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História Igual ao Paraíso - Dramione - O dia interminável


Escrita por: julia_abreu_

Notas do Autor


Olá! Essa história é inspirada no filme “E se Fosse Verdade”. Ela é constituída por 10 capítulos, que serão postados às quartas e sábados. A fic desconsidera o epílogo de Relíquias da Morte.
Essa fic faz parte do desafio "Dramione: uma história de cinema!", na qual autores que shippam Draco e Hermione da Saga Harry Potter utilizam um filme que não faz parte do universo canon para escrever sobre o casal. Participe do grupo de facebook para colaborar com futuros desafios: Dramione Fanfiction - https://www.facebook.com/groups/1527251814237539
Espero que gostem!

Capítulo 1 - O dia interminável


Todos veneravam aquela cidade. A Times Square à noite, iluminada, cheia de pessoas, com sua enorme variedade de lojas e restaurantes do mundo todo. O Central Park, um refúgio de calmaria em meio à cidade efervescente. E, no caso dos bruxos, o MACUSA, o Congresso Mágico dos EUA, com seus infinitos andares e janelas colossais.

Para Hermione Granger, Nova York se tornara seu refúgio.

Após a guerra, enquanto cursava o oitavo ano em Hogwarts, Hermione decidira se tornar medibruxa. Havia sido uma surpresa para todos os seus amigos, que sempre acreditaram que ela entraria para a política. Mas a verdade é que a grifinória tinha se cansado de viver sob os holofotes, após ser conhecida, durante tantos anos, como a “Amiga Nascida-Trouxa de Harry Potter” e, mais tarde, como a “Integrante Feminina do Trio de Ouro”. Não. O que ela desejava era fazer a diferença no mundo bruxo de forma mais sutil. Menos pública. E a Medibruxaria parecia ideal para isso.

Sem mencionar o fato de que descobrira possuir um talento nato para a profissão, após passar meses vivendo em uma barraca, cuidando das feridas pós-batalhas de Harry, Rony e as dela mesma.

Além disso, Hermione nunca conseguira recuperar as memórias de seus pais. Gill e Anne Granger — atualmente conhecidos como Wendell e Monica Wilkins — ainda viviam na Austrália, sem sequer se lembrarem de que tinham uma filha. Hermione acreditava que caso possuísse conhecimento suficiente sobre o assunto, talvez se tornasse capaz de reverter o feitiço em algum momento. E mesmo que não conseguisse, ela poderia ser útil para pessoas que houvessem sofrido do mesmo destino que os dois. 

Sendo assim, ao concluir Hogwarts com notas máximas em todos os seus nove N.I.E.M.s que prestara, Hermione descobrira que tinha sido aceita nas cinco escolas de Medibruxaria em que se inscrevera, localizadas em quatro diferentes continentes.

Após uma minuciosa pesquisa, acabara optando pela escola situada nos Estados Unidos, pois a mesma era referência no estudo da saúde mental da população bruxa. E essa era uma área que Hermione tinha grande interesse.

Ela se mudara em pouco tempo. Os únicos que ficaram sabendo de seu paradeiro e da área que escolhera ingressar eram seus amigos mais próximos: Harry, a família Weasley, Luna e Neville. Ela não queria publicidade, apenas desejava viver sua vida em paz, finalmente.

Hermione passara seis anos estudando Medibruxaria em Nova York e dividindo um apartamento com Gina Weasley, que, após ser contratada para jogar quadribol pelo gigante time da cidade, se mudara para a cidade americana meses após a ida de Hermione.

As duas grifinórias eram grandes amigas desde os tempos de Hogwarts, mas elas se aproximaram ainda mais ao compartilharem os louros e as dificuldades da vida adulta longe dos pais. Hermione considerava a outra garota como a irmã que nunca tivera e sabia que o sentimento era mútuo. Gina se tornara sua única família.

Após concluir seus estudos, Hermione tinha sido imediatamente aceita como residente no Hospital Mágico Marie Laveau, também situado em Nova York. Pouco depois de sua contratação, Gina tinha se casado e Hermione decidira se mudar para um apartamento menor, onde morava sozinha desde então.

Faltava pouco mais de uma semana para a conclusão de sua residência e ela ainda não sabia se seria efetivada no hospital. Havia recebido propostas de outros dois hospitais mágicos para os quais tinha se inscrito, porém não desejava sair de Nova York. Aquela cidade a acolhera e ela a amava. Apenas se mudaria se não lhe restasse outra opção.

Sendo assim, poderia-se dizer que ela estava apreensiva e que, por isso, trabalhara intensamente nos últimos meses, tentando garantir a única vaga de Medibruxo Atendente, que estava sendo disputada entre cinco residentes.

Mas naquele momento, Hermione estava em paz. Não sabia como ou quando tinha ido parar ali, mas o fato é que estava sentada no centro do jardim mais lindo que já havia visto. O verde das folhas era viçoso. Haviam flores de infinitas colorações e perfumes. O sol brilhava quente no céu. Naquele local, não havia espaço para preocupações com seu emprego. Ou com seus pais. Ou com o mundo. Era tudo simplesmente… harmônico.

Até ouvir uma voz ao longe e sentir uma mão em seu ombro, tentando puxá-la de sua calmaria.

— Hermione.

Ela despertou, pulando da cadeira. Tinha sido um sonho, é claro. Sua realidade nunca era tão serena.

A mão e a voz pertenciam à enfermeira Claire.

— Por quanto tempo eu dormi? — Hermione lhe perguntou.

— Uns cinco minutos — a jovem enfermeira respondeu, lançando-lhe um olhar de pena.

— Obrigada. — Hermione se levantou e foi em direção aos armários da cozinha, em busca de café. — Tudo bem. Eu já estou indo.

Merlin, ela estava exausta.

— Ok, eu estarei lá fora — Claire disse, saindo. —  Oi, Fran!

Hermione, pelo canto do olho, viu sua chefe de residência entrar na cozinha, enquanto se servia de café. A mulher era uma medibruxa atendente de descendência japonesa e que usava os cabelos bem curtos.

— Ei — Fran cumprimentou Hermione. — Há quanto tempo está trabalhando?

— Hum… 23 horas — ela admitiu.

— 23 horas? — sua chefe se espantou. — Isso é muito até mesmo para você, Hermione. Vá para casa.

A ex-grifinória franziu os lábios e respirou fundo.

— Assim não conseguirei ser efetivada.

Fran apenas balançou a cabeça e saiu da sala.

Havia vários pacientes que Hermione precisava checar antes de sequer pensar em ir embora. Ela terminou seu café, pegou suas pastas e saiu, encontrando Claire a esperando no corredor. Ela não parou para aguardar até que a enfermeira decidisse acompanhá-la.

— Adams precisa aprender o feitiço para fazer o seu próprio curativo, depois ela pode ser liberada — disse, passando uma pasta para os braços de Claire, que tentava seguir os passos rápidos de Hermione. — Precisa ser feito um Ilcorporis em Ellis. Precisamos descobrir o que há de errado com o tornozelo dela.

Hermione estava refletindo qual seria o modo mais ágil de concluir tudo aquilo quando quase bateu de frente com Sanders. Outro residente. Um babaca completo.

— Cuidado por onde anda, Curandeira Granger. — Ele tinha um sorrisinho no rosto. Hermione continuou andando, fingindo que não o ouvira. — Ei, Granger!

Ela relutantemente se virou.

— Sim?

— Cuidei do Trauma Dois enquanto você dormia! — ele praticamente gritou, tentando, é claro, avisar a todo o hospital que “Granger costumava dormir no meio do plantão”.

Revirou os olhos. Ela não suportava aquele sujeito.

— Eu não estava dormindo —  Hermione disse entre os dentes.

— De nada!

O idiota sumiu pelo corredor, como se nada tivesse acontecido.

Hermione quase ferveu de raiva. Sanders não trabalhava nem metade da quantidade de horas de Hermione e se achava no direito de julgá-la por tirar uma pequena soneca. O talento mais especial dele consistia em bajular os medibruxos atendentes com o intuito de ficar com a vaga.

— Curandeira Granger — chamou um enfermeiro, tirando-a de seu devaneio. Hermione simplesmente olhou para ele. — Você está sendo aguardada no quarto cinco.

Ele empurrou uma pasta em sua direção. Hermione a pegou e se dirigiu para o quarto. Sabia bem de quem era. Que Merlin a ajudasse.

— Olá, Sr. Clarke — ela disse ao se aproximar da cama de um idoso.

De repente, Claire apareceu correndo no quarto. Hermione poderia ter jurado que ela tinha estado atrás dela durante todo o tempo. Mas não seria a primeira vez que a loira sumia daquele jeito, então sequer se surpreendeu.

— Desculpe, desculpe. Eu estou aqui — disse ela com o rosto afogueado.

— Vamos precisar realizar outro feitiço de diagnóstico no senhor — Hermione continuou falando com o idoso como se não tivesse sido interrompida. — Há algo que eu possa fazer para ajudá-lo a ficar mais confortável?

— Case-se comigo — ele simplesmente disse. De uma forma muito séria.

— Uau — Hermione riu. Não era a primeira vez que recebia aquela proposta dele.

— Eu tenho acesso especial de idosos no Wizard’s Market.

— Como eu poderia recusar, então? Deixe-me ligar para minha amiga e ver se posso pegar o vestido dela emprestado, ok?

Quando finalmente conseguiu sair da sala, disse à Claire:

— Fique de olho no meu noivo, sim? E diminua a dose de suas poções. Não queremos mais devaneios.

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O que era para ser mais uma hora dentro do hospital, acabou se tornando cinco. Ela consertou braços quebrados, receitou uma Poção Estimulante para uma bruxa com esgotamento físico, realizou meia dúzia de feitiços diagnósticos. Deu alta a dois pacientes. E bebeu café. Muito café.

Quase no final do dia, enquanto tomava mais um café entre um paciente e outro, Hermione recebeu uma carta de Gina. Na verdade, era mais uma nota do que qualquer outra coisa. A mesma dizia:

O cara é demais, pelo visto. E ele também não é de fazer essas coisas. Aguardo você às 19 horas e nem pense em se atrasar.

Hermione suspirou. Gina estava tentando lhe arrumar um namorado. A ruiva convidara um amigo de um amigo dela para jantar àquela noite em sua casa com ela e seu marido Adrian. E com Hermione.

Gina não sabia nem mesmo o nome do cara. Um completo estranho. E ela praticamente exigira a presença de Hermione, dizendo que estava lhe fazendo um favor. Como se a morena não fosse capaz de encontrar um namorado sozinha, se quisesse. A questão é que não estava procurando um, pois mal tinha tempo para sua vida profissional naquele momento. Mas infelizmente havia prometido que compareceria e Hermione cumpria suas promessas.

Munindo-se de uma pena, rabiscou uma resposta no verso do pergaminho.

Ok. Te vejo às 19h30min.

Ela não era otimista o suficiente para acreditar que conseguiria sair do hospital antes disso. Nem era insana, portanto não se arriscaria a dizer à sua irritadiça amiga que estaria na casa dela às 19 horas em ponto. Era melhor pecar pelo excesso.

Entregou o bilhete para a coruja de sua amiga e a observou partir.

Saindo da cozinha, viu Sanders e outro residente, Brooks, conversando em um canto do corredor.

— O que vai fazer? — perguntava Brooks em voz baixa.

— A única outra opção é Londres — Sanders respondeu, parecendo um pouco enraivecido.

— Você aceitaria?

— Bem, eu preferiria ficar aqui. Temos várias mulheres desesperadas e ótima comida.

Hermione lutou para não revirar os olhos para ele de novo. Claramente os dois homens discutiam o que fariam caso não fossem efetivados.

— Mas o Walsh gosta de você — Brooks assinalou.

Parecia que Sanders iria responder, mas nesse momento o Curandeiro Walsh se aproximou, vindo da outra ponta do corredor e caminhando apressado ao lado de uma enfermeira. Walsh era o Curandeiro-Chefe. Ele é quem decidiria qual, dentre os cinco residentes, seria efetivado.

— É uma vítima do feitiço Sectumsempra — dizia a enfermeira. — Está com hemorragia interna.

Walsh parou, vendo Hermione, Sanders e Brooks. Hermione fingiu inutilmente estar estudando uma pasta, tentando não parecer que bisbilhotava a conversa dos outros dois residentes.

— Há quanto tempo estão aqui? — o Curandeiro-Chefe perguntou aos três, estreitando os olhos.

— 10 horas — disse Sanders.

— 12 horas — respondeu Brooks.

Hermione hesitou. Walsh apertou ainda mais a visão em sua direção.

— Um pouco mais — ela disse simplesmente.

Ele pareceu pensar. Finalmente respirou fundo.

— Tudo bem. Sanders, venha.

— Vou me preparar.

Ele parecia estar muito satisfeito. Claro que estava, pensou Hermione, afinal, aquela seria uma oportunidade incrível de fechar a residência com chave de ouro. Hermione quase praguejou enquanto observava seu colega caminhar em direção às salas de cirurgia.

Ela se sentiu decepcionada. Era muito boa naquele tipo de tratamento e queria ter mais uma chance de provar a seu chefe que seria a melhor escolha para ocupar o cargo. Bem, infelizmente não seria possível. Virou-se para ir em direção ao elevador.

— Curandeira Granger! — Era a voz de Walsh.

Hermione se virou rapidamente.

— Sim, senhor.

— Eu iria esperar até amanhã para lhe dizer, mas queria que soubesse que já me decidi. — Ele tinha um sorrisinho no rosto. — Quero que você seja efetivada.

Hermione achou que estava em mais uma de suas sonecas. Ela não podia acreditar no que tinha ouvido. Era tudo o que sonhara desde que entrara naquele hospital e agora seu sonho estava se tornando realidade.

— S-sério? — Não conseguiu se conter e abraçou seu chefe, que, surpreso, apenas deu um tapinha em suas costas. A morena tratou de  soltá-lo rapidamente. — Muito obrigada! Obrigada, Curandeiro Walsh.

— Você mereceu — ele disse com a voz firme. — Diferentemente dos demais, você se dedica mais aos pacientes e menos a encher o meu saco. Estratégia arriscada, mas eu gosto.

Hermione soltou um pequeno riso.

— Agradeço muito por essa oportunidade. Quero fazer muita coisa por aqui e não vejo a hora de começar.

Ela pensou em dar meia volta e voltar a seus afazeres, mas então seu chefe a chamou novamente.

— Sim?

— Nesse momento, quero apenas que vá para casa. — Sua voz estava firme.

— Mas senhor, eu preciso…

— Vá.  Você está aqui há 28 horas — Ele lhe lançou um olhar penetrante. — Eu sei de tudo.

Hermione sorriu e, emocionada, dirigiu-se aos elevadores, pronta para ir para a casa de Gina e lhe contar as novidades.

Enquanto aguardava o elevador, ouviu alguém a chamando e se virou na direção da voz.

— Curandeira Granger, chegou um paciente amaldiçoado por artefatos mágicos no quarto oito. Pelo menos é o que acho. Você poderia dar uma olhada?

Era um dos novos residentes que haviam começado àquela semana no hospital. Ele parecia nervoso. Ela olhou para o relógio de pulso. 19h20min. Certamente não demoraria tanto assim ajudar o pobre rapaz. Tudo era tão difícil no início, ela se lembrava bem.

— Hum, é claro — assentiu e se pôs a acompanhar o jovem pelos corredores.

Quando chegou ao quarto, viu que ele estava quase vazio, ocupado apenas pela paciente, que se encontrava deitada na cama. Hermione se aproximou da mulher e lançou o feitiço Consciu para garantir que ela não perdesse a consciência. Ao examiná-la fisicamente, percebeu que suas mão estavam levemente enegrecidas. Pegou sua varinha e executou um feitiço de diagnóstico completo nela.

— Você sabe qual é o objeto que amaldiçoou a paciente? —  Ela perguntou ao novato enquanto esperava o feitiço de diagnóstico se completar.

— Hum… — ele balbuciou, apontando para a mesa no canto da sala.

Sobre o móvel, havia um colar prateado de aspecto medieval, adornado por uma única pedra arroxeada.

Hermione suspirou. Aquilo fez com que se lembrasse de Cátia Bell.

— Por que as pessoas continuam lançando maldições em objetos? — murmurou, mais para si mesma do que qualquer outra coisa.

— Eu não saberia dizer — o ansioso residente disse, fazendo Hermione levantar o rosto. — Eles apenas a largaram aqui e deixaram essa coisa junto. Disseram que ela não o tocou diretamente, apenas através de um tecido. Acho que é por isso que a coitada não morreu ainda —  ele disse de forma pouco profissional, aproximando-se da mesa e olhando para o colar.

— Não se aproxime disso! —  Hermione gritou exasperada, levantando uma mão inutilmente para tentar parar o rapaz, que se assustou e tropeçou nos próprios pés, caindo sobre a mesa.

Hermione sentiu a cena acontecer em câmera lenta.

Enquanto o jovem medibruxo atingia o chão, a mesa ficou apoiada em apenas duas de suas pernas, fazendo com que o colar escorregasse e atingisse o braço de Hermione, que tinha se aproximado de forma reflexiva, tentando ajudar o rapaz.

A cena, vista de fora, poderia parecer uma cena de um filme trouxa de comédia, mas infelizmente não era esse o caso.

Hermione sentiu toda a sua pele queimar.

No milésimo de segundo seguinte, cada célula de seu corpo se tornou puro gelo, repentina e completamente.

E então tudo se escureceu.



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