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História I want love - Eu ainda estou de pé


Escrita por: Nacchan_Hwang

Notas do Autor


Heeeey ~ 😌✨
Estávamos ansiosos por esse né ? Kkkkk

Só queria deixar claro perante as leis magistrais que regem a escrita persuasiva de fanfics que esse capítulo só foi finalizado com sucesso ainda essa semana devido a esse diálogo:

- Amor, me dá um beijinho ~ ☺️ -
- Claro! Já terminou o capítulo novo? -
- Ahm... Ainda não -
- Então sem beijinho sem você :) -

;^; Tão achando que é fácil ? Não é não kkkkkkk Agradecimentos especiais ao meu amorzinho, pelo incentivo disfarçado de ameaça :')

E boa leitura pra vocês ❤️✨ #Team_Adora

Capítulo 6 - Eu ainda estou de pé


Fanfic / Fanfiction I want love - Eu ainda estou de pé

O silêncio apreensivo que pairava no refeitório só foi quebrado quando Huntara cruzou os próprios braços despreocupada, caminhando a passos lentos até ficar frente à frente com a garota de olhos azuis, que continuava lhe encarando desafiadora e impulsiva. - Seria maldade minha machucar um rostinho tão bonito ? - A delinquente sorriu provocativa - Você não sabe onde está se metendo, sabe princesa ? - Huntara levou uma das mãos até a pontinha do queixo de Adora, que ao sentir o contato áspero em sua pele, virou a face na direção oposta, se livrando bruscamente do toque da outra, com desprezo. 

A cena vista de longe fez com que metade dos estudantes prendessem a respiração ao mesmo tempo, inclusive a própria Catra, que sentiu um leve arrepio de desespero quando notou que Huntara se aproximava cada vez mais, franzindo aborrecidamente as sobrancelhas para Adora. 

Aquilo nunca era um bom sinal. 

- O que é que tá acontecendo aqui… ? - A voz intrigada de Bow questionava, fazendo o rapaz erguer uma sobrancelha grossa enquanto se aproximava do refeitório com Glimmer, pelo corredor. 

Os dois caminhavam sem pressa, presenciando o ritmo frenético das pessoas que corriam de direções opostas e se amontoavam no grupo curioso parado em frente a porta. 

Apesar de estudarem juntos na mesma sala, Bow não havia acompanhado Adora até o refeitório naquela manhã. Assim que a primeira remessa de aulas terminou, o rapaz correu apressado pra biblioteca. Havia esquecido completamente de renovar a posse do livro que estava lendo, e decidiu fazer isso logo, antes que a segunda remessa de aulas práticas começasse. 

Durante o percurso até a biblioteca, Bow e Glimmer trocavam mensagens no celular, combinado de se encontrar na frente da sala dela pra depois se juntarem à Adora e almoçarem juntos, como faziam sempre.

A única coisa que ninguém esperava era que, em apenas 10 minutos sozinha, Adora fosse comprar briga com uma delinquente juvenil de quase dois metros de altura e 25 centímetros de braço. 

- Vem, corre! Parece que a capitã de basquete do time feminino vai levar uma surra no refeitório! - Um garoto franzino que vestia uma jaqueta vermelha e branca semelhante a de Adora comentou agitado, atiçando o colega que vinha logo atrás. Os dois correram pra cima da confusão, ficando na ponta dos pés numa tentativa curiosa de assistir a briga por cima da pequena multidão que se aglomerava no vão de entrada. 

No mesmo instante em que conseguiu processar aquela a informação chocante em sua mente, a baixinha de cabelos rosados precisou parar bruscamente no meio do corredor, encarando Bow apavorada. Seu rostinho bochechudo, geralmente corado pelos sorrisos, parecia ter perdido todo sangue de uma vez só, ficando pálido como a neve.

- Bow! - Glimmer puxou o braço do rapaz de repente, horrorizada.

- O que ? - O garoto ainda estava meio perdido, tentando ver o que acontecia do outro lado da multidão, enquanto Glimmer continuava puxando seu braço insistentemente na tentativa de dizer alguma coisa. A baixinha estava tão nervosa que não conseguia nem falar, as palavras pareciam se embaralhar na sua mente e não encontravam o caminho certo para saírem coerentes pela boca.

Somente quando Bow finalmente se rendeu a fixar seus olhos castanhos nos olhos brilhantes e apreensivos de Glimmer foi que o rapaz percebeu que havia algo errado. 

Aquele olhar, ele conhecia aquele olhar. Já havia presenciado essa mesma expressão no rosto de Glimmer quando Adora torceu o tornozelo no semestre passado, depois de escorregar de repente na descida de uma rampa quando tentou segurar a amiga que desequilibrou por conta do cadarço do tênis. Apesar do tornozelo torcido, Adora acabou evitando que Glimmer se machucasse, mas não havia mais ninguém por perto que pudesse ajudar. 

Lidando com a dor de uma forma bem mais tranquila do que Glimmer esperava, Adora pediu que a amiga fosse chamar um colega específico na aula de natação, jurando que ele com certeza iria ajudar. Quando Glimmer finalmente achou o centro esportivo, foi com esse mesmo olhar preocupado que ela reencontrou seu amigo de infância que havia desaparecido da sua vida há anos, em um contexto totalmente diferente do que os dois haviam imaginado. 

Bow e Glimmer cresceram juntos. Eram melhores amigos desde o maternalzinho. Mas por algum motivo, tiveram que se separar poucos anos antes de entrar no ensino médio, quando os pais de Bow insistiram em coagir o garoto a entrar na faculdade de história e abandonar seu sonho secreto de cursar educação física em outra cidade. Graças a mudança repentina de planos - e de colégio também - Bow e Glimmer perderam contato e nem mesmo tiveram a chance de se despedir direito um do outro quando o rapaz foi obrigado a se mudar da cidade em que morava apenas algumas horas depois de terminar a última prova no antigo colégio, saindo de lá direto pra sua nova casa, sem que pudesse mover um dedo para impedir. 

Apesar do choque do reencontro, quando Glimmer falou sobre o que havia acontecido com Adora, Bow saiu desesperado para levá-la ao hospital. Depois desse dia, mesmo com algumas mágoas e segredos entre si, os dois reataram a amizade, principalmente por conta daquela loira insistente que parecia nunca medir esforços para fazer seus amigos felizes, mesmo quando ela não estava. 

E naquele momento, parados no corredor, se encarando apreensivamente, o olhar de Glimmer não mentia: alguma coisa muito séria estava acontecendo. Levou pouco menos de cinco segundos para que Bow pudesse ligar os pontos. Se Adora estivesse por ali, já deveria tê-los encontrado com facilidade e com certeza já estaria correndo até os dois. Se até o momento ela não havia aparecido, isso só podia significar que o amontoado de gente desesperada na porta tinha alguma coisa a ver com ela. E não parecia ser nada bom. 

- Espera. Você acha que… ? - Bow empalideceu junto com Glimmer quando a menina acenou positivamente com a cabeça, confirmando seus pensamentos. Ela não achava, ela tinha certeza que Adora estava metida naquilo de alguma forma. 

Nem mais uma palavra precisava ser verbalizada entre os dois, Bow finalmente havia captado o recado. Com seu coração protetor quase que esmurrando o peito, Bow segurou a mão de Glimmer num impulso, puxando-a para si sem avisar. O corpo pequeno da menina deu um meio giro antes de se encaixar perfeitamente contra o peito forte dele, que tentava criar uma espécie de barreira em volta Glimmer, usando seus braços firmes que se alternavam entre duas funções: proteger Glimmer e afastar as pessoas do seu caminho enquanto eles se enfiavam no meio da multidão, abrindo caminho até Adora, que por sinal, ainda encarava Huntara com fogo nos olhos mesmo depois de todas as ameaças singelas que veio recebendo durante esse tempo. 

- Trotes e ameaças não são permitidos nessa universidade e mesmo se fossem, isso vai muito além de qualquer tipo de brincadeira de mau gosto entre veteranos e novatos. - A voz firme de Adora nem mesmo se alterava quando Huntara se aproximava, provocando uma enxurrada de murmúrios apreensivos dos estudantes que já não sabiam se queriam ver aquilo acabar bem ou mal, pra Huntara, no caso.

- Você não me conhece, novata - Os olhos amarelados de Huntara pareciam observar cada mínimo detalhe nos traços expressivos da loira, que agora, olhando mais de perto, começava a despertar seu interesse.

- Não, você que não me conhece. - Adora provocou com um sorrisinho confiante, dando um passo à frente, fazendo Huntara hesitar visivelmente em se aproximar mais uma vez. - Acha que eu tenho medo de você ? Acha que eu tenho medo dos seus socos ? Eu não tenho medo de covardes. -  Adora sorriu novamente, apontando os braços fortes de Huntara com um leve aceno de cabeça - Anabolizantes não me assustam - Concluiu, com um sentimento de certeza que parecia cintilar em seus olhos azuis quando cruzou os próprios braços sobre o peito, vendo uma veia grossa saltar na testa de Huntara. A valentona já cerrava com gosto os próprios punhos junto a cintura, se inclinando levemente pra frente na intenção de dar o último passo que lhe deixaria nariz a nariz com Adora, mas foi impedida quando um vulto se meteu entre as duas, empurrando-a com força.

Apesar do empurrão bem dado, a garota de cabelo platinado só deu dois passos pra trás, mal desequilibrando sobre os próprios pés. Era forte, mas não o suficiente.

- Deixa ela em paz! - A voz explosiva de Bow veio num grito, chamando atenção de todo mundo quando o rapaz apareceu de repente, tomando a frente por Adora. 

- Adora! Você tá bem ?! - Como se tivesse se teletransportado até ali, Glimmer apareceu ao lado da loira visivelmente nervosa, abraçando Adora como uma criança perdida que abraça a mãe depois de se perder no parque.

- Hey, tá tudo bem! Calma! - Adora falou por instinto, tentando tranquilizar Glimmer enquanto era absorvida pelo abraço -

- Adora, você tá bem ?! Ela machucou você ?! - Bow se virou aflito na direção das duas tentando identificar rapidamente qualquer sinal de lesão no corpo da amiga.

- Bow, nã…!! - Antes mesmo que Adora pudesse terminar a frase, o corpo negro do garoto voou na sua direção como um borrão, resultado do chute violento que Huntara fez estalar em suas costas largas.

O impacto foi tão forte que fez o garoto ser jogado pra frente e deslizar como um brinquedo até os pés das duas garotas segundos depois de acertar o chão com violência, causando uma dificuldade visível de respirar.

- Ninguém falou com você! A minha conversa aqui é com a loirinha e não contigo, moleque! - A voz furiosa de Huntara provocou um calafrio feroz pelo corpo de Adora e um ódio crescente no coração de Swift Wind, que por um segundo se atreveu a inclinar o corpo impulsivamente na direção de Bow quando foi impedido por Catra, que se colocou na frente do ruivo com os braços abertos protetoramente, sussurrando um "Você perdeu a cabeça?!" com sua voz naturalmente grave impregnada por um misto de medo e irritação que fez o ruivo trincar os dentes. 

- Como você consegue ficar parada aqui, só olhando ?! A sua amiga vai levar uma surra! E eu preciso ajudar o Bow! Se você não vai fazer nada pra ajudar, também não vai ser você quem vai me impedir! - Swift Wind rosnou na direção dela, fazendo Catra trincar os dentes pra ele em resposta. 

- E o que você vai fazer ?! Jogar glitter no olho dela ?! Soprar Tutti Fruti na cara da Huntara até ela virar uma flor ?! - Apesar dela ainda estar sussurrando, seu tom de voz era furioso e o medo era mais que perceptível pela expressão aflita dos seus olhos irregulares em tons opacos de azul e amarelo. 

Era óbvio que Catra estava morrendo de vontade de arrancar Huntara dali com as próprias unhas, mas as duas moravam sobre o mesmo teto, não era tão fácil assim. Qualquer interferência direta de Catra naquela situação seria como assinar uma sentença de morte selada com sangue, literalmente. Mas claro que Swift Wind não entenderia, estava completamente apaixonado e Huntara estava machucando o seu amor. 

Razão e Paixão não foram feitas para andarem lado a lado. 

- O quê eu vou fazer eu ainda não sei, mas não vou ficar aqui parado! - Apesar de saber muito bem que ele não era páreo pra Huntara, Swift Wind preferia arriscar tudo ao invés de simplesmente não fazer nada. Sendo assim, o ruivo se desvencilhou da barreira criada pelos braços de Catra e já estava quase alcançando a zona de perigo quando a menina de cabelos negros e unhas naturalmente afiadas o segurou pelo pulso num impulso descontrolado, fazendo o garoto olhar para ela furioso, com o "me solta" já quase estalando na língua. 

- Espera! Eu.. acho que sei como ajudar. Mas você PRECISA confiar em mim - Pela primeira vez desde que se conheceram, Catra se permitiu ser sincera com seus sentimentos, transparecendo no olhar suas reais intenções de ajudar Adora, Bow e Glimmer naquele instante. 

Mesmo relutante, Swift Wind tinha consciência de que ele não conhecia Huntara nem aquela gente, não como Catra conhecia. Apesar da raiva que ainda queimava forte em seu peito e ardia como fogo na boca do estômago, Swift Wind sabia que não teria a mínima chance contra qualquer um deles. 

- Eu confio em você, Catra. A questão é, você confia em mim ? - 

Antes que a novata pudesse responder, um grito doloroso vindo da direção oposta do refeitório chamou a atenção dos dois. 

Huntara havia chegado perto demais. Perto o suficiente pra conseguir puxar Adora dos braços de Glimmer com violência, arrastando a menina à força pela gola da camisa bege que vinha sendo amassada violentamente na mão enorme de Huntara, que numa pegada só, também conseguiu segurar parte do tecido grosso da jaqueta que Adora vestia, amassando tudo entre os dedos e levantando o corpo da outra com uma facilidade impressionante enquanto conduzia o corpo relutante de Adora até algumas mesas ao centro, mais pra dentro do refeitório.

A delinquente de quase dois metros praticamente havia arrancado Adora dos braços de Glimmer com um único puxão, fazendo a mais baixa entre as três cair ajoelhada no chão, tentando desesperadamente fazer com que Bow se recuperasse da falta de ar que continuava a comprimir cruelmente os seus pulmões. 

Um golpe pelas costas era considerado uma das piores covardias em qualquer tipo de briga, mas não era como se Huntara se importasse.

- Me larga! - Adora rosnava frustrada, tentando se desvencilhar.

- Como queira, princesa. - Obedecendo c sarcasmo ao pedido de Adora, Huntara a empurrou pra frente de qualquer jeito, no meio do salão.  

- Eu vou acabar com você! - Adora rugiu ferrozmente, como um leão.

Não havia nada no mundo que pudesse ser mais importante pra ela do que Bow e Glimmer naquele momento. Se era uma briga de verdade que Huntara queria, depois dessa, ela com certeza teria seu pedido atendido.

- É mesmo, Adora ? - Huntara provocou maldosa, pronunciando o nome da garota com malicia. - Eu deveria ter agradecido ao seu amigo por ter falado o seu nome tão alto. Mas sabe como é, chutamos primeiro, perguntamos depois. - Era notável pela expressão de ódio nos olhos cintilantes de Adora que ela vinha perdendo o autocontrole gradativamente a cada palavra que saía da boca perversa de Huntara. - Você vai acabar comigo ? - Uma risada desdenhosa preencheu todo o refeitório como um cântico maldito - Okay então! Eu quero ver você tentar… - A garota de cabelos prateados sorriu insolente, repetindo a mesma frase que Adora havia usado contra ela alguns minutos atrás. 

Toda aquela situação, desde o começo, já havia sido muito mais do que Adora podia suportar. Sendo assim, num acesso de raiva, a loira correu na direção de Huntara com uma velocidade impressionante. Por mais que tentasse, Huntara não conseguia acompanhar os movimentos rápidos que Adora fazia com os pés, se aproximando como um demônio.  

Mas o que realmente surpreendeu a brutamontes foi Adora ter desviado com agilidade quando Huntara tentou acertá-la com um tapa aniquilador, usando as costas da mão.

Pra ter coragem de enfrentá-la daquele jeito, Huntara sabia que Adora deveria ter alguma carta na manga, ou então só não estava em seu juízo perfeito mesmo. Mas para o azar da delinquente, foi comprovado que de fato, era a primeira opção.   

O que Huntara tinha de grande e forte, também tinha de lenta. E isso só facilitou o trabalho da atleta de corrida, pequena e rápida, que durante o golpe da outra, deslizou seu corpo pequeno por baixo do braço de Huntara, aproveitando aquela brecha na defesa pra se impulsionar pra cima e soltar um belo soco cruzado de direita que acertou em cheio o rosto da valentona, provocando um estalo violento que pareceu ecoar pelo lugar inteiro.

O choque por ter sido acertada foi tão grande que fez a mais alta tombar dois passos pra trás, observando descrente quando Adora pousou no chão segundos depois, juntando os braços fortes e punhos cerrados em frente ao rosto, numa posição de guarda, com um sorriso vingado e confiante.

Apesar do soco ter causado um impacto mínimo no rosto marcado de Huntara, os alunos vibraram fascinados, como uma torcida poderosa comemorando um gol.  

Ainda acompanhada por Swift Wind, passando furtivamente e com dificuldade pela multidão, Catra coincidentemente acabou sendo empurrada pra frente por causa de uma garota histérica que esbarrou nela com certa violência durante o percurso. A novata por pouco não deu meia volta pra xingar a desconhecida, desistindo quando percebeu que a menina havia lhe empurrado exatamente em direção a multidão que tinha a melhor vista do confronto violento entre Huntara e Adora. 

Por instinto, a Catra se permitiu focar atenciosamente na figura da loira de jaqueta vermelha à sua frente justo na hora em que a menina de olhos azuis se preparava pra desviar do primeiro golpe de Huntara. Como havia muita gente, sua presença passou totalmente despercebida, permitindo que Catra pudesse assistir toda a cena bem de perto, sem que pudesse ser vista. Quando o cruzado de direita estalou no rosto de Huntara, Catra literalmente ficou de queixo caído, maravilhada com a performance de Adora. 

No meio da confusão de gritos, aplausos e assobios uma onda de excitação tomou conta do seu corpo, fazendo Catra prender os olhos naquela cena, extasiada.

- Que mulher! - A morena de unhas afiadas berrou sem pensar, com um sorriso embasbacado de orelha a orelha. E só depois de alguns segundos foi que lembrou de procurar por Swift Wind no meio da multidão. Mas pra sua surpresa, o rapaz não estava mais lá.

Como haviam combinado, o ruivo de cabelos longos já havia atravessado o refeitório, correndo na direção de Bow. Como havia perdido Catra de vista, o ruivo preferiu acreditar que ela mesmo perdida daria continuidade ao plano. Pelo menos, ele esperava que sim. Mas podia mesmo confiar nela? 

Quando finalmente chegou perto do rapaz caído no chão,  Swift Wind se enfiou por entre um dos braços de Bow sem pedir permissão, assustando Glimmer por um segundo. Mas quando a menina pôs os olhos em Swift Wind, algo dentro dela lhe disse para confiar nele, principalmente porque o ruivo havia sido o único a ajudar de verdade, apoiando o braço de Bow sobre seus ombros, ajudando-o a levantar enquanto Glimmer fazia o mesmo do outro lado. 

Olhando de longe, mais do que ninguém, Catra sabia que Swift Wind faria o possível pra cuidar do outro rapaz mesmo que isso lhe custasse uns bons socos. O sentimento que o ruivo nutria por ele era bem mais forte e sincero do que parecia na arquibancada. E por um milésimo de segundo… Catra sentiu uma pontinha de inveja. No fundo, ela sabia que ninguém jamais se arriscaria por ela daquela forma. Ninguém jamais olharia pra ela do jeito que Swift Wind olhava pra Bow naquele momento, com um brilho de devoção sincera que dizia claramente "eu tenho medo de te perder, mesmo que você não se importe". 

Num impulso, Catra pensou em correr até lá e ajudar, mas foi impedida pelos gritos frustrados da multidão que protestava com xingamentos e palavrões observando o momento em que Huntara fez questão de chutar os calcanhares rápidos de Adora com uma rasteira desleal, fazendo a menina cair. 

No momento da queda, Adora sentiu a lateral do seu quadril atingir o chão com mais força do que gostaria, provocando uma dor fina que irradiou desde a cintura até a base do dedo midinho. Cair de lado era um péssimo jeito de aterrissar no chão. 

- Você é boa, princesa. - Huntara disse levemente ofegante, massageando a bochecha com a ponta dos dedos, ainda sentindo o ardor provocado primeiro e único soco que Adora havia conseguido acertar até aquele momento. 

- E você é traiçoeira - A loira disse, se levantando rápido, mas com dificuldade. 

- A primeira regra da vida é: não confie em ninguém - Huntara sorriu pra si mesma, ganhando o apoio de alguns dos seus lacaios, que aplaudiam e bajulavam com gritos mais ao fundo.

- A minha primeira regra é: proteja o seu queixo - Adora sorriu confiante, deixando Huntara cismada e sem entender ao certo o que ela quis dizer. Mas não era como se a garota musculosa vestida de preto tivesse tido algum tempo pra pensar sobre isso. 

Sem perder tempo, Adora correu novamente na sua direção, rápida como um clarão, esquivando de um soco que veio de cima pra baixo e revidando com um chute forte nas costelas marcadas de Huntara, que soltou um grunhido de dor pelo impacto. 

E mais uma vez, o corpo estudantil comemorou com gritos animados, mas só estavam cantando vitória antes do tempo. Adora já havia gasto muita energia correndo e principalmente se esquivando pra cá e pra lá. A queda também havia comprometido parcialmente a sua velocidade, deixando a menina um tantinho mais lenta. 

Huntara podia não ser veloz, mas era bem estrategista. Abriu a guarda de propósito na segunda vez porque sabia que o chute viria como opção mais óbvia, e naquela posição delicada, Adora não teria como desviar do soco no estômago que lhe acertou como uma martelada nas costelas, fazendo a menina desequilibrar pra trás e cair sobre os próprios joelhos, usando as mãos para abraçar a barriga como se aquilo pudesse conter a dor que estava sentindo. Mas só conseguia tossir desesperadamente por ter seu diafragma esmagado pelo soco da outra. 

Como se estivessem sobre o efeito de algum feitiço, todos os estudantes se calaram ao mesmo tempo, apreensivos, apavorados. 

Adora continuava ajoelhada, tossindo e puxando o ar descoordenadamente. Depois desse soco certeiro, estava claro que a briga havia chegado ao fim. Não existia nenhuma possibilidade da loira se recuperar tão fácil depois de um golpe tão forte no estômago. Uma pessoa normal teria no mínimo vomitado todo café da manhã. 

Bow e Glimmer observavam tudo atônitos, juntamente com Swift Wind, que tentava o máximo segurar Bow enquanto o rapaz tentava insistentemente se desvencilhar dos seus cuidados para ajudar Adora. Mas o estudante de educação física mal se aguentava em pé sem ofegar, e Glimmer já não sabia mais o que fazer além de implorar aos veteranos que fizessem alguma coisa. Mas todos estavam apavorados demais pra enfrentar Huntara, principalmente naquelas condições. 

A dona da gangue e chefe da Crimson Waste se aproximou a passos lentos de Adora, parando de frente pra ela e forçando a cabeça da menina pra cima com um puxão forte em seus cabelos dourados que agora estavam presos por entre os dedos de Huntara. A imagem sádica que se formava em sua mente suja, vendo Adora ali, de joelhos, com os cabelos presos em suas mãos ficava bem explícita pelo sorriso libertino nos lábios bem desenhados da enorme garota de cabelos prateados.

- Você tem um rostinho lindo mesmo, princesa… - Huntara sussurrou, apertando mais forte os cabelos de Adora em suas mãos e se deleitando com a expressão de fúria e dor que se misturavam no semblante da menina - Quem sabe umas noites lá em casa não te fazem gostar mais desse puxão, hm…? - Huntara se abaixou um pouco, aproximando seu rosto do de Adora perigosamente. 

Aquilo já estava passando dos limites. Quando teve a certeza de que todos estavam distraídos com a cena nojenta que acontecia lá na frente, Catra empurrou bruscamente um garoto de braços enormes na direção de um dos capangas de Huntara, que se sentiu ameaçado e na mesma hora o acertou com um soco no rosto. 

Mas como o delinquente era magricela como um palito, o soco mal fez efeito no rosto forte do estudante tatuado de jaqueta vermelha e branca, que logo desferiu um contra-soco em resposta, acertando em cheio o nariz fino e molenga do lacaio de Huntara, que gritou esganiçado, chamando todo o resto da gangue pra ajudar quando o garoto recrutou todo o time de futebol americano pra cair na porrada também. De fato, as pessoas tinham medo de Huntara, mas da gangue dela... Nem tanto.

E por incrível que pareça, em questão de segundos, o refeitório havia se tornado uma espécie de ring sem lei, com comida, pessoas e cadeiras voando pra lá e pra cá, quebrando totalmente o foco de Huntara na loira ajoelhada aos seus pés.

- Mas que merd… ? - Antes que Huntara pudesse terminar sua linha de raciocínio, ela sentiu um forte impacto vindo de trás. Uma pancada repentina, que fez uma onda dolorosa percorrer todo o caminho da sua nuca até a base das costas, como um choque. 

Com certeza alguém havia lhe acertado com algo sólido o suficiente para deixar uma sensação ardida e uma marca achatada em alto relevo sobre a sua pele.

Huntara não teve tempo de se virar pra verificar quem seria a próxima vítima do seu soco, até porque, com esse descuido de atenção causado pela pancada, a garota de cabelos prateados acabou levando as mãos enormes instintivamente até a nuca no momento em que seu cérebro processou a sensação de dor no local. 

Aqueles dois segundos de liberdade foram a chance perfeita que Adora estava aguardando pra conseguir pegar mais uma vez impulso no chão e se lançar pra cima, acertando a ponta do queixo de Huntara com um soco violento que fez os olhos claros da platinada revirarem lentamente, descoordenados, enquanto seu corpo enorme desmoronava no chão desacordado. 

- Proteja… a porra… do seu queixo… - Adora relembrou ofegante, deslizando as costas do punho sobre o lábio inferior, como fazia todas as vezes em que vencia uma briga nos seus treinos intensivos de artes marciais. 

Como Adora havia dito antes, a primeira regra sempre foi: proteja o queixo. Afinal, a pancada certa no lugar certo podia causar estragos imediatos, como por exemplo, a tontura ou o desmaio, que foi o caso de Huntara.

Quando a loira levantou a cabeça pra agradecer a alma caridosa que havia lhe ajudado, a pessoa já havia sumido pela multidão sem deixar vestígios. 

- Adora!! - A voz aflita de Glimmer do outro lado da confusão afastou Adora dos seus pensamentos. 

Com Huntara aniquilada, a atleta agora só precisaria encontrar seus amigos no meio do turbilhão de socos, tapas e chutes que os estudantes trocavam entre si. Ia ser moleza. Mas por sorte, não precisou se esforçar tanto assim. 

No momento em que os alunos perceberam que Huntara havia caído sobre os pés de Adora, parecia que o mundo havia parado de girar durante alguns poucos segundos, que foi o tempo que todos levaram pra assimilar a cena. 

Adora havia mesmo derrotado Huntara, num piscar de olhos. 

- A gigante caiu!!! - Uma voz desconhecida e eufórica anunciou aos berros, fazendo uma onda de gritos, aplausos e assovios se explodir como uma bomba no refeitório. Até mesmo as brigas aleatórias se encerraram, principalmente quando os capangas de Huntara correram desesperados pra perto dela. Numa tentativa árdua, os quatro patetas fizeram o possível pra levantá-la do chão e levar sua líder com dificuldade pela saída de emergência. 

E como nos segundos finais de uma copa do mundo, todos já estavam correndo entusiasmados na direção de Adora como se ela fosse a personificação da vitória. Diversas pessoas chegavam até ela e continuavam surgindo como se tivessem sido expulsas de um formigueiro. Adora quase não conseguiu conciliar os abraços, apertos de mãos, cumprimentos, elogios e tapinhas nas costas que vinham daquela gente toda. A menina parecia ter sido engolida por uma onda extasiada de rostos desconhecidos e sorrisos enormes que só lhe deixavam cada vez mais sem reação, principalmente quando dois jogadores de futebol americano a levantaram do chão como se a garota fosse feita de papel, encaixando Adora sentada sobre os seus ombros largos enquanto desfilavam com ela e gritavam seu nome com euforia. 

Se Adora já popular pelo título de campeã do basquete e da corrida, com certeza, agora tinha o título de campeã mais popular da faculdade inteira. 

Apesar da comemoração gigantesca em seu nome, Adora só conseguia pensar na preocupação que sentia enquanto procurava, lá do alto, Glimmer e Bow pelo meio da multidão. Por sorte, Swift Wind ainda estava com eles, o que facilitou a localização dos três, graças as roupas chamativas do garoto. 

Quando finalmente Adora conseguiu contato visual com os dois, notou que Glimmer e Bow também comemoravam, sorrindo, com Swift Wind encolhido timidamente sobre um dos braços de Bow, junto com Glimmer, acenando pra ela. 

Todos estavam bem. Ela havia conseguido. 

Com esse pensamento positivo, finalmente Adora se permitiu respirar fundo, soltando toda frustração na forma de um suspiro aliviado antes de erguer um dos braços ao alto vitoriosamente, sorrindo confiante, como se segurasse alguma coisa. 

O sorriso aberto e animado de Adora só fez a multidão gritar ainda mais alto, com um entusiasmo vivo em suas veias.

Enquanto isso, no canto mais isolado do refeitório, escondida sozinha por trás de uma pilastra grossa de concreto, Catra se mantinha apoiada com as costas retas na parede. 

Sua respiração rápida e ofegante parecia tentar inutilmente acalmar seu coração acelerado e suas pernas trêmulas que vez ou outra vacilavam, fazendo com que todo o corpo da garota estremecesse em conjunto. O belo par de olhos, azul e amarelo, seguiam arregalados enquanto Catra permanecia encarando compulsivamente as suas mãos trêmulas, que a cada segundo pareciam gradativamente mais geladas. Apesar de tudo, sua mente ainda não conseguia assimilar o fato de que, pela primeira vez na vida, Catra havia realmente batido em alguém… pelas costas, com uma bandeja de metal. 


Notas Finais


:v E então, temos uma vencedora ? Kkkk

Espero de coração que tenham gostado <3 Tentei me empenhar ao máximo pra que todos os cenários pudessem dialogar entre si e gerar uma visualização bacana das cenas de ação pra vocês ✨

Não tenho o costume de descrever brigas assim, então, me perdoem qualquer coisa 😂 E a propósito, me digam o que acharam! Assim eu posso aprimorar cada vez mais a minha escrita e entregar capítulos cada vez melhores pra vocês ☺️

Enfim, é isso >< Obrigada pela leitura ❤️✨


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