que ela estava quieta, pois não iria levar desaforo para casa. Depois do almoço, comeram a sobremesa e começavam a se despedir do grupo. Carlos as levariam para o aeroporto e Arizona já começava a se preparar para as horas incontáveis dentro do avião.
— foi um prazer revê-lo e espero vocês para nos visitar em Seattle. – a loira fala abraçando o cunhado que lhe desejava boa viagem de volta para casa.
— vamos arrumar um tempo e iremos sim. – afirma Carla ao lado do marido.
— você sempre fala isso Carla e nunca aparece. – a latina murmura ajudando seu pai a tirar as malas do carro de sua mãe e as colocarem no carro do pai.
— eu juro para vocês que eu vou antes da minha barriga ficar enorme e eu não poder mais entrar em um avião. – faz uma careta apontando para a belíssima barriga que já começava a pontar.
— tchau fofinha. – Arizona abaixa beijando as bochechas de Clara. — a tia Ari amou revê-la meu amor.
— eu também... – abraça a loira que sorrir pela menina carinhosa. — posso te chamar de titia? – pergunta segurando os cabelos de Arizona encarando-a com os olhos cor de mel.
— claro que pode anjinho. – beija sua testa antes de erguer o corpo para cima.
— mama, eu ganhei uma nova tia! – pula animada puxando a saia longa que Carla usava.
— já pode levá-la para casa de vocês nas próximas férias, eu juro que não vou me importar. – o pai da criança brinca fazendo todos sorrirem.
— a festa ontem estava ótima. – encosta ao lado de Lúcia e sussurra só para que ela a ouça. — Não vejo a hora de eu vir na próxima e a propósito: o banco do seu carro é super macio. Eu testei bastante ele ontem à noite com a Calliope. – comenta com um sorriso malicioso nos lábios. — Opa! – leva uma das mãos aos lábios como se contasse algum segredo. — a propósito, se achar alguma lingerie pelo chão do carro, é minha. – avisa antes de sair do lado da mulher e indo para o carro.
— sua... – não ouve do que a mulher lhe chamara, pois entrou no carro fechando a porta sem olhar para trás.
Viajar, conhecer e explorar novos lugares era muito bom. Mas voltar para sua casa, para sua terrinha gelada era melhor ainda. Sua vida encontrava-se em Seattle. Lá teve a oportunidade de crescer profissionalmente, seus melhores amigos moravam lá, conheceu a mulher da sua vida em um bar daquela cidade, sua filha nasceu no hospital que trabalhava. O quão bom poderia ser aquele local? Não tinha capacidade de dimensionar tudo que aprendeu vivendo na chuvosa Seattle.
— está rindo de quê, Sofia? – Callie pergunta para a menina que olhava para o lado de fora encostada na janela do avião.
— sobre o discurso da mamãe ontem à noite. Foi um dos melhores e piores momentos da minha vida. – passa a mão no rosto ao recordar das palavras de Arizona.
— eu fiquei gelada. – a latina comenta sentada na poltrona do meio.
— já eu, amei me sentir a Meryl Streep por um dia. Vocês gostaram da minha atuação? -Pergunta para mãe e filha que afirmam com a cabeça.
— digna de Oscar. – Sofia desdenha.
— pensei que minha mãe fosse enfartar quando você a abraçou de lado. – entrelaça os dedos aos da loira apoiando-os em sua coxa.
— eu estava torcendo para ela fazer alguma coisa... que pena. – lamenta, pois a sogra não teve coragem de enfrenta-la na frente de seus convidados.
— e hoje no almoço na casa da minha tia? Ela estava super quieta e só mirava a senhora. – lembra da avó que estava muda e parecia querer perfurar a mãe com os olhos.
— amanhã ela vai ficar uma fera quando for sair de casa e ver a lateral do carro com arranhões bem grandes na parte da frente. – cantarola e fecha a boca ao perceber que Callie não iria gostar da informação.
— você arranhou o carro da minha mãe? – pergunta indignada com a afirmação da loira. — Arizona eu disse para não fazer isso.
— desculpa! – seu pedido de desculpas era uma farsa.
— falsa! – exclama dando um beijo no canto dos lábios da loira, pois sabia que ela odiava.
— eu estou amando esse final de semana em "família". – a menina declara fechando os olhos e sorrindo.
Na segunda feira de manhã, Arizona e Callie encontravam-se exaltas já que tinham chegado na madrugada e tiveram que acordar às 5h30 da manhã para começarem seus plantões. Brincou com a latina dizendo o porquê, dela não ter acordado cedo para correr, mas a mulher estava com tanto sono que só murmurou ‘’hum, sem ânimo’’ e foi tomar seu banho. A rotina da casa tinha voltado ao normal, enquanto uma tomava banho, a outra adiantava o café da manhã e comiam em silêncio já que a morena não gostava muito de conversar quando acordava. Ao saírem de casa depositaram um beijo na testa da filha que se remexeu e se cobriu para tampar a cabeça. Mal sabia que seu relógio despertaria para ela se arrumar para ir à escola.
O plantão começou pesado, pois assim que Arizona colocou seu uniforme foi bipada para uma emergência. Não daria tempo de fazer as visitas naquela manhã, então delegou para um residente e mais dois internos para que fizesse isso em seu lugar e depois iria querer ter um feedback. Dra. Cavalliere a auxiliava no parto enquanto ela ia ensinando não só para a menina, mas para mais uma interna que estava nervosa devido a gritaria que a mãe fazia para ter seu filho. Naquele dia não deu para almoçar no refeitório, pois pegara uma cirurgia complicada que acabou horas depois, então sempre que isso acontecia ela ia para a sala de Richard e quanto comia colocavam o papo em dia.
Ao observar a hora que acabou de almoçar, se despediu do homem e mandou mensagem para Callie. Torcia para que ela não estivesse em cirurgia, pois teria que tomar seu medicamento e não gostava de injeções, mas era preciso e como a mulher disse que agora era de sua responsabilidade a aplicação, era iria cobrar. Não demorou muito para a morena entrar na sala dos atendentes e foram para o banheiro ter mais privacidade.
— seu dia está muito corrido? – a loira pergunta para a mulher que estava concentrada ajeitando a seringa.
— um pouco. – pega o algodão com álcool e passa onde iria fazer a aplicação. — senti sua falta no almoço, mas karev disse que você estava em cirurgia. – comenta.
— daquelas... – suspira depois de Callie rapidamente aplicar a injeção e ela abaixa a blusa. — não vejo a hora de parar com essa porcaria.
— falta poucos dias amor. – a morena lhe dar um selinho. — depois que acabei de almoçar fui comprar os remédios. Não quis pegar aqui porque você sabe né? – lava as mãos a encarando pelo espelho. — capaz de espalharem pelo hospital inteiro o tipo de comprimido que estou tomando.
— fico feliz que finalmente vai começar a toma-los. – a abraça pela cintura. — e para de revirar os olhos para mim. – sorrir ao sentir os lábios da latina no canto de sua boca.
— não gosto quando você faz isso. – finge-se de brava e Callie passa os dedos por suas bochechas.
— isso o que? – no fundo sabia do que se tratava, mas queria ouvir da boca de Arizona a explicação.
— fica beijando o canto da minha boca. – a confissão faz a morena sorrir. — é sério! Isso é coisa de paquera e eu não sou sua paquera.
— não? – finge surpresa e sente um beliscão em sua cintura. — você não tem pena de mim? Isso dói, sabia? – reclama.
— eu sou sua namorada, e como tenho esse posto quero receber selinho na boca. – forma um bico nos lábios finos e rosados.
— em quais? Nos de cima ou nos de baixo. – toca a intimidade da mulher por cima do uniforme e solta uma piscadela.
— você é terrível, Dra. Torres! – balança a cabeça negativamente e escuta o bipe de Callie começar apitar.
— Ah, não... – resmunga soltando Arizona. — tenho que ir minha paquera. – beija o canto dos lábios da loira rapidamente e destranca a porta.
— engraçadinha... – murmura a vendo sair apressada e organiza suas coisas na nécessaire antes de voltar para o trabalho.
Já era início da noite quando a loira saiu da sala de cirurgia e seu estômago roncava. Aproveitou que faltava ainda um tempo até seu plantão acabar para ir até o refeitório e aproveitou e comprou um sanduíche natural e caminhou para a sala dos médicos, pois o café de lá era bem melhor. Ao abrir a porta encontra Callie, e as irmãs Grey gargalhando.
— do que vocês estão rindo? – pergunta indo a cafeteira e enche uma xícara com café.
— como foi o final de semana com a "sogrinha"? – Meredith desdenha e ela abre a boca surpresa.
— sua fofoqueira! – exclama para sua mulher que ergue os ombros não se importando.
— eu estou quase batendo na Callie por ela não ter filmado. – Lexie reclama enchendo a boca com biscoitos.
— foi um final de semana divertido... – senta ao lado da morena que morde um pedaço de seu sanduíche.
— fiquei sabendo que usaram até o carro. – Meredith fazia movimentos com as mãos a deixando sem graça.
— você contou tudo a elas? – reclama para a latina que afirma.
— claro que sim. Inclusive a rapidinha no quarto. – Lexie continua jogando as palavras para cima de Arizona que bate no braço de Callie.
— aí amor, que culpa eu tenho? Você que aprontou todas. Eu só estou contando os fatos. – olha para a loira que não estava com um semblante amigável.
— para de contar fatos sobre nossa vida sexual. – reclama bebendo seu café e devorando seu sanduíche.
— tão puritana sua mulher Callie. – Meredith levanta para pegar mais café e quando vira solta uma piscadela. — nem parece a mesma que implorou... – a frase fica no ar o que faz as mulheres gargalharem e Arizona levanta do sofá.
— você também contou essa parte? – aponta para a latina que faz um bico com os lábios pedindo desculpa. — Eu odeio vocês... – murmura antes de sair da sala escutando as mulheres caçoarem dela.
Semanas se passaram e Arizona depois que parou com indução de hormônios, passou a tomar outro tipo complementar de medicamento. Charlotte e ela conversam muito por facetime, pois ficava mais fácil já que não dava para nenhuma das duas ficar o tempo todo no celular. Novos exames foram feitos até que chegou o dia da coleta dos ovários. Arizona viajou sozinha para Los Angeles já que Callie não podia estar presente, pois iria separar dias para poder viajar também para sua cirurgia com Addison. Já tinham feito a escolha do doador e optaram pelo italiano, e mesmo temerosas torciam para que não tivessem que realizar todo o procedimento mais uma vez caso Arizona não ficasse grávida na primeira tentativa. O problema não era só o gasto com dinheiro, mas emocional também e isso certamente atrapalharia muito.
Os exames estavam bons, e segundo Charlotte, tudo indicava para o sucesso. Quando chegou o dia de implantar os embriões, a opção foram três, pois a loira dizia que algum deles iria ter que vingar. Poderiam vingar os três que ela não reclamaria, na verdade não reclamaria, mas surtaria por ter trigêmeos, mas não queria pensar naquilo agora. Ela queria apenas estar grávida, e ter um bebê em seus braços junto com sua família. O procedimento foi rápido e apesar dela já saber de praticamente tudo, pois além de entender um pouco, já tinha passado por aquilo há anos atrás, deixou ser guiada totalmente por Charlotte, sua médica e amiga. Fazia tudo o que a mulher recomendava e quando dias depois voltou para casa, torcia para que tudo desse certo.
Se passaram dez dias desde a fertilização e ela não queria fazer o exame de sangue mesmo sabendo que já estava dentro do prazo para fazer. Tinha medo, e Callie a apoiou totalmente. Faria quando se sentisse à vontade e mais relaxada com o assunto. No décimo terceiro dia quando ela acordou de manhã, era sábado, Callie estava dormindo e a loira caminhou para o banheiro fazer sua higiene matinal antes de ir trabalhar. Teria que fazer uma cirurgia em um bebê com problema cardíaco que ainda estava na barriga de sua mãe. Ao tirar a calcinha para tomar banho sente o sangue sumir de suas veias, tinha mancha de sangue na mesma e ela começa a sentir o corpo tremer e seus olhos marejar. Respirando fundo ela toma banho e não queria surtar para não preocupar a morena que estava dormindo. Depois que toma seu banho, se arruma rapidamente e sai de casa apressada sem tomar café, mas antes de ligar o carro, com as mãos tremendo liga para Charlotte.
Ari: Char, bom dia! - cumprimenta assim que a mulher a atende. — eu sei que está cedo, mas eu acordei quase agora e quando fui tomar banho vi que tinha mancha de sangue na minha calcinha. – falar aquilo em voz alta fazia seu peito doer. — por favor, me diz que não é nada grave? – suplica.
Char: calma, Arizona. Respira. – pede e a loira tenta se controlar. — era muito sangue ou só uma mancha?
Ari: uma mancha bem avermelhada mesmo. Eu sei que pode ser um bom sinal, mas também me preocupo com hemorragia ou alguma coisa do tipo. – passa as mãos pelo rosto secando as lágrimas que caíam de seus olhos.
Char: se é uma mancha, creio eu que é um bom sinal. Foi a primeira vez que veio a mancha?
Ari: sim... – murmura em um fio de voz. — se eu tiver tendo hemorragia...
Char: você estaria com muitas dores no momento. – afirma. — olha, eu sei que você não quer fazer exame de sangue, ou exame do palitinho, mas vai ter que se consultar hoje mesmo. – pede para a loira que fecha os olhos encostando a cabeça no banco do carro. — se no hospital não for seguro, pois notícia corre rápido, faz no Mercy West que eu posso ligar para alguma das minhas amigas e peço para te atenderem.
Ari: você pode fazer isso por mim?
Char: assim que desligar aqui, entro em contato com alguém e te passo o número, okay? Você está indo trabalhar?
Ari: tenho uma cirurgia para fazer e no caso eu iria fazer o exame depois.
Char: tudo bem. Quero que não dê a louca, pois como você mesma disse: foi uma mancha. Está sentindo dores abdominais?
Ari: não, está tudo normal. Sem dores, cólicas, enjoo... nada!
Char: mas sangrou. – afirma. — faz seu trabalho que resolverei tudo daqui e já entro em contato com você.
Ari: a Callie não sabe, então não entra em contato com ela. – pede não querendo preocupar a morena que por causa dos medicamentos e do dia da cirurgia chegando, estava com os nervos à flor da pele.
Char: você e seus mistérios. – desdenha. — agora eu vou resolver as coisas, Arizona. Até daqui a pouco!
Ari: obrigada, char. – encerra a ligação.
Naquele sábado Arizona tentou dirigir o mais devagar possível para não bater com o carro, suas mãos tremiam e ela estava alheia ao trânsito. O que a fez ter mais calma foi que enquanto sua paciente era preparada, ela recebeu uma ligação de volta de Charlotte a avisando que ela poderia ser atendida hoje e imediatamente ligou para a amiga de sua médica e marcou a hora com ela para depois do almoço. Felizmente enquanto fazia seu trabalho, os problemas ficavam fora de sua sala de cirurgia. Sempre era assim, ela lidava com vidas e não podia deixar sua vida pessoal afetar na profissional e sempre dava muito certo.
Depois que almoçou no refeitório com Avery, Grey e Ben que estavam de plantão naquele dia, foi para o Mercy West e assim que chegou pediu informação para encontrar a Dra. Vallere que a atendeu prontamente. Arizona estava sendo muito bem tratada pela amiga de Charlotte que pediu para a loira repetir tudo o que já tinha contado para Charlotte mais cedo. A mulher colheu seu sangue e quando chegou na parte da ultra, Arizona prendeu a respiração pois não queria olhar para a tela, estava com medo. Escutou uma risada baixinha da mulher que pediu: fica calma, mamãe! ‘’O que, mamãe’’? Sua mente gritava. Abriu os olhos devagar e a mulher virou o monitor para ela, e lá estava sua sementinha. Ainda não dava para ouvir os batimentos cardíacos já que tinha realizado o procedimento há treze dias e era tão cedo. Dra. Vallere conversou com Arizona que só poderia pegar o resultado do exame de sangue na segunda feira, mas iria mandar tudo para seu e-mail. Pediu para que ficasse de olho caso as manchas viessem de novo e se tiverem uma proporção maior, é para procura-la o mais rápido possível, mas que certamente ela estava grávida e bem.
Grávida? ‘’Era isso mesmo que ela tinha ouvido’’? Mesmo com treze dias, ela não iria contar para Callie. Em sua cabeça era cedo demais e só contaria quando fizesse um mês, faria mais uma ultra e caso a sementinha estivesse ali ainda, aí sim ela contaria. Caso contrário, esperaria mais um poupo.
Assim que saiu do hospital ligou para Charlotte a informando o que tinha descoberto e teve que afastar o celular do ouvido quando a mulher começou a gritar do outro lado a parabenizando. Ainda estava em estado de negação e com medo. Pois da última vez tivera feito o teste, mas quando foi fazer a ultra, não tinha batimento cardíaco. Por isso dessa vez faria diferente, iria esperar completar um mês, iria contar para sua namorada e logo depois para sua filha. Assim que encerra a ligação, dirige para casa e limpa suas lágrimas, pois teria que agir o mais natural possível na frente de suas garotas.
As semanas se passaram e apesar da correria com muitos plantões, ela optou por pegar mais leve, pois estava grávida e todo cuidado era pouco. Callie tinha ido sozinha para Los Angeles fazer sua pequena cirurgia, e mesmo longe sempre estavam juntas por ligação, mensagem ou facetime. As duas dava o suporte que a outra precisava. Lembra que a morena a informara que assim que voltasse, iriam juntas fazer não só o exame de sangue, mas também o teste de gravidez, pois estava ansiosa demais.
E naqueles trinta e dois dias que se passaram, teve uma briga interna com ela mesma. Tinha recebido por e-mail a confirmação da gravidez e recorda que na mesma madrugada não tinha conseguido dormir direito. Queria contar para Callie mais alguma coisa a travava e o melhor era esperar. Agora ali no banheiro do hospital esperava passar os minutos para ver o resultado que daria. Estava com três testa à sua frente e estava com os olhos fechados enquanto encontrava-se com os olhos fechados esperando os minutos passarem. Tinha colocado o celular para apitar depois que passasse uns minutos. Assim que o celular apitou, ela caminhou para frente e o coração começou a bater mais rápido quando olhou para os três testes em cima da pia: ‘’positivo, positivo e positivo’’.
— Meu Deus, eu estou mesmo grávida. – sussurra para si mesma levando a mão para a barriga enquanto lágrimas de emoção inundavam seus olhos. — eu não acredito! – pega os três testes na mão e os aperta entre os dedos. — como vamos contar para a mamãe hein? – alisa a barriga conversando com sua pequena sementinha. — ela ficará tão feliz. – sorrir emocionada. — já sei, tive uma ideia. – seca os olhos tentando manter a calma. — sua mãe vai vir trabalhar direto depois que chegar de viagem, então podemos fazer uma surpresa, o que acha? – estava se sentindo uma boba por conversar com sua barriga sendo que o feto nem estava todo formado ainda. Mas era o seu bebê, sua sementinha miúda. Assim que a loira sai do banheiro, corre para o armário e ver o jaleco que Callie usava para trabalhar e coloca um dos testes de gravidez dentro do bolso do jaleco e os outros dois ela coloca em sua bolsa. Torcia para que Callie visse assim que colocasse o uniforme. Certamente sua latina iria surtar, pois finalmente estavam grávidas mais uma vez.
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