História Idiot With Green Eyes - Prólogo

  Eu tinha doze anos, quando estava  conversando com uma amiga sobre assuntos aleatórios, ela perguntou como  eu acho que o demônio parecia, a sua aparência, eu claro, comecei a rir daquela besteira, quando eu disse que estávamos falando coisas aleatórias era a verdade. Bom eu disse " que loucura, não sei dizer uma coisa dessas, afinal nunca pensei nisso e nunca quis imaginar" . Mas agora, vários anos depois, lembrando dessa conversa, eu certamente saberia descrever: Alto, pele clara, olhos verdes, cabelo castanho com  um topete bagunçado, um sorriso arrogante com dentes impecavelmente brancos, metido, chato, convencido... E fazia uso do pseudônimo, Jorge Blanco.

  Não suportava o cara. Ele se achava  o último pedaço de pizza, o último biscoito do pacote, a única coca no deserto... Mas ele não era isso, e sim uma pedra no sapato, a espinha gigante que surge bem na ponta  do nariz....

    Eu até poderia dizer que ele estaria um pouco certo de se achar tudo isso, até por que o Blanco era diabolicamente bonito, um sorriso como já falei de lado de um jeito meio arrogante que manchava as calcinhas das meninas. Menos a minha é claro, até por que eu conheço os truques que o demônio usa para te levar para o mal caminho, e eu não me deixaria cair.

     Mas voltando no Blanco, ele tinha um irmão gêmeo, que eu considerava o irmão do bem, enquanto ele era o irmão do mal. Ruggero, gêmeo do Jorge, mas não idênticos, ambos possuíam quase a mesma altura, cabelos castanhos em forma de topete, mas diferente do Jorge, o topete do Ruggero era extremamente alinhado, fio por fio, nenhum vestígio de algum solto, muitas vezes me pergunto quanto de dinheiro ele gasta em laquê. Ambos quando passavam pela escola ou em algum lugar, arrancavam suspiros, principalmente da minha amiga Mercedes que não admitia, mas ela tinha uma queda pelo Ruggero, uma queda não,  eu gostava de dizer um penhasco, uma montanha, o Grand Canyon inteiro. Toda vez que o idiota do Jorge passava com o Ruggero pelos corredores, a Mechi faltava babar,  de um jeito discreto, mas eu conhecia minha amiga, sabia quando ela estava encantada por alguém e tinha que ser pelo irmão do idiota dos olhos verdes? Arg.

        "  Ok Martina, você falou e falou, mas ainda não disse quando começou essa sua raiva do Jorge." 

      Simples, tudo começou... Quando ele narceu... Brincadeira, não foi aí, mas podia. 

      Tudo começou em nossa escola.  Ela se localizava no Brasil, sim eu sou brasileira... Nossa que coisa, vivaaa!! . Voltando.... O nome da minha escola é Colégio Santa Cruz, ela é particular e oferece bolsas, fica em São Paulo, estado onde eu moro, bem estruturada , quadras, um parque para crianças da ala infantil. A escola possuía laboratórios de informática e laboratório de ciência, biblioteca e outras coisas... Sim, nossa como eu saio do foco, estamos falando do idiota do Blanco não? Sim, tantas escola e ele caiu nessa para o meu desgosto.

         Era um dia normal, meu pai levando eu e a Mechi para a escola, morávamos praticamente juntas. Sua mãe viajava bastante e seu pai também a negócios, e como a sua casa ficava uns dez metros da minha, ela passava bastante tempo lá em casa e os meus pais eram como se fosse dela também, ele a tratavam como se fosse uma filha.

            Tudo estava perfeito, descemos do carro, acenamos um tchau para  meu pai, cumprimentamos o porteiro seu José, podemos estudar em uma escola de riquinhos e metidos, poderíamos até ter também dinheiro, mas agíamos diferente dos outros, tratavamos todos de igual para igual.

   Andando pelo corredor, notavámos alguns sussurros dos alunos, principalmente das meninas, sem se importar caminhamos até o nosso andar em direção a nossa sala. 

      - Alguma coisa está acontecendo, as meninas estão um pouco eufóricas pro meu gosto. __ Mechi cochichou em meu ouvido, deu de ombros arrumando minha mochila. 

  -  Essas metidinhas devem estar falando sobre qual foi o garoto que entrou embaixo das suas saias e competindo para ver qual foi o  mais bonito. __ sorrimos, mas paramos assim que ficamos em frente a nossa sala. - Merda, agora bateu uma preguiça.   

  - Eu ainda estou na cama. __ suspiramos frustadas. Batemos na porta que foi aberta pela professora Clara. 

 - Estão dois minutos atrasadas meninas. __ olhou em seu relógio e depois pra gente com aquele seu sorriso cativante. A professora Clara era um doce, nossa professora preferida. 

    - Desculpa professora. 

 - Estão desculpadas mais é só por hoje, podem entrar. __ deu espaço para que entrássemos. 

    - É por isso que te amamos prof. __ entramos sorrindo. 

   - Sei... Podem se sentar em seus lugares meninas que a aula vai começar em cinco minutos. __ assentimos nos direcionando as nossas carteiras. Mas o susto me pegou quando virei e tinha dois meninos estranhos sentados em nossos lugares, um do lado do outro.  Olhei para Mechi que tinha o mesmo olhar que o meu, confuso. Endireitei meus ombros e fomos até os desconhecidos, não dava pra ver muitos seus rostos, ambos possuíam uma mão na lateral do rosto com os cotovelos apoiados na pequena mesa enquanto conversavam.  

   Paramos bem em sua frente ,  Mechi fez um pequeno barulho com a garganta o que nos fez ganhar suas atenções. A primeira coisa que eu pensei foi " Puta merda o que é isso?" ... Eles eram muitos bonitos, minha atenção focou no de olhos verdes que me encarava com um sorriso de lado. Balancei a cabeça para clarear meus pensamentos. 

  - Desculpa, mais vocês estão em nossos lugares. __ forcei um sorriso sem mostrar os dentes. 

  - Seus lugares? __ o que tinha olhos castanhos arqueou uma sobrancelha, ele olhava para a Mechi, que estava ficando vermelha. Uma coisa estranha era o seu modo de falar, seu sotaque mostrava um português um pouco arrastado. 

  - Sim... é... Nossos.... Sim. __ meneei com a cabeça, ahh Mercedes. Deu um leve empurrão nela para ajudá-la a se conectar de voltar para a Terra. - Sim nossos lugares, vocês poderiam nos dá licença? 

      - Qual o nome de vocês? __ franziu a testa. 

         - Pra que quer saber? 

         - Só pra ver se eles estão anotados aqui. __ o encarei com os dentes cerrados.  

     - Olha seu engraçadinho, nós pedimos com educação para você vazar do nosso lugar, tenho certeza que você não quer me ver zangada. __ do meu lado Mechi ganiu, ela sabe como fico quando estou zangada. 

  - Por favor, não faz ela ficar zangada, saiam dos nossos lugares por gentileza. 

- Vamos mano, deixa os lugares dela. __ o do olhos castanhos bateu no braço do que tinha olhos verdes que me encarava em desafio, ele acha que eu vou recuar? Pois está muito enganado, ergui o meu queixo sustentando seu olhar.  

 - E se eu não quiser sair? __ semicerrou os olhos. Cretino. Olhei da mesma forma pra ele.  

   - Algum problema aí? __ professora Clara chegou com as mãos em meus ombros. Olhei em volta, a turma toda estava nos olhando. 

  - Só estava dizendo pra esses garotos que esse é o nosso lugar. 

 - Bem rapazes, pelo visto já conheceram Martina e Mercedes, e elas estão certas, esses lugares são delas, há outros em que vocês podem sentar. __ arqueei a sobrancelha direita com um ar de vitória para o garoto dos olhos verdes.  - E meninas, apresento, os irmãos Blanco, esse é o Ruggero...__ apontou para o menino de olhos castanhos. - E o Jorge. __ então esse era o nome do idiota dos olhos verdes, Jorge.. -Eles eram do México, mas se mudaram para o Brasil já faz alguns meses. __ deve ser por isso o tal do sotaque, eles eram mexicanos e sua língua era espanhol...

"O que? Dã... Claro que era. " __ meu subconsciente diz.

 Olhei para a professora Clara, ela estava olhando pra mim, em busca de alguma reação, ela queria que eu fosse o que? Recepcionista com esse menino?  

  - Bem, devo lhe dizer o que?  arriba? __ fiz um movimento com a mão de desdém o que arrancou risos da sala, como se eu me importasse que por eles serem do México ou do Alasca. Até a professora franziu os lábios para não sorrir. Mercedes abafou uma gargalhada em sua garganta.  

- Tudo bem, espero que o mal entendido esteja acabado e que vocês se tornem ótimos colegas de classes, amigos, agora todos em seus lugares a aula já vai começar. __ saiu de perto da gente indo para a sua mesa. Amigos, amigos uma ova, já não gostei desse Jorge, o olhar tedioso e quente que ele lançava pra mim me deixava um pouco incomodada. 

   Observei atentamente eles saírem dos nossos lugares. Sua altura era algo colossal, eles eram muito altos. Quando os dois ficaram em pé, deitei um pouco minha cabeça para trás para que eu olhasse em seus olhos. 

        -Aqui está sua cadeira Martina, aqueci pra você. 

            - Agradeça a seu traseiro por mim. __ revirei os olhos e dei a volta para o meu lugar, Mechi fez o mesmo sentando em sua cadeira totalmente vermelha, bufei e quando fui sentar na minha, por algum motivo eu caí sentindo o chão duro em minha bunda. Escutei um gritinho de susto da Mechi

  - Perdón, não foi por que eu quis, a cadeira enganchou em meus pés. __   olhei em volta, Mechi levantava rapidamente do seu lugar pra me ajudar, Ruggero olhava para o seu irmão com um olhar o repreendendo, rosnei olhando o rosto do idiota de olhos verdes  que não se mostrava nada arrependido, sua cara estampava um sorriso, um sorriso travesso. 

    E foi aí que eu comecei a não gostar de Jorge Blanco.