História I Will Be Free - Is Suffocating, Right?

Eu estou em choque. Eu não conseguia acreditar que aquilo realmente está acontecendo. Eu olhava atônita para a tela do celular do Harry. Mas na verdade, eu não sei o que é mais chocante:

Zayn gravar um vídeo onde eu estava cantando e postar na internet.

Ou esse vídeo ter quase dois milhões de visualizações.

Ou ter vários comentários me incentivando a seguir com a banda, comentários como:

“Quando irá sair o próximo cover?”

“Quem é essa garota? Ela é incrível.”

“Que banda maravilhosa é essa?”

“Arrisco-me a dizer que esse cover de Decode dessa banda está melhor do que a versão original de Paramore.”

“Essa garota é ótima. A voz dela é incrível. Essa banda tem que explodir.”

E claro que também tinham os comentários desnecessários como:

“Ai meu Deus, Zayn Malik, seu gostoso, me engravida.”

Eu ainda estou boquiaberta. Eles gostaram. Eles gostaram de mim. Eles gostaram da banda. Deus, eu não consigo acreditar que isso está acontecendo.

– Você é incrível, Hope. Se você aceitar essa proposta, imagina no quanto a sua vida pode mudar. Não tenha medo de não ser aceita, eles amaram a banda. – Harry diz com tom calmo e ele sorri antes de me abraçar rapidamente.

– Eu ainda vou matar o Z. – murmuro separando-me do abraço. – Eu acho que eu vou surtar com tudo isso que está acontecendo.

Entrego o celular para Rebekah, que estava ansiosa para ver o vídeo e eu sei que o resto da família irá vê-lo também.

– Completamente desnecessário esse “Zayn Malik me engravida”. – Rebekah comenta fazendo as aspas com os dedos enquanto ria abertamente.

– Você estava incrível naquele palco, Hope. Isso parece até um vídeo clipe, não parece? – Kol questiona animado, entregando o celular para tio Elijah e minha mãe verem o vídeo, já que Emma já viu o mesmo.

– Você vai aceitar, certo? – Emma pergunta e nem me dá tempo para responder. – Você tem que aceitar, Hope. Se você não aceitar eu te mato. – ela me ameaça rindo.  

– A minha garotinha cresceu. – minha mãe diz com tom orgulhoso e eu sorrio minimamente a encarando.

– Eu tenho que admitir, você se saiu bem melhor do que a Hayley Williams. – tio Elijah opina e eu franzo o cenho. – O quê? – ele pergunta sem entender a reação de todos.

– Como você sabe o nome da vocalista da banda? – pergunto confusa. Rebekah e Kol riem abertamente, sem acreditar que aquilo está acontecendo.

– O que você acha que eu sou? Eu escuto Paramore, ok? – tio Elijah responde e deixa de me encarar.

– Ok. – respondo prendendo o riso. Eu ainda estou achando um pouco estranha essa situação. Eu não consigo nem imaginar o meu tio, que eu suspeito dormir de terno, ouvindo Paramore.

– Ele é travado. Nem dá para imaginar que ele tem a alma de fã de rock. – Emma comenta com tom baixo. Começo a rir descontroladamente, que eu até sinto lágrimas se acumulando em meus olhos.

– Vocês vão implicar com o meu gosto musical no meio do jantar? – tio Elijah pergunta com tom sério e eu paro de rir imediatamente.

– Desculpe-me. – digo ainda tentando inutilmente controlar a minha crise de risos, mas tio Elijah somente me ignora, revirando os olhos em seguida.

– Você já tomou a sua decisão? – meu pai pergunta chamando a minha atenção.

– Eu quero cantar e ser feliz fazendo isso. Eu não quero me tornar uma pop star que faz turnê ao redor do mundo. – respondo dando de ombros.

– Hope, acredite mais em você. – meu pai diz, me aconselhando.

– O Ed me falou a mesma coisa. – digo e vejo que não entendem em que momento aquilo aconteceu. – Ah, ele viu as minhas composições e disse que eu tenho várias músicas boas. – comento um tanto animada, já que eu comecei a acreditar que eu posso ser algo depois que Ed viu as minhas composições.

– Você mostrou a sua pasta composições para ele? – tio Elijah pergunta surpreso.

– Sim, eu me senti bem com ele. O Ed deu a sua opinião e foi completamente sincero em relação a cada música. – digo e sorrio minimamente.

– Você nunca mostrou para ninguém essa pasta. Nem mesmo para nós. – minha mãe diz sem entender como aquilo aconteceu, mas ela não sabe que eu e Ed criamos uma conexão.

– Sério? – Harry pergunta um tanto surpreso e eu assinto rapidamente.

O jantar segue em silêncio, mas eu sei pelas atitudes de todos que Harry passou no teste. Eles gostaram de Harry e também não seria de menos, Harry é gentil e educado com todos.

– Eu tenho uma coisa para mostrar para vocês. – digo quando estamos na sala de estar, conversando abertamente. – Eu e o Ed terminamos uma música. E eu vou cantá-la para vocês. – digo animada levantando-me do meu lugar.

– Hope, eu juro que eu não quero ficar com inveja de você, mas assim não dá, amiga. – Emma diz dramática, o que me faz rir, também se levantando.

Nós fomos em direção à sala de música e ao entrarmos, vejo o olhar de admiração de Harry. Sento-me no banco do piano e respiro fundo antes de começar.

“E se eu dissesse que iria quebrar seu coração?

E se eu dissesse que eu tive problemas que me deixaram má?

E se eu soubesse que só iria rasgar sua mente em pedaços?

Você poderia me deixar sair?”.

Canto a primeira estrofe da música e eu ao menos precisei olhar para o lado para saber que todos estão me encarando fixamente.

“Talvez você possa parar antes que comece.

Talvez você possa ver que eu posso ser muito louca para amar.

Se eu te dissesse que a solidão cai em mim como uma luva?

Você poderia me deixar sair?”.

Eu estava ali, abrindo o meu coração, cantando uma música que somente mostrava a aflição que eu senti quando quase perdi Harry.

“Você quer saber da onde estou vindo?

Eu estava sozinha quando eu queimei minha casa e todos os pedaços foram rasgados e jogados.

Você deve saber da onde estou vindo.”.

E agora eu estou tão perto de dizer a verdade para o Harry. Depois de tanto tempo, ele irá saber a minha verdadeira história.

“E se eu dissesse que eu era muito jovem?

E se eu dissesse que eu fui construída em tijolos de descuido e migalhas?

E se eu dissesse que eu iria embora antes de puder chegar?

Você poderia me deixar sair?”.

Eu estava com medo de mostrar o meu mundo para quem eu amo. Mas depois de um tempo sem ele, eu vi que eu não poderia mais manter isso escondido.

“Os seus braços estavam sempre no meu coração, minha casa.

Mas você me deu as costas dos meus objetivos.

Garoto, você deveria saber.”.

Eu tinha esperança de que tudo ficasse bem no fim da noite, mas o meu lado negativo está me dizendo que será um desastre.

“Você quer saber da onde estou vindo?

Eu estava sozinha quando queimei minha casa e todos os pedaços foram rasgados e jogados.

Você deve saber da onde estou vindo.”.

Encerro a música e finalmente posso respirar normalmente. Levanto-me do banco onde estava sentada e logo sinto os braços de Harry me rodeando.

– Está perfeita. – Harry murmura durante o abraço.

– Você gostou? – pergunto com o tom de voz baixo.

– Eu amei. – Harry responde de maneira sincera, afastando-se de mim.

– Hope, essa música é linda. – minha mãe elogia, abraçando-me em seguida.

– Essa música é triste. – meu pai diz assim que minha mãe se afasta de mim. – O que aconteceu, Hope? – ele pergunta rapidamente.

– O Harry tinha sofrido um acidente por minha culpa. – revelo e todos me olham surpresos, exceto aqueles que já sabem da história.

– Não foi sua culpa, Hope. – Harry assegura com tom cansado.

– Sim, foi minha culpa. Eu fui o motivo para você ter saído com o carro desgovernado. – retruco também com tom cansado. Assim como ele, eu não quero discutir isso novamente.

– Ela quase desligou. – Rebekah conta e o momento para no tempo.

Eu sei o que virá a seguir. Sermões. Ninguém nunca me entenderia, realmente. Eu estava prestes a perder a pessoa que eu amo, a dor quase me destruiu. Se eu perdesse Harry, eu iria viver o resto da minha vida sabendo que é minha culpa. Eu não aguentaria viver dessa maneira. Meu pai aproxima-se de mim e me abraça fortemente.

– É sufocante, certo? – meu pai pergunta em tom baixo e eu fecho os olhos, assentindo em seguida.

– Eu achei que iria perdê-lo para sempre. – respondo controlando a minha vontade de chorar. – Foi um dos piores momentos da minha vida, pai. Estava doendo muito. – digo e ele afasta-se de mim, forçando-me a encará-lo quando ele segura o meu rosto com a suas mãos.

– Você foi forte e não desistiu de si mesma, Hope. – meu pai diz e eu assinto. Depois de tudo, eu acredito nessas palavras.

– A minha angústia e dor foi toda para a música. – confesso e ele solta o meu rosto, pegando em minhas mãos logo em seguida.

– Eu queria ter sido o seu porto seguro nesse momento, eu queria poder ter te ajudado quando você mais precisou. – ele responde.

– Eu sei que você não descansaria até me ver bem, pai. – digo e sorrio docemente o encarando.

– Peça, Hope. – meu pai diz revirando os olhos. Ele sempre sabe quando eu quero pedir alguma coisa, sempre.

– O Harry pode dormir aqui? – pergunto mantendo o meu sorriso doce no rosto.

– Com você? – ele pergunta irredutível e eu assinto rapidamente. – Por quê? – meu pai pergunta desconfiado.

– Eu contar toda a verdade para ele. – respondo sincera e ele me encara com os olhos semicerrados.

– Eu vou confiar em você, garoto. – meu pau diz encarando Harry. – Não faça coisas que eu não faria com ela, Harry. Caso o contrário, você sabe que eu posso arrancar a sua cabeça, não sabe? – meu pai o ameaça e Harry engole em seco, mas assente.

– Pai, pare com isso. – o repreendo. – Nós não vamos transar, se é isso que você está insinuando. – digo um pouco brava. Não precisava ter ameaçado o Harry dizendo que ele pode arrancar uma cabeça.

– Eu espero que você esteja falando a verdade, Hope. – meu pai diz no mesmo tom que eu.

[...]

Nós dois estávamos sentados na minha cama, prontos para dormirmos. Meu pai, surpreendentemente, não se importou do Harry dormir no meu quarto, mas eu sei que isso tem o toque da minha mãe.

Eu estou vestindo o meu pijama, que é somente uma regata preta e um short de tecido leve. O Harry está vestindo somente uma calça moletom que Kol emprestou para ele.

– Você pode começar a me contar a verdade, se você quiser. – Harry diz encarando-me e eu sinto a minha mão soando de nervosismo.

– Eu só peço que você não me abandone quando souber de toda a verdade. – peço em tom baixo.

– Nunca, Hope. – Harry responde e sorri minimamente.

– Tudo o que um dia você acreditou sobre mim, é uma mentira. Quando eu te disse que eu sou uma mentirosa e um monstro, eu não estava mentindo. – digo e Harry me encara sem demonstrar nenhuma emoção.