História If - Punished

19 de Março, 9h13

POV Ross

Acordei com a luz do sol a bater-me na cara, levei a mão direita à face e esfreguei os olhos devagar, de forma a conseguir abri-los. Violet dormia profundamente com as costas viradas, mas ainda encostada a mim, apoiei-me num dos cotovelos e afastei-lhe parte do cabelo ,que lhe caia pelo rosto, beijei de leve a sua bochecha e pude sentir o seu aroma, doce e refrescante com um toque de côco, sim era isso. Levantei-me devagar, para não acordá-la e dirigi-me à casa de banho para tomar um duche.

[...]

Rose devia chegar de tarde, após o almoço, pelo menos fora o que me dissera na noite anterior quando me pediu a folga. Vi que no frigorífico já tinha uma embalagem com a minha comida lá dentro e o meu nome escrito num papel à frente, sorri, aquela mulher mimava-me demais.Tirei o leite e os ovos do frigorífico, fui até ao armário de vidro preto e retirei de lá o açúcar e a farinha, Violet de certeza iria acordar com fome, e depois do trabalho que teve para conseguir vir falar comigo era o mínimo que lhe podia fazer. Preparei a massa das panquecas e tirei ,da pequena caixa de cartão, os croissants que tinha ido buscar de manhã, fiz o café e pus a mesa enquanto as torradas acabavam de fazer.

POV Violet

Senti o cheiro a café e abri os olhos devagar, aos poucos todos os aromas vindos do andar de baixo misturaram-se no quarto fazendo-me sorrir, sentei-me na cama vendo que Ross já não estava ao meu lado, cobri-me por causa do frio.

Encostei-me à cabeceira da cama enquanto memórias da noite anterior inundavam os meus pensamentos, aquilo tinha mesmo acontecido, eu tinha realmente perdido a minha virgindade com Ross. Lembrei-me também do que Megan dissera, " Ele ama-te", tendo em conta as circunstâncias seria aquilo mesmo verdade?  " Tu não me amas. E eu não te amo a ti. Sabemos os dois disso, tudo isto não passa de uma atração física e acho que a tua primeira vez devia ser mais especial.", fora o que ele dissera naquela noite, mas agora as coisas tinham definitivamente mudado. 

Saí da cama e abri o armário de Ross, tirei de lá um casaco e vesti-o, amarrei o cabelo num coque desajeitado , descendo de seguida. Encostei-me com um dos ombros à porta da cozinha e pude ver Ross a andar de um lado para o outro cheio de farinha na cara, não resisti e soltei um riso que lhe chamou a atenção.

-B-bom dia Clearwater! Espera estás aí há muito tempo?- ele disse um bocado envergonhado.

-Bom dia Lynch, e não, não estou, mas devia.- sorri e sentei-me na mesa.

-Bem tu costumavas gostar de torradas ao pequeno-almoço, mas como os gostos mudam, também fui buscar croissants e fiz-te panquecas, espero que gostes.- Ross pousou a calda de chocolate na mesa e sentou-se à minha frente.

-Sabes fazer panquecas?- perguntei arqueando uma das sobrancelhas e retirando uma das torradas para o meu prato.

-Ah, eu sou muito dotado, também sei fazer um cheesecake divinal, isto para não falar do meu bolo de chocolate.- Ross encheu o peito convencido fazendo-me revirar os olhos.

-Bem, ao menos já sei que quando vivermos juntos quem vai cozinhar és tu. - eu disse enquanto punha parte do croissant à boca.Ross começou a tossir convulsivamente e pôs as mãos no peito para se tentar acalmar.

-V-vivermos juntos?Não achas que ainda é um bocado cedo para falarmos disso?- Ross falou um bocado apressado, e eu continha-me para não me rir.

-Devia ter carregado um pouco mais na ironia.- ri-me enquanto via o seu rosto acalmar-se- Até parece que não me conheces Lynch, desde quando é que eu iria propor isso?

-Sim, eu devia ter percebido.-coçou a parte detrás do pescoço- Já agora, dormiste bem?

-Dormi sim, obrigada pela preocupação.- sorri- Ah Ross, eu acabei por não te perguntar, mas ahm...tu hmm... gostaste? Eu quero dizer de ontem, ontem à noite...- baixei o olhar para a chávena nas minhas mãos.

-Podia ter sido pior.- Ross falou rapidamente, fazendo-me olhar  para ele.

-Aprecio muito a honestidade, mas podias ter dito isso de uma forma mais simpática.- dei uma golada no café quente.

-Estava a brincar.- riu-se e levantou-se na minha direção, abraçou-me pela parte de trás do pescoço e sussurrou-me ao ouvido- Não podia ter pedido por melhor, foi perfeito ok?- beijou-me o pescoço fazendo-me contorcer o mesmo.

-Sabes que não ficava chateada se não tivesses gostado, afinal, não tenho propriamente a experiência da Lila.

-Nem sempre experiência é sinal de sabedoria... e vou ficar-me por aqui.- Ross riu-se e voltou a sentar-se no seu lugar para acabar de comer.

-Muita coisa me contas tu...Ross eu não sei se isto é uma pergunta, assim um pouco indiscreta ,mas, com quantas raparigas é que já dormiste?

-Eu até te respondia se soubesse a resposta, por isso vamos só dizer ,algumas.

-Algumas? O que é algumas para ti?

-Algumas é sinal que já lhes perdi a conta.

-Porque é que a mim me disseste que não, da primeira vez?- perguntei um pouco curiosa.

-Pela razão que te dei, eras virgem. Eu não era capaz de tirar a virgindade a uma rapariga sabendo que ia ser algo de uma noite só.- respondeu calmamente.

-Então nenhuma dessas "algumas" era virgem?Mas como é que tu sabias?

-Não, e porque a maior parte das vezes consegues reparar pelo comportamento delas.

-Eu aprendo cada coisa contigo.-ri-me estupidamente e o loiro fez o mesmo- Deixa-me avisar-te que tens farinha na cara faz algum tempo, mas honestamente eu estava a divertir-me imenso com as tuas figurinhas por isso preferi ficar calada.- continuei a rir-me enquanto Ross limpava a cara com a manga da camisola.

-Obrigadinho, a sério Clearwater, é bom saber que posso sempre contar contigo.-ironizou- Nem te perguntei, tu não tens ido ás aulas, está tudo bem?

-Está tudo ótimo, o médico já me deu alta há algum tempo, mas a minha mãe não me deixa sair de casa, está com medo de que eu reaja mal ao que as pessoas, supostamente, andam a dizer.

-É normal, quero dizer, a preocupação, mas de certeza que se falares com ela para a semana já podes ir. Mas espera, se ela não te deixa sair, estás aqui a fazer o quê?- arqueou uma sobrancelha confuso.

-Fodeu.- foram as únicas palavras que saíram da minha boca enquanto procurava freneticamente por um relógio.

-Está tudo bem?

-Não, não está tudo bem, eu ahm meio que saí de casa sem a minha mãe saber, ela foi passar a noite a casa da minha tia mas já deve estar a chegar, se ela chegar e eu não estiver lá vou ficar trancada em casa durante os próximos vinte anos.

-Têm calma ok? Vai-te vestir enquanto eu arrumo a cozinha, eu levo-te a casa.- levantei-me rapidamente e deixei um beijo molhado na bochecha do loiro, dirigi-me para o seu quarto e vesti-me rapidamente.

10h54

 -Obrigada. - dei um beijo no rosto de Ross em forma de despedida.

-Só isso?- ele agarrou-me no braço impedindo-me de sair.

-Queres mais o quê?- ri-me.

-Ahm, um beijo a sério, no mínimo.

Aproximei-me dele encostando os nossos rostos, rocei o meu nariz no dele e fechei os olhos, sorri ao sentir a sua respiração perto da minha, Ross mordeu o lábio inferior antes de raspar ele também, os seus lábios nos meus.

-Até segunda Lynch.- afastei-me dele e sai do carro, deixando-o ali, boquiaberto e confuso, sorri-lhe maliciosamente e acenei um adeus do outro lado da janela, antes de entrar em casa.

O carro dela, não estava estacionado lá fora, o que era na verdade bastante bom, significava que a minha mãe não estava em casa.

15h00

-Sim, e depois fez questão de me ir mostrar a coleção de carteiras dela, eu juro não sei como é que ela e o teu pai saíram da mesma barriga.- a minha mãe estava sentada comigo no sofá enquanto me contava algumas partes da sua noite.

-Agora percebes o porquê de eu não querer ir?- respondi-lhe suspirando.

-Como te percebo ,filha. Mas e tu, que tal foi a tua noite?- ela perguntou apanhando-me de surpresa.

-A minha noite? Foi... calma.- menti.

-Calma? Só isso? Calma?- riu-se, ela sabia que eu estava a mentir.

-Ok, talvez eu tenha passado a noite fora de casa... Em minha defesa, já não respiro o ar de lá de fora há dias, e eu sei que te faltei ao respeito, mas nunca foi essa a minha intenção acredita...- fui interrompida de imediato.

-Eu na tua idade tinha feito a mesma coisa, mas ao menos diz-me, onde estiveste?- ela disse estranhamente calma.

-Na casa do Ross, fui falar com ele...

-Se passaste lá a noite imagino que tenham feito as pazes, portanto?

-Sim, acho que sim.-sorri desajeitadamente.

-Hmm ok.

-Só isso?Hmm ok? Isso quer dizer que não estás chateada?- falei esperançosa.

-Bem, ao menos disseste a verdade, nisso eduquei-te bem.- suspirei de alívio- Mas não te livras do castigo.- riu-se vitoriosa.

-Qual é a minha sentença?- baixei os ombros.

-Daqui a duas semanas, a tua Tia Marge e a tua prima Rose vêm de visita, durante uma semana, e acho que seria muito amável da nossa parte recebê-las no nosso humilde lar, já para não falar do mês sem saídas que vais ter, a partir da próxima semana, acabam as aulas e vens direta para casa estudar.

-Isso não é sentença! É pena de morte! Estás a pedir-me que me suicide, mãe eu fico um ano sem sair de casa, mas a Tia Marge e a filha irritante dela não, por favor!

-São estas as minhas condições.- revirei os olhos chateada enquanto ela se levantava em direção à cozinha.

-Espera, tu disseste a partir da semana que vêm.Isso quer dizer que a partir de segunda já posso ir ás aulas?- sorri abertamente e ela piscou-me o olho.

Finalmente, ao menos uma coisa boa no meio disto tudo, ia voltar à minha rotina. Se bem que, voltava a fazer tudo de novo, mesmo que para isso tivesse que aturar a minha tia irritante e a cabra da minha prima durante um mês inteiro, por ele eu fá-lo-ia outra vez. Repetiria aquela noite vezes sem conta, só para poder tê-lo nos meus braços outra vez, ver o seu sorriso ao olhar-me, sentir todo  calor que se estabelecia entre nós cada vez que nos tocávamos, cada gemido, cada suspiro, tinha sido a melhor noite da minha vida.