História Ikimasu - Sombras do passado

*Kiba On*

Acordei e vagarosamente fui abrindo o olhos pra que eles pudessem se acostumar com a claridade.

— Onde eu tô...? — Perguntei meio zonzo.

— No hospital.

Ao virar minha cabeça, vi Shino sentado na cama ao lado da minha.

— Fiquei quanto tempo apagado?

— Só algumas horas. — Ele respondeu simples.

Tentei levantar mas uma dor aguda nas minhas costelas direitas fez com que eu desistisse da ideia de me mexer e ficasse quietinho na cama.

— Pelo visto seus ferimentos não são graves. — Olhei meu querido amigo que se ajeitava na cama. — Eu provavelmente não tive essa sorte...

Shino dirigiu seu olhar pra mim e suspirou.

— Uma perna quebrada, uma lesão do punho e uma coleção de hematomas. — Disse simples. — Voce, pelo que o médico disse, está com duas costelas fraturadas, um braço quebrado e lesões na região do quadril.

Bufei.

— Tchau tchau aulas intensivas de Taijutsu... — Resmunguei.

De repente, nossa atenção foi roubada pela porta do quarto que se abriu e o por ela passou Kakashi junto de dois homens.

— Desculpem chegar de repente. — O Hatake me olhou, ele estava sério. — Esses são Hashirama e Tobirama Senju, detetives que estão investigando o sequestro da Kyio.

Assim que ele disse as palavras "detetives" e "investigando", eu logo percebi o que viria depois.

— Sei que ainda estão se recuperando, mas precisamos de todas as informações que vocês tem. — O que eu julguei ser o Hashirama se manisfestou primeiro.

— Hai. — Eu e Shino dissemos juntos.

Os dois prontamente colocaram cadeiras perto de nós, sentaram-se e começaram a fazer inúmeras perguntas. Depois, deram um tempo pra que eu e meu amigo pudéssemos explicar o que tinha acontecido.

Mesmo falando com eles, eu também prestava atenção em Kakashi.

Ele não estava bem.

Mas, naquela situação, quem estaria?

Sua noiva e seu futuro filho haviam sido sequestrados e o pior de tudo, pelo que eu entendi graças a minha boa percepção, era que não havia nenhuma pista que mostrasse o paradeiro deles.

Confesso que sinto um pouco de inveja dele.

Mesmo naquela situação, ele tinha cabeça pra agir minuciosamente e cautelosamente. Se fosse eu, já estaria arrancando os cabelos e muito provavelmente também teria tentado fazer alguma besteira.

Assim que todo aquele interrogatório acabou, Hashirama e Tobirama levantaram.

— Obrigado. — O de cabelo branco nos olhou. — Seus depoimentos foram uma boa ajuda. E quanto mais ajuda tivermos, mais pistas podemos encontrar e, em breve, resgatar a senhorita Otsuba.

Dito isso, os dois foram se retirando e Kakashi foi logo atrás.

— Gomenasai, Kakashi. — Pedi. — No fim, não consegui fazer nada...

Ele soltou o ar pela boca.

— Ninguém conseguiu. — Disse baixo e se retirou.

Eu suspirei.

— Será que a Kyio tá bem? — Shino me olhou.

Virei a cabeça para o lado oposto e fechei os olhos.

"Eu espero que sim Shino. Eu realmente espero que sim..."

Foi o que pensei antes de adormecer.

*Kiba Off*

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*Narrador On*

Sentado em um canto dentro daquela enorme sala, o homem de cabelos castanhos lia calmamente.

— Chefe, — Um rapaz se aproximou. — Ela já está amarrada.

Um sorriso maldoso surgiu nos lábios finos.

— Certo. — Disse apenas. — Está dispensado.

Porém, o rapaz não saiu e o mais velho percebeu isso.

— Porque ainda está aqui, Fumyio? — Questionou frio.

O coitado engoliu seco.

— Chefe, sei que esse era seu plano desde o início. Mas...

— "Mas"...?

— Ela está grávida. — Disse de uma vez.

O sorriso do homem de cabelos castanhos se alargou ainda mais.

— Melhor ainda. — Soltou uma risada seca. — Vou matar dois coelhos com uma cajadada só!

— Mas chefe...

Rapidamente o homem virou-se, levantou e segurou o pescoço do mais jovem o apertando com força.

— Eu não quero mais ouvir uma única opinião sua sobre isso, Fumyio. — Ralhou. — Eu vou pagar o que aquele desgraçado me fez com a mesma moeda. Então não se meta... Ou terei que dar fim a você...

Fumyio, já assustado e quase sem folego, concordou com um quase inaudível "hai" e então foi solto.

— Saia daqui. — O mais velho mandou.

E prontamente o rapaz obedeceu.

Sozinho novamente, o homem passou as mãos em seus cabelos acastanhados e começou a rir maleficamente.

— Hora do show baby! — Disse entre risos estéricos e se retirou do local.

Tinha alguém que precisava ver...

[...........]

Kyio vagarosamente abriu os olhos.

Depois de acostuma-los a pouca luz do ambiente, fez uma verredura visual do lugar e deduziu está em algum quarto.

Tentou se mexer, mas suas mãos estavam amarradas com cordas na parte de trás da cadeira na qual se encontrava sentada. Tentou se soltar mas não conseguiu e não havia como gritar pois sua boca estava tapada por um pano que havia sido amarrado em si.

Tentou diversas vezes e nada.

Não conseguiu nada.

Quando já estava cansada das tentativas falhas, teve sua atenção roubada pela porta que vagarosamente foi abrindo e por ela passou um homem alto de cabelos castanhos e olhos tão frios quanto o mais rigoroso inverno.

Sorrindo, ele tirou uma faca de dentro da jaqueta e a colocou encostada no pescoço da ruiva que, mesmo com medo, continuou o encarando firmemente enquanto a lamina gelada tocava sua pele.

Minutos se passaram e nenhum dos dois se mexeu.

Cansado de tanto a garota o encarar com firmeza, o homem retirou sua faca do pescoço alvo e, depois de alargar seu maléfico sorriso, a encostou na barriga da ruiva.

Naquele exato momento, Kyio sentiu a alma sair do corpo.

Ela não temia por sua vida, mas pela vida do seu filho.

Ela queria poder falar, queria poder gritar e fazer algo pra que aquele homem não ousasse nada contra seu filho, mas infelizmente estava de mãos atadas e boca fechada. Por conta disso, precisou sentir quieta a lâmina fria sob sua barriga.

O maior, vendo o desespero expresso nos olhos verdes, soltou uma risada do mal e guardou a faca.

Vagarosamente começou a andar ao redor de Kyio, que ainda não havia se recuperado do que tinha acabado de acontecer. A olhou de cima a baixo e, por fim, parou atrás da garota e enclinou o corpo para falar algo em seu ouvido.

— O seu noivinho tirou de mim tudo o que eu tinha... Agora eu vou tirar dele tudo o que ele tem de mais valioso...

Depois de voltar e ficar frente a frente com a ruiva, o mais velho puxou as madeixas vermelhas pra trás com brutalidade e aproximou seu rosto do rosto feminino.

— É como diz o ditado: "olho por olho, dente por dente"... — Dito isso, soltou os cabelos da ruiva bruscamente e se retirou do lugar enquanto gargalhava maléfico.

Sozinha novamente, Kyio deixou que as lágrimas quentes caíssem dos seus olhos que agora se encontravam opacos. Trêmula e com medo, abaixou a cabeça e olhou a própria barriga.

"Kakashi... Eu preciso de você... Nós precisamos de você... Socorro..."

Foi a única coisa que pensou enquanto chorava em silêncio.

*Narrador Off*

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*Naruto On*

Já faz uma semana...

Eu não sabia o que dizer.

Sinceramente, não fazia ideia.

Todos estávamos preocupados e pensar no pior era algo que não conseguiamos evitar. Estávamos tristes, com saudade, mas ainda tínhamos esperanças, mesmo que poucas.

Mas, mesmo assim, eu não sabia o que dizer.

Eu não sabia o que dizer ao Kakashi.

Quando soube do sequestro da sua noiva, ele voltou de uma viagem de negócios no mesmo dia. Quando Yamato e Gemma disseram como tudo aconteceu, ele socou a parede com tanta força que rachou bem no lugar onde o punho dele atingiu. Durante toda essa semana que passou ele não dormiu, quase não comeu, não foi trabalhar e fica atento a qualquer coisa que possa indicar o paradeiro da ruiva.

Ele está com medo e, além disso, se sente sozinho.

É a vida da noiva dele e do seu segundo filho que está em jogo. No lugar dele, qualquer um ficaria do mesmo jeito ou pior.

E, infelizmente, ninguém conseguiu fazer nada.

Simplesmente nada.

— Não achamos nada. — O detetive Tobirama disse assim que entrou dentro da mansão. — Nem uma pista, vestígio, sinal ou coisa do tipo.

— É como se tivessem evaporado da face do planeta. — Hashirama completou.

Depois dele, entrou meu pai que também trabalha como detetive.

— Achou algo pai? — Perguntei.

Ele balançou a cabeça negativamente.

— Nada filho, nem sequer um fio de cabelo pra contar a história.

Suspiramos.

— Não podemos parar... — A voz de Kakashi se fez presente num tom quase inaudível. — Precisamos continuar procurando.

— E estamos. — Shikamaru soltou o ar pela boca. — Gaara já mandou os homens que trabalham pra ele vasculharem cada canto de Tókio, cada beco, cada lugar onde possam tê-la levado.

— Além disso o esquadrão especial AMBU também está mobilizado graças ao Itachi. — Tsunade se manifestou.

— A única coisa que podemos fazer agora é esperar. — O ero-sennin (apelido "carinhoso" que eu dei ao Jiraya) completou. — Naruto já usou suas habilidades como hacker e vil todas as câmeras de segurança pela região, não há sinal deles ainda.

Todos suspiramos e ficamos em silêncio.

Silêncio esse que só durou até o Itachi abrir a porta.

— Kakashi. — Ele chamou. — Eu... Acho melhor você... Tem umas pessoas aqui... Eu não sei dizer, mas acho que você vai saber o que fazer.

Depois de dizer isso e deixar todo mundo confuso, o Uchiha entrou e, depois dele, passaram pela porta uma loira, uma senhora que aparentava seus 60 e tantos anos e um cara assustadoramente parecido com a Kyio.

Pela primeira vez na vida eu vi o Kakashi empalidecer.

— O que faz aqui?! — A voz irritada de Gaara se fez presente.

A loira o olhou séria.

— Eu vim pela Kyio. — Disse simples. — E não. Eu não vim pra resolver pendências do passado, vim no intuito de ajudar a acha-la.

Gaara trincou o maxilar.

— Como ousa metir assim?! — Esbravejou. — Você sempre odiou a Kyio mesmo ela sendo sua única irmã! Então não me venha com essa história de ajuda agora porque eu sei que você nunca ficaria boazinha de uma hora pra outra!

— Espera ai! — Me manifestei. — Odiar? Irmã? O que ta acontecendo aqui?!

Essa era a pergunta que rodava na mente de todo mundo.

Foi a vez de Kakashi abrir o jogo.

— Naruto, essa é Naoko, a irmã mais velha da Kyio.

— Como assim irmã?! A Kyio nunca disse que tinha irmã! — Itachi estava com uma cara de "isso só pode ser mentira!"

— Eu e a Kyio não nos damos bem. — A tal de Naoko falou. — Mas não é culpa dela. Eu que sempre a odiei sem necessidade devido a nossa mãe ter metido isso na minha cabeça.

Silêncio. O torturante silêncio.

Mas, antes que o Gaara pudesse manifestar toda a sua ira novamente, a senhora de 60 e tantos anos deu um passo a frente e tomou a vez.

— Não é hora de ficar discutindo quem odeia quem e o porque disso. — Falou firme. — Kyio precisa ser salva e é justamente por isso que estamos aqui.

— E quem são vocês? — Tsunade perguntou séria.

A senhora apenas a encarou.

— Quem somos não interessa no momento. — Respondeu simples. — Mas estamos aqui pra oferecer nossa ajuda pra salvar a Kyio.

— Não precisamos. — Tsunade se manifestou, de novo. — Temos nossos meios para acha-lá. Não há necessidade de aceitar ajuda de estranhos.

A senhora a encarou novamente.

— Meios que não estão dando resultado nenhum. — Retrucou.

Uma veia começou a pulsar na testa da Hokage.

— Que relação vocês tem com a Kyio? — Ero-sennin perguntou antes que a loira ao seu lado matasse alguém.

Os dois estranhos se olharam e o silêncio se fez presente.

Mas dessa vez, quem o quebrou foi Kakashi que se aproximou do homem e da senhora.

— Me mostrem seus pulsos. — Pediu. — Por favor.

Sem pestanejar ou retrucar, os dois mostraram o pulso direito relevando a mesma tatuagem de um dragão.

— A ajuda de vocês é muito bem-vinda. — Kakashi disse de repente.

— Vai aceitar ajuda de estranhos Kakashi?! — Mari levantou.

O prateado suspirou.

— Eles não são estranhos. — Disse apenas.

Depois de altas encaradas de todos os ali presentes, a senhora de 60 e tantos anos entregou um pendrive a Kakashi e ele, depois de analaizar o objeto, o jogou pra mim.

— Nesse pendrive há um programa chamado "olho do mundo". — O cara que parecia demais com a Kyio se pronunciou. — Com ele você vai ter acesso direto ao satélite espacial do nosso país e a todas as imagens que ele disponibiliza em diversas dimensões e que abrangem todo o globo terrestre.

— Também vai poder invadir qualquer dispositivo que possua lente e, com a identificação facial precisa, vai achar qualquer pessoa. — A senhora tomou a vez de novo. — É um alto programa desenvolvido pra hackers profissionais, mas não é difícil de usar.

— Mesmo sendo fácil de utilizar, ainda é algo bem complexo. — Shikamaru estava sério. — Pelo que vocês disseram, esse programa é de alto nível e mexe com coisas que apenas o governo tem acesso. Então pode-se dizer que o uso desse pendrive é... Ilegal.

— Não. — O cara estranho se manifestou de novo.

— Temos autorização governamental para o uso desse programa. — A senhora voltou a falar de novo, pra variar. — Além disso, fomos nós quem o criamos. As entidades do governo, os esquadrões especiais, exercito, força tática, marinha e etc são apenas os "beneficiados" pela nossa tecnologia. Como eles já fazem excelente uso dela, nós apenas cuidamos para que esse programa nunca possa ser copiado. Mas também fazemos uso dele em casos extremos.

— E o desaparecimento da Kyio é um caso extremo. — O cara completou

De todos os ali presentes, o único que concordou foi Itachi.

— É verdade. — O Uchiha suspirou. — Eu mesmo já fui em missões onde o "olho do mundo" ajudou muito. Só nunca soube da origem dele e quem o havia criado.

E, de novo, aquele silêncio.

— Deixem comigo! — Foi minha vez de falar. — Vou achar a Kyio o mais rápido que eu puder. Eu prometo!

Dito isso, deixei de lado as inúmeras dúvidas sobre a ligação daqueles dois com a Kyio e a rixa do Gaara com a tal irmã mais velha da ruiva. Minha prioridade era achar a Kyio a qualquer custo.

E foi exatamente nisso em que me concentrei.

*Naruto Off*

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*Kakashi On*

Enquanto o Naruto se concentrava em achar alguma pista sobre o paradeiro da Kyio, eu me afastei junto com as duas novas personalidades presentes em minha casa.

— O que sabe sobre nós? — O homem que parecia muito com a minha noiva perguntou.

O encarei antes de responder.

— O pouco que sei foi a Kyio que me disse. Mas e vocês, como souberam do sequestro dela?

— Naoko foi até Nova York e nos procurou. — A senhora respondeu. — Ela explicou o que sabia sobre a situação e pediu nossa ajuda.

Suspirei e olhei para a janela, vislumbrando a figura da loira do lado de fora olhando o nada, com os pensamentos divagando. Após isso, abaixei meu olhar e, depois de respirar fundo, encarei aqueles dois de novo.

— Porque apareceram só agora? — Perguntei. — Já fazem 15 anos...

Os dois soltaram o ar pela boca.

— Isso é uma longa história que nós vamos esclarecer quando Kyio estiver aqui. — O homem me olhou, dava pra ver a preocupação nos seus olhos. — Devemos desculpas a ela por ficarmos tantos anos sem contato.

Apenas balancei a cabeça afirmativamente.

— Precisamos ir. — A senhora estendeu a mão pra mim num cumprimento que aceitei. — Já entramos em contato com o núcleo de inteligência do país e nossos cinco melhores e mais treinados homens já estão integrados ao esquadrão AMBU.

— Agora é só o loiro ali achar o paradeiro dela que a missão de resgate começa. — O homem também me cumprimentou do mesmo modo. — E, quando acharmos o responsável pelo sequestro, pode ter certeza que vai ter uma cela especial a espera dele na cadeia de segurança máxima.

Concordei com a cabeça e aceitei o cumprimento.

Depois disso, eles saíram e, em questão de segundos, Gaara juntamente com Lee, Kiba - que estava ajudando ma identificação facial - Kankuro e Shikamaru chegaram ao meu lado.

— Quem são eles? — O ruivo perguntou.

Suspirei.

— Vocês vão saber em breve. — Foi a única coisa que respondi. — Mas não vai ser por mim. Deixem as coisas se acertarem e tudo vai ser esclarecido.

Dito isso, eles voltaram a prestar atenção no trabalho do Naruto.

"Kyio, aguente mais um pouco... Nós vamos achar vocês!"

Disse mentalmente enquanto começava a pensar no quanto eu socaria a cara do sujeito que sequestrou minha noiva grávida.

Seja quem for o desgraçado, está ferrado na minha mão!