"Queria eu..."
"Queria dizer..."
"Queria poder..."
"Como queria..."
I Want
Queria dizer para ele que todas as noites, entre insônia, beijos e silêncio, foram mais que simples noites. Eram pequenos eternos momentos, onde os segundos viravam horas e minha mão adorava conhecer cada cantinho, ainda que ela já o tenha feito muitas vezes antes.
Queria poder dizer o quanto o coração se alegrava quando elas caminhavam pelas linhas do seu rosto, querendo dançar nas curvas da cintura nua. O cheiro gostoso de sua pele, a cor boa de se olhar, de sentir e saborear.
Ah... Como queria que o coração pudesse cantarolar, o quanto cada pedacinho estelar escondido nas órbitas dos seus olhos eram as mais lindas que já vi. Trazia calor e aconchego. Era como estar em um dia quente de verão, com a brisa fresca da primavera. O abraço que sempre me recebia, quando a escuridão nos pegavam, no pequeno espaço de quatro paredes do seu quarto. Ali era o nosso pequeno paraíso. A mente flutuava em devaneios e ao mesmo tempo só conseguia focar no sorriso escondido, nas palavras não ditas.
Queria eu mostrar a bagunça mais delirante e viciante em que me tornava toda vez que o calor da pele com pele, da união inevitável, desejada, se prolongava por horas. Essas sim pareciam minutos, no nosso perfeito paraíso. Um mundo inteiro lá fora ressonava com a noite, mas éramos incansáveis em nossos minutos horas, hora minutos.
Queria sempre mais. A rapidez, a calma. O carinho e o tesão. Mas os minutos passam, as horas correm, não imaginando o estrago em que sua rapidez causa a um coração mal acostumado. Ele deveria estar, afinal. Só que como?! Como se acostumar com as batidas frenéticas, como música nos ouvidos, nos dedos insaciáveis, nas palavras ditas e naquelas entre linhas.
Não! Não há como. Jamais irei me acostumar com os beijos doces e selvagens. Da cama rangendo e do silêncio de uma boa caricia na nuca. Jamais acostumarei com o termino da noite e o começo da manha. Porque era apenas uma noite. A única. Todas noites eram assim. Únicas. Elas acabavam e vinham, também como o fim e o começo de todas as perguntas feitas em olhares e não respondidas.
Queria eu, como queria, te mostrar que uma noite não bastava. Completo seria as manhas e tardes e mesmo assim o quão pouco tudo se tornava. Mas um fim sempre era um fim e mal podia esperar pelo recomeço. O aguardo em mais uma noite de suplicias atendidas e de coração partido. Era um amor injusto, eu sabia, mas era amor.
Queria eu poder dizer...
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