História Icy - Self-confident

Baekhyun sabia que iria ouvir bastante reclamação de sua empresária – e também amiga – e de seu treinador.

É claro que eles iriam falar alguma coisa, era trabalho deles e justamente naquele dia teriam uma das mais importantes competições, cuja ele poderia ser classificado para a nacional e assim, iria para os jogos de inverno. Byun estava no ringue, já vestido com a roupa de sua performance, que tinha detalhes azuis e vermelhos, caindo em cascata pelo fundo azul marinho e preto de sua blusa e calça. Era bonita, cheia de lantejoulas e brilhos. Baekhyun havia pessoalmente aprovado aquele estilo.

– Não treinou. Não se concentrou. Não comeu direito. Não se hidratou de forma correta. Nem ao menos descansou apropriadamente antes da competição! – a mulher exclamava enquanto andava por todo lado, enquanto o patinador se aquecia e se alongava ao lado da pista de gelo onde aconteceria todo o campeonato estadual. O patinador revirou os olhos e continuou a alongar-se. Logo os patinadores poderiam treinar um pouco sobre o gelo – E se você cair e se machucar feio? E se quebrar a perna, caso erre um triplo? E se desmaiar no meio do gelo? Se você se machucar, Baekhyun... Eu não sei o que fazer.

– Gyesun! Logo poderei entrar no gelo e patinar um pouco. Não é como se eu não houvesse treinado nadinha – Baekhyun retrucou. A mulher respirou fundo e segurou-se para não reclamar sobre mais nada, enquanto Byun sorria.

– Acha tudo isso engraçado, rapaz? – seu treinador alertou de forma irritada – Não acho nada engraçado se ficar em quarto lugar. Estará somente perdendo meu precioso tempo. Não é você quem preza tanto por perfeição? Se acha tão importante isso de ser perfeito, então busque ficar entre os três primeiros, para que seja classificado pra nacional e pras olimpíadas.

Baekhyun abriu um sorriso mais sarcástico.

– Roland, eu tenho a maior pontuação dessa competição toda. Sou um dos favoritos. Estou à frente de vários patinadores. Acha mesmo que não vou conseguir ficar pelo menos entre os três primeiros? – indagou de forma orgulhosa e até um pouco metida – E outra coisa, eu sou o último a me apresentar. Tenho certa vantagem.

– Está sim com a maior pontuação, mas quem garante que não vá errar algum triplo ou duplo? – Roland reclamou enquanto o encarava – Estava preocupado demais com outras coisas para treinar como deveria. E pra terminar, a mídia está ainda mais em cima de você por conta daquele jogador de hockey...

– Chanyeol! Aquele jogador de hockey tem nome, e o nome dele é Park Chanyeol! Mas que droga, Roland – Baekhyun retrucou de forma irritada – Olha, eu não quero me preocupar com o que a mídia acha, ou com o que você acha. Eu sou livre e tenho direito de namorar quem eu quiser! E daí que ele joga hockey? Se fosse um jogador de hockey, um patinador artístico, até um patinador de velocidade... Eu não ligaria, pra mim tanto faz! A mídia tem que calar e boca e ligar pra mim, pro que eu faço no gelo, e não pra minha vida pessoal. Isso não interessa a ninguém além de mim e de Chanyeol.

Roland respirou fundo e assentiu.

– Faça o que bem quiser. Você é bem grandinho para ter certeza do que quer fazer! – o homem exclamou de forma raivosa – Não sei como lhe aguentei por todos esses anos, garoto. É um idiota!

– E nem eu sei como o aguentei, Hastings! – Byun gritou irritado – A Gyesun eu entendo que ela reclame por que se preocupa comigo, mas você só se preocupa com os meus títulos, com o quanto você ganha... E também notei que você só contribui para a pressão que eu faço em cima de mim mesmo. Ao invés de dizer que eu não precisava treinar exaustivamente para ser um bom patinador, você só me deixou mais competitivo, mais obcecado com a perfeição. E quer saber? Eu não ligo mais para a perfeição, pois eu acho que sou bom o suficiente.

Roland soltou uma risada cheia de sarcasmo e arqueou uma de suas sobrancelhas.

– Então treine e faça seus programas das competições, sozinho, o que acha? Eu me demito! Talvez assim se torne menos metido a espertinho, garoto. Duvido que ganhe ao menos o terceiro lugar nesta competição! – o homem saiu dali enfezado e deixou Baekhyun somente com sua empresária, Gyesun.

– Até que em fim me livrei dele.  Até que em fim – Byun cantarolou de forma feliz.

A mulher sorriu de forma honesta.

– Quero ver é você arrumar um treinador novo que seja tão bom assim. Seu pai vai brigar tanto, Baekhyun. Já é o quarto treinador em dez anos, tem ideia disso, não é mesmo? – ela questionou.

Baekhyun riu e assentiu.

– Relaxe, eu sei disso. Depois daqui eu vejo isso com mais calma, quando estiver em meu apartamento. Eu preciso de um treinador que me apoie devidamente. Mas agora eu tenho que treinar um pouco, considerando que não treinei nem um pouquinho – ele a observou com um olhar terno e abriu um sorriso brincalhão – Gyesun?

Ela o fitou de forma calma.

– Sim?

– Obrigado por tudo – falou de forma educada e até carinhosa – Obrigado mesmo.

Gyesun riu e ajeitou os cabelos pretos do mais novo.

– De nada, Baekhyun. Agora vá treinar um pouco antes de se apresentar. Boa sorte.

Ele tirou os protetores de suas lâminas e entrou no gelo, deslizando um pouco pela superfície fria, mas parou encostado à divisória, podendo olhá-la nos olhos de forma intensa.

– Ah! Gyesun! Se Chanyeol e Sehun vierem, pode trazê-los aqui, por favor? Quero que eles estejam perto de mim enquanto me apresento – murmurou timidamente.

– Pode deixar que eu vou trazê-los. Ande logo, rapazinho.

Ele sorriu de canto e finalmente começou a deslizar pelo gelo junto aos outros patinadores ali que estavam treinando por enquanto que a competição não começava oficialmente. Ele treinava todos os movimentos que tinha que fazer, usando o máximo de suavidade e leveza ao executá-los. Sentia-se estranhamente sereno, diferente de todas as outras competições que participara antes. Era como se um peso houvesse saído de si. Não tinha mais aquela pressão para sair-se bem ou como sempre exigia de si mesmo, perfeito.

Quando Chanyeol chegou ao ringue junto de Sehun e Luhan, viu que Yifan, Zitao, Junmyeon e Yixing também estavam lá. Assim como Jongin, o namorado de um dos outros patinadores, chamado Do Kyungsoo, que era amigo próximo de Luhan. Todos se sentaram o mais próximo do ringue de gelo possível, mas logo uma mulher baixinha com um sorriso no rosto apareceu. Chanyeol a fitou de forma intensa. Era fofinha por ser pequena, mas seu tom revelava que ela provavelmente tinha mais de vinte e poucos anos.

– Park Chanyeol, certo? Goleiro e capitão dos Beasty Canons? É um prazer finalmente conhecê-lo. Meu nome é Cho Gyesun! Sou a empresária do Baek, Sehun me conhece – ela estendeu sua mão para o goleiro, esperando receber um aperto de mão. Ele fez o que lhe foi posto e sorriu de forma singela – Byun pediu para que vocês ficassem mais próximos ainda do ringue. Não me pergunte o porquê, apenas vim passar a mensagem.

O goleiro franziu o cenho, mas assentiu.

– Nós iremos sim – afirmou convicto.

Todos seguiram Gyesun, até que foram colocados perto dos bastidores, onde podiam ver um Baekhyun animado realizar saltos e piruetas. Assim que Chanyeol colocou seus olhos naquela figura esguia e ao mesmo tempo bela e angelical, quase quis correr até o gelo e abraçá-lo por horas. Era como ver um anjo, um ser totalmente inocente e puro.

Baekhyun tinha aquela aura angelical toda vez que patinava. Para Sehun não era nenhuma novidade, assim como Luhan também tinha. Mas com o chinês era diferente. Assim como Sehun enxergava Luhan como um ser extremamente imaculado e incandescente quando em gelo, Chanyeol também via Baekhyun daquela forma. Era quase como se parecessem diferentes aos seus olhos.

Jongin também via aquilo em Kyungsoo, que era competidor direto de Baekhyun no gelo. Ambos lutavam para manter-se no pódio, um acima do outro, mas eram bons colegas fora das competições, mas a mídia insistia em pintá-los como inimigos natos, coisa que era total mentira. Apesar de reconhecerem que um era o desafio do outro, não tinham nada de rivalidade extrema entre si.

Assim que Baekhyun saiu do gelo – quando o tempo de treino extra acabou –, ele colocou os protetores de lâmina em seus patins e respirou fundo, bebendo um pouco de água mineral. Estava bem, não tão cansado e havia conseguido atingir níveis bons em seus movimentos e saltos. Estava consideravelmente excelente para quem não havia treinado tanto assim para a competição. Não havia treinado nada no dia anterior, praticamente só havia patinado aqui e acolá. Gyesun lhe deu um lenço de papel para que secasse o suor que havia brotado de seus poros após o esforço físico que havia feito enquanto treinava um pouquinho.

Notou que todos estavam sentados próximos aos bastidores, e viu o olhar que Park lhe lançava de longe. Chanyeol o olhava de forma calma, porém ele podia notar algo no olhar do mais novo. Era quase como orgulho, desejo, alegria e reconhecimento.

– Sabe que terá que fazer a maquiagem, não é? Hani está pronta para maquiá-lo. Você disse que queria impressionar os juízes, né? – Gyesun murmurou enquanto fitava o celular, distraída. Baekhyun sorriu de forma provocativa enquanto seus olhos ainda estavam fixados aos de Chanyeol. Ele estava ouvindo o que ela falava, porém, sua mente estava num lugar totalmente diferente.

– Não só os juízes... – murmurou e depois levou a garrafa à boca, bebendo um gole e umedecendo os lábios. Os mordeu e lambeu a água que escorrera ali – Hani sabe exatamente o que eu quero fazer em meu rosto, certo? Não quero que fique algo aleatório.

Gyesun riu soprado e o lançou um olhar irônico.

– Se não soubesse eu ficaria preocupada. Você descreveu a maquiagem em seus mínimos detalhes, Byun. É impossível que ela não saiba como fazer aquilo – retrucou. Ele revirou os olhos e depois riu.

– Vou falar com os meus amigos, só um minuto – ele se afastou, indo em direção aos outros rapazes ali próximos.  

– E com seu namorado também?! – Gyesun gritou de forma brincalhona, fazendo Baekhyun ficar vermelho e virar-se para dar língua para ela – Quem dá língua é cobra!

– Se a carapuça serve... – ele murmurou de forma divertida, sorriu de maneira sugestiva e voltou a caminhar para seus amigos – Nunca fui um bebê panda fofinho, vocês sabem.

– Você é incrível, Baekhyun – Sehun disse enquanto ria. O patinador riu.

– Ainda bem que sabe – brincou.

– A humildade também é um de seus pontos fortes – Chanyeol retrucou ironicamente. Baekhyun riu debochadamente e o goleiro fez o mesmo, como se os dois estivessem competindo até mesmo naquilo.

– Falou o rei da humildade. Por favor, Chanyeol, pode me responder quem você acha que é o melhor goleiro da liga coreana de hockey profissional? – o patinador arqueou uma de suas sobrancelhas de forma desafiadora, enquanto cruzava os braços também.

– Vocês dois me assustam tanto, sabe? Em alguns momentos estão se beijando, como nas fotos do shopping, em outros estão assim, fazendo graça um do outro, como duas crianças brigonas – Sehun murmurou.

– É o que o amor faz – Junmyeon interveio em meio a risos – Ele nos deixa tão apaixonados a ponto de ficarmos loucos pela outra pessoa que amamos mais.

Yixing riu e abraçou o namorado.

– Poético – Jongin rebateu.

– E impressionante – Luhan acrescentou.

Baekhyun respirou fundo e fitou o relógio de pulso que Chanyeol tinha. Faltava apenas meia hora para a competição começar e logo ele teria que fazer sua maquiagem diferente de tudo que já havia feito. O goleiro o fitou de maneira compenetrada e sorriu quando seus olhares se cruzaram.

– Podemos conversar em particular? – indagou enquanto os outros rapazes estavam entretidos entre si. Baekhyun mordeu o lábio inferior e assentiu.

– Me siga.

Eles andaram pelos bastidores até chegarem ao corredor onde ficavam os vestiários onde os atletas se arrumavam, vestiam-se e maquiavam-se. Baekhyun o puxou para dentro do seu vestiário e fechou a porta atrás de si. Ele virou-se para fitar o goleiro, mas assim que o fez, sentiu algo quente tocar seus lábios e uma sensação boa ao ter seu corpo colado do de Chanyeol.

Quando notou que estava sendo beijado pelo mais novo, passou os braços em volta do pescoço do mesmo, fechou os olhos e correspondeu o ósculo. Sentia aquilo fluir dentro de si. Os dois sentiam a sinergia* dos corpos. O calor, a paixão. Tudo que acontecera antes daquilo parecia borrado e nada focava além deles. Somente os dois eram o foco inicial, eram apenas os dois ali, juntos.