História I Will Be Free - It Will Hurt, Dad?

Não demorou muito tempo para Hope descer. Ao entrar na sala de estar, todos os olhares se viraram para ela, imediatamente seus olhos marejaram e ela não pode conter as lágrimas. Depois de tudo, sua família estava ali por ela, Harry estava ali por ela e Hope se sentia estupida por fazê-los ficarem preocupados. Ela sabia que eles não dormiram, não descansaram um minuto, procurando ela. Tudo no último dia se resumiu a Hope.

Ela sentia vergonha do que havia feito. Mesmo em um estado que ela nem mesmo sabia, Hope viu a expressão de horror estampada no rosto de cada um quando a acharam na floresta. Aquilo trouxe uma tristeza enorme para o seu peito, que ela não conseguia aguentar. O que resultou nela ficar horas sem falar, ou expressar algum sentimento. Era como se ela tivesse petrificada.

Harry a trouxe de volta, no fundo ela sabia que seria ele e de alguma maneira estava esperando-o. Ela se sentia melhor ao lado do Harry, ela se sentia melhor ao conversar com ele, ela se sentia melhor ao perceber que ele continuava amando-a e ao perceber que ele não sairia do seu lado. Ele transmitia segurança. Mas faltava algo. E ao entrar naquela sala ela descobriu o que era.

Hayley foi a primeira a abraça-la. Ela a apertava mais do que podia, era como uma leoa protegendo seu filhote. Hayley era exatamente assim, morreria para ver a filha bem. A protegeria de tudo e de todos a qualquer custo. A mãe da garota perguntou inúmeras vezes se ela estava bem, mas Hope não conseguia responder. As lágrimas não deixaram.

- Desculpa, mãe. Eu te desapontei.

Ela ficou surpresa com a facilidade que essas palavras saíram da sua boca. Ao falar isso, um fardo saiu das costas de Hope. Sua mãe pegou em seu rosto, limpou as lágrimas que rolavam por ele e deu um sorriso doce.

- Você nunca me desapontou. Eu tenho orgulho de você, Hope.

Ela assegurou, antes de abraçar sua filha novamente. Nos braços de sua mãe, Hope se sentia protegida.

Todos deram um abraço nela, falaram o que Hope precisava ouvir. Era isso que faltava, o apoio da família. Ela chorou, contou pra eles como se sentiu e não pode evitar perguntar o que aconteceu com as pessoas que ela havia se alimentado. Pelo que parece, Rebekah ficou no local e limpou a bagunça, deu sangue para eles, os compeliu para esquecer o que havia acontecido. Eles esqueceram, mas Hope não. Ela não queria se sentir mais mal.

A família lhe fazia um bem que ela mal poderia explicar. Chegou até em um momento que Hope se permitiu esquecer, sorrir e até rir. Era esse o efeito que os Mikaelsons tinham sobre ela. Com suas palavras de conforto, Hope se permitiu se sentir bem.

Mas foi então que com um comentário do Kol, que Hope sentiu medo. Medo porque ela nunca tinha passado por aquilo, medo porque todos falavam que era horrível, a dor era inigualável. Ela estava com medo da sua primeira transformação em lobo. Ela estava com medo da dor. Estava com medo de estar sozinha.

- Eu estarei lá com você, Hope. Eu vou te ajudar.

Seu pai falou em um tom de promessa. Ela sentiu alivio, pois não estaria sozinha e seu pai lhe ajudaria. Ele protegeria as outras pessoas. Uma Hope lobisomem mata qualquer um que estiver na sua frente e ela não poderia deixar isso acontecer. Seria somente uma vez. E era isso que aliviava a garota. Ela só teria que passar por tudo aquilo uma única vez.

Ela insistiu para que Harry fosse descansar, mas ele falou mil vezes que não queria sair do lado de Hope. Ela achou fofo e estupido. Ele passou a noite inteira acordado e não queria dormir. Sim, ele estava cansado, mas Harry não queria ir embora. Ele tinha perdido Hope por algumas horas e isso acabou com ele, não queria ficar longe dela tão cedo.

- Pode subir e dormir no meu quarto, Harry. Eu não vou sumir novamente.

Ela falou por fim e Harry gostou da ideia. Ele aceitou e se levantou, pronto para subir, mas antes ele ousou estender a mão para Hope. Pedindo que viesse com ele. Ela hesitou um pouco, mas Klaus deu um sorriso gentil e assentiu lentamente, ela aceitou a mão de Harry. Juntos subiram as escadas, juntos entraram no quarto.

- Você jura?

Harry perguntou quando estavam deitados na cama. Com Hope deitada sobre seu peito, ele mexia em seus cabelos. Ela levantou o olhar para Harry e entendeu o que ele havia perguntado. Ele tinha perguntado se ela jurava que nunca mais iria sumir. Ele havia ganhado sua resposta, quando Hope deu um sorriso e selou seus lábios. Fazia pouco tempo que um não sentia o outro, mas para eles parecia uma eternidade. Harry a puxou mais contra si e Hope deu um sorriso durante o beijo.

- Eu juro.

[...]

O carro parou na frente da mansão Mikaelson, não era necessário usar um carro, mas o garoto de olhos azuis e sorriso tentador insistiu dizendo que estava com preguiça. O som da campainha soou, atraindo a atenção de Elijah que estava lendo um livro relativamente antigo. Seus olhos deixaram as páginas, suas mãos largaram o livro sobre a mesa do escritório. Quando ele abriu a porta, deu de cara com 4 garotos com sorrisos na cara. Ele abriu a boca para perguntar o que eles estavam fazendo ali, mas o irlandês o interrompeu.

- Oi, tio Elijah!

Um dos garotos de uma cotovelada em Niall, o repreendendo. Niall nem ligou e sem nenhuma educação foi entrando na casa. Elijah o olhou com a sobrancelha arqueada se perguntando onde estava a educação do garoto.

- Niall!

Liam novamente o repreendeu e Niall se deu conta do que havia feito e murmurou um desculpa envergonhado para Elijah. O original sabia porque os garotos estavam ali. Hope e Harry. Eles não se viam desde o acontecido. Ele não impediu que os meninos subissem e fossem ver a garota. Subiram rapidamente a escada, antes de entrarem no quarto, que estava com a porta destrancada, eles tamparam os olhos, pois sabiam que Harry estava lá e não queriam encontrar nenhum dos dois nus. Após entrarem, Louis foi o primeiro a espiar e ver o que estava acontecendo no quarto. Ele deu um sorriso ao ver a cena. Louis cutucou os outros e eles tiraram as mãos dos olhos. E tiveram a mesma reação ao ver aquela cena, eles sorriram. Hope e Harry dormiam tranquilamente, com sorrisos nos rostos. Hope dormia sobre o peito do Harry, que apertava a cintura da garota possessivamente. Estavam lindos.

Hope foi a primeira a sentir a presença de alguém no quarto. Ela abriu os olhos lentamente e se sentou na cama lentamente. Ao levantar o olhar, encontrou quatro pessoas a olhando com sorrisos enormes no rosto. Ao vê-los ali, ela não pode evitar o sorriso. Fazia tanto tempo que eles não se viam, ou nem tanto. Ela levantou e correu para abraça-los.

Eles riram da animação da menina, mas os risos logo cessaram quando viram que ela estava com os olhos marejados. Uma onda de preocupação tomou eles.

- O que aconteceu, Hope?

Louis perguntou em um murmuro já que Harry ainda estava dormindo. Hope balançou a cabeça em negação querendo dizer que não era o que eles estavam pensando.

- Estou feliz por ter vocês aqui. Só isso.

Ela esclareceu, mas em parte aquilo era mentira. Um dos motivos pelo qual estava chorando era que ela tinha que contar para os meninos que tinha matado uma pessoa, mas não sabia como fazer isso.

- Quero contar uma coisa para vocês.

Ela avisou e os meninos já ficaram preocupados, pois todas as vezes que ela pronunciava aquelas palavras, alguma coisa muito séria era revelada. O fato de a Hope ser quem é, é um bom exemplo de revelação que foi anunciada com aquelas mesmas palavras.

Os meninos assentiram lentamente, pedindo que ela contasse. Hope olhou para o Harry deitado em sua cama, dormindo calmamente e decidiu não acorda-lo e nem ficar ali. Ela abriu a porta e olhou por cima do ombro para os meninos pedindo que a seguissem. Desceram as escadas, abriram a porta da casa e sentaram no banco que tinha na varanda da casa. Louis e Liam de cada lado dela, e Niall e Zayn em outro banco. Ela suspirou antes de começar a contar tudo.

E ali com os seus amigos, ela contou tudo. Ela contou o que tinha acontecido. Foi difícil, mas ela detalhou os acontecimentos. A morte do desconhecido, sua fuga, sua quase desistência, seu momento de fraqueza quando se alimentou de pessoas inocentes, seu momento sozinha, ela contou tudo. Demorou, mas ela conseguiu contar o que tinha que contar.

No final, ela estava chorando. Ela desabou na frente dos amigos, as lagrimas rolavam livremente. Ela não queria se privar de sentir a dor. A dor precisa ser sentida.

Foi chocante para os meninos ver a própria Hope contando que havia tirado a vida de alguém. Sim, foi mais que chocante. Eles sempre souberam que isso iria acontecer em algum momento, eles tinham medo de como a Hope ficaria. Eles não queriam vê-la daquela maneira. Tão devastada.

No fundo eles a entendiam. Ela não podia deixar o desconhecido matar o Harry, ele era o amor da vida dela, ela não podia o deixar morrer, sendo que podia salvá-lo. Ela nunca se perdoaria se deixasse acontecer. Ela fez uma escolha e os meninos a entenderam. Nunca a julgariam por salvar uma vida, no fundo achavam que ela era uma heroína.

Não puderam fazer outra coisa a não ser abraça-la. Aquele abraço em grupo transmitia um único sentimento.

Amor.

Eles amavam Hope pelo o que ela era. Hibrida, engraçada, amiga, eles amavam tudo isso nela. Murmuravam constantemente: Está tudo bem! Até que em algum momento essa palavras surtiram efeito. Hope parou de chorar e agradeceu os meninos pelo apoio.

- Assim como o Harry provavelmente falou, nós repetimos, Hope. Nós te amamos e nunca te abandonaria.

Ela deu sorriso gentil e agradecido para Liam. Ele era fofo, extremamente fofo. Era noite de show e por isso os meninos vieram procurar o Harry, já que o garoto não atendia ao telefone e os meninos imaginaram que ele estaria ali. Hope havia se esquecido, mas The Pretty Reckless abriria o show.

Ela não conseguiu impedir que os meninos subissem para o seu quarto e pulassem feito loucos na cama dela, para acordar Harry. Faltavam algumas horas para o show e ele tinha que acordar. Assim como Hope tinha que se arrumar para ir ao show. Mas ela não pode evitar sorrir ao presenciar aquela cena bizarra. Os meninos pisoteando o Harry, literalmente. Quando o garoto finalmente acordou, os meninos foram embora, antes avisando Harry que precisava se apressar, assim como Hope.

- Você está sorrindo. Isso é bom.

Ele falou enquanto calçava seu sapato. Hope ponderou antes de responder, mas por fim depositou um beijo nos lábios do namorado e disse.

- Eu não poderia sofrer para sempre.

POV Hope

Se passaram dias. O dia que eu matei uma pessoa, foi ficando para trás. Eu estava me sentindo bem, aquela dor e culpa não preenchia totalmente o meu coração. Graças aos meninos, minha família, Harry. Eles faziam questão de me distrair. Foram noites de pizzas, jantares românticos, um dia no parque de diversões. Foram momentos incríveis. Surpreendentemente, os dias após o dia que eu quebrei a minha maldição foram os melhores.

Eu realmente me sentia bem.

No fundo eu estava com medo, estava com medo da minha primeira transformação. Eu tinha medo principalmente da dor. Sei que para me transformar em loba, terei que quebrar todos os meus ossos e essa ideia me assusta. Meu pai me prometeu que estaria comigo, ao meu lado, me ajudando, me incentivando a aguentar firme a dor.

O dia da transformação havia chegado. Hoje pela primeira vez na minha vida eu me transformaria em loba. Uma vez minha mãe me disse que a primeira transformação é a pior, mas depois que a dor passa e que você está na forma de lobo, a sensação é libertadora.

Hoje eu não havia falado com o Harry. Nem que eu quisesse, não dava mais tempo. Eu já estava no carro, com o meu pai, indo em direção a aquela mesma floresta. Aquela floresta que marcou minha vida.

O carro parou, antes de sairmos meu pai lançou um olhar confiante para mim. Andamos por pouco tempo lado a lado, paramos na mesma clareira que eu estava dias atrás. Olhei ao redor e me vi naquele mesmo lugar, no passado, me alimentado de pessoas inocentes. Só queria esquecer aquele momento.

- Falta quanto tempo para começar? – perguntei para me distrair.

- Alguns minutos.

Olhei para a lua e percebi que ela estava quase no seu ápice.

- Vai doer, pai? – perguntei.

- Sim, vai doer muito – respondeu.

- Vai ficar aqui comigo? – perguntei.

- Sempre, Hope – respondeu confiante.

- Eu não quero machucar ninguém, pai – confessei.

- Não vai. Eu vou estar aqui – assegurou.

- Obrigada, pai.

O abracei e foi somente me separar do abraço do meu pai, para que uma dor horrível me tomasse.

Era oficial, eu estava me transformando em loba.