Severus Snape*
Aniversário do Menino-Que-Sobreviveu! Aproveitei que ele está trabalhando em Hogwarts o dia todo e convidei todos aqueles moleques insolentes para uma festa surpresa, até mesmo Hagrid concordou em vir.
Então pedi gentilmente para que Molly fizesse algo para comer enquanto eu arrumava uma desculpa para não ir buscá-lo no fim do dia, sei que ele ficou chateado, mas foi por uma boa causa.
Escutamos a chave na porta e ficamos em silêncio com a luz apagada qdo a porta se abre, acendemos a luz e gritamos:
-Surpresa!
O vejo arregalar os olhos e levar o maior susto antes de abrir um sorriso e começar a rir como uma criança feliz, seus amigos correm para abraça-lo e como já era de se esperar, acaba chorando quando Hermione o parabeniza.
Ele puxa Malfoy para um abraço apertado antes de beijar seu rosto e vir em minha direção com a sobrancelha arqueada.
-Você tem uma mente diabólica, professor.
-Obrigado. -ironizo.
O beijo rapidamente enquanto ele deixa suas coisas no quarto e aproveito para me servir com uma taça de champanhe.
-Quero meus presentes!- grita ao meu lado.
Droga.
Rony retira do bolso uma das invenções malucas de seus irmãos e para a minha surpresa, Harry fica muito animado, Hermione lhe dá um livro que eu já tenho em minha biblioteca, então não sei qual a necessidade. Draco e Ginny lhe entregam uma vassoura nova e ele grita enquanto pula de alegria antes de me encarar.
-E você? Não tem nada pra mim?
-Pra quê? Já mora aqui. -comento.
Todos reviram os olhos e eu me sento no sofá.
-Casa comigo. -disparo.
Todos os presentes na casa, incluindo os quadros dão um pulo e gritam:
-O QUÊ?
Nunca estive tão desconfortável em toda minha vida. Harry olha para Lily antes de voltar a atenção para mim e olhar para ela de novo.
-O QUE? -repete.-Ai meu...
Uma gritaria começa dentro da minha casa e começo a ficar irritado até que ele cai de joelhos a minha frente e me olha com o sorriso mais doce do mundo.
-Sim. Com certeza. Óbvio que sim, todas as afirmações que conheço.
Abro um sorriso sincero e vejo Draco fazer um sinal de positivo para mim, Harry passa a mão pelos cabelos, exasperado, enquanto anda de um lado para o outro até começar a rir.
-Meu Merlin, Severus! Você tem certeza? Porque assim, é algo muito sério.
-Claro.
A festa continua enquanto eu leio um livro novo para evitar qualquer comentário deles sobre o que acabou de acontecer e continuo assim até o último convidado finalmente ir embora, Harry caminha até mim e atira meu livro no chão antes de sentar em meu colo.
-Por um acaso acabou de atirar meu exemplar original de Orgulho e Preconceito do outro lado da sala?- fico indignado.
Ele acaricia as laterais do meu rosto com as duas mãos enquanto mantém os olhos grudados em mim, as pontas dos seus dedos tocam cada centímetro me deixando completamente perturbado com essa atenção, mas não posso dizer que não estou gostando.
-Você acha que se as coisas não tivessem acontecido do jeito que aconteceram, estaríamos aqui? -pergunta.
-Qual parte das coisas? A sua mãe ter escolhido seu pai?
Ele assente.
-Gosto de pensar que gostaria de ter te conhecido em uma outra época, se é que isso seria possível. Mas...se sua mãe não tivesse feito as escolhas dela e por consequência eu ter feito as minhas, nós não estaríamos aqui.
O menino beija a ponta do meu nariz.
-E se deu conta de que meu pai vai ser seu sogro?
Faço uma careta.
-Familia a gente não escolhe, te livro dessa culpa.
Ganho um tapa de brincadeira.
-E... você está feliz?
Acaricio seu rosto.
-Sabia que descobriram recentemente que buracos negros possuem luz dentro deles? Como pode uma coisa que suga tudo o que passa por perto ter luz própria? -digo.
-O que isso...
-É a mesma coisa com você. Eu passei anos da minha vida cultivando a escuridão dentro de mim até que resolvi ajudá-lo a se adaptar, no fundo acabei me redescobrindo e me dando conta de que você é a minha luz. Mas de novo, se contar a alguém, eu te mato.-fecho a cara.
O garoto da uma gargalhada alta e me puxa para um abraço apertado.
-Poderiamos brincar de casinha o dia todo, mas não podemos.-digo.
-Por que?
-Tenho que pesquisar os efeitos colaterais do que fizemos.
Ele fica confuso.
-Telepatia não é algo comum para todos os bruxos, Harry.-explico.
-Não dá para deixar isso para amanhã? -faz um biquinho.
Reviro os olhos e o jogo ao meu lado antes de me servir com uma xícara de café e sentar a mesa para começar minhas pesquisas.
-Sério mesmo que não pode deixar isso pra amanhã? Nós podíamos nos divertir um pouquinho.
-Muito sério. -respondo sem tirar os olhos do livro.
Me concentro em minha leitura mas sem deixar de notar a figura inocente sentada em meu sofá, mesmo que eu finja o contrário. Ele bufa e vai até o quarto antes de voltar vestindo apenas minha camisa e sua cueca, escondo meu sorriso e sem perceber esfrego a Marca Negra.
-Por que sempre faz isso? -pergunta.
-Isso o que?
-Esfregar seu braço. Ela dói? Como minha cicatriz fazia?
Pisco algumas vezes.
-Não, não mais. É só... força do hábito, acho. -dou uma piscadinha.
Harry salta do sofá e caminha em direção ao piano enquanto volto para minhas anotações já imaginando o tamanho do estrago que ele vai fazer em meus ouvidos, mas para minha surpresa, escuto uma melodia tão suave que me leva até ele, o vejo ficar vermelho e a música é interrompida.
-Eu não sabia que tocava. -digo.
-Ninguém sabe, nem meus amigos.
-Então quem o ensinou?
-Dumbledore. Na época em que Voldemort estava me observando, ele me chamou até sua sala ainda sem olhar para mim e disse que a música me ajudaria a extravasar.
Me sinto estranho ao ouvir seu nome e tento conter meus sentimentos até que Harry toca meu braço e eu viro as costas em direção ao quarto.
-Me desculpe por machucar você.
Suas palavras me causam um acesso de riso que aos poucos vão se transformando em... lágrimas, me deixando apavorado.
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