POV Lana:
- Eu fiquei esperando você me ligar
Então ele me beija.
Sem rodeios, sem promessas.
Inicialmente, diante de um ato tão clichê em que ele exigia tudo de si e tudo de mim naquele beijo, eu o empurrei. Mas a força exercida pelos seus braços me mantinha presa ali, enquanto eu cedia ao óculo que sua boca fazia na minha, fazendo a minha cabeça girar e girar milhões de vezes, ao mesmo tempo em que eu sentia o fogo preencher cada célula viva que meu corpo possuía. E é com esses devaneios que percebo que em algum momento dos nossos impropérios, eu estava sentada em cima do seu colo, escondidos como amantes prestes a serem pegos no carro dos pais. Mas, por mais perigoso que fosse, estávamos sozinhos e algo me dizia que o Slash não voltaria tão cedo.
- Eu também fiquei esperando que você me ligasse - Axl murmurou em algum momento aquela declaração enquanto o mesmo buscava pelo ar que não havia em nossos beijos. Suas palavras soaram em meus ouvidos como uma confissão quase religiosa; algo que eu sei que ele era egoísta demais para conseguir admitir aquilo para outra pessoa além dele.
Ali, vendo o seu rosto iluminado pela luz precária que entrava pelas janelas do carro, com os olhos semicerrados pelo prazer e os lábios inchados e próximos, eu soube que eu não conseguia processar aquela informação que deixou minhas pernas moles como gelatina. Quer dizer, eu sempre me julguei esperta e com o Axl eu não seria diferente, mas o ciúmes e a paixão me deixaram com os pensamentos enevoados ao ponto de eu não conseguir pensar com clareza durante aqueles breves dias em que eu não o vi. Eu deveria ter ligado. Eu deveria ter ido além dos paradigmas e estereótipos, como a Carmen havia sugerido anteriormente. Mas não, ao invés disso, eu fui orgulhosa demais e acabei me entregando à uma solidão que me fez compor mais uma música "depressiva"
- O que sua mente absurda está pensando desta vez, Lana...? - seus dedos puxam meu queixo delicadamente e meus olhos encontram os seus, apesar da iluminação precária. Ao mesmo tempo, a sua outra mão percorre a minha pele escondida pelo tecido do short. E tudo isso me deixa confusa e perdida em um mar de reações e emoções.
- Eu também deveria ter ligado - digo tocando o seu maxilar que foi moldado por algum ser divino e desconhecido - Me desculpe
Eu consigo enxergar um brilho diferente em seus olhos antes dele me beijar novamente. E, com este novo beijo, eu sinto suas mãos contra as minhas roupas, em um claro movimento para tira-las do meu corpo. Enquanto ele se ocupava em se desfazer das minhas roupas, eu soube que Axl Rose demonstrava em gestos o que ele não conseguia por em palavras. E isso tinha que bastar, apesar de que cada átomo meu ansiava por mais e mais dele.
(...)
Eu estava entrelaçada em seu corpo quente e nu no estofado do carro. O calor pós-sexo inundava o ambiente e embaçava as janelas, mas eu não me importava, porque eu simplesmente estava concentrada demais em todos os pequenos movimentos que o Axl fazia: sua mão que dedilhava seus dedos em minhas costas nuas, os seus lábios que depositavam beijos em minha testa em breves intervalos de tempo e seu peitoral que emitia um som acústico, ritmado e involuntário contra os meus ouvidos.
- Sabe... - eu começo enquanto pareço entretida em fazer pequenos círculos imaginários com meu dedo em seu peitoral -Eu escrevi uma música sobre você estes dias
Ele inclinou levemente a cabeça e eu o encarei, tentando interpretar aquele sorriso divertido e contido que apareceu em seu belo rosto.
- Eu vou poder ouvi-la? - perguntou por fim
- Talvez - é tudo que eu digo, porque eu não sei mais o que posso dizer
Para incitá-o a mudar de assunto, eu me sento com uma certa dificuldade e começo a apanhar e a vestir as minhas roupas que estavam espalhadas pelo carro.
- Aonde você vai?
Eu olho para trás e mordo os lábios, tentando não me distrair muito com a sua nudez típica de obras renascentistas.
- Vou para casa - digo e continuo - Além disso, eu vim com uma amiga. Preciso avisá-la que estou viva, sabe...
Ele parece pensativo, mas assente com a cabeça silenciosamente e, antes que eu consiga sair do carro, sua mão segura meu braço delicadamente:
- Me deixe levá-la para casa
À essa altura, eu não consigo lhe negar nada e, por fim, eu concordo, antes de sair do carro e caminhar pelo estacionamento, transparecendo a tranquilidade que eu não tinha.
Chegando dentro da boate, eu consigo encontrar a Carmen, que está no bar. E ela não está sozinha: o Johnny está com ela e eles parecem conversar avidamente sobre algo interessante. Ao me aproximar daquele cara, percebendo os olhos sonhadores e amendoados, com o rosto geométrico e ombros largos, eu concluo que teria sido fácil me apaixonar por ele. Na verdade, eu já havia pensado nisto antes, mas eu nunca consegui fazer acontecer tal proeza, por mais que ele fosse parecido comigo em vários aspectos. Nunca entendi porque com o Axl foi tão fácil me apaixonar, sendo que ele é o cara tão errado que usa as palavras certas de vez em quando.
- Olha só quem voltou! - Carmen não precisou nem de um minuto para raciocinar e pôr um sorriso malicioso no rosto
Eu estava com uma cara tão pós-sexo assim? Pensar nisso me faz corar como um tomate maduro.
- Olá, queridos - digo, tentando fingir que não percebia o olhar avaliativo da carmen sobre mim.
- Quer uma bebida? - Johnny prontamente oferece enquanto o mesmo bebia algo que parecia whisky em um copo de vidro.
- Não, obrigada - sorrio timidamente e me viro, olhando para a Carmen - Eu vou para casa, Carms. Arranjei uma carona.
Ela não parece surpresa e, quando eu me aproximo para me despedir com um abraço, ela se aproveita e sussurra em meu ouvido:
- Você tem muito o que me contar, Lana Del Rey
Não consegui evitar a ruborização que começava a ficar cada vez mais evidente em meu rosto e, com um breve adeus e dois beijos no rosto do Johnny, eu caminho até a saída daquele lugar cheio de pessoas que compartilhavam conversas, sussurros e beijos sôfregos.
Lá fora, com o ar frio moldando os meus cabelos, eu não demoro para encontrar o carro do Axl. E eu me surpreendo ao encontrar o Slash encostado na carcaça do carro, dando leves tragadas em seu cigarro.
- Hey - digo sem esconder o tom de surpresa em minha voz
- Você parece surpresa - ele constata em um tom de voz que varia entre divertido e malicioso, e tal percepção me faz corar. De novo.
- Pensei que tinha encontrado alguma companhia para passar a noite - esclareço, mudando o rumo que as avaliações do Slash iriam levar.
- Hoje não - diz enquanto dá uma ultima tragada em seu cigarro, apagando-o no chão logo em seguida - Vamos embora, Laninha
Slash não espera nenhuma reação minha. Ele simplesmente se vira e abre a porta ao lado do motorista e, após alguns segundos parada, eu percebo que ele só está sendo cavaleiro.
- Oh - digo surpresa, de novo- Obrigada
Entro no carro, e o Axl está ao meu lado, no banco do motorista. Em seus lábios encontro um sorriso torto pronto e contido, e é quase impossível não sorrir de volta, dando adeus à todos aqueles demônios que me assombraram por dias.
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