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História I'll be good - O monstro no espelho


Escrita por: Ghostgirlmind

Notas do Autor


Olá! Voltei finalmente com outra fanfic shizaya! Eu já estava prometendo uma longfic há um tempo (desde que postei a fic "monster" na verdade) e pensei que já que estou finalizando uma fic agora, posso começar essa no lugar. Mas claro que tudo depende do quanto vocês vão, ou não, gostar.
Enfim, boa leitura!

Capítulo 1 - O monstro no espelho


 

I’ll be good

 

Capítulo 1 – O monstro no espelho

 

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Narrador POV’s on

 

 Monstro... Ele sempre odiou essa palavra, o maldito apelido pelo qual Izaya o chamava. Odiava porque ele estava certo. Shizuo destruía tudo que tocava e machucava todos que se aproximavam, e isso o assustava pra caralho.

 Evitava as pessoas frequentemente, com medo de ferí-las, como já havia acontecido no passado. Tinha poucos amigos, e os mantinha com muita cautela. Se controlava o tempo todo, com medo de toda aquela força o conduzir a algo que lhe pesasse pelo resto da vida. Tinha sorte de ter um emprego que lhe permitia certo descontrole, mas era pouco.

Shizuo já saía de casa irritado, andava pelas ruas a passos duros que, junto a sua icônica roupa de barman, os óculos de sol e uma expressão de raiva, fazia as pessoas se afastarem do caminho dele, ninguém ousava mexer com Heiwajima Shizuo...

... Exceto uma pessoa, Orihara Izaya, um informante de Shinjuku, também conhecido como o demônio de Shinjuku. Ele era uma figura tão excêntrica – ou mais – que o próprio Shizuo, sempre causando confusões em prol da sua diversão, sempre machucando as pessoas com os seus joguinhos, tudo isso dizendo com toda a certeza que amava os humanos, como eles se comportavam normalmente ou como agiam nas situações que o informante os colocava sem o menor consentimento ou mesmo noção.

 A questão era que os dois se odiavam. Se conheceram na época de escola, e já no primeiro encontro Shizuo afirmou que não gostava dele, apesar de Izaya ter realmente tentado de aproximar, estava interessado nele, não era todo dia que um “Deus” esbarrava com um monstro de força absurda. De uma forma ou de outra, aquele encontro iniciou um ciclo vicioso de provocações, perseguições e lutas, que se repetia sistematicamente durante os anos. Izaya usava da sua agilidade e estratégia para driblar a força monstruosa que causava destruição por onde passava.

Izaya não tinha medo dele.

E isso deixava Shizuo com muita raiva. Ele queria paz, queria distância do informante. Nem mesmo as juras de morte o intimidavam, tirando de Shizuo a sua escassa sanidade.

— Shizuo, o que foi? – Tom perguntou mantendo uma distância segura do seu colega de trabalho.

— Ele está por perto, consigo sentir. – Disse rangendo dentes, vez ou outra olhando em volta.

 Tom suspirou cansado, teria que lidar com Shizuo irritado e em guarda o dia todo, sentia pena dos devedores da lista de hoje.

— Aquela pulga maldita deve estar saltitando por aí, mesmo eu dizendo para ele não pisar em Ikebukuro! Ele me irrita! Qual é a necessidade dele de ferrar a minha vida?! – Resmungou acendendo um cigarro, faltando pouco para se irritar até com o isqueiro.

 Seguiram andando em direção ao primeiro endereço, em menos de cinco minutos um homem voou pela janela do primeiro andar de um prédio, Tom precisou chamar uma ambulância, mas ao menos a esposa do homem pagou a dívida – Claramente com medo de ser a próxima.

Os três endereços a seguir não foram difíceis, considerando que Shizuo estava cada vez mais irritado, era só olhar e eles pagavam e ainda pediam desculpas pelo atraso de joelhos, mas Shizuo gostava mais quando se recusavam a pagar, assim ele podia descontar a sua raiva de uma maneira “legal” sabendo que a sua intimidação fazia parte do trabalho.

 No horário de almoço seguiram para o Russia Sushi, pegaram uma mesa e Shizuo olhou todo o restaurante antes de se convencer que Izaya não estava li e se sentar para comer.

— Você não está fumando mais que o normal? – Tom perguntou hesitante.

— Acho que não. – Resmungou, não admitiria isso, era como aceitar que Izaya o afetava diretamente.

— Quer que eu te libere depois do almoço? Não teremos clientes problemáticos dessa vez. – Tom disse.

 Via Shizuo mastigar com raiva, era um pouco assustador, sabia que ele estava se controlando, mas era instintivo ficar preocupado, era uma força grande demais para ignorar.

— Não, se eu sair antes vou ficar em casa enlouquecendo. – Disse o loiro.

 Na verdade, ele nem iria para casa, não sabendo que Izaya estava por perto, iria atrás dele e o tiraria da cidade na porrada, mas não diria isso em voz alta.

— Você que sabe, a oferta ficará de pé. – Disse o homem.

— Tá. – Disse Shizuo voltando a comer.

 Logo que saíram viram Kadota e seu grupo parados ao lado da van, Shizuo seguiu em direção a eles, sua raiva estava fluindo de novo, não era deles, mas só o a pergunta que faria o irritava.

— Olá, Shizuo-san. – Kadota disse sério como sempre.

— Kadota, você viu a pulga desgraçada? – Perguntou, uma veia saltando da sua testa.

 Erika riu baixo com um sorriso malicioso que só fazia sentido lendo os pensamentos dela, e nenhum deles queria saber.

— Pulga... Ah, o Izaya? – Kadota falou pensativo.

 Shizuo confirmou com a cabeça, os punhos cerrados em ansiedade.

— Não, nós andamos bastante hoje, mas não o vi em lugar nenhum. – Ele disse.

 Kadota mentiu, normalmente deduraria o informante – apesar de ser um amigo antigo, discordava muito dos seus métodos, apanhar de Shizuo seria só uma leve punição – mas vendo a raiva preocupante de Shizuo, se o encontrasse teriam que juntar os pedaços do Orihara como um quebra-cabeça.

— Obrigado. – Disse saindo e seguindo Tom a passos duros.

— Ouviram aquilo? “Pulga desgraçada”. Eles são tão tsundere! – Erika sorria boba.

 Os três a olharam sem palavras, completamente incrédulos.

— Ele quer matá-lo. – Kadota disse e ela riu abanando as mãos descrente.

— Dota-chin, como você é ingênuo! Há quantos anos eles se ameaçam de morte e nunca passa de brigas casuais? Se ele realmente fosse matá-lo, teria feito muito antes. – Ela sorriu com um olhar sério.

— Quem sabe... Mas aquele olhar de ódio não é falso. – Walker disse.

— Eles se entendem assim, mas não se odeiam tanto assim! – Erika disse convicta.

— Vamos, teorizem na van, temos mais o que fazer. – Kadota disse.

— Certo! – Disseram em coro.

 A van seguiu para um lado e a Dullahan passou por eles, seguindo na direção contrária, a moto sombria em uma velocidade anormal, chamando atenção como sempre.

 Celty não pretendia parar, mas viu Shizuo sozinho em uma praça quebrando um poste como quem quebra palito de dente. Encostou a moto e foi até ele digitando agilmente no celular, virando para o loiro ofegante e de expressão irritada.

“Shizuo, você está bem?”

— Sim, como pode ver. – Ele disse pegando um pedaço quebrado apoiando nos ombros.

“Não estou vendo calma alguma! Aconteceu alguma coisa hoje?”

— Não. – Murmurou pensativo, notando que a sua irritação nem fundamento tinha.

“Então... O que?”

— Izaya, tenho certeza que ele está por perto, mas não o encontro, ninguém o viu! Esse merda está fugindo de mim! – Shizuo disse irritado apertando o metal, deixando marcas dos seus dedos ali.

“Não é uma coisa boa? Ele veio e não fez nada contra você”

— Até parece! Se ele veio ele planeja fazer alguma coisa! – Disse.

“Então deixe para se irritar quando ele fizer alguma coisa”

 Ela disse e o loiro suspirou a vendo inclinar a cabeça, se acalmou um pouco pensando nas palavras lidas, a raiva não o deixava ver o óbvio, sentiu-se realmente um monstro agindo por instinto, o que o irritou de novo. Conseguia até ouvir a voz de Izaya rindo e o chamando de monstro.

“Relaxe um pouco e se precisar me chame”

 Shizuo assentiu observando-a voltar para sua moto e logo sumir de vista. Sentia seu sangue ferver em raiva, largou o pedaço do poste no chão e saiu andando sem rumo, com o seu cérebro fritando em possibilidades, nada tirava da sua cabeça que Izaya apareceria só por provocação.

 Antes que notasse estava em frente a um bar, sentiu seu coração acelerar... Ele sempre teve medo de si mesmo sóbrio, bebendo deveria ser ainda mais problemático. A irritação o fez entrar sem ouvir a lógica, estava indo contra os próprios princípios, mas sentia que talvez fosse a solução para se acalmar, e se não fosse... Iria atrás de Izaya na sua pior versão.

 Sentou em um dos bancos do bar, vendo as duas pessoas ao seu lado levantarem e irem para alguma mesa, suspirou apertando os punhos, pediu uma bebida. Odiou o gosto, mas se convenceu de que uma vez não o mataria, pediu outra, e logo mais uma.

Estava quase sem dinheiro, no sétimo copo quando sentiu-se ficar em alerta, rangeu os dentes ouvindo um riso cínico ao seu lado, virou o rosto notando as coisas girando, mas o seu foco estava no rosto pálido do homem de cabelos pretos e sorriso irritante. Ele apoiava o rosto na mão, o cotovelo na mesa confortavelmente, como se estar ao lado de Shizuo não o intimidasse.

— Izaya! – Gritou irritado o agarrando pelo casaco, o levantando no ar.

 Sua mente estava confusa, estava agindo sem controle.

— Ora, Shizu-chan, você está incomodando os outros clientes. – Disse divertindo-se.

— Então vamos lá para fora. – Shizuo sorriu ameaçador e Izaya gelou.

 Não teve tempo de reagir, foi lançado para fora do bar, quebrando a porta com as suas costas e em seguida atingindo um carro estacionado, suas costas amassaram o veículo com tanta força que foi parar no meio do carro. Atordoado pela dor se levantou, desviando por pouco do punho de Shizuo.

 Correu rindo, tirou o canivete do bolso, pulou por cima de um carro na pista movimentada, caindo na calçada oposta.

—Izayaaaa! – Shizuo gritou tomado pelo ódio.

 Izaya correu vendo que ele parou um ônibus com a mão para atravessar. Sentiu seu coração indo para a boca, estava nervoso daquela vez, mas era o que estava tentando descobrir o dia todo, como ultrapassar o nível normal de irritação.

 O informante desviou de objetos lançados na sua direção, não conseguia tirar o sorriso do rosto, ele estava mais rápido que o normal apesar de estar realmente bêbado, era melhor que o esperado.

 Izaya gostava dessa relação, no começo quis se aproximar de uma forma menos perigosa, mas havia aprendido a gostar do que tinham atualmente, era divertido correr a cidade toda provocando o seu monstro. Achava Shizuo fascinante, gostava de o tirar do sério, desejava ver todos os Shizuos existentes e sabia que ele era o único capaz de fazer isso, apesar de não ser a relação ideal, a conexão dos dois era única, perfeita.

 Izaya podia sair do tédio quando seus humanos o decepcionavam, estudava o seu inimigo sempre que podia, as perseguições o davam a adrenalina esperada, sentia-se vivo. Shizuo precisava de alguém que não tivesse medo dele, os outros ainda tinham um pouco de receio, mesmo sendo amigos próximos, mas Izaya? Izaya era louco o bastante para desafiá-lo o tempo todo, não tinha medo de nada, no fim Shizuo não conseguiria viver sem o Orihara para o dar uma motivação, ele era o único que gostava do Shizuo descontrolado, e era bom ser um Shizuo completo por alguns momentos antes de voltar ao seu eu preocupado e censurado, temendo perder o controle e afastar as pessoas.

 Eles corriam com as suas vidas e por suas vidas.

Quando Izaya virou-se para checar a distância notou o olhar de Shizuo completamente diferente dos que conhecia, sorriu feliz por ele ter finalmente o mostrado o monstro que escondia. Gargalhou desviando dos carros na pista, notou que Shizuo nem estava o ameaçando como faria normalmente, ele parecia concentrado no objetivo.

 Izaya ofegou sendo obrigado a parar para respirar um pouco, arrependeu-se na hora, uma placa de trânsito voou em sua direção, tentando desviar acabou caindo no chão, engoliu em seco vendo os pés de Shizuo ao seu lado, algo o dizia que a piedade de Shizuo havia desaparecido. Olhou em volta pensando em como fugir, mas estavam em uma rua residencial fechada, teria que passar por Shizuo de qualquer maneira.

— Shizu-chan, por que você estava bebendo? – Sorriu ao ser prensado contra a parede com mãos no seu pescoço.

 Os olhos dourados brilhavam perigosos, mas apesar da falta de ar o informante sorriu, o que o irritou ainda mais.

— Por que não me deixa em paz?! Era só ficar fora de Ikebukuro! – Gritou irritado suspendendo-o no ar, o vendo se debater.

 Izaya usou o resto da sua força, chutou a costela de Shizuo, o fazendo diminuir o aperto por reflexo, alcançou seu canivete cortando o pulso dele o bastante para ele o largar. Correu o máximo que pôde, mas Shizuo o alcançou o jogando no chão, acertou três socos no rosto do informante, que o apunhalou na barriga com o canivete, mas isso não o fez se mover, quase não o feriu, só o fez se irritar mais, Izaya riu da situação que havia se metido.

— Ah, o Shizu-chan é tão complicado. – Disse divertido desviando de um soco e o empurrando, segurou o seu canivete o pegando de volta.

 Jogou-se na direção dele agilmente, cravando o canivete do outro lado, mas também não o feriu o bastante e ganhou uma joelhada no estômago que o fez tossir perdendo a coordenação motora por alguns segundos o bastante para Shizuo o levantar no ar, ofegante. Lambeu os lábios onde o sangue vindo de seu nariz vinha, Shizuo franziu o cenho o jogando longe.

 O informante vir sua vida passar em um flash, não teve tempo de mudar a trajetória, bateu contra um prédio, quebrando o lugar da pancada e deixando Izaya inconsciente.

 Os moradores não ousavam nem olhar pela janela, estavam esperando aquela briga acabar, nenhum deles arriscaria chamar a polícia, era Heiwajima Shizuo, denunciá-lo era como se tornar um alvo imediato da fúria dele.

— Izayaaa! O que foi? Não tem nada para falar!? – Gritava irritado andando cambaleante.

 Sua mente estava uma confusão, se perguntava como chegou aí. Andou até o local vendo o corpo inerte.

— Ei, pulga maldita! – Resmungou chutando-o na barriga, estranhou a falta de reação.

 Abaixou-se e seus olhos se arregalaram ao ver o sangue em baixo da cabeça dele, ficou tonto por um segundo.

— Eu... Te matei? Izaya... Ei. – Engoliu em seco levantando-o brevemente.

 Sentiu algo em si se revirar ao ver todo o sangue saindo da cabeça dele, levou a mão ao local na esperança de parar o sangramento. Senti seu coração mais acelerado que nunca, junto a uma sensação desagradável. Alcançou seu celular, chamou uma ambulância e saiu do local atordoado.

 Andou até o seu apartamento, não entendendo por que todos olhavam para ele na rua, chegou em casa com dificuldade de se manter em pé, trancou a porta como sempre e seguiu para a cozinha, pegou a garrafa de whiskey intocada, havia comprado há um bom tempo, sem coragem de beber, não conseguia confiar nele mesmo.

 Jogou-se no sofá bebendo lentamente, sua cabeça doía, mas não entendia a preocupação de mais cedo.

— Eu queria matá-lo... Não é? Por que não estou feliz? – Resmungou pegando um cigarro e o acendendo.

 

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 Era de manhã, Shizuo acordou notando que estava no sofá da sala, bocejou levantando, arrepiou-se ao ver uma garrafa de bebida vazia no chão, engoliu em seco tentando ignorar a sensação ruim que sentiu. “Está tudo bem, eu estava em casa, não devo ter feito nada demais” – pensou.

 Andou até o quarto e sentiu tudo girar ao se ver no espelho do quarto, caminhou ofegante até o espelho, desabotoou o colete ensanguentado, torcendo para que todo aquele sangue nas suas mãos fosse seu, abriu a camisa e sentiu um zunido no ouvido. Não tinha como aqueles ferimentos sangrarem tanto. Shizuo viu um monstro no espelho, e o monstro era ele.

— Merda, merda, merda, merda...– Andava em círculos pelo quarto.

 Sua cabeça estava confusa, precisava se lembrar, tinha que lembrar.

— Pensa... O que eu fiz ontem? Trabalhei, saí mais cedo e... Ah, droga! – Resmungou irritado consigo mesmo, seu punho foi direto na parede e ele respirou fundo notando o buraco em sua parede.

 Seguiu para o banheiro com as mãos trêmulas, livrou-se das roupas e seguiu para o box, a água fria para o acordar, apoiou a testa no azulejo vendo todo o sangue descendo pelo ralo junto à água. Forçou a memória recapitulando.

— Eu fui ao bar, o que houve depois? – Apertou os olhos sentindo a cabeça latejar.

 A sensação desagradável estava ainda pior, por que agora tinha certeza que bebeu e que aquele sangue não era seu, então... De quem era?

 Terminou o banho e se enxugou, seguiu para o quarto, olhou na tela de seu celular para confirmar, era sábado. Vestiu roupas confortáveis e seguiu para a cozinha, contorceu o rosto em desaprovação olhando o café e dando-se por vencido e fazendo, tomou café puro controlando sua repulsa, tomou uma caneta toda, sentou-se no sofá respirando fundo, precisava ficar calmo.

 Um flash veio a sua mente. Izaya. Izaya estava no bar!

— Puta merda! Eu o matei? Eu... R-realmente... Não! Merda! – Sentia que entraria em colapso.

 Pegou o celular abrindo no fórum dos Dollars, gelou imediatamente, descia a tela e o assunto principal era aquilo.

“Izaya morreu?”

“Heiwajima Shizuo é o culpado?”

“O Demônio de Shinjuku está internado”

“Orihara Izaya está morto?”

 Nem arriscou abrir os chats, respirou fundo tentando manter a calma, com dedos trêmulos abriu uma discussão, procurou pelas informações do incidente. Achou o nome do hospital e correu para se vestir, saiu de casa o mais rápido que pôde, estava nervoso com os olhares para ele, eram muito mais assustados que o normal.

 “Izaya, não morra...Por favor.” – Pensou correndo desesperado.

 Entrou no hospital às pressas, só parando ao chegar à recepção.

— Orihara Izaya... Q-qual o quarto? – Perguntou nervoso e ofegante.

 Viu a mulher remexer nas fichas.

— Ele não pode receber visitas ainda. – A mulher disse.

 Shizuo respirou fundo segurando sua raiva, puxou a ficha da mão da enfermeira e jogou de volta.

— P-pare! Senhor! Não pode entrar aí! – Gritou desesperada.

 Shizuo empurrou os seguranças que tentaram o barrar, seguindo diretamente para o quarto que ele estava, respirou fundo, sentia seu coração na boca à medida que aproximava a mão da maçaneta, tocou o metal frio sem coragem de abrir. Veria ali o estrago que ele causou.

— Shizuo? – Ouviu uma voz conhecida e virou-se.

 Shinra sorriu compreensivo e Shizuo sentiu os olhos arderem, se recusou a chorar. O amigo o fez se sentar e fez o mesmo, o encarando preocupado, nunca viu Shizuo tão aterrorizado, nem sabia que ele poderia sentir isso.

— Então, foi você mesmo? – Perguntou cauteloso e o loiro assentiu.

— E por que está aqui? – O olhou confuso.

— Queria ver com os meus próprios olhos, pareceu muito surreal para ser verdade. – Sorriu vendo o loiro contorcer a expressão em dor.

— O que eu fiz, Shinra? – Murmurou em agonia.

— Você vivia dizendo que ia matá-lo... Nunca pensei que realmente tentaria fazer isso. – Shinra disse.

— Nem eu. – Suspirou.

— E então, não vai entrar? – Shinra olhou-o preocupado.

— Não sei se quero ver o que eu fiz. – Falou.

— O que está feito, está feito. – Shinra sorriu e Shizuo suspirou levantando.

 Girou a maçaneta com o coração na mão, sentiu o peito apertar assim que viu Izaya, que era sempre tão inabalável, deitado em uma cama de hospital, preso no soro, com um respirador e um medidor da frequência cardíaca, uma perna imobilizada e a cabeça enfaixada.

 Aproximou-se sentindo um nó na garganta, tocou levemente na mão dele, torcendo para ele o provocar sobre ser sentimental ou algo do tipo, mas era só o som indicando que estava vivo. Shizuo sentiu um ardor nos olhos e não tentou parar as lágrimas, sentia-se sem força até para isso, estava nauseado vendo o que havia feito.

 Sentou-se na cadeira de visitante com o coração disparando, lembrando-se de correr atrás dele no meio da pista, de jogar coisas nele e depois de o encurralar em uma rua sem saída. Apertou os olhos desejando poder parar as lembranças ali.

 “Eu já entendi... Agora, chega... Não quero ver mais.” – Pensou esfregando o rosto com as mãos, sem sinal de parar o choro.

 Lembrou-se de cada frase, cada soco, de cada expressão... Mesmo naquela situação Izaya sorriu. Sorriu sem medo algum, mesmo encarando a pior versão que Shizuo deixou escapar, Orihara Izaya não temeu Heiwajima Shizuo até o fim.

— Você estava certo... Acorde para ouvir isso, estou dizendo que tinha razão. Eu sou um monstro! – Chorou esperando alguma reação que não veio.

 Fechou os olhos sentindo a dor em seu coração o partindo em pedaços. Descobriu que nunca quis realmente matá-lo, não conseguiria lidar com isso, com esse peso em seus ombros. Sem Izaya, ele era só um monstro temido e odiado.

— Eu vou ser melhor do que isso, eu prometo... Eu vou ser bom, não vou mais te perseguir ou te bater, não vou mais te machucar, ouviu, pulga idiota? – O olhava em desespero.

 Quem diria que o seu inimigo o faria desmoronar completamente, como nunca antes?

— Izaya... Acorde... Por favor. – Segurou a mão dele, queria um sinal, só um.

 Lembrar do sangue em suas mãos, vê-lo inerte desse jeito, isso aterrorizava Shizuo.

 


Notas Finais


Agora quero saber de vocês o que acharam! Vale continuação?


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