História I was made for you - Recomeço

Arizona:

Senti seus lábios tocarem os meus, estavam macios e molhados por causa das lágrimas, mas simultaneamente era algo quente, aconchegante, me senti sendo tomada por aquilo como um vulcão entrando em erupção, chegou um momento que já nem me lembrava o que havia iniciado aquilo, eu só queria Calliope, tomá-la por inteiro fomos nos movendo em perfeita harmonia, como em uma orquestra em que cada instrumento, tem o seu tempo de surgir em cena e encantar com o seu som único e magnífico. Calliope passa a mão pela minha orelha esquerda acariciando-a e a sinto chegar a minha nuca segurando o meu cabelo, enquanto sua boca vai descendo e alcança meu pescoço, vou me movendo e deixando ser envolta pelo momento. Estava tudo em silêncio como a calmaria após a tempestade, tudo que eu conseguia escutar era os batimentos acelerados do coração de Calliope. Tum, tum. Callie desce a sua mão acariciando meu corpo e retira minha camiseta. Tum, tum. Vai passando com sua língua pelo meu corpo. Tum, tum dou um gemido. Nossos batimentos se juntam em uma música de perfeita sincronia, nada conseguia nos atingir, nada conseguia afetar aquele momento. Calliope e eu eramos uma, estávamos envolvidas por algo tão intenso que não poderia ser descrito em meras palavras.

Acordamos no dia seguinte no quarto de Calliope, ou nosso quarto talvez, até agora não entendi ao certo o que aconteceu e porque aconteceu, mas estava muito feliz para questionar isso agora. Apoiei o meu cotovelo direito na cama e me virei para Calliope, ela dormia tão calmamente, é linda, bonita de tirar o folego. Ela estava dormindo da mesma forma que eu me lembrava, do mesmo jeitinho de sempre, com aquele sorriso estancado em seu rosto enquanto dormia. Sem perceber eu já estou sorrindo também. A beijo e digo:

- Acorda, moça bonita. - Ela solta um pequeno gemido de satisfação.

- Uh será que posso acordar todo dia assim/ - diz ela sorrindo.

- Uhum – concordo com a cabeça - Todo dia – ela sorri em resposta. - Você está sorrindo tanto – disse olhando ela ainda deitada – Senti falta disso.

- Então podemos ficar na cama o dia todo e você se delicia com o meu sorriso o quanto quiser e muitas coisas mais.

- Hum – me interesso pela sua proposta, mas tudo vai por água a baixo quando um concreto de realidade cai sobre minha cabeça – Eu não gostaria de nada mais do que isso. Só que temos que trabalhar e a Sofia precisa ir pra escola, ela já está atrasada.

- Droga! - ela diz entortando a boca com insatisfação, como um cachorro que não consegue seu osso, e vejo sua cena sorrindo.

Eu olho pra ela e toda aquela cena se vai, acabo de perceber uma coisa e sinto como se o chão, a cama e tudo que tivesse embaixo de mim, me mantendo firme e segura também tivesse ido, meu coração acelera e não tenho como controlar o seu movimento acompanhando toda insegurança que veio tomar conta de mim, sem nenhum aviso prévio. E pergunto, meio insegura com as minhas palavras:

– Mas o que… Que nós somos… Agora/ - pergunto preenchida de incerteza com a voz gaguejando que demonstrava isso tão claramente, é como se eu tivesse voltado 8 anos no passado e estivesse no começo da minha relação com Calliope, perguntando a ela, praticamente o mesmo.

Callie me olha com seus lindos olhos castanhos brilhando e sorri da minha pergunta ou da minha insegurança repentina, não sei ao certo do que estava sorrindo, mas ela se levanta um pouco apoiando o cotovelo na cama e me beija. Quando ela se afasta após o beijo me questiona:

- Isso responde a sua pergunta?

- Sim, mas acho que eu não entendi direito ainda, será que poderia me dizer outra vez? - ela sorri e me beija novamente.

– Olha, isso está errado, eu estava errada. Nos amamos mais do que tudo, temos uma filha linda e devemos ter a chance de ser feliz outra vez, não importa o que aconteceu. O que importa é agora. Se Mark estivesse aqui ele me daria um sermão por não correr para os seus braços.

- Mark? - perguntei surpresa, estranhando ela colocar o Mark nisso, nós estamos meio que em um momento aqui, não é hora de colocar o Mark nisso.

- Sofia me perguntou dele ontem a noite quando fui colocá-la pra dormir.

- Aah – disse com convicção, era como se uma luz se acendesse na escuridão e tudo fizesse sentido – por isso você estava chorando.

- Sim

- Você está bem? - pergunto acariciando o seu rosto.

- Vou ficar… Mas pra isso, eu preciso de você. Eu preciso de você Arizona Robbins, Você é o grande amor da minha vida, isso não mudou e nunca vai mudar. Eu te amo. Por favor, volte comigo. Eu preciso de você!

- Eu te amo Calliope Efigênia Torres e sempre vou te amar, nada poderia me fazer mais feliz do que estar com você. - Digo com o máximo de segurança e alegria na minha voz, era como se aquele momento fosse um sonho do qual eu não queria acordar. Mas preciso voltar para a realidade agora, infelizmente – Só que agora nós precisamos ir.

- Não, não vai. Você vai ficar aqui comigo – disse Callie com voz mimada quando ameacei me levantar da cama, percebi que ela estava mais atenta do que eu imaginava. Nesses poucos segundos seus braços se entrelaçaram pela minha cintura e eu que estava há menos de um segundo atrás de costas para ela prestes a me levantar em pouco tempo já estava vendo a morena por cima de mim.

- Hum – Suspiro de contentamento – muito quente.

- Você ainda não viu nada – disse Callie passeando com sua mão pelo meu corpo para alcançar a camiseta do meu pijama no caminho e retirá-la. Sinto um arrepio pelo meu corpo e intensa vontade de permanecer ali, sendo tomada pelo seu calor, mas a irritante da realidade ficava espancando a minha porta para me tirar daquele momento.

- Não – me deslizo por entre seus braços conseguindo um ponto de escape e coloco minha camiseta novamente.

- Agora que ia começar a parte boa? - disse Callie extremamente chateada se jogando sobre a cama desapontada.

- Não, porque a Sofia já está atrasada e se eu me deixar envolver, fico o dia todo aqui com você. - disse selando minhas palavras com um beijo para tentar amenizar a dor.

- Eu não acho que você realmente entenda o quão ATRATIVA você fica nesse pijama decotado. Se entendesse ficaria aqui comigo – ela enfatizou a palavra atrativa fazendo um biquinho para que eu ficasse com ela na cama, aquela cena me derreteu todinha. Afinal o que seriam quatro minutinhos a mais pra quem já estava atrasada não é mesmo?

- Agora é sério – disse decidida – eu vou ver se Sofia já está pronta e me aprontar, vá fazer algo pra nossa filha comer.

- Mandona – murmurou saindo da cama com certa decepção.

- Eu ouvi – falei implicando com ela

- Era pra você ouvir mesmo – respondeu esboçando um biquinho.

- Vou te compensar.

- Quero só ver – disse com voz manhosa.